Anjo Negro escrita por GLFeehily


Capítulo 14
Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

Oie gente... desculpem a demora para postar capítulo novo... eu estava sem inspiração e sem tempo... =/
Pra variar o capítulo não ficou como eu queria, mas dá para o gasto... ç.ç
Desde já eu peço desculpa, caso tenha algum erro ortográfico... tbm peço desculpa caso apareça meio louco o texto, o Nyah está complicando a minha vida, está aparecendo todo bagunçado, arrumei o máximo que consegui... depois eu acerto direito (se o Nyah deixar... ç.ç).
Também gostaria de agradecer a todos que deixaram reviews... muito obrigada.
Boa leitura.



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Nina


A escola estava simplesmente linda, cheia de luzes e arranjos de flores por toda parte. Muitas barraquinhas de doces, bebidas e salgados espalhadas por todo o pátio e na quadra estava montado o palco onde iria ocorrer as apresentações. Chegamos e fomos direto para o camarim, pois o Léo iria ajudar as meninas com os penteados e maquiagens.

O sol estava se pondo, o que dava um tom alaranjado ao ambiente. Era possível ver a coloração diferente nas folhas das árvores do jardim, o efeito era simplesmente de tirar o fôlego. Eu sempre fui apaixonada pelos vegetais e animais, acho que deve ter alguma relação com os genes herdados da minha mãe, enfim, eu fiquei por um tempo olhando a bela imagem à minha frente, fiquei maravilhada com o show apresentado pela natureza, imaginando como poderia haver momentos tão perfeitos como aquele em um mundo com tanta violência e ódio.


–- Vem Nina, vamos nos sentar enquanto ainda tem lugar.


Fui praticamente arrastada pelo Pedro e o Lucas.


Assim que sentamos eu vi o Ethan chegar. Ele sentou sozinho, perto de onde estávamos, mas a sua solidão durou pouco, pois alguns segundos depois a Letícia chegou e sentou-se ao seu lado. Ele parecia meio desconfortável com a companhia dela, mas... deve ser impressão minha, talvez eu o deseje tanto que agora estou vendo coisas. Vai saber.

Ele olhou na direção em que nos encontrávamos e nossos olhares se cruzaram por um breve momento, pois rapidamente eu desviei o meu olhar, o rosto quente, provavelmente eu estava completamente ruborizada.


A peça iniciou-se e a Melissa estava simplesmente linda no papel da Julieta, ela e o Daniel formam um belo casal. A Laura preferiu trabalhar nos bastidores da peça,ajudando na direção.


No final da peça foi possível ver algumas mães chorando, completamente emocionadas. Eu também estava orgulhosa dos meus amigos e principalmente da Clarisse que tocou cada música com perfeição.

Assim que foi retirado do palco o cenário da peça, começaram a colocar os instrumentos da banda que iria tocar enquanto cantávamos. Eu já começava a sentir o frio na barriga. Era sempre assim, por mais que eu já estivesse acostumada a cantar em público, eu sempre sentia esse friozinho na barriga devido ao nervosismo, o medo de errar a letra da música ou desafinar era constante e só passava quando a música acabava.


A Letícia foi a primeira a cantar, ela tinha uma bela voz, isso sem falar na presença de palco, o que a ajudou a conseguir muitos aplausos. Em seguida tivemos o Lucas e o Pedro cantando hip hop, eles simplesmente levantaram a galera, colocando todo mundo para dançar com a música "Year" do Usher. Depois tivemos várias outras apresentações até finalmente chegar a minha vez. A vontade de desistir era grande, mas a Clarisse e o Léo me matariam se eu não subisse naquele palco, pois segundo eles, não haviam gastado tanto tempo escolhendo o vestido e fazendo a minha maquiagem e o penteado para eu desistir na última hora. Então eu só tinha duas escolhas, cantar ou morrer pelas mãos do Léo e da Clarisse, é óbvio que eu preferi continuar viva. E aqui estou eu, em pé, de frente para o microfone e a platéia que espera anciosamente a minha apresentação.


Que seja o que Deus quiser. Foi o que eu disse em pensamentos para mim mesma.


Olhei para a banda e dei o sinal para iniciarem a música. Ouvi a introdução da música, fechei os olhos enquanto ouvia o som que saia dos instrumentos, deixando me levar pelo melodia, ainda de olhos fechados, imaginando-me sozinha naquele palco, apenas eu e a banda, ninguém mais, pois assim seria muito mais fácil. Comecei a cantar, a platéia em silêncio, apenas ouvindo a minha voz, era realmente como se eu estivesse sozinha.


Abri os olhos e procurei por ele, encontrando aqueles olhos azuis que me deixavam perdida, eram como dois oceanos em miniaturas. Eu podia sentir a imensidão daqueles oceanos que tanto me extasiava, mas que também me assustava, pois toda vez que eu olhava nos olhos do Ethan eu me sentia como se estivesse afundando nas profundezas do mar, era como se eu tentasse voltar a superfície e não conseguisse, cada vez mais eu era tragada para a parte mais profunda.

Eu me sentia segura, mas ao mesmo tempo vulnerável. Sei que parece confuso e sinceramente, é assim que eu me sinto toda vez que nossos olhares se encontram. Eu nunca sei o que estou sentido, o que ele está sentindo e muito menos o que é certo ou errado. A única coisa da qual eu tenho certeza é que eu poderia passar o resto da minha vida olhando naqueles profundo olhos azuis que tanto mexem comigo.


Era uma batalha injusta, na qual eu sempre iria perder, não importa o quanto eu tentasse. Eu nunca seria forte o suficiente contra o efeito daquele olhar tão profundo e cheio de perguntas. Eu sentia que com apenas um olhar ele poderia ver a minha alma. Era algo surreal, assustador, mas também maravilhoso, pois por algum motivo que eu desconheço, eu sentia que ninguém mais recebia aquele olhar, apenas eu e ninguém mais, isso fazia o meu coração se encher de esperanças, esperança essa que eu sabia que não deveria ter, não em relação a ele, mas que mesmo assim eu tinha.


Eu escolhi cantar a música All I need da banda Within Temptation. É uma música que parece ter sido feita para me definir... Eu ainda não sei se a cantei para mim mesma ou se eu a cantei para o Ethan. Só sei que eu passei a música toda alternando entre cantar de olhos fechados e cantar olhando para o Ethan. Era como se os meus olhos fossem atraídos pelos deles.


Tudo de que preciso (tradução)

Estou tentando recuperar minha respiração
Oh, porque eu nunca aprendo?
Eu perdi toda minha confiança
Embora eu realmente tenha tentado mudar a situação

Você ainda pode ver meu coração?
Toda minha agonia se vai
Quando você me aperta em seu abraço

Não me deixe mal por tudo que eu preciso
Faça do meu coração um lugar melhor
Dê-me algo em que eu possa acreditar
Não me deixe mal
Você abriu a porta, não deixe-a fechar

Estou aqui no limite de novo
Eu queria conseguir deixá-lo ir
Sei que estou só a um passo
De mudar tudo isso

Você ainda pode ver meu coração?
Toda minha agonia se vai
Quando você me aperta em seu abraço

Não me deixe mal por tudo que eu preciso
Faça do meu coração um lugar melhor
Dê-me algo em que eu possa acreditar

Não deixe tudo mal, o que sobrou de mim
Faça do meu coração um lugar melhor

Tentei muitas vezes, mas nenhuma foi real
Faça desaparecer, não me quebre em pedaços
Quero acreditar que dessa vez é de verdade
Salve-me do meu medo,
Não me deixe mal

Não me deixe mal por tudo que eu preciso
Faça do meu coração um lugar melhor
Não me deixe mal por tudo que eu preciso
Faça do meu coração um lugar melhor

Dê-me algo em que eu possa acreditar
Não acabe com tudo, o que sobrou de mim
Faça do meu coração um lugar melhor
Faça do meu coração um lugar melhor



Quando a música finalmente acabou eu mais uma vez procurei por ele na platéia e o olhar que recebi tinha tantas perguntas não respondidas que eu me perguntei se era possível que ele tivesse percebido que eu cantei aquela música muito mais para ele do que para qualquer outra pessoa naquele festival.


Eu estava morrendo de medo que as pessoas ali presentes não gostassem, mas a julgar pela pela reação de todos, eu acho que não cantei tão mal.


O Ethan continuava a me olhar com aquele ponto de interrogação nos olhos. Eu podia ver a confusão estampada em sua face. Era frustrante perceber o quanto ele pensava mal de mim. Saber que para ele eu sou exatamente como aquele ser que se diz meu pai.


Aquele olhar causava muita dor em meu coração, pois eu queria que ele enxergasse quem eu realmente sou e não se deixasse levar pela fama do meu pai e dos meus irmãos. Eu não tenho culpa de ser filha dele. Isso não é justo.


O Daniel chegou perto do ouvido do Ethan e falou alguma coisa, para logo em seguida afastar-se com um sorriso largo rosto, enquanto que o Ethan o olhava com uma expressão séria e em seguida falou alguma coisa, antes de se afastar do amigo e vir em direção ao palco.





Ethan


Assim que eu e o Daniel chegamos ao festival, eu procurei a Nina... Não sabia se ela já havia chegado e por esse motivo eu a procurei nos lugares mais prováveis de encontrá-la, acabei encontrando-a alguns minutos depois, ela estava sentada ao lado Pedro e do Lucas, como sempre, essa perseguição deles já está me irritando... Será possível que eles não percebem que ela não quer nada com eles?!


Ela estava mais linda do que nunca, o seu cabelo estava preso em um coque mal feito e alguns fios caíam em volta do seu rosto, moldando-o delicadamente. As suas bochechas estavam levemente rosadas e a maquiagem nos olhos era de um tom claro, quase imperceptível, era simplesmente a visão mais linda que havia visto na vida.


O concurso de música se iniciou e a cada minuto ela parecia mais e mais ansiosa, eu podia vê-la sorrir alegremente cada vez que alguém subia no palco e cantava bem, mas ao mesmo tempo eu podia vê-la se remexer na cadeira, estava nervosa, nitidamente nervosa.


Finalmente chegou a sua vez e ela respirou fundo antes de subir no palco, ao chegar perto do microfone ela fechou os olhos, abrindo-os em seguida, virou a cabeça um pouco para o lado onde a banda se encontrava, fazendo um sinal positivo e depois voltou o seu olhar para a platéia, voltou a fechar os olhos, como se estivesse se concentrando, sentindo a melodia, as suas mãos segurando firme o microfone.


A Nina iniciou a música com a sua voz doce e viciante, só de ouvir aquela voz eu sentir o meu corpo arrepiar-se... Eu me sentia como os homens atraídos pelo canto das sereias. Nada, nenhuma voz ou música havia me deixado daquele jeito antes. Eu não conseguia compreender porque ela mexia tanto comigo. Ela tem um jeito de menina inocente, um olhar doce e um sorriso angelical, capaz de conquistar qualquer um sem precisar falar uma palavra sequer.


Ela abriu os olhos e buscou os meus, o meu coração se acelerou quando o meu olhar se encontrou com aqueles profundos olhos verdes esmeraldas. Ela olhava diretamente pra mim, como se estivesse cantando especialmente pra mim... mas porque?! Eu não entendia muito bem o que ela queria me dizer com aquilo... Por um acaso ela estava pedindo através da música que eu confiasse nela, que ela era confiável e não iria me trair?


A cada estrofe eu me sentia mais confuso. O que essa garota quer de mim, afinal??


Eu podia sentir a surpresa de cada um ali presente, não era preciso olhar para os seus rostos para saber disso, mas mesmo assim eu dei uma rápida olhada em volta e percebi todos olhando-a de boca aberta, os olhos arregalados, provavelmente se perguntando porque ela ainda não havia gravado nenhum CD.


Quando a música acabou eu notei que algumas pessoas perceberam que ela passou a música inteira olhando pra mim e estavam comentando, muitas se perguntando se estávamos namorando.


– Você deveria ter trago um babador, pois a baba está escorrendo pela boca e não vai demorar muito pra você precisar trocar de roupa. -- Disse o Daniel, com um sorriso sacana no rosto.

– Do que você está falando?

– Eu estou dizendo que você deveria para de babar pela Nina, as pessoas já estão começando a perceber.

– Vai catar coco Daniel.


Meu nome foi chamado ao palco e eu pedi que esperasse um segundo. Por mais que a razão dissesse que eu não deveria procurá-la, o meu coração dizia exatamente o contrário e antes que eu desistisse, eu fui até ela, antes de subir ao palco.


– Nina?!

– Oi. -- Ela parecia um pouco nervosa, ou surpresa, por eu estar falando com ela, eu não sei muito bem, mas acho que era um pouco de cada coisa.

– Parabéns! Você estava ótima. Tenho certeza absoluta que você será a vencedora hoje.

– Obrigada! -- Disse, dando um sorriso tímido. -- Mas eu não acho que eu vá ganhar esse prêmio, todos cantaram muito bem e é bem provável que a Letícia ganhe, isso sem falar que ainda falta você cantar.

– Ela não tem a menor chance de ganhar de você. -- Falei, sem conseguir segurar a minha língua. Deus, eu sempre falo demais quando estou com ela.

– Obrigada.

– Escuta, eu queria te fazer um pedido.

– Um pedido?

– Sim. Será que você poderia tocar pra mim?

– Como? -- Perguntou, confusa.

– Bem, eu resolvi trocar de última hora a música que irei cantar e não ensaiei com a banda, o Daniel dificilmente saberá tocá-la já que ele não gosta do estilo e eu não queria ter que cantar e tocar ao mesmo tempo, e como você toca piano tão bem, eu pensei que talvez...

– Qual é a música?

"Amar não é pecado" do Luan Santana. Pode rir, eu não ligo, sei que eu por ser homem não deveria gostar desse tipo de música, mas ela tem uma letra bonita e tem muito a ver com o momento que estou vivendo. -- Eu disse depois de ver o olhar surpreso dela.

– Eu amo essa música. -- Ela disse séria.

– Isso quer dizer que você toca pra mim?

– Claro. Sem problema.

– Obrigada. -- Eu disse sem conseguir conter o largo sorriso que invadiu o meu rosto e em troca eu recebi de volta um tímido sorriso dela. Um sorriso perfeito, com dentes perfeitos, completamente alinhados e brancos.


Subimos no palco e pude ver os nossos amigos olharem pra gente com os olhos arregalados, não entendi o porque de tanta surpresa... Até entendo a surpresa do Daniel e da Clarice, mas os outros... Sinceramente.


Nos olhamos antes dela começar a tocar o piano, em seguida eu comecei a cantar, logo após o início da música, quase que como uma necessidade, os meus olhos procuraram por ela, no piano. Continuei olhando-a enquanto cantava, eu simplesmente não conseguia desviar o olhar do belo rosto da garota sentada à minha frente. Eu queria ficar perto dela, tocá-la, sentir o seu cheiro, eu queria beijá-la, eu precisava beijá-la.


Me aproximei do piano, sentei a menos de 10 cm dela, o cheiro do seu corpo se misturando com o cheiro doce do seu perfume, era simplesmente viciante. Aproximei-me ainda mais, tocando levemente o seu rosto... Eu podia ver a surpresa nos seus olhos, ela estava tão confusa quanto eu, mas eu não consegui controlar o meu próprio corpo, parecia que naquele momento, ele só respondia o meu coração.


Por fim, acabei desistindo de resistir ao desejo de tocá-la e acariciei levemente o seu rosto com o dorso da mão, em seguida segurei com a mão livre o seu rosto, que no momento estava virado para mim e, era possível ver um interrogação no seu olhar. Ela estava tão perdida quanto eu... Se ela não entendia as minhas ações, eu entendia menos ainda, a única coisa que eu sabia naquele momento, era que eu precisava tocá-la, sentir a textura macia da sua pele de porcelana, e foi exatamente o que eu fiz.


Quando a música terminou, permanecemos sentados, nos olhando intensamente.


Alguns minutos depois saiu o resultado e é claro que ela ganhou. Ela foi perfeita, não que eu tivesse cantado mal, na verdade eu fui muito bem e por esse motivo ganhei muitos aplausos e até cheguei a ouvir alguns gritos de "ja ganhou", mas eu sabia quem seria a ganhadora hoje, e se querem saber a minha opinião, seria injusto se ela perdesse.


É claro que eu estava certo, a Nina foi a campeã da noite. A Letícia ficou furiosa quando ouviu o resultado, mas todos acharam melhor ignorá-la. Agora nesse momento a Nina está voltando ao palco para fazer a sua última apresentação.


– Bela declaração de amor.

– O que? -- Respondi ao Daniel, me fazendo de desentendido.

– Você não ia cantar essa música, nem mesmo a havia ensaiado, mas resolveu cantá-la depois que a Nina cantou aquela música para você.

– Eu não sei do que você está falando.

– Sim, você sabe... Você acabou de se declarar pra ela, na frente de toda a escola... Se existia alguém nessa escola que não havia percebido o seu amor por ela, agora com toda a certeza percebeu.

– Para de falar besteiras Daniel.

– Ethan, eu estou falando sério. Você precisava ver a sua cara de apaixonado pra cima dela, era impossível não perceber o que você está sentindo por ela, ou melhor dizendo, era impossível não perceber o clima de romance entre vocês. A impressão que eu tive foi que vocês por um momento acharam que estavam sozinhos, sem uma platéia com mais de mil pessoas observando.


Eu não respondi, não tinha o que falar, eu não ia começar a falar um monte de mentiras pra ele, não mesmo, por isso achei que a melhor saída seria ficar calado, na minha.


Ela parecia emocionada quando voltou ao palco, pois os seus olhos estavam meio vermelhos e algumas lágrimas ameaçavam cair.


– Obrigada a todos que votaram em mim. Muito, muito, muito obrigada mesmo. Todos cantaram super bem e mereciam ganhar, e eu fico muito feliz em saber que vocês escolheram a mim. Sei que agora eu tenho que cantar mais uma música, mas antes, eu gostaria de fazer um convite ao Ethan. -- Ela olhou pra mim, e eu a olhei completamente confuso. -- Você merecia ganhar esse prêmio tanto quanto eu, afinal, você cantou maravilhosamente bem... -- Eu podia ver as suas bochechas ganhando uma tonalidade de rosa um pouco mais escuro. Ela fica ainda mais linda quando está com vergonha. -- Então eu pensei, se você não gostaria de cantar a próxima música comigo...


Ela queria cantar comigo? Era isso mesmo?


– Eu... Eu não sei Nina... -- Comecei a ouvir um verdadeiro coro de "aceita, aceita". -- Que música você vai cantar?

– Eu estava pensando em cantar a música "Eu nasci pra amar você". -- Ela disse isso olhando diretamente nos meus olhos. Deus, ela ainda vai me enlouquecer, juro que vai.

– Eu... -- Pensei em não aceitar, mas eu queria cantar com ela, eu queria muito... e por esse motivo eu aceitei. -- Eu aceito. Aceito cantar com você.


O sorriso que eu presenciei depois de ter aceitado foi tão lindo que se eu pudesse, eternizava aquele momento.


Subi no palco e em seguida começamos a cantar... mais uma vez ela cantou olhando diretamente pra mim.



Eu não sei, por que estou aqui

Há uma chuva de incertezas sobre mim

Eu não sei, se dou meu coração

Se me entrego de uma vez nessa paixão

Eu te vejo, mas não sinto seu toque

Não me beija, por mais que eu te provoque


(Refrão)

Claro como o céu do despertar

Lindo como o azul do seu olhar

Forte como o sol do amanhecer

Eu estou aqui pra amar você

Eu nasci pra amar você



Eu podia ver as pessoas nos olhando com olhares questionadores, mas sinceramente, eu não dou a mínima para a opinião deles... Vê-la me olhar daquele jeito enquanto cantávamos me deixou mais feliz do que eu deveria ter ficado. Realmente, eu estou em um beco sem saída.



Eu não sei, por que estou aqui

Basta ver o seu olhar pra desistir

Eu não sei, por que insisto assim

Tá na cara você não nasceu pra mim

Eu te amo, sem ter nada de volta

Sou um anjo, guardando a sua porta


Claro como o céu no despertar...



Quando a música terminou, estávamos de mãos dadas, um de frente para o outro, sem conseguir desviar o olhar, era como se estivéssemos hipnotizados, como se fossemos atraídos como imãs. Ouvimos os gritos da platéia e viramos para encará-los, ainda de mãos dadas.


Agradecemos e em seguida saímos do palco. Eu a puxei para um canto, para podermos conversar melhor. Não tinha mais como continuar ignorando o que estava acontecendo entre a gente, precisávamos conversar e logo.


– Ethan? -- Ela me questionou quando me viu arrastando-a para longe do palco.

– Precisamos conversar Nina.


Ela não disse mais nada, apenas continuou andando ao meu lado. Assim que estávamos sozinhos, longe da multidão eu parei e me virei pra ela. Ela me olhava com um pouco de receio.


– Eu queria falar sobre hoje... Porque você cantou aquela música olhando pra mim daquele jeito? O que queria dizer com aquilo? Era um pedido para que eu confie em você?

– Eu... Eu não sei Ethan... Eu simplesmente não consegui desviar os olhos de você. Parecia que os meus olhos estavam presos aos seus. -- Disse, em seguida olhando para os próprios pés, ela estava com vergonha, de mim, de novo.

– Nina...

– E você?

– Eu? O que tem eu?

– Porque agiu daquele jeito quando eu estava tocando para você cantar? -- Bem feito Ethan, queria respostas, agora será você quem terá que responder as perguntas dela e, como responder tal pergunta? Falar a verdade? Acho que é a melhor forma.

– Eu não sei Nina, eu apenas segui o que o meu coração mandava, digamos que eu não estava muito racional naquela hora.

– Você queria me tocar? -- Ela perguntou com certa incredulidade na voz e na expressão. Qual é o problema dela, afinal? Será possível que ela ainda não percebeu que eu estou completamente apaixonado por ela, que o sentimento é mútuo?!

– Eu queria sentir o seu cheiro, a textura da sua pele, o seu calor, queria sentir o gosto do seu beijo Nina. Na verdade, eu ainda quero, quero muito mais do que devia.


Falei enquanto me aproximava ainda mais dela,colando os nossos corpos. Como era bom sentir o calor do seu corpo contra o meu, mas ainda não era o suficiente, eu queria mais, muito mais. Inclinei um pouco a cabeça em sua direção enquanto ela me olhava assustada.


–- Ethan... -- Parou de falar assim que sentiu os meus lábios roçarem suavemente os seus. Comecei a dar vários selinhos, para em seguida dar um verdadeiro beijo de cinema, senti ela arfar, a sua respiração falhar enquanto os nossos corações batiam freneticamente, a impressão que eu tinha era que uma corrente elétrica havia tomado conta dos nossos corpos. Toquei os seus lábios com a minha língua e ela entendeu o que eu queria, abrindo os para que eu pudesse explorar cada pedacinho daquela boca linda e com um gosto maravilhoso, um gosto único.


A abracei mais forte, puxando-a ainda mais contra o meu corpo, tentando diminuir a distância inexistente. Senti as suas mãos subirem timidamente pelo meu abdômen, até chegarem ao meu pescoço, onde ela iniciou uma carícia maravilhosa, me levando a loucura. Involuntariamente eu gemi quando senti as suas carícias em uma região tão sensível que era o meu pescoço. Bastou um toque dela ali e o meu corpo inteiro se arrepiou, a excitação tomando conta de mim e antes que eu perdesse o resto de controle que eu ainda possuía, a afastei um pouco. Ficamos nos olhando por alguns segundos, enquanto tentávamos normalizar a respiração.


Ainda estávamos recuperando o fôlego quando senti alguém pulando em minhas costas, me dando um beijo no pescoço. Olhei para o lado e a Letícia aproveitou para me beijar. Senhor, o que eu faço para me livrar dessa garota? Quantos foras terei que dar nela? Quando eu finalmente consegui me livrar do braços da Letícia eu procurei pela Nina, mas ela já tinha ido embora, merda, é a segunda vez que a Letícia faz isso.


– Qual é o seu problema garota? Qual foi a parte do "Eu não gosto de você", você não entendeu?

– Ethan...

– Olha só Letícia, você é uma garota bonita e tem um monte de homens atrás de você... Então porque você simplesmente não fica com um deles e me deixa em paz?

– Porque eu quero você e não vou desistir facilmente.

– Argh! -- Foi tudo que eu consegui proferir, antes de sair de perto dela pra procurar a Nina... Ela tinha que me ouvir.


Andei por todo o colégio e não a encontrei. Onde aquela garota havia se metido? Será que ela foi embora? E o pior é que eu estava começando a sentir o coração apertar, por algum motivo eu estava com um mau pressentimento. Alguns minutos depois eu encontrei o Daniel em uma das salas se agarrando com alguém, resolvi ir até ele e perguntar se ele havia visto a Nina, mas sinceramente, se arrependimento matasse...


– Daniel? Paula? Vocês? Deus...

– Ethan! -- Ela gritou quando me viu. Estava com os cabelos bagunçados e a roupa toda amassada... me olhou assustada, o rosto vermelho de vergonha. -- Ethan, não é o que você está pensando.

– Ah! Claro que não, o Daniel estava apenas tirando um cisco do seu olho. -- Falei de maneira bem irônica. Eu estava um pouco bravo com ela, não gostava da maneira como ela fuzilava a Nina em todas as aulas dela.

– Por favor Ethan, não conta pra ninguém, ou eu vou ser demitida.

– Não se preocupe, eu não vou fazer isso. E quanto a você... -- Falei olhando para o Daniel. -- Venha comigo, preciso da sua ajuda, estou com um mau pressentimento.


Ele me olhou sério. Ele sabia que jamais diria aquilo se não fosse nada sério. Assentiu e depois virou-se para a Paula, se despedindo dela. Eu saí de perto, não queria ver aquela cena novamente.


– O que aconteceu?

– A Nina, eu a beijei...

– Você o que?

– Isso mesmo que você ouviu, eu a beijei... Não consegui me segurar, foi mais forte que eu... E não me olhe assim, eu pelo menos não estava me agarrando com a professora.

– É melhor me agarrar com a professora do que com a filha do demônio que quer nos matar.

– Ela não tem culpa de ser filha dele e depois, eu achei que você gostasse dela.

– Eu nunca disse que gostava dela, eu disse que ela parecia ser uma boa pessoa... De qualquer forma, quando os anjos e os demônios souberem que vocês estão namorando, eu não quero estar por perto... Posso até prever o apocalipse.

– Obrigada pelas palavras de apoio...

– Eu só estou sendo racional... Você sabe que essa história não vai acabar bem...

– Se é que terá uma história.

– Como assim? Vocês já brigaram? Mal começaram a namorar e já brigaram? -- Perguntou incrédulo.

– Não começamos a namorar Daniel, foi só um beijo e depois ela se foi.

– Ela te deu um fora? Sério? -- Ele disse isso e começou a rir, ou melhor dizendo, gargalhar. Nada como um amigo que adora se divertir as suas custas.

– Depois do beijo a Letícia apareceu, me agarrando por trás e me beijando. Quando eu finalmente me livrei dos braços dela, a Nina tinha desaparecido e, agora eu estou com um mau pressentimento com relação a ela... Sinto que ela está em perigo e precisa de mim.

– Essa história de vocês daria um ótimo filme.

– Isso não é hora para brincadeiras Daniel, o assunto é sério, ela está em perigo e nós precisamos encontrá-la, agora.

– Eu sei, e eu não estava brincando.

– Apenas cala a boca e continua procurando por ela... Ela tem que estar em algum lugar desse jardim, foi o único lugar que ainda não procurei, afinal, quem viria pra cá à essa hora?!

–- Ninguém em sã consciência. Mas se tratando da Nina. -- Ele respondeu, sério.



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Notas finais do capítulo

Então??
O que acharam? Podem ser sinceros, eu aguento... ç.ç
Aaaaaaaaaaaahhh!!! Se alguém quiser indicar, eu juro que não fico brava... rs
Até o próximo capítulo.
bjo bjo bjo