- Quer saber o que sinto por você? – eu puxei a respiração novamente e a soltei, preparando-me para confessar a verdade – Rukia....eu...
- Rukia...
Nós dois nos viramos com uma rapidez anormal, olhamos para a porta e vimos Renji um pouco receoso.
- Desculpem, Kuchiki pediu para chamá-los, a cerimônia vai começar.
Eu e Rukia trocamos um rápido olhar e depois de um pouco de hesitamento, caminhamos derrotados até Renji.
Não nos olhamos desde então, entramos no salão com as faces viradas para lados opostos, e eu ouvia as perguntas de nossos amigos.
- Por que estão vermelhos? Que eu saiba o sol só aparecerá em algumas horas. – Ikkaku avacalhava conosco –
- Não enche. – foi tudo o que consegui murmurar –
Eu agradecia por Rukia não estar me olhando, pois eu agora sorria, parecendo perceber somente agora o que havia acontecido. Eu a beijei...não, NÓS nos beijamos, ela retribuiu, eu senti um turbilhão de emoções. Eu consegui perceber através daquele beijo que não havia como ela não sentir nada por mim, do contrário ela teria me empurrado, não teria me dado aquela sensação, não teria sido tão perfeito como foi.
Fomos para a pista e ficamos lado a lado, ainda desconcertados e confusos com o que fazer, todos já estavam lá. A entrega de diplomas seria no palco a nossa frente, o microfone do vocalista da banda havia sido disponibilizado para o diretor da escola, e havia uma pequena mesa ao lado do palco onde os diplomas estavam.
Aos poucos, todos os concluintes foram subindo ao palco, formando uma fila de frente para nós, lado a lado, já com seus diplomas em mãos, Byakuya e Unohana também já estavam no palco quando o diretor encerrou seu discurso.

- E é com imenso prazer que encerro essa cerimônia, parabéns aos formandos, espero sinceramente que não parem por aqui, continuem em busca de conhecimento, pois é a melhor maneira de alcançarem a paz interior...e dinheiro pro sustento também.
Todos riram.
- Obrigado.
O salão foi invadido por palmas de todos, os formandos desceram do palco e logo só ficara o diretor que começou a falar algo que eu não conseguia mais ouvir, o que eu faria agora? O que aconteceria entre nós dois? Então uma súbita, maluca e brilhante idéia invadiu minha cabeça. Eu não sabia se de fato era brilhante, mas era maluca, muito maluca.
Eu dei uma desculpa qualquer a Rukia e olhei para Byakuya que estava ao lado dela, pensando se seria uma boa idéia enfrenta-lo tão diretamente assim... Era. E saí correndo por entre o amontoado de gente, era até mesmo difícil me mover por entre a multidão, mas eu consegui.
Dei a volta no palco e cheguei aos bastidores, olhei em volta e vi a banda que estava se apresentando anteriormente em um círculo, conversando.
- Hei... – falei chegando até eles – Será que poderia me fazer um grande favor?
- Depende. O que é? – o vocalista perguntou –
- Preciso somente que toquem uma determinada música....
- Tudo bem. – ele concordou após consultar os amigos –
- E preciso que me deixe cantar essa música.
Todos me olharam um pouco confusos, mas enfim concordaram enquanto apertavam minha mão, eu sorri agradecido, acho que seremos bons amigos.
Eu olhei por entre as cortinas do palco discretamente e aguardei que o diretor encerrasse seu discurso. Minhas mãos estavam cruzadas, apertando-se fortemente, uma maneira de tentar parar com o nervosismo, em vão. Alguns minutos depois o diretor despediu-se, agradecendo pela atenção, e saiu do palco, os componentes da banda foram pra seus postos no palco e o vocalista foi até o microfone central.

- Nós tocaremos uma música fora de nosso repertório agora, e como eu tive um pequeno problema de garganta a pouco não poderei cantá-la, então um amigo meu vai cantar em meu lugar.
Ele virou-se em minha direção enquanto tirava a guitarra que estava envolta em seu corpo e a ofereceu a mim, eu caminhei até ele hesitante, tentando não olhar para meus amigos que com certeza me olhavam curiosos, eu peguei a guitarra dele e a pendurei em mim, sorrindo inseguro para ele que me deu um leve tapa no ombro, tentando me passar confiança, não funcionou. Eu fiquei de frente para todos e coloquei uma das mãos sobre o microfone que estava no suporte.
- Sei que isso é súbito e até mesmo estranho... – eu comecei a falar – Mas eu preciso fazer isso, antes que eu perca a coragem, antes que minha lucidez volte. – eu ri tremulo – Antes que seja tarde demais para alcançá-la.
Eu segurei a guitarra com ambas as mãos e comecei a tocar e a banda me acompanhou.

♫ [Kawaranai Kotoba – Bleach Beat Collection Ichigo & Rukia] ♫

Eu toquei os acordes finais, e pareceu que eu agradei, já que não havia vaias ou risos e gritos de avacalhação. Todos me olhavam ainda em silencio, até que meus olhos a encontraram, eu a vi começar a bater palmas, Byakuya a seguiu, Unohana também, e logo eu não conseguia ouvir mais nada além de palmas, sorri timidamente e fiz uma rápida reverencia a todos e respirei fundo para começar.
- Há um motivo pra tudo isso. – comecei e logo as palmas cessaram –
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Era agora...ou nunca.