Harry saiu correndo da sala que Hermione estava. Os médicos entraram, tentando ressuscitá-la, porém, sem sucesso. Harry ainda não estava pronto para encontrar com os seus familiares, muito menos com Rony.

Foi para o terraço, onde esperava não encontrar ninguém, mas havia apenas uma mulher loura, que também parecia infeliz. Ela estava apoiada no parapeito do terraço, observando o tráfego de carros na avenida, distraída.

Harry se apoiou também, longe da mulher.

Estava perdido em pensamentos.

Hermione pedira para ele não parar, não desistir. E ele não iria, por ela. Pela memória de Hermione.

Harry sabia que seria um caminho árduo e complicado. Simplesmente não desistir não era tão simples quanto parecia.

E ele jurara a si mesmo que seria um bruxo, internamente. Talvez aquela fosse a sua fraqueza.

— É linda, não é?

Harry se sobressaltou. A mulher interrompera seu fluxo de pensamentos.

— A lua. É maravilhosa.

Ele olhou para ela com curiosidade.

— Sim, é maravilhosa...

Ela tinha os cabelos ondulados e perfeitamente louros. Seus olhos eram azul intenso, e tinham um brilho de juventude mesclado com tristeza.

— Aconteceu algo? — perguntou Harry.

— Na verdade... Aconteceu sim. Minha mãe acabou de falecer.

— Eu sinto muito. — disse Harry.

Ela o olhou, pela primeira vez.

— Parece que aconteceu algo com você também.

— Sim, aconteceu... Mas é complicado.

Ela sorriu.

— Gosto muito de coisas complicadas.

Harry continuou.

— E é uma história longa.

Os olhos dela brilharam.

— Adoro histórias longas.

Harry contou tudo. Desde o acidente, durante o coma, o que aconteceu com Hermione, tudo o que foi possível. Conseguiu resumir vários anos de sua vida em pouco menos de uma hora. Ele se sentiu aliviado. Era bom poder falar tudo aquilo para uma estranha que não parecia achá-lo louco. Pelo contrário, quanto mais Harry falava, mais ela se sentia curiosa e animada.

Quando Harry terminou, sentiu o olhar dela pairando sobre ele.

— É uma história e tanto.

Harry concordou.

— É sim.

— já pensou em publicá-la?

Harry riu, divertido.

— Publicar? Quem iria querer ler a história de um garoto em coma que criou personagens pela sua própria mente?

Ela não riu.

— Eu leria. — disse, séria. — E acredito que muitas outras pessoas também — acrescentou.

— Não estou tão certo disso.

— Você poderia tentar. — ela o encorajou.

Harry a olhou.

— Não sou escritor. Já tentei, mas no máximo algumas frases tortas, e olhe lá!

Ela ficou com uma expressão de curiosidade.

— Se você quiser, eu posso te ajudar.

Harry ficou encantado.

— Sério? Puxa, obrigado, mas não quero te atrapalhar em nada...

— Faço questão. Não sei por que, mas me senti muito ligada com essa história.

Aquela mulher parecia ser absolutamente genial. Além do mais, Harry não tinha nada a perder.

— Na verdade, eu quero sim, a sua ajuda.

Ela parecia satisfeita.

Harry voltou-se para ela.

— Sabe de uma coisa? Estamos conversando há tanto tempo, e eu nem ao menos sei o seu nome!

Ela sorriu, os olhos faiscando.

— É verdade. Prazer em conhecê-lo, Harry Potter. Meu nome é Joanne Rowling.