The Scariest Reality escrita por Alter_Mann


Capítulo 3
Parte III - Sentimentos




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O médico pareceu suspirar quando começou.

— Há muito tempo atrás, pelo menos dezesseis anos, sua família sofreu um acidente de carro. O seu pai bebia muito, era um alcoólatra crônico, e seu nome era Tiago. Sua mãe se chamava Lílian, e ela também não sobreviveu.

                Harry ainda achava que era algum tipo de insânia aquilo que estava acontecendo. Resolveu ouvir a história completa (ou pelo menos a maior parte dela) para depois falar.

                — Foi um milagre incrível que você tenha sobrevivido, com apenas uma cicatriz na testa. Mas você não saiu ileso. Entrou em coma, e perdeu o movimento das pernas. Não conseguimos te acordar, fizemos o possível e o impossível. E assim foi passando, ano a ano. Vou ser bem sincero com você — ele respirou fundo e fitou os olhos de Harry, como se fosse fazer uma confissão — eu pedi para os seus tios desligarem os aparelhos. Não haveria volta, eles só estavam gastando dinheiro à toa, mas... Eu estava errado.

                Ele parou de falar, talvez para tomar fôlego. Harry olhou de esguelha para os seus tios, e percebeu que tia Petúnia estava chorando de emoção, e que tentava esconder. Por mais que tentasse compreender o que quer que fosse, a mente de Harry ainda estava completamente atordoada.

                Por mais que não quisesse, seus olhos começaram a arder e as lágrimas deslizaram sob sua face, e chorou como nunca havia chorado antes na vida. Naquelas lágrimas estavam tudo: seu mundo, sua história, seu eu. Sua respiração estava profunda, e ele se sentia fraco como se pudesse desmaiar a qualquer momento.

                — Pois bem — continuou o médico — eu não tenho certeza se eu sou a pessoa certa para te explicar tudo, mas os seus tios, como você pode ver — e o doutor indicou com a cabeça o estado emocional deplorável em que se encontravam os tios de Harry, extremamente instáveis e parecendo quase desabar em cima dele — estão nervosos demais para contar alguma coisa para você, nesse exato momento. Mas eu conheço alguém que pode te ajudar. — E se retirou, imediatamente.

                — Harry... — começou tia Petúnia. Seus olhos estavam tão molhados e vermelhos como uma rosa molhada pela chuva, ela falava com uma extrema dificuldade, e quando Harry olhava em seus olhos, a tia Petúnia amarga e solitária do passado pareceu nunca existir — sabia... sabia que você tem os olhos da sua mãe?

                Harry, com muita dificuldade e com o auxílio de seus familiares, fora confortavelmente recostado no banco do hospital, porém quando sua cabeça começou a girar, dessa vez, ele estava um pouco mais calmo. Ele sentia a mão quente de tia Petúnia, como se fosse uma mãe que encontrasse seu filho depois de muito tempo, e aquele gesto lhe proporcionava uma sensação boa e calmante.

                — Harry? — tio Válter começou a falar. Quando Harry deu uma boa olhada, viu que tio Válter parecia mais um velho bonachão e bondoso do que o monstro que era antes. — Eu sei que você está perdido, mas... — seus olhos brilharam de felicidade — você tem ideia do milagre que é você estar aqui conversando conosco? Nem nos nossos maiores sonhos isso poderia acontecer. O Dr. Filch tentou não nos dar nenhuma falsa esperança, mas não significava que nós, no fundo, não acreditávamos que seria possível. E agora olhe só. Você está aqui, com a sua família. — e sem nenhum aviso prévio, abraçou Harry. Tio Válter era extremamente grande, e aquele abraço lhe lembrou Hagrid.

                Tia Petúnia ainda lhe acariciava os ombros. Aquela situação era incrível, ele não podia explicar com palavras. Era uma grande tristeza mesclada com uma sincera e não admitida felicidade, e ele não estava certo se podia lidar com aquele sentimento tão profundo. Ele ainda parecia estar com a cabeça nas nuvens quando o Dr. Filch chegou, trazendo um homem que parecia estranhamente familiar a Harry.

                Ele tinha os olhos azuis, e usava óculos grandes, como se não enxergasse nada sem eles. Ele parecia tão impassível naquelas vestes brancas, que e junto com a luz hospitalar, era como se ele tivesse uma aura muito clara ao seu redor, como fios de prata. Ele não era exatamente idoso, mas os cabelos começavam a rarear e alguns fios eram brancos.

                Aquele homem andou deu mais alguns passos em direção a Harry e o olhou intensamente, nos olhos. Harry podia ver sua íris através daquelas lentes.

                — Harry Potter — disse, com uma voz grave. — tenho certeza de que você merece muitas explicações. De qualquer modo, ainda não fomos devidamente apresentados. Eu sou o diretor desse hospital — ele sorriu, e seus lábios se mexeram — o meu nome é Tom Riddle.


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