De volta a Miami, a portuguesa correu para um táxi e seguiu para o hospital onde supostamente se encontrava o surfista inconsciente, Damon Darin.

  Damon, tinha os seus 23 anos e começara a ter sucesso dois anos antes de acabar o liceu, no entanto, decidira continuar os estudos e este ano acabaria a universidade, licenciando-se em arquitectura. A dedicação ao desporto e algumas mudanças na sua vida atrasara-o durante um ano nos seus estudos.

 Aclamado, invejado ou simplesmente observado por todos na escola, viu-se engolido pela fama e sucesso. O rapaz simpático e amável que era no início da fama mudara. Toda a confusão gerada em sua volta fizera-o mudar de cidade, apresentando-se a todos como um rapaz reservado, desconfiado, de poucas palavras e inatingível. Esta atitude era interpretada por grande parte das pessoas apenas como “a mania das grandezas”ou o “desportista Durão”. O que não sabiam estes, era que a sua atitude justificava-se com o facto de parecer que toda a gente se queria aproveitar daquilo em que ele se tinha tornado.

  Pois bem, com tempo e a inveja, Damon havia-se tornado alvo de muitos desportistas sem fair play, como Ryan Maine – o típico moreno de olhos claros que dominava as praias da solarenga Califórnia. Pouco ou nada se falavam, e Maine só abria a boca para criar atritos e fazer promessas de liderar o pódio.

Recuando à 2 meses atrás, quando tudo começou...

Ryan Michael Maine. Dado como desaparecido à 36 horas do seu apartamento. A namorada, Beatrice Diniz (21 anos), também surfista e modelo, chegara a casa onde se deparou com o caos total. Sinais de luta, alguns adereços de decoração partidos e muita desarrumação.

A polícia decidira que não iria fornecer mais uma história à imprensa, para que capas e artigos de jornal ficassem recheados de palavras como “Tragédia”, “Desaparecido”, criando alvoroço entre a comunidade surfista e o mundo de seguidores.

E desta vez, nem o poderiam fazer. Havia muito mais do que isto a contar nesta história, algo que ninguém imaginava que poderia acontecer num mundo como este.

3 meses antes de tudo começar...

Dia 2 de Novembro de 2011

- Ryan! Tens correio para ti querido!

O moreno deixara o copo de sumo na banca de granito da cozinha e correra até ao hall de entrada apenas vestindo uns calções de praia azuis e pretos da Billabong.

- De quem é Trice? – perguntou enquanto pegava na carta e lhe dava um beijo amável na cara.

- Pois, isso é a parte estranha... Não diz.

Ryan abriu a carta:


O teu arrependimento apenas virá da tua dor, do teu sofrimento. O castigo que terás nunca será o suficiente para aquilo que fizeste. A tua alma irá sofrer mais que o teu próprio corpo quando entenderes... Se entenderes.

Até já, Killer!

- Ryan, que raio é isto? Não estou a entender nada...

Ryan agitou o envelope. Algumas fotografias caíram no chão. Fotos de Ryan sozinho ao longo da sua carreira nos melhores ângulos enquanto surfava. Com alguns amigos, com o grupo de surf. Fotos a que ninguém poderia acessar, pensava ele. Constrangido, apanhou as fotos do chão, sem conseguir encarar Beatrice.

- Não estou a entender isto. O que se passa? Que carta é esta? – Beatrice tentava alcançar o olhar Ryan, que estava preso no vazio. – Fala comigo Ryan, por favor!
- Oh amor, isto provavelmente é só mais uma brincadeira de crianças. Já sabes como estes putos que entraram agora são...

- Ah, não Ryan! E as fotos? A própria carta tem algum sentido, isto não me parece uma brincadeira... É melhor ligares para o Bryant.

- Trice e o que é que o meu agente vai fazer? Descobrir quem foi? Como? Isto deve ser apenas uma brincadeira de mau gosto!

- Tem cuidado, Ryan. Por favor! – Beatrice encostou a cabeça ao peito do namorado. – Isto é muito estranho.

- Eu tenho, não te preocupes... – Tranquilizou-a com um abraço caloroso.

Na semana seguinte à 1ª carta...

Ryan saia de casa despedindo-se da namorada e da mãe, o carro estava do outro lado da rua. Descontraidamente, preparou-se para atravessar a rua, até que um carro a cantar pneu quase o abalroa. No chão, dezenas de fotos espalhadas. Com os mesmos motivos das outras fotografias. Aquele foi mais um aviso, e foi aí que Ryan entendeu que, talvez, não fosse assim tanto uma brincadeira quanto ele pensava. Mesmo assim, ele decidiu que não iria fazer nada para já.

Dia 2 de Dezembro de 2011

Ryan acordara por volta das 7 para se dirigir à escola de surf onde leccionava. Quando abriu a porta, deparou-se com uma caixa. “Que raio...” Pensava Ryan.

O surfista abriu a caixa com algum cuidado. De dentro saltou um boneco de mola, mas em vez de um palhaço, este tinha uma mini prancha de surf cor de rosa.

Na caixa do boneco de mola, palavras a vermelho enunciavam:

Sonha, sonha. Sonha em tons de rosa como alguma vez eu também sonhei, talvez um dia uma onda escura e profunda os invada trazendo os teus piores pesadelos à vida pequeno Killer.

Se o arrependimento matasse... talvez tu já estivesses morto, mas como não estás a gente pode sempre dar um jeito. Pois é, tu deverias sentir-te arrependido.

Lágrimas derramadas por ti não passam de falsidade chorada.

Se ainda pensavas que era uma mera brincadeira depois do incidente miserável do carro, pensa duas vezes queridinho.

Com muito ódio, até um dia destes surfer boy.

Desta vez, ele não poderia negar. Por muito que quisesse que fosse mentira, ele tinha que admitir. Não o era.

Então ele tomara a decisão que pensara mais acertada. Alugara um apartamento e abandonara a casa em frente à praia, que era também ainda de aluguer.

Bryant, o agente dele, prosseguira com o caso à polícia. 2 dias depois disto, Ryan e Beatrice eram resguardados e vigiados pela polícia, tentando viver em normalidade. E assim foi até ao dia 22 de Janeiro, quando Ryan é dado como desaparecido.