A seção de meditação já havia sido  encerrada.Eles haviam feito no Salão de Meditação, que ficava nos andares mais altos do minicastelo. Era um lugar tranquilo e que emanava uma energia muito boa e tranquila. Trinna explicou que  isso sempre ocorre durante todos os dias, principalmente em dias letivos. A função disto era simples: controlar e focalizar a mente do individuo de forma que sua capacidade concentrativa encontrasse seu pico e melhorasse o ato de pensar e de reagir em qualquer momento. Em seguida foram para o pátio de Beritiguere, na região usada para os treinos. Era um espaço aberto feito de terra, pedras e lama, com duas grandes mesas cheias de os mais diversos tipos de armas. Os alunos estavam em volta da mesa, enquanto ela andava por ali empunhando sua espada para dar um efeito mais dramático ao seu discurso, o que estava dando certo.  Os estudantes, haviam se trocado e os novatos agora usavam o uniforme da escola além de uma leve armadura na região do busto e ombros.  

-Em momentos bélicos você só vê carnificia e cenas de tortura. – prosseguiu com a explicação. – Chega a um ponto em que você não aguenta mais e sua vontade é de fugir e ir para um lugar mais seguro, só que não pode por ter jurado lealdade à nação battleoniana. E é nesses momentos em que se precisa de foco e atenção. Não só nesses, mas nas aulas também. Ou isso, ou mandamos injetar cafeína no sangue de quem dormir e eu gostaria de lhes informar que raramente fazemos isso.

-Existe algo nesse país que não esteja relacionado à guerra? – um garoto questionou, e seus amigos riram em concordância. – É só sobre isso que tenho ouvido falar.

-Vejo que tem prestado atenção no que foi dito até agora, mas não o suficiente para saber que   Battleon é uma cidade estado independente e que exerce uma supremacia sobre outras menores e que possui o maior e melhor arsenal bélico de todo o Mundo Mágico. – Trinna retrucou, usando um tom rispido e nítido a cada palavra dita. – E se você se incomoda tanto com o fato de ouvir falar sobre guerras, imagine só presenciar uma. E nessas condições, não deveria ter se inscrito em uma escola militar.

Seus amigos dessa vez riram dele, mas pararam ao ver que ela os encarava com um expressão nada amigável.

-Se alguém tem alguma objenção contra a escola, que se pronuncie e vá embora daqui. Muitos dariam a vida para estar aqui e enquanto isso vocês a despresam. – continuou. – Temos um compromisso de instruir grandes guerreiros e guerreiras, e se procura por diversão que compre uma passagem para Fairy Tail, que lá é o lugar certo para isso. Fui clara?

-Sim, Diretora Trinna. – responderam baixinho, como se estivessem indecisos.

-Fui clara? – duvidou.

-Sim Diretora Trinna. – disseram novamente, desta vez admitindo um tom de firmeza e determinação, o que era o que ela justamente queria e o que a deixou feliz por alguns segundos.  

-Minha cara, se acalme. – Hanesyd sugeriu.

-Deixa comigo. – rebateu. – Antes de um exercício básico, tenho um comunicado para fazer.Aproveitando que vocês terão duas semanas  “livres” – ela até representou as aspas. – Montem equipes de no máximo treze pessoas, sem restrições, e criem ou recriem um instrumento de guerra. O que basta é ter inovação. Somente três grupos serão selecionados e três integrantes de cada um os vencedores. Assim que o treino acabar, se reunam, escolham o grupo e coloquem na caixa postal perto da minha sala o nome da equipe.  Lembro-lhes qu não é obrigatório participar, mas os que não fizerem terão de contribuir para a limpeza escolar. Agora escolham uma arma que lhes parecer adequada e que o treinamento se inicie.

Cheios de espectativas, eles obedeceram. Foi mais fácil para os veteranos (alunos com 15 a 18 anos) e calouros (os de 12 a 15 anos), entretanto, os novatos tinham uma certa dificuldade em usar as armas de forma correta (é sem matar tá?).

-Você parece uma guitarrista segurando uma harpa..tsc...tsc. – Trinna disse para Alexia. – Escolha uma arma que lhe pareça bem... mais feminino. Que tal esse aqui? – mostrou-lhe uma Zarabatana – Arco e flecha não é o seu forte.

Oliver e Leo estavam logo ao lado duelando – ainda que de forma desajeitada - com espadas. Ramona se atrapalhava toda com o arco, mas estava muito melhor que Alexia (e essa é a primeira vez do contato dela com uma arma, tenham pena dela gente) e até conseguiu fazer com que uma flecha quase atingisse um dos meninos, que tiveram de parar de lutar de imediato.

-Não, não. – Trinna criticou-a. – Da próxima vez focalize em apenas um alvo e depois noutro. Acabar com duas presas ao mesmo tempo e com apenas uma munição nunca dá certo, a menos que os dos estejam no mesmo lugar ao mesmo tempo ou que você seja muito habilidosa. E segure isso melhor. – ela segurou a mão da menina, ajudando-a, demonstrando o que havia falado antes  e usando Leo como alvo. Ele se atrapalhou, tentando sair do campo de mira dela mas acabou tropeçando nos próprios pés, caindo bem em cima da lama. – Pé de valsa. Ah,você e a princesa Alexandra são um só; vivem caindo pelos cantos.

-Não fale assim da minha irmã. – Alexia rebateu. – Principalmente por que ela não está aqui para se defender.

-Não fale assim comigo ou da próxima vez sofrerá as consequências por isso. – crispou, batendo o pé e se afastando dali. – O treino acabou por agora. Vão se limpar e se dirigam para o auditório que eu estarei lá esperando por vocês. Quando chegarem lá ponham seus nomes na caixa postal que lá haverá  em seguida o almoço será servido lá mesmo.

Já no auditório a maioria havia posto o nome de seus grupos na caixa postal, que tem o aspecto de uma caixa comum de correio só que um pouco maior e mais espaçosa. Trinna determinou que cada grupo teria de ter pelo menos dois veteranos e dois calouros, além dos novatos. Lilith, Kyle e Alexandra – caso aceitassem participar e teriam de fazer isso como uma consequência da confusão que desencadearam – teriam de ficar juntos, pois não estavam ali para tomarem alguma decisão.

-Tem certeza de que não quer participar? –Alexia perguntou a Clarisse, que como sempre agia com indiferença.

-Tenho. – respondeu, se sentando em uma das cadeiras. – E isso não é da sua conta.

-Eu sei que não é. – rebateu. – Mas eu me importo com você.

-Humpft. – bufou. – Problema seu.

-Sh...Meninas. – Trinna advertiu. – Quietas.

-Desculpas Diretora Trinna. – disseram em uníssono.

-Estou atrazada? – Alex perguntou, estando na entrada do auditório. Oliver, ao vê-la, arrumou os cabelos untuosos e correu até lá para abraçá-la, pouco se importando com o que iam pensar sobre isso.

-Antes tarde do que nunca. – Ramona suplicou. Ela olhou para a Diretora que olhava para os dois,puxando a bainha de sua armadura e fazendo cara de cachorrino pidão. – Posso?

-Pode. – ela respondeu, voltando a observar os três agora abraçados no hall da entrada e com todos olhando para eles, entediados. – Como Lilith e Kyle estão?

-Estão bem. – ela disse, se soltando dos amigos. – Devem ser liberados no final da tarde,eu acho.

-Fico feliz em saber disso. – Hanesyd comentou, aliviada. – Agora juntem-se a nós. O almoço será servido imediatamente.

Os três se sentaram, voltando para seus lugares na parte da frente a mais próxima do auditório. As cadeiras de madeira e com assento alcochoado, haviam sido modificadas de modo que tivesse uma mesa individual nelas. No palco, tinha-se uma mesa grande  que era aonde deveria ser servido os mantimentos. Nisso um grupo com vários cozinheiros e cozinheiras apareceram com duas bandezas em mãos cada um, trazendo as mais suculentas comidas que se podia imazinar. Os alunos perderam a compostura, transformando o local no que parecia ser um refeitório de exército; eles serviram-se, pela primeira vez notando o quando estavam famintos.

-Pensei em dar uma explorada mais tarde,o que acham? – Alex sussurrou para Ramona e Oliver, logo após deles terem trazido sua comida e se sentado de volta em seus lugares.

-Por mim tudo bem. – Ramona respondeu, usando o mesmo tom da amiga. – Contando que não façamos nada de errado e de fora de horário, por mim tudo bem.

-Você parece a Hermione falando. – Oliver retrucou. – Nada de ruim pode nos acontecer, certo?

-Certo. – Alex repetiu. – E se der, coloco a culpa em você.

-Apoio. – Ramona disse, rindo.

-Ai! – Alex reclamou, ao ser chutada por ele. Ninguém olhava para eles e isso era bom. Todos estavam concentrados de mais com seus pratos que nem se deram ao trabalho de observar as duas gêmeas,o que foi um alívio pela primeira vez do dia. – Isso doi.

-Eu sei. – Oliver respondeu. – Essa é a intensão.

-Espera só pra ver. – ela murmurou. – Eu acabo com você no nosso próximo treino.

-E eu apoio isso. –Trinna emendou, assustando-os. O que será que ela havia ouvido? Ela riu para descontraí-los, não compreendendo o porque da repentina mudança de expressão dos três. Só poderiam estar aprontando, pensou. – Essa cidade precisa de um pouco mais de brigas. No meu tempo de estudante não era assim.

-Eu imagino. – Ramona sussurrou. – As vezes não envelhecer deve ser um saco.

-E em alguns momentos é. – piscou os olhos, distraída. – Mas com o tempo você se acostuma, acredite em mim.

Ela saiu dali, voltando para a mesa que Hanesyd estava. Os três suspiraram ao mesmo tempo, aliviados por ela não ter suspeitado de nada. Em nenhum momento ela parou de olhar para os três, se lembrando bem de cada acontecimento do seu passado e desejando que este tempo voltasse para ela, nem que ela pudesse estar lá por pelo menos cinco minutos.

-Espero que você seja boa com planos. Ou qualquer um dos dois. – Ramona disse. – Por que eu não sou.

-Tenho um. – a outra respondeu. –Vocês me ajudam?

Os dois assentiram que sim com a cabeça e terminaram de comer enquanto ouvia ela lhes contar o plano que iriam fazer após o treino facultativo que teriam durante a tarde.