1997 escrita por N_blackie


Capítulo 12
Lewis




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LEWIS

O Primeiro de Setembro finalmente chegara. O céu, que fazia um mês estava relativamente aberto, vinha escurecendo de forma gradual, e mesmo no interior Lewis ouvia os trouxas exasperados com aquela mudança climática anormal. A janela de seu quarto estava, portanto, cerrada enquanto ele encarava o jardim, puxando um suéter de dentro do malão para se proteger do tempo maluco enquanto usava a outra mão para conter o resto de suas coisas, que queriam pular para fora em protesto por sua burrice de não reservar nenhum casaco fora do malão.

Quando finalmente conseguiu tirar a peça, se jogou dramaticamente sobre a tampa de couro, pressionando-a com sua barriga saliente enquanto dava impulso com os pés para transferir seu peso e conseguir fechar aquela bagunça. Esticando a mão por baixo das pernas, amarrou frouxamente a fivela, saindo de cima de tudo para fechá-la melhor.

Já estava vermelho e ofegante quando finalmente conseguiu terminar a tarefa, e fez um lembrete mental de, se possível, se exercitar mais naquele ano. Prongs com certeza não teria feito tanto esforço, Moony se organizava muito melhor, Padfoot tinha mais força que aquilo, e Ron sabia mais técnicas de como fechar malões lotados, então ele deveria tentar algo assim também.

Estava posicionando a caixa pesada no chão de seu quarto quando a porta se abriu, e soltou um guincho exasperado antes de ver quem a tinha aberto. Sorriu amarelo quando percebeu que era o pai, e Peter riu ao vê-lo assustado.

“Terminou a arrumação?”

“Acho que sim... O tempo virou, tive que pegar o meu suéter de volta.”

“É.. O tempo virou mesmo.” Peter disse num tom estranho, e logo enfiou as mãos nos bolsos e caminhou até o filho. “Podemos ter uma conversa rápida?”

“Se for por causa daquelas bombinhas escondidas no bolo dos Weasley, não foi ideia minha! Padfoot queria ver a cara do Leonard se toda aquela massa caísse bem na cara dele!”

“Oh.” Peter ergueu as sobrancelhas pensativo. “Então foram vocês... Fred e George levaram uma boa bronca por causa disso.”

“É, Adhara falou com eles depois...”

“Sirius faria o mesmo...” riu Peter, mas logo seu tom voltou a seriedade, como se lembrasse de que precisava falar algo importante. “Lewis, sente-se aqui.”

“Sabe, a vida é uma caixa de chocolates da Zonko’s.” começou ele, olhando sonhador para cima, “Vem toda sorte de coisas, nem sempre doces, nem sempre agradáveis, mas divertidas no geral. Se não fosse assim, seriam como as da Desdosdemel, lindas, docinhas, mas sem graça. Ao longo da minha caixa, eu encontrei muitos doces amargos, e as vezes tive de fazer escolhas. Na época em que fiz essas escolhas, não sabia muito bem se estava escolhendo certo, e por algum tempo, imaginei que tivesse escolhido um doce amargo se querer. No final das contas, o amargo virou doce, e não me arrependo das escolhas que eu fiz.”

“Pai, eu estou ficando com fome agora. Pode ser rápido?”

“Hm, eu também... Bom, o que estou dizendo é que essas escolhas influenciaram não só a minha vida, mas a vida de outras pessoas. Algumas delas ficaram felizes com o que essas escolhas causaram em suas respectivas caixas, mas outras não. Essas pessoas que não ficaram... Bem, essas pessoas podem querer me fazer mudar de ideia. Mas eu não vou, e o que eu quero ensinar a você é que irão ter pessoas que tentarão fazer você seguir por esse caminho. Lewis, não se dê menos ao valor porque seus amigos fazem coisas memoráveis. Tenho bons amigos, amigos que fizeram e continuam fazendo feitos memoráveis, mas quando chegou a hora da verdade, quem fez a diferença fui eu. Por isso, eles me respeitam. Adie, Harry, Rom, Ron, todos eles te respeitam, não tenha dúvida disso.”

Lewis parou um pouco de prestar atenção, completamente confuso. Seu pai não falava do passado. Aliás, ele era o que menos falava do passado, e Lewis suspeitava que o motivo fosse algo sinistro, algo a ver com a Guerra. Harry chamara os amigos para um encontro algumas noites antes, e tinha confessado estar preocupado com o pai. Parecia que James estava para perder o emprego, algo assim. Adhara também estava intrigada, pois vira Marlene chegar em casa chorando algumas noites antes. Sua mãe se trancara no quarto com Sirius logo em seguida, e uma discussão que durou por horas se seguiu a isso.

E agora, isso. Peter ainda falava, ainda na metáfora da caixa de chocolates. Lewis desejou que ele parasse, seu estomago já estava roncando forte, e agora, graças à tentativa de motivação de seu pai, estava louco por chocolate. Finalmente, o homem colocou as mãos nos ombros de Lewis.

“Cada um é escolhido para a Grifinória por um motivo, e nem sempre esse motivo é positivo. São nossas escolhas que definem se a razão é positiva, Lewis, não deixe que ninguém te diga diferente, ok?”

“Hm, ok.”

“Eu e mamãe amamos você e sua irmã, não se esqueça.”

“Hm... Nós também amamos vocês, pai...”

“Ótimo. Vamos para a estação, não somos os Weasley!”

Lewis sorriu da piada do pai, mas o discurso imenso de Peter o tinha deixado pensativo. Ambos desceram o malão para o hall de entrada, junto do de Mary, e o cheiro de bacon e ovos vinha da cozinha como uma poção.


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