Delírios Insanos escrita por Alana5012


Capítulo 2
A Hóspede


Notas iniciais do capítulo

Legenda:
Narração: (Ponto de Vista dos Personagens - 1a Pessoa) Foi tudo o que me lembro antes de mergulhar num sono profundo, do qual temia jamais despertar.
Mudança de POV - Point of view (Ponto de vista): ●๋..●๋
Diálogos: - Disse que ela é uma das amiguinhas do Potter, Malfoy?
Lembrança: Negrito



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Luna Lovegood

  Porém, acabei acordando, excedendo minhas próprias expectativas. É verdade que, no princípio, julguei ainda estar sonhando, por sentir uma agradável sensação de conforto enquanto estava ainda de olhos cerrados; quando finalmente decidi-me por abrí-los, surpreendi-me uma vez mais, já que me encontrava deitada sobre uma cama de lençóis negros, situada em um amplo quarto, iluminado apenas por uma pouca claridade vinda da imensa janela que ali havia. Pelo fato do cômodo estar encoberto por um breu profundo, não pude enxergar muita coisa, com exceção das cortinas rubras que barravam a entrada da luz.

  Sentei. Olhei ao redor, mas no fim, constatei: estava sozinha. Os ferimentos que ainda pouco tinham feito-me bradar de dor haviam simplesmente desaparecido sem deixar vestígio. Confusa e curiosa, tentava lembrar do que acontecera. Afinal, como eu fora parar ali? E o mais importante: aonde era "ali"? Não podia ser a masmorra dos Malfoys, disso tinha certeza.

  - Vejo que já despertou, senhorita Lovegood. - Ao ouvir aquela voz fria, imediatamente senti um calafrio percorrer minha espinha. Um rapaz alto surgiu em meio à penumbra, revelando-se ser a pessoa que falara anteriormente - Sente-se mais disposta?

  - Sim, obrigada... - Não sabia ao certo como deveria proceder naquela situação. Entretanto, levando em consideração as atuais circunstâncias nas quais encontrava-se, resolvi continuar sendo cordial e tentar descobrir o que passava-se de fato - Por favor, senhor... - Não sabia qual maneira seria mais apropriada para dirigir-se ao mesmo - Hã, já sabe quem sou, porém, ainda não sei o seu nome. - Ele sorriu. Um sorriso frio e sem emoções, porém, ainda fora um sorriso. Era um jovem muito bonito: seus cabelos negros contrastavam a tez alva; olhar em seus olhos era como mergulhar na imensidão infinita do céu (eram tão profundos e num tom esverdeado tão escuro, que se assemelhava ao ônix). Aproximou-se da cama, fitando-me intensamente. 

  - Tom. Tom Marvolo Riddle, ao seu dispor. - Disse, por fim, após realizar uma pequena reverência. Aquele nome... Sim, causou-me certo pânico, porém, limitei-me a observá-lo minuciosamente. Considerei que seria indelicadeza a minha perguntar o que acontecera com a sua aparência, que transformara-se por completo.

  - E que assuntos o Lorde das Trevas teria para tratar com minha pessoa? - Indaguei, depois de refletir por um instante.

  - É amiga do Potter, não é? - Ainda que relutante, assenti. Ele prosseguiu - Pois bem, imagino que o que desejo da senhorita é óbvio, levando em conta que até mesmo um louco entenderia aonde pretendo chegar...

  - Pois é aí que está: os loucos sempre compreendem, não? - Respondi, sendo até mesmo pouco ousada retorquindo-o, no entanto, empregando um tom educado e calmo ao falar.

  - Você é uma menina estranha, Lovegood. - Concluiu, depois de analisar-me por uns instantes. 

  - É o que todos me dizem. - Disse, dando de ombros. Continuávamos calados, apenas apreciando a companhia um do outro. Eu permanecia sentada na cama e ele estava em pé, a alguns passos de mim, imóvel. Naquele momento, não senti medo, mas sim uma sensação de que algo estava errado. 

  - Gina me falou muito ao seu respeito durante o seu segundo ano em Hogwarts. - Prosseguiu, quebrando o silêncio que instalara-se - Ela contou-me que são grandes amigas, estou certo? E, se não estou equivocado, não é essa também a mesma Weasley que é a namoradinha do Potter? - Eu murmuro um sim, em resposta a cada uma das perguntas proferidas - Hm. - Balbucia, como se constatasse algo que já soubesse - De qualquer forma, a senhorita Weasley dizia-me que muitos te consideram louca por referir-se, na maior parte do tempo, à coisas que não existem, que não passam de meros frutos de sua imaginação criativa... Isso é verdade?

  - Só porque falo de coisas que ainda não são consideradas reais, como os Narguilés e Zonzóbulos, não quer dizer que não possuo ciência disso e esteja louca; Bellatrix e seus Comensais por outro lado... - Achei que seria mais prudente não terminar a última afirmação, por isso, deixei a frase suspensa.

  - Sei que pertence a Corvinal; - Mudou repentinamente de assunto. Ao dizer isso, começou a andar lentamente, em círculos, perto da cama - "São inteligentes, perspicazes e gentis, ainda que pouco misteriosos. Possuem uma grande sede de conhecimento e pensam rápido na hora de dizer algo gracioso. Também pode ser percebido algum tipo de sensibilidade peculiar em cada um dos membros dessa casa. A Corvinal também tem fama de ter as meninas e os garotos mais bonitos de toda a Escola, mas talvez isso seja só coincidência ou mito."* Não sei ao certo, mas quanto a essa última afirmação... Você se considera bonita, Luna? - A menção ao meu primeiro nome fez com que a sensação de pânico retornasse ainda mais forte do que antes. Fora o jeito frio ou a forma irônica como fizera a pergunta? Não, eu não me considero nem um pouco bela: meus cabelos loiros são muito opacos e compridos, e os olhos grandes que tenho fazem com que eu assemelhe-me a uma coruja, assim como o nariz e boca pequenos que possuo. Entretanto, não disse isso em voz alta. Preferi guardar essa última resposta em minha mente, para mim mesma.  

  - Perdão, mas não entendo por que me faz essas indagações todas. - Arqueio inconscientemente uma de minhas sobrancelhas, num gesto em que mostro-me aturdida - Tudo isso me soa caótico... Afinal, que faço aqui? 

  - Acalme-se, criança. Tudo há seu tempo. - Volta a sorrir, porém, de forma sinistra, o que me faz sentir um imenso desconforto - Afinal, foi você quem desviou-se inicialmente do assunto que interessa a ambos, mostrando-se ser realmente uma Ravenclaw; agora tudo que quero é conversar com você, só isso. - Diz-me de forma vaga.

  - Se... - Começo, no entanto, paro hesitante. O jovem franze o cenho confuso. Decido-me por continuar - Se me contar por que me trouxe pra cá e por que estamos tendo essa estranha conversa, falamos do que quiser depois...

  - Acordo interessante; se é assim, está bem. A verdade é que pensei que te torturando poderia obter informações muito valiosas a respeito do senhor Potter; além disso, se for mesmo seu amigo, não tardará até que ele cometa um erro ou outro, numa tentativa frustrada para salvá-la e morra por minhas próprias mãos. Mas gostei de você; é, no mínimo, uma garota excêntrica e bem peculiar. Por isso, decidi que, de agora em diante, você é minha convidada nessa casa. - Falava de modo casual, e aparentemente franco.

  - Quer dizer que posso partir no momento em que desejar, não? - Por um breve momento, uma felicidade momentânea atingiu-me.

  - Quer dizer que será tratada de forma cordial e zelosa por mim e que permanecerá aqui comigo até que sua companhia torne-se dispensável. - O tom seco que ele usou me assustou - A propósito, está com fome? - Foi então que percebi que as alterações de abordagem inesperadas seriam constantes. 

  - Hã... sim? - Respondo, num sussurro, sem saber ao certo se o respondera com outra pergunta ou se estava questionando a mim mesma se estava ou não com fome.

  - Tome um banho quente; suas vestes estão sujas. Vista o que quiser, há roupas naquele armário e o banheiro é ali. - Disse, apontando para as duas direções em questão - Quando voltar, iremos tomar um chá e conversar, como você disse que faríamos. Vou esperar aqui. Não demore. - Era como se estivesse me dando ordens... Sem outra alternativa, concordei, levantando-me e caminhando até o armário, que até então não percebera estar ali, e escolhendo uma muda de roupas. Depois, segui para o banheiro, onde pude tomar um bom banho como não fazia há dias e pensar sobre o que estava acontecendo; aquilo era, sem dúvida, insano.

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Notas finais do capítulo

*Descrição original dos membros pertencentes a casa da Corvinal.