Delírios Insanos escrita por Alana5012


Capítulo 4
Uma Conversa


Notas iniciais do capítulo

Legenda:
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa) Foi tudo o que me lembro antes de mergulhar num sono profundo, do qual temia jamais despertar.
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy?
Lembrança: Negrito



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163804/chapter/4

●๋•..●๋•

Luna Lovegood

  Era estranho estar sentada a mesa daquela forma tão íntima com o Lorde das Trevas; diria que assemelhava-se a outros de meus "delírios insanos", como costumavam denominar minhas ideias "esquisitas".

  - Posso perguntar mais uma coisa? – Diante do sinal positivo realizado, prossigo - O que houve? - Indago, encarando-o diretamente, referindo-me ao atual "estado" do mesmo: estava curiosa quanto aquele novo aspecto.

  - O que, isto? - Aponta para si próprio - Eu não envelheço. Consequência das minhas horcruxes, que, ao contrário do que pensam, não só me fazem imortal, como conservam minha aparência jovem. Entretanto, não gosto de usá-la na presença de meus Comensais e inimigos: prefiro passar, logo à primeira vista, uma imagem a qual as pessoas temam, para impor respeito. E também, dessa forma, posso misturar-me em meio a todos quando desejo ficar só sem ser reconhecido. Gosto de ter o elemento surpresa a meu favor. - Ouvia a tudo muito atentamente, enquanto sorvia um gole do chá morno de ervas que me trouxera. 

  - Entendo... - Concordei com aquela linha de raciocínio, limpando o pouco do líquido que escapara de meus lábios. Notei que ele passou a observar-me de um jeito ainda mais pitoresco. Finjo não perceber. Um momento, havia dito "horcruxes"? Agora tudo fazia sentido! Por isso Voldemort era tão poderoso. Quem sabe não era essa a missão na qual Harry, Hermione e Rony haviam partido... Encontrar esse objetos e destruí-los, para que tivéssemos chance de derrotá-lo! Genial... Espere, mas por que o Lorde das Trevas gostaria que eu soubesse disso? Por que se arriscar? São muitas perguntas, mas não há resposta alguma. Lembro do acordo que havíamos feito - Sobre o que quer conversar?

  - Não sei. - Fala, ainda com o olhar perdido. De repente, suspira; talvez pensasse em alguma coisa - Gostou dos novos professores que enviei à Hogwarts este ano? 

  - Os irmãos Carrow fizeram das aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas e Estudo dos Trouxas demonstrações impiedosas e cruéis de falta de escrúpulos e ignorância. - Respondi com naturalidade, como se estivesse realizando um comentário a respeito do tempo. Depois ainda dizem que eu sou a louca... Desejava acrescentar, entretanto, a frase permaneceu apenas em meus pensamentos. Ele sorriu.

  - Você é sincera: agrada-me estar na companhia de pessoas francas. - Agora o senhor Riddle (acho que será mais adequado o tratar assim) acompanhava-me, tomando também uma xícara de chá.

  - Se admira mesmo a verdade, diga-me: pretende me matar? - Essa dúvida persistia em meus devaneios. Afinal, por que ele estava sendo tão gentil?

  - Vai depender do seu comportamento: seja uma boa companhia pra mim e sua vida será poupada. - Será que sim?

  - Viver e sobreviver são coisas distintas, senhor Riddle. - Falo isto por estar ciente de que perderia minha liberdade, algo que muito estimo - Algum dia verei meu pai e os meus amigos novamente?

  - Não. - Minhas esperanças iam esvaindo-se aos poucos, conforme o tempo decorria e eu permanecia naquela casa - E, por favor, não me chame de "senhor". - Adicionou logo em seguida, para meu espanto.

  - Perdão, mas por ter se apresentado como... - Não pude continuar, pois fui interrompida.

  - Não gosto de ser chamado pelo meu nome: parece-me algo muito íntimo. Porém, para a senhorita, farei uma exceção. Procura um modo mais apropriado pelo qual possa me tratar?! Pois que tal referir-se a mim apenas como "Tom"? Não me chame "senhor", porque não sou velho. Acaso pareço-lhe idoso? - Ainda que sem compreender o por que de tudo aquilo, achei melhor assentir, pouco nervosa.

  - Qual o seu propósito?

  - Possuo planos e metas, os quais pretendo concretizar; a senhorita não? - Ele era muito inteligente. A forma como conduzia aquela conversa era deliberadamente surpreendente. Sua postura elegante, o tom de voz levemente rouco... Se não fosse tão mau, seria mesmo um legítimo Lorde.

  - Achei que sim. Mas agora, tudo o que desejo é rever meu pai, que certamente está preocupado com o paradeiro da sua única filha... - Disse pouco melancólica - O sen... Quer dizer, Tom, você não tem uma família? Alguém pra sentir saudades, entende? 

  - Não; cresci em um orfanato trouxa. - O modo seco como admitiu aquilo fez-me acreditar que, um dia, antes de se tornar Voldemort, ele havia sido um garoto como eu (embora não parecesse). Ao que pareceu-me, lembrar disso o deixava atordoado; talvez a vida solitária e triste que levara neste lugar o transformara no que é atualmente.

  - Sinto muito... - Desculpei-me sem jeito.

  - Não sinta.

  - Então não conhece sua família? - A curiosidade outra vez falava mais alto do que senso de prudência; verdade que aquilo era muito estranho, mas não deixava de ser uma oportunidade para saber das intenções do Lorde das Trevas.

  - Sei que pertenço à linhagem dos Gaunt's, sendo que esta casa, inclusive, pertenceu a minha família; minha mãe era uma bruxa tola, que lançou um feitiço para fazer com que um trouxa se apaixonasse por ela. Quando esta ficou grávida de mim, pensou que a criança que carregava no ventre faria com que o esposo amasse-a de verdade e continuaria ao seu lado, perdoando-a. Enganou-se: meu pai partiu e abandonou a mim e a ela, que morreu pouco tempo depois de ter me dado a luz. Depois que cresci, procurei por meu pai, pois acreditava veemente que minha descendência bruxa devia-se a ele: estava equivocado. Já estava crescido (devia ter mais ou menos a sua idade) quando encontrei o irmão da minha mãe, que me contou tudo. Procurei por meu pai e assassinei-o, assim como a sua família, tomado pela cólera; após dar-me conta do que havia feito, enfeiticei meu tio para que ele pensasse que a culpa era toda dele e, sem remorso algum, segui com a minha vida. - O jeito frio como ele estava confessando-me aquelas coisas era revoltante; acaso não possuía escrúpulos? Não: do contrário, não seria o bruxo das trevas mais temido do Mundo Mágico. Provavelmente, o mais cruel que já existiu. Mas naquele momento eu não o enxergava assim; talvez fosse a bela aparência que ostentava, no entanto...

  - Imagino o quanto deve ter sido difícil pra você.

  - Você fala o tempo todo do seu pai; mas e a sua mãe? O que aconteceu com ela? - Uma vez mais ele mudara de assunto subitamente. Acho que não gosta de lembrar-se dessas coisas.

  - Minha falecida mãe foi uma bruxa extraordinária que gostava de fazer experimentos. Ela morreu quando um de seus feitiços deu terrivelmente errado... - Falo com a mesma típica indiferença a qual já habituei-me em usar quando toco no assunto - Foi bem horrível; admito que ainda me sinto triste sobre isso algumas vezes, mas fico aliviada por ainda ter meu pai.

  - Lamento. - Nunca pensei em ouvir qualquer palavra de consolo que fosse vinda dele.

  - Está tudo bem. - Digo, baixando os olhos logo em seguida. A mera possibilidade (que a essa altura tornara-se quase que uma certeza) de ficar confinada eternamente naquele lugar entristecia-me. Se bem que, nada dura para sempre...

  - Quer ouvir sobre a impressão que tive a respeito da senhorita durante essa última meia hora em que estamos conversando? - Aquilo apanhara-me de surpresa. Aonde chegaríamos, afinal?

  - Claro. - Disse ansiosa para ouvir quais seriam suas próximas palavras que, na certa, uma vez mais me surpreenderiam.

  - A despeito de suas crenças heterodoxas e de seu comportamento bizarro, percebo que é perfeitamente sã, ao contrário do que ouvi, e o fato de estar na Corvinal sugere que seja também bastante inteligente. O que me lembra... - O mesmo pensamento deve ter passado por ambas as nossas mentes, pois ele sussurrou - É uma moça linda, senhorita. - A resposta para a pergunta não respondida. Fiquei rubra: minha face ardia, e estava muito quente, tamanha foi a vergonha que senti naquele instante. Nunca ninguém me disse antes que eu era bonita; presuma o quanto não fiquei perplexa ao receber um elogio vindo do Lorde das Trevas!

  - Eu... - Não sabia o que responder. Finalmente compreendia o poder que Tom Riddle exercia sobre as pessoas: aquele jeito cortês e o sorriso discreto fariam qualquer um enganar-se sobre o mesmo.

  - Preciso me retirar agora; nos veremos novamente à noite. Fique a vontade para andar pela casa. Mas, já aviso: não tente fugir. Há vários feitiços de proteção em torno do perímetro; ninguém sai, ninguém entra. Se for uma boa menina, devolvo a sua varinha. Caso não se comporte... Terei de castigá-la. - Engoli em seco. O modo como ele proferira as últimas palavras deixava bem explícito que Voldemort falava sério. Tive medo. Ele aparatou diante de meus olhos poucos segundos mais tarde. Não quis refletir sobre tudo que havia ocorrido; preferi voltar a tomar o chá: era uma bebida deliciosa aquela...

●๋•..●๋•


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!