The best shit escrita por LadyChase


Capítulo 33
Bastardos Inglórios


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho esse capitulo pronto faz muito tempo, mas eu não podia postar ele até agora.
Não é um capitulo importante e não fará diferença se vai querer ignorar ou não. Mas eu recomendo, por que explica muita coisa.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/163516/chapter/33

As cronicas alheias de The best shit

Parte 2- In the City (Kevin Rudolf)

Jason Grace

Eu era só um garoto fazendo coisas idiotas por dinheiro.

Não. Eu era um demônio com aparência de menino.

Toda criança faz algo errado.

Quebra o vazo da mãe.

Trinca uma janela com uma bola.

Rouba doces da mercearia da esquina.

Eu não pude cometer esses erros de criança.

Eu roubava pessoas. As janelas já eram trincadas. Nunca quebrei nada por que não tinha mãe.

Eu era o Jordan sem sobrenome.

Por que não tinha direito de usar o nome do meu pai.

Eu sou um bastardo.

Bastardos não têm direito de ter um sobrenome.

Eu não tive alguém para dizer o que era errado. Minha avó me criou, criou mal.

Criou um demônio e não conseguiu escondê-lo por muito tempo. Ela me odiava. Não do jeito que uma vó odeia seu neto por ele lhe odiar de volta e se comportar mal.

Ela realmente me odiava.

Ela era uma mulher muito velha, me perguntava se ela era minha tataravó.

As vezes eu me perguntava se ela era da minha família.

Morávamos em um barracão. Por que a velha não podia trabalhar e não tinha aposentadoria. Mas todos os anos, no meu aniversário, o homem de olhos azuis iguais aos meus vinha me visitar, e por um dia eu e a velha tínhamos uma casa. Eu podia ser uma criança, podia comer doce direto do pote, podia ter uma bola.

Podia ter comida que não fosse lavagem.

Ele perguntava como ia minha mãe.

A velha não me deixava dizer que ela estava morta.

Eu nunca soube o por que.

Talvez ela quisesse me fazer sofrer.

Ela não me batia. Não tinha forças pra isso. Mas me trancar no quarto do pânico por semanas comendo ratos que eu mesmo quebrava o pescoço e ela cozinhava, eram motivos o suficiente pra fazer com que eu virasse um monstro.

Não.

Eu já era um monstro. O monstro a odiava. Ele a matou.

Eu a matei.

Depois disso o monstro estava livre para correr pra onde ele quisesse.

Por incrível que pareça eu nunca me droguei, nunca matei ninguém que precisasse. No começo foi difícil. Uma criança solta em Miami sem casa, comida ou família.

Eu descobri como viver depois de 3 anos.

Sabendo das coisas.

Era essa a maneira de me manter vivo. Eu sabia de tudo o que acontecia naquela cidade. Cada assalto, cada criminoso, cada traficante. Eu sabia memorizar.

Sabia tirar proveito disso.

Só não me contaram que ser informante do submundo trazia tanto dinheiro, e chamava tanta atenção.

Aos poucos as pessoas começaram ouvir meu nome.

Não. A cidade de baixo me conhecia, as pessoas nunca souberam o inferno por baixo dos prédios e shoppings.

O submundo é mais do que traficantes e criminosos, eu sabia de tudo.

Não demorou para chegar a isso.

Eu podia montar um consultório. Vender minhas informações do jeito certo. Seria Absurdamente pequeno, talvez um quarto em um cortiço, mas daria jeito.

Mas eu gostava da ideia de ser paladino, das pessoas se quebrarem para me encontrar. Procurarem em infernos grandes e pequenos até me encontrarem sozinhos contendo informações que elas querem e não sabem.

Esse meu jeito despertou o interesse de Santiago Bersec.

Eu não sei o que ele e o grupo dele faz. Acho que nem a família dele sabia.

Ele me procurou muitas vezes pedindo informações, ninguém me procurava com tanta frequência.

Ele vinha sempre sorrindo. Não sorrindo gentil.

Aquele sorriso que eu consegui descobrir que significava planos.

Ele me trouxe pra debaixo de sua asa. O menino esfarrapado de jeans claro e moletom sumiu.

O bad boy que tomou conta do mundo de cima e da cidade Miami tinha só começado.

As roupas caras apareceram, os colares, os óculos de marca.

Eu nunca me vesti de terno. Nunca achei que precisasse.

Eu era conhecido como “o trono”, por sustentar reis com informações e outras coisas que eu dispunha na manga.

Eu sustentei aquela cidade. Eu poderia gerar uma guerra se abrisse a boca por diversão. Eu não precisava de ajudantes ou aranhas para me trazerem informações.

Eu as conseguia sozinho.

Eu não precisava mais chamar atenção.

Eu não era famoso, eu era necessário.

As pessoas não precisavam saber meu nome.

Mas essa não é a parte importante da história.

Eu era o melhor entre os informantes.

É isso.

A família Bersec é importante.

Santiago nunca me deixou partir pra muito longe. Acho que ele gostava da ideia de me ter por perto, de ter o trono só pra si mesmo. De ser o cliente mais importante.

Quando eu fiz 15 ele me apresentou sua filha, seu bem mais precioso.

Reyna Bersec.

Acho que ela jamais soube o que seu pai era, ou que ele a treinava para ser uma informante.

Ela tinha seus ajudantes e aranhas, e mesmo assim eu era melhor.

Por isso ele me queria por perto. Ele me queria com ela.

Eu não sabia disso.

Reyna Bersec era linda e popular e não se importava com isso.

Ela era extravagante e forte. O monstro a queria.

Eu deixei que ele tomasse conta dela.

Ela me amava. Eu sabia que sim.

Eu não pensava se a amava ou não.

Eu estava me divertindo e ela era minha.

Foi quando a maior entre as informações chegou em meu ouvido.

Lembro-me do cigarro ter escorregado dos meus lábios e ter parado de sorrir.

Lembro-me de ter ficado com medo em muito tempo.

Eu escondi a informação.

Santiago sabia. Nem ele tirou proveito dela.

Todos nós escondemos a verdade.

Vieram procurar por mim no dia seguinte.

Eu julguei que fosse apenas mais uma gangue baderneira.

Eu os rejeitei, não vendi a informação.

De alguma forma vazou sobre Santiago, vazou sobre nossa condição.

Eu descobri que não era só uma gangue.

Era a gangue controladora, aquela que mexe os cordões por trás do palco do teatro de várias outras, não era uma gangue absurdamente poderosa, se fosse, não seria de mim que viriam pedir informação. Existem mais informantes em Miami do que um garoto bonito pagando de bad boy.

Eu temi por minha vida, eu me escondi e deixei Santiago sozinho.

Eu não me importava.

Eles sabiam o quanto era difícil chegar a mim. O monstro sem alma.

Uma pena seria, se ele tivesse uma fraqueza.

AH, que pena seria se essa gangue soubesse.

E usasse isso contra o monstro loiro.

Santiago me ligou desesperado. Que Reyna tinha desaparecido apenas um dia depois.

E depois chegou o primeiro e-mail. Com fotos de Reyna com as penas quebradas.

No segundo e-mail o cabelo dela tinha sido arrancado a força e o sangue espirrava por seu rosto.

No terceiro arrancaram unhas de Reyna.

Depois do quarto eu parei de checar meus e-mails.

Eu já tinha ligado para o pai dela. Ele disse que era mentira deles.

Eu senti meu coração se aliviar quando ele disse “ela está em casa. A informação é falsa. Não venha aqui. Ela não quer te ver”.

Dias depois, de e-mails não abertos uma foto chegou no meu celular.

“Sua namorada está gravida campeão.’’

Duas horas depois.

“Opa. Não está mais.”

“E a informação Jordan sem sobrenome. É tão simples”

Eu fui até a casa de Santiago.

Reyna não estava lá.

Sua mãe disse que ela tinha saído de viagem a semanas, seus irmãos não se importavam e não sabiam onde ela estava.

Reyna ainda estava presa.

Ela estava sofrendo tortura há semanas.

“Sério que você não virá¿ Que pena Jordan. Vamos mata-la. Mas fode-la antes”.

Eles ainda acreditavam que eu a amava. Mesmo depois de um mês eles ainda queriam a informação torturando ela.

Talvez eles soubessem que eu não sabia que os e-mails eram verdade.

Por isso eles continuaram.

Eu matei todos eles. Não quero dizer como.

Mas eu sou o informante do submundo.

Eu sei de tudo. Eu os encontrei.

Foi a última vez que eu deixei o monstro sair, eu jurei pra mim mesmo.

Reyna estava em coma. Muitos dos e-mails eram realmente falsos, como a mensagem sobre ela estar gravida. Algumas fotos eram montagens. Mas nem montagens poderia agravar ou tirar a culpa de mim. Ela estava ferida, não importa o quanto. Reyna estava destruída por minha causa.

Eu ia me entregar para a policia.

Mas antes disso, o homem de olhos azuis da minha infância me achou.

Ele chorou e me abraçou.

–Filho eu senti sua falta.

Eu estava abalado e drogado quando ele me achou.

Por isso eu chorei.

–Achei que não ia mais te ver pai.

–Vamos. Eu vou te levar pra casa.

–Eu não tenho casa.

–Vai ter agora, Jason.

Eu contei pra ele, toda a minha vida de monstro nos últimos anos, ele chorou por mim, ele me abraçou e segurou meus lamentos em suas mãos.

Em vez de resolver jogá-los no lixo e me entregar a policia ele me levou embora de Miami.

E eu nunca mais pisei lá.

Eu fui morar com Elena Nivans, a irmã da minha mãe.

Ela me deu um novo nome e uma casa. Meu pai me matriculou em uma escola e explicou que não podia me levar para morar com ele por que ele tinha uma mulher temperamental e que eles estavam no meio de uma crise tão grande que ela poderia me machucar de algum jeito, mas assim que eles se separassem, ele ia me levar para morar com ele e minha irmã.

Minha irmã.

Eu recusei a oferta. Disse que moraria com Elena até a faculdade por que não merecia a família dele, não merecia ter uma irmã quando deixei Reyna pra morrer.

Quando disse isso ele ficou chateado, mas aceitou minha decisão.

Foi no meu primeiro colégio que eu conheci meu primeiro amigo, Leo Valdez, ele se sentia culpado pela morte da própria mãe.

Ele foi o único pra quem contei minha história, por que ele merecia. Era meu melhor amigo.

Leo não me afastou. Ele só riu pra mim e disse “Cara. Você ta fudido”.

Meu pai me mudou de escola de novo, me colocou na Good High School. Eu não sabia que era a escola dela, da minha irmã. Leo fez questão de ir comigo, ele entrou como bolsista parcial.

E logo depois veio o acampamento de verão.

Foi quando eu escutei o sobrenome Grace pela primeira vez vindo de um grupo de amigas.

Uma delas me chamou a atenção.

Então essa é a minha irmã.

Ela não se parece comigo com o cabelo escuro, depois, “acidentalmente” depois de tê-la seguido e ter acertado a bola nela, e ela me olhou pela primeira vez eu sabia que ela não era minha irmã.

Por que eu estava apaixonada por ela.

Eu amei Piper Mclean no segundo em que ela abriu aqueles olhos pra mim.

Alguma magia ela fez, por que qualquer talento que eu já tenha tido pra ser informante sumiu. Eu era como qualquer adolescente.

Aquela vida não parecia ter pertencido a mim.

Piper, os meses em que você apareceu foram os meses que eu percebi que eu não precisava lutar pra me sentir vivo, foi a primeira vez na minha vida.

E Thalia, Thalia Grace. Eu sei que sou seu irmão.

Eu amo você, eu só não quero que você saiba o quanto.

Não quero que você saiba o quanto eu me preocupo com você, eu nunca cheguei tão perto.

Eu sou só o namorado da sua melhor amiga.

Mas eu te amo tanto Thalia, e todo o dia eu quero te proteger cada vez mais, por que quando eu te vi pela primeira vez, vi que você não precisava de um irmão pra cuidar de você.

Você já era independente e muito mais forte que eu, então eu vi você se destruir e não conseguir se erguer quando Annabeth se foi, eu queria tanto poder estar te abraçando e dizer que ia ficar tudo bem minha irmã, cuidar de você como um irmão faz.

Mas eu não o fiz, por que com você eu não sou egoísta, eu quero que você viva sem ter esse monstro como irmão.

Você merece algo melhor Thalia. Alguém melhor que eu.

Todos nós tivemos uma história difícil para contar, naquele verão no acampamento fomos todos normais, eu fui o namorado de Piper, Leo foi o garoto pegador, você pode ser a punk pela última vez, Bianca finalmente encontrou a corda que a sustentaria para fora do abismo. Nossas histórias tristes foram esquecidas no verão.

Não posso fingir para sempre que aquela vida não foi minha. Foram meus erros. Mas eu não preciso mais depender deles para montar uma base daqui pra frente. Acho que todos nós já passamos por coisas demais nessa vida. Talvez seja finalmente a hora de relaxar em volta de uma fogueira e deixar que o fogo queime, queime vidas. Outras vidas.

O nosso incêndio pode se apagar agora. O fogo não nos machuca mais. O fogo é incapaz de ferir quem agora é imune ao calor dele.

Piper me fez uma pessoa melhor, ela me fez acreditar naquela coisinha chamada pra sempre. Não posso evitar de amá-la, antes, da primeira vez que eu tentei me afastar, eu a convenci a ficar comigo.

Por que simplesmente não consigo dizer não.

Ela não consegue tirar de mim nada mais que um sim.

Eu odeio que não tenha sido o primeiro a tocá-la.

Por isso Reyna,

Não conte.

Não conte a ela o quanto eu te fiz mal.

Eu não mereço.

Mas agora eu sou egoísta, com ela.

Só com ela eu me permito ser egoísta.

Não posso evitar.

E eu não vou perder a Piper.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!