The Scariest Reality escrita por Alter_Mann


Capítulo 8
Parte VIII - Hermione




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Duas semanas se passaram desde o encontro com Rony e Hermione. Talvez por causa disso, Harry acordava suando frio no meio da noite, ás vezes chorando. O volume de folhas desenhadas aumentara bastante, e ele andava pensando em fazer algo que ocupasse sua mente.

Ele conversou com Tio Válter, pois sabia que Tia Petúnia era muito protetora e jamais concordaria com Harry saindo de casa, por qualquer que fosse o motivo.

— Sabe, Harry, essa é uma ótima ideia. — o tio falara.

Perto da casa, havia uma pequena livraria. Harry já tinha se informado se eles estavam contratando, e a resposta foi positiva.

Tia Petúnia, porém, não gostou muito da ideia quando a ouviu.

— Mas Harry — ela falava — você saiu há pouco tempo de um coma de vários anos! Não pode simplesmente ir trabalhar! Você precisa esperar no mínimo alguns meses!

— Eu conversei com o doutor. Ele disse que seria ótimo para a minha recuperação psicológica.

Tia Petúnia mordeu o lábio inferior com preocupação. Ainda não parecia muito convicta, mas mesmo assim, não importunou mais Harry.

Ele começaria a trabalhar na livraria em alguns dias. Era um emprego simples, de meio período, mas já era alguma coisa.

Tio Válter chegou com roupas novas para Harry, que serviam perfeitamente. Calças e pulôveres, por causa do frio cortante que reinava em Londres naquela época.

Ela não era tão pequena quanto ele pensava. Havia um grande letreiro amarelo-berrante, e o lugar estava apinhado de gente comprando presentes de última hora e romances da lista dos mais vendidos. Harry ficou surpreso pelo nome da livraria não ser Floreios & Borrões. Tinha o estranho nome de Livraria Neruda.

Os funcionários eram gentis com Harry, mas só quando não tinham overdose de clientes. Harry também percebera que ele mesmo sempre se irritava muito quando havia muitos clientes para atender.

Tudo corria bem. O salário era relativamente bom, e Harry não sentia necessidade de reclamar de nada. Ele comprava alguns livros para matar o tempo, além de canetas e papéis, para desenhar e escrever.

Tudo estava bem, até aquele telefonema de Rony.

Por azar, Tia Petúnia e Tio Válter estavam fazendo compras, Duda estava passeando com alguns amigos e chamara Harry, pois era sua folga, mas Harry decidira não ir, para descansar.

Ele quem atendeu ao telefone.

— Alô, Petúnia? — disse a voz desesperada de Rony pelo telefone.

— Não, sou eu, Harry.

— Sua tia ou o seu tio estão aí, Harry?

— Não, eles saíram... Aconteceu alguma coisa?— Harry começou a ficar preocupado.

— Sim, aconteceu — respondeu Rony. Seu tom de voz era tão urgente que não estava nem lacrimosa — Hermione está muito mal. Estamos indo para o hospital imediatamente.

O coração de Harry ficou acelerado.

— Eu vou também. — disse.

— Não precisa, Harry...

— Eu quero ir!

— Tudo bem, então. Até logo.

Harry estava estático. Não tinha muita ideia do que podia fazer. Escreveu um bilhete com a melhor letra que pôde.

“Hermione não está bem. Encontrem-nos no hospital.”

Sabia que um bilhete daqueles não era muito sutil. Porém, era melhor do que deixar seus tios no escuro, sem saber o que estava acontecendo.

Tomou um ônibus, que passou rápido, e logo estava no hospital.

Eles já estavam lá. Rony estava sentado na sala de espera , com o rosto enterrado nas mãos. Ele parecia desesperado.

— Rony.

Ele o olhou.

— Harry.

Não foi necessário dizer nada. Harry se aproximou, e soube o que fazer. O abraçou, com força. Aquele era Rony.

E ele estava desabando, agora.

— E Petúnia e Válter?

— Logo eles estarão aqui, prometo. — respondeu Harry — Quão grave é?

O rosto de Rony se contorceu numa expressão desanimadora.

— Muito grave. Quando acordou, estava bem. Mas agora a pouco, ela começou a gritar de dor, chegando a delirar...

Harry sentiu os olhos enchendo de água. Ele não poderia chorar ali. Não na frente de Rony.

— Eu vou pegar uma água — disse. — Quer uma?

— Não, obrigado.

Harry saiu da frente dele rapidamente. Correu para o banheiro, que estava vazio.

“Magia poderia existir agora.”

Ele se sentiu péssimo.

“Magia...?”

— Mentiras! — berrou, para si mesmo.

Harry se deu conta de que não poderia continuar a viver aquele conto de magia e bruxaria. Nada daquilo era real. Nada daquilo existia.

“E se existisse...?”

— Não existe magia!

Ele estava em guerra contra ele mesmo. O Harry bruxo, o Harry normal.

Harry olhava para o espelho agora.

Não havia cicatriz. Não havia óculos.

Ele se sentia uma mentira.

Vítima de si mesmo.

Fechou as mãos, dando socos secos na pia.

Ele estava com muita raiva.

“Nunca mais.”

Ele já se decidira. Iria botar fogo em todos os seus desenhos e manuscritos. Ninguém precisava saber daquilo. Esqueceria aquilo para sempre, para viver uma nova vida.

Lavou o rosto, tentando parecer tranqüilo. Voltou para a sala de espera, onde Tio Válter e Tia Petúnia já estavam, aflitos.

— Alguma notícia? — perguntou.

Rony quem respondeu.

— Não. Nada, até agora.

Todos se sentaram. Não havia nada para fazer. Tia Petúnia folheava uma Vogue antiga sem interesse, e Tio Válter bebia um cappuccino. Duda também havia chegado.

O tempo passava devagar.

Meia hora.

Uma hora.

Duas horas.

Um médico chegou, parecendo preocupado. Todos levantaram os olhos.

— Tem alguém aqui chamado Harry Potter?

Harry ficou boquiaberto. Levantou o braço direito.

— Hermione quer vê-lo.

Ele não tinha certeza do que dizer a ela. Todos olhavam para ele.

Harry seguiu em frente. Aquele corredor branco feito de mármore trazia lembranças más e boas.

Chegou à sala. Era silenciosa e extremamente limpa.

Hermione estava deitada na maca. Seu estado era lamentável.

Ele não sabia que era possível alguém emagrecer tanto em duas semanas. Hermione estava completamente magra, seu rosto estava fino, e era possível ver as marcas dos ossos.

— Harry... — disse com a voz mais fraca e debilitada que Harry já tinha ouvido.

— Estou aqui. — sussurrou ele em resposta.

Harry ouvia o barulho regular da máquina que media seus batimentos cardíacos.

— Eu sei, Harry... — Hermione falava. — Não desista, Harry, por favor...

Ele ainda a escutava.

Hermione segurou sua mão.

— Quando fomos na sua casa... Eu vi os seus desenhos e textos. — Ela disse, com um sorriso no rosto. — É incrível. Prometa-me que não vai desistir dessa magia, nunca.

As lágrimas escorriam pelo rosto de Harry.

— Prometa, Harry!

— Eu prometo! Eu prometo, Hermione!

Ela sorriu, e seu sorriso iluminou a sala inteira.

— O mundo é um lugar muito cruel para não ter lugar para magia... — Ela falava.

— Eu sei... Eu sei. Mas eu pensei em desistir daquilo tudo, para sempre. — revelou Harry.

— Não! Por favor, você me prometeu...

 — Sim, eu prometi. E vou cumprir, acredite. Juro.

Ela voltou a sorrir.

— Nunca se esqueça, Harry... É Wingardium Leviosa...

Harry sorriu como nunca havia sorrido antes.

— Não Leviosá... — completou Harry, num sussurro.

Hermione fechou os olhos. Ela parecia estar dormindo. O barulho regular da máquina que media os batimentos cardíacos de Hermione se transformara num barulho agudo e ininterrupto.

Harry beijou seu rosto.

— Adeus, Mione.


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