Once Upon A Time escrita por lallie


Capítulo 2
Capítulo Único - Parte II


Notas iniciais do capítulo

A penultima parte =)



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Billy

Jacob estava falando alto. Eu podia ouvir sua voz de longe. Sabia o motivo. Ele entrava pela porta da sala com Renesmee pendurada no seu pescoço, rindo das gracinhas que ele fazia para ela.

“Hey pai” Ele disse sem ao menos olhar para mim. Quando essa menina estava perto, Jacob não tinha olhos para mais nada. Ele se sentou no sofá com ela no colo.

“Hey, Jake. Renesmee”

“Oi Billy” Ela sorriu para mim e voltou a tagarelar com Jacob sobre bonecas ou algo assim. Ele prestava atenção como se alguém estivesse falando para ele sobre última novidade automotiva.

Eles passaram um tempo falando sem parar – e não me deixando ouvir direito a TV – por mais ou menos vinte minutos, até que Embry e Jared apareceram na porta. Eles pediram pra falar com Jacob lá fora e ele sentou Renesmee no sofá, dizendo que já voltava e desapareceu pela porta. Silêncio finalmente. Jacob apareceu na sala novamente após alguns minutos, um vinco profundo em sua testa.

“Pai, eu vou ter que sair. Pode ficar de olho nela por um tempo?”

“O que aconteceu?” Eu o perguntei preocupado. Renesmee estava distraída com a televisão. Jacob olhou dela para mim e arqueou ambas as sobrancelhas.

“Tome cuidado, Jake” Eu balancei a cabeça afirmativamente. Esses malditos sanguessugas têm que parar de aparecer por aqui.

“Nessie, eu vou ter que sair rapidinho. Mas eu volto logo pra brincar com você e te levar pra praia, ta bom?”

Ela fez um biquinho e eu juro que achei que ela ia chorar. Fiz um careta por isso. Mas ela então balançou a cabeça afirmativamente em seguida e estalou um beijo na bochecha de Jacob.

“Ai!” Ela tocou os lábios em seguida.

“Eu vou tirar a barba quando chegar, Ness” Ele riu e bagunçou os cabelos dela, saindo em seguida.

Silêncio novamente. Renesmee balançava os pés insistentemente. Por Deus, só Jacob para me fazer isso. Sabe há quanto tempo não cuido de crianças? E o que você faz com uma criança vampira?

Renesmee me olhava esperando algo de mim. O que diabos eu tenho que fazer? Seus olhos eram espertos, eles varriam a sala, então voltavam a me encarar. Era meio assustador na verdade. Sabe aqueles filmes com bonecas amaldiçoadas? Ah, não me julguem. Era assustador, vocês sabem, a espécie dela. Ela era essa criança perfeitinha. Não tinha meleca na sua roupa ou sujeira debaixo das unhas. Ela era perfeita como uma boneca. Crianças não são perfeitas. E ela só convive com vampiros, Charlie e Jacob. Ela não é lá muito infantil, vivendo no meio de tantos adultos. Ela continuava calada, esperando eu me pronunciar. Tentei desviar os olhos para a TV, mas podia ver pela visão periférica que ela continuava a me observar. Assustador. Crianças me assustam. Já criei meus três filhos, por que tenho que ser babá por Jacob agora? Suspirei, tentando pensar no que fazer para distrair aquela menina. Não é como se eu pudesse brincar de pega-pega com ela, pular corda, esconde-esconde... Ah, vocês me entenderam. Vasculhei minha mente novamente, lembrando-me do que eu fazia quando Jacob era pequeno. Ah, ele vivia sujo de lama, fazendo coisas erradas e acabando machucado. Se essa menina se machucar Jacob me mata. Ok, o que mais Jacob gostava quando era criança?

“Hey Renesmee”

Ela piscou os olhinhos em resposta, sorrindo.

“Você gosta de ouvir histórias?”

“Gosto sim!” Ela pulou no sofá, virando o corpo todo na minha direção com um brilho no olhar. Amoleceu o meu velho coração e quando me dei conta, eu estava sorrindo de volta. Ela não era uma boneca amaldiçoada. Era só uma criança incomum.

“Quer ouvir uma?”

“Quero, tio Billy”

Hm, eu era Tio Billy então? Se essa garota continuar me chamando de Tio Billy quando estiver namorando Jake eu não- ok, isso não vem ao caso. A história, Billy, se concentre na história.

“Há muito, muito tempo atrás a vida era sombria para a humanidade. Um tempo em que olhar para cima era impossível!”

Os olhos dela piscaram, maravilhados com o começo da narrativa. Ela prestava muita atenção a cada palavra.

“O mundo não era como hoje. Os homens e todos os seres vivos eram muito tristes e sofriam de grandes dores de cabeça”

Fiz mais uma pausa. Jacob nunca ouvira aquela história com tanta atenção. Ela já não piscava e eu nem havia começado direito.

“Por que eles tinham dores de cabeça?” Ela juntou as sobrancelhas sobre os olhos chocolate.

“Por que o céu era baixo demais”

A boquinha dela caiu em espanto.

“O céu era tão baixo que as nuvens não tinham onde ficar. Era tão baixo que as árvores não podiam crescer sem que seus topos encontrassem suas raízes”

Ela permanecia em silêncio, fascinada.

“E os pássaros não podiam voar” Limpei a garganta, voltando a falar em seguida. “Mas o pior de tudo é que os adultos não podiam andar como andam hoje, como seus corpos são feitos para andar. Eles tinham que andar curvados e tortos”

Ela riu, seus olhos iluminando-se cada vez mais. Mais uma vez eu sorria como um velho babão para a pequena a minha frente.

“As crianças escapavam da maldição que entristecia os adultos porque elas eram muito pequenas. Mas as crianças sabiam que um dia cresceriam e se tornariam adultas. Elas teriam que andar curvadas para frente, enxergando apenas os seus pés. A não ser”

Seu olhar preocupado ganhou esperança com a frase.

“A não ser que tivesse alguma coisa que empurrasse o céu para cima. Uma noite todas as crianças se reuniram e decidiram levantar o céu usando varas longas”

Renesmee animou-se, arrastando o corpo para mais perto de mim no sofá.

“Quando souberam, os adultos começaram a rir. Eles invocavam os espíritos guerreiros, mas há muito tempo não tinham sucesso. Porém, quando eles viram as crianças com as varas apontadas para o céu eles ficaram em dúvida. Mas o céu não se moveu”

A animação no rosto dela caiu, e ela ficou tão decepcionada quanto uma criança da historinha ficaria. Ela soltou um pequeno “Aww”, voltando logo sua atenção para o resto da história.

“As árvores, os pássaros e as nuvens ainda não tinham o seu espaço. Os homens continuavam curvados para frente podendo comtemplar apenas os seus próprios pés”

“Por que o céu não subiu?”

Eu sorri, continuando com a história.

“No dia seguinte as crianças retomaram o trabalho, procurando varas muito mais longas do que as que elas haviam usado no dia anterior. Apesar de seus corajosos esforços o céu não se moveu”

Sua expressão alegre caiu novamente com a falha das crianças da história. Era adorável de se ver.

“O céu não se moveu?” Ela fez um biquinho.

“No dia seguinte as crianças ainda motivadas trouxeram uma vara tão grande, mas tão grande, que não se enxergava a sua ponta”

Ela arregalou os olhos chocolate em espanto.

“As crianças começaram a empurrar, empurrar, empurrar”

Renesmee erguia seu corpo a cada vez que eu falava ‘empurrar’, acompanhando com tanta atenção que já se reconhecia como uma das crianças. Quando eu contava essa história, Jacob me interrompia a todo momento dizendo estar com fome.

“E... sabe o que aconteceu?” Eu disse pausadamente e ela acenou freneticamente com a cabeça, negando saber a resposta, desejando que eu logo a revelasse.

“O céu subiu?” Ela perguntou, mordendo o lábio como sua mãe costumava fazer.

“Sim! O céu se ergueu!” Ela sorriu satisfeita, batendo palminhas animada. “Desde aquele dia o céu está onde vemos hoje. As árvores podem crescer, os pássaros podem voar livremente e as nuvens passeiam a vontade”

O sorriso dela cresceu. Era como se sua alegria ganhasse espaço como todas as coisas da natureza depois que o seu se ergueu.

“E os homens pela primeira vez pudera ficar de pé e contemplar o céu”

“Yey” Ela gritou animada, quase quicando no lugar.

“Ah, mas a coisa mais extraordinária que aconteceu. Quando os espíritos guerreiros da noite saíram, o céu, furado pelas varas dos homenzinhos, começou a brilhar. Em cada furo havia uma estrela”


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