Jacob

Passei a tarde toda vasculhando o nosso território atrás do tal sanguessuga. O cheio insuportável estava em todo o lugar, mas não havia mais sinal do vampiro. Quando pude enfim voltar para casa, já havia escurecido bastante. Renesmee estava sentada na mesa da cozinha, um prato de macarronada na sua frente. Seu rosto estava todo sujo de molho e ela conversava animadamente com meu pai, rindo e falando sem parar, aquele jeito Renesmee de ser.

“Hey pequena” Eu beijei a bochecha dela, sentando ao seu lado.

“Hey Jake!” Ela sorriu, limpando a boca com um guardanapo.

“Hm, eu vou tirar minha barba e já venho, ok?”

“Ok!” Ela sorriu, sem me dar muita atenção, voltando a falar com Billy. Me senti um pouco enciumado. Tirei cuidadosamente todos os pelos do meu rosto, tomando o cuidado de deixar a pele ali lisinha, do jeito que ela gostava. Eu estava quase terminando a área abaixo do meu queixo quando o celular tocou.

“Jake, é a Bella. Pode trazer Renesmee por favor?”

“Mas já?” Eu reclamei.

“Ah, Jacob, vocês passaram a maior parte do dia juntos” Bella riu. “Vamos, estou com saudades da minha princesinha”

Rolei os olhos, nervoso.

“Ok, ok. Eu já estou levando ela” Tirei a espuma com uma toalha, deixando o que restava para fazer pra depois. Lavei o rosto, tirando o excesso de espuma e fui até a cozinha.

“Nessie, seus pais já voltaram”

“Já?” Ela fez um biquinho. “Queria ficar mais com o Tio Billy”

Olhei de meu pai para Renesmee, incrédulo.

“Você pode voltar depois, Renesmee. Seus pais devem estar com saudades. Você não está com saudades deles?”

“Sim!” Ela sorriu, pulando da cadeira e caminhando até meu pai. Estalou um beijo na bochecha dele, e ele bagunçou os cabelos acobreados dela. “Tchau, Tio Billy”

“Tchau Nessie” Meu pai trovejou um riso, enquanto ela deixava a cozinha sob meu olhar de interrogação. Ela alcançou sua mochila na sala e me acompanhou até o carro, onde eu a coloquei no assento para crianças novamente. Eu ainda estava tentando entender tudo aquilo. Observei pelo retrovisor Renesmee virar o rostinho para ver o céu estrelado.

“Jake” Ela ainda observava o céu, que estava perfeitamente limpo essa noite.

“O que foi, meu amor?”

“Você sabia que as estrelas são furos no céu?”

Eu sorri. Estava explicado. Meu pai havia contado a história do tempo em que o céu era baixo demais. Eu adorava essa história quando era criança. Ela me dava fome e meu pai me dava comida para eu parar de falar e deixar ele terminar de contar. E Renesmee era louca por histórias – não por motivos de gula, como eu – mas pelas histórias em si, a maravilha e fantasia que havia nelas. Era fascinante para ela.

“Não, não sabia” Eu disse, querendo ver sua versão do conto.

“Sabia sim! Tio Billy disse que contava essa história para você quando você era pequeno”

Eu ri.

“Tudo bem, tudo bem. Eu só queria ouvir você contar”

“Jakey?”

“Hm?”

“Nós podemos fazer um furo no céu também?” Estacionei em frente a mansão Cullen, apoiando o braço no banco do passageiro e me virando para fitar seus olhos chocolates.

“O céu está alto demais para alcançarmos, meu amor”

Ela fez um biquinho.

“Eu queria fazer uma estrela para você”

Um grande sorriso se formou no meu rosto.

“Você não precisa, princesa” Eu toquei a pontinha de seu nariz. “Você já é minha estrela”

Renesmee sorriu animada, soltou o cinto e saiu do banco, vindo em minha direção e beijando minha bochecha.

“Seu rosto cheira hortelã”

“Você gosta?”

“Eu amo! Jake, eu amo você” Ela me abraçou, agarrando-se ao meu pescoço. Eu sorri. Era só o que eu conseguia fazer na presença dela. Sorrir e amá-la. Era a criança mais adorável desse mundo. A razão da minha vida. Minha estrela.