A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 19
Capítulo 19 - Explodimos um supermercado


Notas iniciais do capítulo

Então, mais uma segunda-feira, mais um capítulo. Acho que agora os capítulos vão começar a diminuírem de novo. Aí está então, narrado pela Lana. Desculpem os erros e espero que vocês gostem (:



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Finalmente, em Wyoming.

            Mas não na floresta de Shoshone.

            Era incrível como o sol parecia mais quente ali do que no avião. Era de se esperar que lá fosse mais quente, já que ficamos mais perto do sol, mas não. Em terra, eu estava quase tostando.

            E não fazia nem 10 minutos que tínhamos saído do avião.

            Fiquei imaginando como seria penetrar a floresta. Será que a mina ficava muito longe do lugar que íamos entrar na floresta? Afinal, onde iríamos entrar?

            E havia outro problema. A floresta era enorme e a mina poderia estar em qualquer lugar de lá. Como iríamos acha-la? Com certeza, ela não estaria em um mapa, já que era abandonada.

            E se não conseguíssemos acha-la? E se nos perdêssemos na floresta? Íamos morrer. Todos. Devia haver muitos monstros lá.

            De qualquer modo, entrar na floresta já seria muito ruim. Andar entre as árvores, ser machucada por alguns galhos, mosquitos e outros insetos te picando, suor...

            Nada legal.

            Para as Caçadoras talvez fosse normal. Era o que elas faziam. Ficavam em florestas, junto de Ártemis, caçando monstros.

            Para Oliver, seria bom. Ficas perto da natureza, era o que ele gostava Ele podia até tirar o disfarce, que devia ser incômodo para ele.

            Quanto a James e Kate... James talvez achasse fácil, sendo ele filho do deus dos viajantes, e sendo também hábil. Já Kate, talvez sentisse o mesmo que eu.

            Isso se chegássemos até a floresta.

            — Muito bem — a voz de James cortou os meus pensamentos. — O que fazemos agora?

            — Pegar um táxi para Cold — respondi ao mesmo tempo em que Kate dizia:

            — Comer.

            Nos entreolhamos. Eu ainda não estava com fome e achava melhor irmos para Cold o quanto antes.

            Perguntei então:

            — O que vocês querem?

            — Acho melhor sairmos para Cold, esfomeada — James respondeu, olhando para Kate. Ela fez um muxoxo, mas acabou dando de ombros.

            — Só vamos procurar água antes então — Kate falou.

            — Tudo bem — concordei.

            Aquela no fim foi uma ótima ideia. O sol nos castigava cada vez mais e minha boca ficava mais seca. Não ia conseguir fica num carro durante mais três horas.

            Depois de andar um pouco achamos um shopping. Foi meio difícil entrar nele, já que tínhamos que passar pelo estacionamento lotado. Parecia que tudo era mais difícil para nós.

            Quando entramos no shopping, senti como se tivesse entrado em uma geladeira. O ar condicionado de lá parecia mais com geleiras comparado com o ar de fora.

            Mas Kate não nos deixou demorar muito por lá. Fomos ao banheiro e achamos um bebedouro por lá. Bebi o equivalente de uma garrafa antes de encher a minha.

            Achar um táxi que foi difícil. Pelo o que percebemos, Casper era uma cidade bastante movimentada. Havia carros em todos os lugares e atravessar a rua era desesperador.

            Conseguimos finalmente achar um ponto de táxi, mas não havia ninguém por perto. Para ajudar, o calor me dava mal esta, já que eu não tinha cobertura ou sombra por perto.

            — Que sorte que não comemos nada — Kate comentou. — Eu sinto como se fosse vomitar tudo o que comi de manhã.

            Mais meia hora de pura agonia e finalmente surgiu um táxi. Um táxi. Rezei para que não aparecesse mais ninguém enquanto outro táxi não chegava.

            Felizmente, ninguém apareceu e o outro táxi não demorou muito para chegar. Sentei agradecida no bando da frente (não queria sentar muito perto de alguém).

            Quase chorei de alívio quando fechei a porta. A janela estava fechada, mas o ar condicionado estava ligado. Eu preferia sempre o ar fresco, mas não havia vento.

            Mary e Phoebe se sentaram no banco de trás. Logo o carro começou a se movimentar, depois de eu ter falado para ele ir para Cold. Mas não demorou nem segundos e o carro já parou. A estrada estava congestionada.

            Soltei um gemido. Só faltava essa. É, o carro estava fresco. Mas tínhamos parado bem no sol e não demoraria muito para o carro esquentar. Além disso, ficar parada no mesmo lugar em um carro era bem o contrário do que eu queria.

            Havia um bolo na minha garganta. A sensação de mal estar crescia. Encostei a cabeça no banco e fechei os olhos.

            Foi a pior coisa que fiz.

            Parecia que o ar condicionado tinha sido desligado e o carro tinha virado uma estufa, de tão quente que ficou.

            E o ar sumiu dos meus pulmões, como se eu estivesse em um lago fundo e eu estivesse se afogando.

            Ao mesmo tempo, era sufocante. Eu comecei a me mover, mas era muito lentamente, talvez por causa da falta de ar. Eu lutava, mas não havia ar.

            Senti uma mão no meu braço. A pessoa que era dona dela parecia estar me empurrando para o ar.

            Abri os olhos ao mesmo tempo em que respirava fundo. Mary sacudia o meu braço. O suor molhava o meu rosto. Enquanto isso, o taxista me olhava com o canto dos olhos. Tínhamos saído do congestionamento.

            — Você está bem? — Phoebe perguntou.

            Hesitei, mas respondi:

            — Estou. É só... É só o calor.

           

Não preguei os olhos nos próximos minutos, mas nem precisava fazer esforço. Aquele fora o sonho mais real que eu tive em toda minha vida.

            Não demorou muito e estávamos em outro congestionamento. Pelo menos o outro táxi não tinha saído da área que nossa vista alcançava.

            Eles estavam apenas uns dois carros adiante, mas à nossa direita. Eu podia até ver Oliver sentado à esquerda, Kate no meio e James á direita.

            Me perguntei se Kate teve o mesmo sonho que eu. Afinal, éramos gêmeas. Achava aquilo meio difícil de acontecer, mas sempre acontecia em filmes e séries. E, além disso, éramos semideusas.

            Na verdade, já tinha acontecido antes. Quando tínhamos uns 6 anos, acho, depois da morte do nosso pai e da nossa tia. Tínhamos sonhado a mesma coisa.

            Era... O que mesmo? Eu esqueci. Não lembrava mais o sonho. Alguma coisa relacionada à uma mulher incrivelmente linda? É, sim. Fazia sentido. Afrodite.

            É... Ela falava conosco. E, bom, ela tinha aparência diferente nos nossos sonhos. No meu, ela usava jeans, uma camiseta simples, um colar com um pingente, na qual eu não me lembrava o que era e o cabelo era preto e liso, preso em um simples rabo de cavalo. Suas feições eram de uma mulher sábia, que batalhava para conseguir o que queria. Uma mulher forte.

            E era isso que a tornava bonita, aos meus olhos.

            Para Kate, eu não me lembrava. Mas tinha certeza de que para ela, Afrodite seria mais Afrodite do que para mim, se é que você me entende.

            Mas não havia nenhum sinal de que tinha acontecido alguma coisa no outro táxi. Talvez Kate não tivesse dormido como eu.

            O resto da viagem foi terrivelmente entediante. Eu estava cansada e por isso, sonolenta. Mas eu não podia dormir. Não para ter aqueles sonhos de novo.

            Por fim, o melhor seria comer, como Kate falara. Eu estava com muita fome agora, mesmo estando um pouco nauseada por causa do calor. Mas um café até que cairia bem.

Depois que saímos do segundo congestionamento, o movimento voltou ao ritmo normal, o que me tranquilizou. No sonho, eu andava lentamente, então, ir mais rápido me dava a sensação de estar fugindo de algo.

O ar condicionado não era mais suficiente e talvez eu morresse se abrisse a janela. Ou seja, tinha que ficar com calor.

Praticamente ficamos quatro horas e meia naquele carro.

Depois de todos aqueles minutos de quase morte, chegamos em Cold. Mesmo o seu nome sendo “frio”, o lugar estava bem quente, por causa do verão.

Kate pagou generosamente os dois taxistas iguais aos outros dois de Akron.

Quando todos saímos, Kate perguntou:

— E agora?

— Comer — Mary respondeu, sem demoras. — Estou morta de fome. E acho que a Lana realmente precisa pôr alguma coisa no estômago.

 — Aconteceu alguma coisa? — Kate se preocupou.

— Ela passou mal durante a viagem — Phoebe respondeu.

Contei tudo para Kate. Como ela era Kate, ficou logo muito preocupada, perguntando se eu estava melhor agora, se eu não queria parar para descansar um pouco e imaginando se aquele sonho tinha um significado especial.

Aquilo meio que tirava a minha paciência. Ou melhor, o restinho de paciência que aquele calor me deixara. Kate era muito preocupada, como uma mãe. Como se eu fosse uma criança.

— Só foi um sonho, Kate! — reclamei. — A sensação foi provavelmente por causa desse sol. É de matar. Juro que eu o destruiria de pudesse.

—Apolo não gostaria disso — Phoebe disse. — Seria legal.

Rimos todos. Eu estava começando a me sentir melhor. Agora que a sensação nauseante passava, eu estava mais que faminta.

— Então, vamos comer? — perguntei.

— Sim, por favor! — Oliver respondeu.

— Antes... — Kate começou. Todos gememos, de tanta fome. — Acho melhor procurarmos a floresta, um lugar onde podemos entrar nela. E depois ir a um supermercado. É melhor. Precisamos comprar muitas coisas para os próximos... dias.

Por mais que estivéssemos morrendo de fome, concordamos que era o melhor a fazer.

Não foi muito difícil. Nos passamos por turistas e procuramos a floresta. Assim que achamos o que parecia ser uma floresta, paramos.

Era mais ou menos o que eu achava ser o final da cidade. Uma estrada. De um lado dela, apenas mato, até várias árvores aparecerem. De outro, um supermercado e um posto de gasolina ao lado.

— Vou perguntar se é essa mesmo — Mary disse e saiu em direção ao supermercado.

Enquanto isso, andamos até a floresta. O mato lá era mal cuidado e quase batia na minha coxa. Para Kate devia ser desconfortável, já que ela usava shorts e não calça como eu.

O sol já estava me incomodando, agora, somando o mato? Era pior. Eu tinha que erguer a perna para cima de todo aquele mato, como uma astronauta ou então ficar arrastando minha perna sobre o mato e tentar vencer sua força, como Kate fazia.

Oliver passou todo mundo em segundos. Dava para ver que ele gostava dali e a coisa de bode facilitava as coisas para ele.

James fazia uma tentativa meio falha de correr no meio daquele mato. Ele quase tropeçou e caiu. Phoebe andava naturalmente igual Kate.

Percebi que o meu jeito era pior do que o de todo mundo quando todos me passaram. Mas eu não queria sentir o mato arrastando pela minha perna.

— Lana — Kate gritou um pouco à frente de mim. — Deia de frescura e venha logo.

Frescura??? Olha só quem falava. Eu não tinha essas coisas de frescura. Eu era totalmente diferente de Kate nesse aspecto.

Comecei a andar mais rápido até chegar um minuto depois deles na floresta. As árvores eram enormes e as folhas eram verdes e brilhantes. Incrivelmente, lá parecia ser bem fresco.

Não pude observar isso por muito tempo. Ouvi vindo lá do outro lado a voz de Mary, que gritava:

— Ei! É aqui mesmo!

Bufei. Tinha demorado já muito tempo para chegar até a floresta, para ter que voltar segundos depois. Para ajudar, já me cansava. Andar naquela grama não era fácil.

Mesmo assim, segui os outros até a estrada, correndo. Quando cheguei, várias folhinhas estavam grudadas na minha calça jeans e eu tinha vontade de deitar no chão quente da estrada.

— Vamos comprar as coisas agora? — Phoebe perguntou, com as mãos pousadas onde devia estar o estômago.

— Sim — Kate respondeu.

— O que nós compramos? — Oliver perguntou.

— Salgadinhos, bolachas, qualquer coisa que podemos comer na floresta. E várias garrafas de água também. Não sabemos quanto tempo vamos ficar na floresta.

Concordamos com Kate e fomos até o supermercado. Havia várias pessoas por lá, todos os caixas estavam lotados, enquanto o posto de gasolina ao lado estava praticamente vazio.

Éramos seis pessoas para pegar comida e bebida para todos. A cada minuto estrava alguém na fila dos 10 caixas do supermercado. Se demorássemos muito, teríamos que enfrentar uma fila enorme.

Depois de pensar um pouco, resolvi falar:

— Não seria melhor se nos separássemos e cada grupo pegasse alguma coisa?

Todos ficaram em silêncio. Kate me encarou, mordendo os lábios. Era óbvio que ela não concordava comigo. Eu só não sabia o porquê.

Finalmente ela respondeu:

 — A profecia dizia para não nos separarmos...

— Isso aqui é um supermercado, Kate — Mary revirou os olhos, exatamente como eu fazia. — Não é a floresta.

Kate hesitou, mas mais ninguém estava do lado dela. Então, simplesmente deu de ombros.

— Vocês já sabem quais são os “grupos”, certo? — Phoebe perguntou. Concordamos. — Vamos lá então. Nós procuramos o que beber.

Phoebe, Mary e eu fomos à procura de água, enquanto James, Oliver e Kate procuravam comidas. Pegamos uma cestinha de compras e fomos andando.

Enquanto eu virava para outra direção, ouvi Oliver perguntando:

— O que poderia acontecer?

O que poderia acontecer?

Água definitivamente não era muito difícil de encontrar. Mas talvez tomasse um tempo. Aquele supermercado era muito grande por dentro, mesmo parecendo pequeno por fora. O corredor central era enorme, tanto que talvez coubesse uma casa de dois cômodos dentro dele, tudo por causa de uma pirâmide de um novo alimento enlatado bem no seu centro.

Havia mais e mais corredores de prateleiras cheias de comida e outros produtos. Passamos por todos eles com meu estômago roncando. Em um lugar ali dentro um apto soou e o cheiro de pão quentinho invadiu todo o supermercado.

Chegamos finalmente ao final do corredor que andávamos, onde tinha uma enorme geladeira com várias marcas de refrigerante, sucos e, é claro, água. Pegamos o que coube na cestinha, o que foi mais ou menos 20 garrafinhas.

— Não marcamos onde encontra-los — Phoebe nos lembrou.

— Vamos espera-los perto dos caixas então — Mary disse.

Assentimos e recomeçamos a andar. Não demos nem cinco passos, quando ouvimos.

Primeiro foi o barulho de latas caindo e rolando. Acredito eu que isso significava que uma certa pirâmide de produtos enlatados tinha caído.

Depois, um grito agudo. Eu conhecia aquele grito. Era aquele grito que me avisava que tinha uma barata no nosso antigo quarto. Que me avisava que era hora de subir na cama e dar um jeito de matar uma barata ao mesmo tempo.

— Kate — sussurrei.

Corremos até o corredor central. Por onde passávamos, pessoa saíam dos corredores e iam ver o que acontecia. Passado algum tempo, várias gritos se juntavam e as pessoas começavam a correr na direção oposta a nós.

Quando chegamos ao corredor central, paramos bruscamente. Ali no meio estava uma coisa com um corpo enorme O seu corpo parecia uma parede. Ocupava o espaço do corredor inteiro.

Então eu olhei para cima. O animal, e é que podíamos chamar aquilo de animal, tinha sete cabeças, com um corpo de dragão. Seus sete pescoços eram grandes, por isso suas sete cabeças batiam nas placas que indicavam o gênero os produtos que se encontravam no corredor.

Kate olhava aquele monstro como se fosse mesmo uma barata, mas a diferença é que ela olhava para cima e parecia muito mais aterrorizada. Suas mãos tampavam a boca, não sei se era por causa do terror ou do grito.

— O que... é... isso? — perguntei, pausadamente.

— Você não sabe? — Phoebe perguntou, olhando o monstro com os olhos parecendo maiores.

 Olhei a Hidra. Não parecia que nossos simples arcos e flechas, nossas adagas e nossas espadas poderiam derrotar aquela “coisinha”.

— E como exatamente se derrota uma Hidra?

— Pelo que eu me lembro, Hércules derrotou-a com seu próprio veneno, porém, isso está meio fora de alcance — Mary respondeu. Talvez seja possível de outro modo, mas acho que nenhum está ao nosso alcance, na verdade.

— O que vamos fazer agora? — Oliver perguntou.

— Fugir? — James sugeriu.

Bem quando James disse isso, a Hidra abriu uma de suas sete bocas em direção a saída. O veneno dela saiu. Eu não sabia exatamente agora como iríamos sair dali. Acho que se tocássemos naquilo... morreríamos?

— Tudo bem — Kate falou. — Precisamos achar outra saída. Temos que tirar todas as pessoas daqui. Outra saída... — Ela ficou repetindo “outra saída”, pensando, até que disse: — Ah! Tem um estacionamento subterrâneo aqui. Eu vi a placa. O problema é: como?

— Temos que descobrir isso logo — James disse. Comecei a ouvir os gritos das pessoas ali, correndo, desesperadas, de um lado para o outro. Por sorte, nenhuma tinha entrado e contato com o veneno ainda. — Se o veneno atingir o estacionamento...

Todos ficamos pensando. As não deu tempo. A Hidra, que antes estava ocupada em jogar seu veneno em cada canto do supermercado, se voltou para nós. Assim que ela abriu a boca, saltamos atrás de uma prateleira.

Não ia ajudar muito se a Hidra batesse na prateleira, porque ela cairia pesada sobre nós e nos soterraria até a Hidra nos matar.

Comecei a sentir um cheiro estranho. Era fumaça. Ah, não. O veneno, se entrasse em contato com alguma coisa perigosa, podia fazer tudo pegar fogo? Isso não seria nada legal. E o fogo aumentava, pois logo não havia muito oxigênio.

Eu não conseguia pensar. Os gritos das pessoas invadiam minha mente e a fumaça invadia meus pulmões. Logo todo oxigênio acabaria.

— Eu acho que posso — Oliver disse, pegando sua flauta.

— Ótimo  — Kate respondeu. — Nós cinco distraímos a Hidra.

Assentimos, pegando nossas armas. Saímos de trás da prateleira. Pensei em pegar o arco e flecha, mas eu gastaria flechas por nada. Era óbvio que nunca conseguiríamos derrotar uma Hidra com flechas.

— Cada um acerta uma cabeça e as outras duas, do meio, todos acertamos — Kate falou, enquanto desviava de um jorro de veneno. Mas ele entrou em contato com o fogo. As pontas do seu cabelo ficaram chamuscadas.

De novo.

James foi em sua direção tentando apagar o fogo com  um pano que, acredito eu, era a manga de sua camiseta.

Assim que o fogo foi apagado, Kate pegou uma das latas no chão e jogou na Hidra, gritando:

— Meu cabelo, seu monstro idiota!

Mas ela usou uma palavra um pouquinho mais forte, ao invés de “idiota”.

A lata atingiu exatamente uma das cabeças da Hidra. Imitando Kate, pegamos várias latas (que, a propósito, era de pêssego em calda) e acertamos a Hidra, de forma que ela não tivesse tempo de pensar em jogar veneno em nós.

Eu joguei umas dez latinhas quando a Hidra deu um “passo” para trás. Suas cabeças esbarraram nas prateleiras, que caíram de um perfeito efeito dominó.

            “Por favor”, pensei, “por favor, não tinha ninguém embaixo dessas prateleiras.”

            Minha vista começava a ficar embaçada e minha respiração, mais pesada. Precisava de um pouco de ar puro. E o fogo aumentava...

            — Kate — gritei. Foi pior. Meus joelhos tremeram e eu quase caí. — Precisamos sair daqui.

            Kate olhou para mim e percebeu como eu estava. Parecia estar assustada. Eu até ouvia seus pensamentos... Logo eu, a mais resistente. Então, assentiu.

            Como ela estava mais perto da porta, começou a correr em direção ao estacionamento. Ia atrás dela, mas então ouvi um grito de Mary.

A Hidra tinha jogado veneno no espaço entre nós e ela, e, em segundos, o fogo estava ali, de forma que ela ficou presa entre as paredes, as prateleiras caídas e o fogo.

— Você vai ter que pular — Phoebe gritou. — Suba na prateleira, peque impulso e salte por cima do fogo.

Mary concordou. Subiu na prateleira e se preparou. Tomou um impulso e saltou.

Foi um salto perfeito. Talvez fosse apenas minha mente que trabalhava devagar, mas eu vi o salto em câmera lenta. Mary contornou o fogo e parou ajoelhada no chão.

Ela se levantou rapidamente e começamos a correr. No estacionamento, o ar estava ainda carregado de fumaça. Eu me sentia sufocada e cada vez mais lenta.

Saímos para o ar puro... Mas não adiantou. Eu suava e não conseguia respirar. Comecei a tossir, enquanto tentava correr. Não... dava... mais.

Parei e caí de joelho na grama. Eu não conseguia me mover. Eu... tinha... que... correr. Mas eu não vi nem o que estava a um palmo de distância. Era tudo um borrão.

E então, uma explosão.

Minha mente parou.

E a escuridão...


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Notas finais do capítulo

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