1997 escrita por N_blackie


Capítulo 36
Violet




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“Meu nome é Violet Potter, e eu sou namorada do Leonard. Bem-Vinda!” balbuciou no pouco francês que sabia, e Madeleine sorriu gentilmente. Finalmente conseguiu parar para falar com a francesa direito, e Leonard arranjou um encontro entre elas.

“Você é linda! Leonard é um garçon sortudo!” ela elogiou, passando as mãos entusiasmada nos fios acaju de Violet. “São très generosos, estou agradecida. Não precisa falar francês, também, quero aprender a sua língua.”

Não demorou muito para as duas estarem tagarelando juntas, Violet imensamente agradecida por ter alguma menina em seu grupo dominantemente de garotos. Jack apareceu algum tempo depois querendo falar com ela, mas Leonard o espantara com um feitiço que cresceu orelhas de burro nele, e as escoltou até a aula de poções.

Sentaram uma do lado da outra, trocando experiências sobre Hogwarts e Beaubatonx, e Jack apareceu pouco depois, acompanhado de um Richard que não parava de gargalhar, e se sentaram na mesma fileira.

“O que Leonard te contou da nossa turma?”

“Bem, até agora não muito... Hum, ele contou de você, de Jacques, de Richard... Tem a irmã deles também, non? Pollux me falou dela no trem, os dois são bem próximos. ”

“É, Adhara, mas você não quer conhece-la, acredite em mim. A pobrezinha vem passando por um momento tenso na vida dela, e anda precisando de espaço...”

“Violet é muito boa com as pessoas, Madeleine, minha irmã é maluca mesmo.”

“Coitada dela! Eu ainda acredito que tudo o que ela precisa é de um abraço bem apertado, sabe, mas não acho que seja um bom momento para apresentações. Ela é a melhor amiga do meu irmão Harry, que é um doce, e de Romulus, filho do professor Lupin e monitor-chefe. No grupinho deles ainda tem Lewis Pettigrew, que sabe tudo sobre como conseguir comida a qualquer hora do dia ou da noite, Ron Weasley, nosso goleiro, e Hermione Granger, nossa monitora-chefe. Hermione é um amor também, se precisar de qualquer coisa, qualquer mesmo, pode pedir a ela.”

“Tem Samantha também, que é irmã do meio de Violet e Harry,” Leonard completou –a, “ela é bem legal e descolada, mas se acha um pouco porque joga quadribol muito bem, então algumas ressalvas com isso. Com ela andam a Mary, irmã do Lewis que faz os melhores biscoitos do mundo, Luna Lovegood, aquela loira que você achou excêntrica no salão comunal ontem, e Ginny Weasley, namorada de Harry e que é ótima jogadora também.”

“Quanta gente!”

“Não se preocupe, você vai conhecer todos eles.” Violet sorriu. Madeleine parecia meio perdida, mas era uma moça muito legal. A porta das masmorras abriu novamente, e o Professor Snape chegou, fechando a passagem atrás de si.

Violet se endireitou na bancada, e ficou preocupada com o professor favorito quando ele chegou mais perto da luz. Parecia bem cansado, e tinha olheiras de quem não dormia uma noite inteira há alguns dias. Tocou o quadro sem muita concentração, e as instruções para preparar uma Poção do Morto-Vivo apareceram.

“Não quero saber de gracinha com o nome da poção, ouviu, Black? Podem preparar, vocês têm uma hora.” E se jogou na cadeira, quase fechando os olhos.

Embora quisesse perguntar o que havia de errado, Violet decidiu se concentrar na poção. Pegou os ingredientes e começou a picá-los com calma, um pouco feliz por ver Leonard se enrolar todo com a dele. Era bom ser melhor que Leonard em alguma coisa.

“Como você faz isso tão rápido?” Jack estava com as mãos cheias de uma gosma preta esverdeada, e Richard o ajudou a tirar uma sanguessuga que se esgueirava dentro da manga do amigo. Violet se limitou a sorrir, e continuou a raspar a seiva com a parte cega da faca, fazendo o líquido do caldeirão tomar uma cor azulada bonita.

Snape acordou com um sobressalto, e se ajeitou para caminhar pelas mesas. Passou por Leonard em silencio, e balançou a cabeça para Richard. “Fracamente, Black, leia todas as linhas das instruções...” reclamou para Jack, mas não disse mais nada. Violet continou seu trabalho, e quando ele se aproximou de seu caldeirão, deu espaço para o professor conferir o conteúdo.

“Graças a Merlin tenho pelo menos uma aluna que ouve o que eu digo.” Suspirou, cansado, “parabéns, Violet.” Snape se inclinou para cheirar a poção, e Violet notou que ele aproveitou o movimento para colocar um bilhete embaixo da borda do caldeirão. Quando terminou, voltou à mesa, e fechou os olhos.

Curiosa, a garota aproveitou o tempo de fervura da mistura para puxar o pequeno pedaço de pergaminho rasgado. Reunião depois da aula, assunto urgente. Queime o bilhete. Tentou olhar para ele, mas já estava dormindo de novo, as mãos enfiadas bem fundo nos bolsos das vestes. Violet leu de novo o bilhete, e enfiou-o no fogo alto que borbulhava sua poção, conferindo até que só sobrassem cinzas da mensagem.

“Parabéns, outro Ótimo!” Leonard se aproximou dela quando a sineta tocou, olhando um pouco desgostoso para o próprio trabalho. Não ficara ruim, mas a coloração opaca e meio escura de sua mistura lhe rendeu um Excede Expectativas, o que era a pior nota do mundo para os padrões de Leonard. Violet lhe agradeceu com um beijo, e começou a guardar as coisas lentamente. Jack e Richard se aproximaram dos dois com Madeleine.

“Acredita que ele teve a coragem de me dar um T? Eu nem sei o que isso significa!” Jack reclamou, amassando a nota e enfiando na mochila. “Snape nem viu o que eu estava fazendo!”

“Realmente, Snape nunca dormiu na sala...” Leonard olhou desconfiado para o quadro, mas depois deu de ombros. “Bem, na próxima vez eu troco de lugar com você e faço a sua poção. Só tente me dar um E pelo menos, eu sei que você consegue. Vamos, Violet?”

“Pode ir na frente, vou demorar um pouco.” Violet apontou com um falso sorriso amarelo para um rasgo que tinha feito na mochila enquanto o grupo estava distraído.

“Nossa, não reparei nesse furo! Eu te ajudo!”

“Não precisa! Levem Madeleine para o salão, ela precisa de companhia para jantar e Jack não serve, anda! Eu alcanço vocês.”

“Hum, bem, ok então. Vou te esperar!”

“Obrigada, até daqui a pouco!”

Violet consertou o rasgo na mochila com um toque da varinha, e assim que os últimos alunos saíram, se aproximou de Snape, que apagava a lousa com um floreio da varinha.

“Professor? O seu bilhete...”

De perto ele parecia ainda mais cansado. Snape olhou para os lados, se certificando de que não sobrara ninguém, e a chamou silenciosamente para a sala dele, nos fundos da classe. Violet o seguiu.

Ela já estivera pelo menos um milhão de vezes naquela sala, trabalhando em vários projetos paralelos com o professor, que lhe emprestava ingredientes e dava dicas ótimas de preparação de poções. Ele e Lily eram bons amigos, mas por algum motivo James não gostava muito dele, e nem ele de seu pai. Violet sempre estranhou que Snape não se referia a ela como “Potter” era sempre “Violet”, muito embora ele usasse o sobrenome sem esforço para falar com Harry e Sam. Em Hogwarts, era como se tivesse um tio meio taciturno a ajudando a se virar, e gostava muito dele.

A porta se fechou atrás dela quando entraram, e Snape lançou um feitiço nas paredes e na passagem antes de descansar a varinha e falar. “As paredes têm ouvidos e olhos, é mais responsável cegar e ensurdecê-los antes de falar.”

“O que aconteceu? Percebi que estava cansado.”

“Pode se sentar, Violet, que eu preciso ter uma conversa séria com você. Chá?”

Violet aceitou, e Snape colocou um bule para ferver no canto. Enquanto selecionava um chá dentre alguns frascos de tamanhos diversos, começou a explicar.

“Primeiro, preciso que mantenha o que vou lhe dizer em segredo completo, e que só revele para alguém em quem confie, em caso de extrema urgência. Quando mais jovem, sua mãe me salvou de um destino extremamente desagradável, e depois de muito tempo, pudemos retomar nossa amizade. Você é, dentre seus irmãos, a única que herdou a personalidade dela, e a única que tenho certeza que vai me ouvir com atenção. “

“Tem a ver com o ministério? Porque se quiser me perguntar alguma coisa já vou avisando que não sei de muita coisa... Ninguém me diz nada, acho que pensam que sou criança.” Ela tentou esconder a mágoa na voz, mas não conseguiu. Snape serviu o líquido claro numa xícara cor de rosa que ele conjurou diante dela, e sorriu confortante.

“Te subestimam em excesso, menina. Acho que é madura o suficiente para lidar com o que tenho para te dizer, então aí vai. Eu estava, quando a primeira guerra explodiu, entre as fileiras de comensais da morte que atacaram a sua família.”

Violet quase caiu para trás, e tossiu em seu chá. Olhou nos olhos do professor, esperando o que ele diria a seguir.

“Como eu disse, sua mãe me salvou do mesmo destino dos meus pares, e desde então levo uma vida, digamos, direita. O fato é, as mesmas forças do passado agora se reagrupam, e fui convocado para fazer um papel desagradável, mas que deve ser feito por alguém. Tenho me infiltrado nas fileiras de comensais novamente. A vigilância do ministério está apertada em torno de todos nós, membros da Ordem, e acho que podemos esperar algum ataque direto em breve. Seus pais não acham que devemos passar para frente os nossos problemas, mas por mais que isso me incomode, concordo com Sirius Black numa coisa. Vai chegar o dia em que não estaremos mais aqui para derrotar estas forças, caso elas sejam bem sucedidas.”

“Vocês têm feito reuniões? Viu meus pais? Como eles estão?”

“Tenho estado cansado há algum tempo por causa dessas reuniões. Estamos todos sendo perseguidos, mas ninguém foi pego ainda. Contudo, e avise seus amigos disso, não podem mais enviar cartas para as famílias, ou para ninguém de fora. Tem uma conspiração dentro do ministério que não vai descansar enquanto não acabar com a Ordem da Fênix, e isso significa interceptar as cartas de vocês. Sobre essa conspiração, eu tenho algumas informações que já contei à Ordem, mas preciso ter certeza de que caso sejamos pegos elas sobrevivam: primeiro, quem está por trás disso é Bartemius Crouch Junior, atual chefe do departamento de mistérios. Ele está reunindo os comensais da morte e buscando ressuscitar Voldemort. Ainda não tenho como provar, mas tenho certeza de que são os mesmos comensais responsáveis pelo desaparecimento de Don Baron, Regulus Black, Annette Mckinnon e muitos outros.”

Snape se levantou e começou a andar em círculos, cuspindo todas as informações. Talvez fosse o cansaço, mas Violet achou que ele estava muito nervoso e ansioso, embora aparentasse ter certeza do que estava falando. Mas tudo aquilo era um absurdo! Nervosa, olhou para a porta trancada atrás de si, riu.

“Prrrofessor... É impossível trazer os mortos de volta.” Disse, embora não tivesse mais tanta certeza disso. Snape parou de vagar, e sentou-se novamente, olhando pela primeira vez de forma lúcida para ela. Limpou a garganta, e seu tom voltou ao didático que usava nas aulas.

“De fato, não podemos trazer os mortos de volta. O que podemos fazer, no entanto, é trazer os semivivos ao nosso mundo.”

“Semivivos?”

“O que você sabe sobre horcruxes, Violet?”

“Hm... Acho que nada. Digo, não sei o que são, é alguma poção? Eu conheço várias poções...”

“Horcruxes são feitiços poderosos, e muito, muito obscuros. Pouquíssimos bruxos já tentaram, e a maioria não consegue ir até o final com o procedimento. Ter uma horcrux é o caminho certo e tortuoso para a imortalidade, mas para que uma seja feita, é preciso que você mate o outro, corrompendo a sua alma para poder, então, dividi-la.”

Um frio percorreu a espinha de Violet. Naquele momento ela desejou não ter dado atenção ao chamado do Professor.

“Uma vez dividida, outro feitiço é feito para encarcera-la num objeto inanimado ou um animal, que passa a carregar aquele pedaço a mais até que seja destruída. Porém, se este não for, a porção de alma de seu dono permanece ali, e ele se torna imortal. Voldermort, na época de sua derrota, tinha sete delas.”

Sete. Sete pessoas mortas apareceram flutuando diante dos olhos de Violet, e ela teve vontade de cair no choro e então sair correndo, muito nervosa para entender porque Snape se daria ao trabalho de dizer aquilo para ela. Começou a tremer, e segurou uma mão com a outra firmemente para tentar parar aqueles espasmos. A expressão de Snape se acalmou, e ele colocou mais chá na xícara dela. “Desculpe pelo choque, Violet. Se eu pudesse não precisar revelar essas informações para você, guardaria para mim e nunca diria nada. Mas alguém precisa saber.”

“O que você quer dizer com ‘se alguém nos pegar’? Do que estão com medo?” Violet finalmente balbuciou.

“Tanto o Ministério quanto os comensais querem as nossas cabeças. Não sei quem vai conseguir primeiro, mas só posso te dizer que ir para Azkaban seria uma generosidade. Se não quiser mais ouvir, vou entender.”

A garota analisou a situação. Era muita informação, muitos nomes, mas parecia que finalmente as peças de uma história da qual ela só ouvia pedaços pequenos estavam se encaixando. Se realmente acontecesse o que Snape temia, ela era a única chance de eles saberem como agir, e não podia dar para trás naquele momento só porque estava com medo. Negou com a cabeça e tomou um grande gole do chá. “Pode continuar.”

“Não sei quais eram exatamente as sete horcruxes originais, e na verdade, só fiquei sabendo delas muito tempo depois, numa conversa com sua mãe. Seu pai e alguns outros amigos fizeram o trabalho de destruí-las, e quando chegou a hora do confronto, Voldermort era aparentemente mortal. Só que suspeito que a mortalidade dele era um engano, e que alguma horcrux sobreviveu. Agora, com tantos desaparecimentos, acredito que Ele esteja se movimentando para fazer mais delas, se fortalecer, e voltar para se vingar e terminar seu projeto.”

“Vocês têm alguma ideia, qualquer uma, de qual delas está viva?”

O rosto de Snape se tornou acadêmico, como se estivessem discutindo uma poção particularmente complexa de se preparar.

“Não sabemos muita coisa, mas eu me lembro de Nagini, a cobra de Voldemort. Desapareceu durante a batalha, e nunca mais foi vista. Quero dizer, até semana passada, quando eu a encontrei numa caixa no porão da casa dos Crouch.”


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