Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 8
Capítulo 8 - Sermão.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem...



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Andamos boa parte do caminho em silêncio, eu estava muito constrangida para sequer olhar em sua direção. Além do mais eu estava com milhões de coisas na minha cabeça. Já estávamos chegando à casa da vovó quando lhe perguntei:

-E aí, em que animal você pode se transformar?

Ele me olhou como se eu tivesse interrompido seus devaneios.

-Ah, o animal terrestre que eu quiser e for conveniente – Deus de ombros - Depois eu te mostro, por que eu acho melhor você entrar agora. – E apontou para minha casa que estava toda apagada, estranho, muito, muito estranho...

-Por que tá tudo apagado? –Perguntei mais pra mim do que pra ele.

Ele se agachou e tocou no chão. Sua pulseira que era apenas uma linha da cor de ouro velho saiu serpenteando pelo chão da calçada e por todos os lados da cidade e voltou em uns três segundos depois, voltou se entrelaçando novamente em seu pulso.

 -Sua avó está na delegacia, fazendo o B.O do seu desaparecimento.  Sr. White está juntando seus homens para... –E como se tomasse um susto, falou rápido: – Estão vindo pra cá, agora.

-E agora? – perguntei aflita.

-Vamos. – E puxou meus braços, pondo em seus ombros – Se segure.

-Pra quê? –Mas o abracei com os braços e pernas.

Ele subiu na árvore perto da minha janela igual a um macaco-aranha e pulou, caímos dentro do meu quarto. Graças a Deus eu a deixei aberta.

Olhei para o meu quarto e ele estava todo revirado. Minha porta estava escancarada e minhas coisas estavam todas bagunçadas, eu tinha certeza que não deixei assim de jeito algum.

-Rápido, deite na cama. –Ele sussurrou me empurrando na direção dela. – Tire os sapatos! –Alertou-me saindo pela janela.

-Peraí, você vai aonde? –Sussurrei de volta.

-Pra lugar nenhum.  – Soltou um beijo pra mim e saltou.

Ouvi pesadas pisadas na escada. Sempre sei quando alguém sobe a escada que dá para meu quarto, como a casa é velha é normal que a escada ranja pra caramba quando alguém sobe. Fechei os olhos e fingi dormir. Parece que eu fingi bem, pois assim que chegaram a minha porta, Sr. White reclamou irritado:

-Pra que a senhora me chamou se sua neta está bem aqui, dormindo?

-Ela não estava aqui, eu juro! – Minha vó disse.

-Bom, agora está.  Agora devo ir, já que outro desaparecimento foi notificado agora e a senhora não precisa mais de meus serviços.

-Quem sumiu? –Vovó perguntou com sua voz cheia de preocupação.

-Brian, o filho do prefeito. Está desaparecido desde ontem à noite. Tenho que ir, Sra Green, adeus.

Assim que ele disse Brian meu coração deu um salto, o que será que havia acontecido com o pobre garoto? Será que os lobisomens o atacaram? Nem quis pensar nesta possibilidade. Ouvi minha vó bater a porta de casa e subir novamente as escadas.

-Pare de fingir que você está dormindo. – Ela falou brava abrindo a minha porta com violência.

-Desculpe vó, não quis te preocupar. – Falei me levantando.   

-Raoni saia da janela, quer cair? –Gritou, e Raoni apareceu pulando de volta para dentro  – Até que não seria tão má idéia...

-Vovó! –Gritei. Eu ainda não havia me acostumado com o lado duro dela.

-Então quem fala primeiro? – Ela perguntou se sentado na cama e olhando para nós dois, com uma cara que eu preferia que estivesse virada para outro lado.

-Vó... –Comecei, mas Raoni me interrompeu.

-Sra. Green, eu levei Naara para um passeio, perdemos a hora. –Ele era melhor em omitir do que em mentir, devo admitir, pois, como mentiroso... Ele era uma negação.

-Um passeio. De madrugada até agora. É isso? – Ela perguntou e a gente assentiu – Vocês acham que engana quem?! Eu já tive a idade de vocês e sei muito bem o que os jovens fazem sozinhos...

Nós olhamos um para o outro e quase caímos na risada.  

-Vocês estão namorando, ficando ou é só sexo?  - Perguntou olhando exclusivamente para Raoni.

-Vó! – Gritei envergonhada.

Por que minha avó não é que nem as outras, que vivem no mundo em que suas netas serão virgens até morrer? Mas não... Ela tinha que ser direta e perguntar. Oh, Meu Deus, por favor, faça abrir um buraco no chão para eu entrar neste exato momento!

 -Estou falando com Raoni, Naara. Fique quieta. –Devagar virei meu rosto e o observei.

Ele estava calmo, como se o olhar assassino de vovó fosse apenas de admiração. Como ele conseguia ficar calmo, uma hora destas?! Eu estava a ponto de explodir de constrangimento!

-Sra. Green, eu e sua neta somos apenas amigos, por enquanto. Caso nossa situação mude a senhora será a primeira, a saber, pois, eu mesmo virei aqui pedir permissão para namorar com  Naara.  – Ele falou em um tom formal que eu jamais pensei em ver alguém tão debochado falar.

-Assim espero. – Ela falou dura e depois, nos olhou carinhosa novamente – Quem aceita biscoitos?

-Adoraria um. – Raoni falou sorrindo.  

Eu apenas balancei a cabeça aceitando.

O que diabos aconteceu aqui?

Minha vó era doida por um acaso? Bipolar, com certeza!

E Raoni falou de um jeito tão antigo como se eles tivessem a mesma idade... E que história é essa de pedir permissão para namorar comigo? Estamos no século XXI! Não que eu tivesse pensando sobre o assunto, de qualquer forma...

Assim que vovó nos deixou sozinhos para ir preparar a mesa o encarei, ele parecia estar perdido em pensamentos.

-O que foi isso? –Perguntei.

-Sua vó está apenas preservando sua honra, nada demais.  –Deu de ombros e foi indo a porta.

-Não estou perguntando sobre isso, estou falando sobre seu discurso de bom rapaz do século XIX...

-Você queria que eu dissesse o quê? Ei, olha eu ainda não transei com sua neta, nós só temos um poder bizarro e eu estava a ajudando a controlar o dela? Ela ia pensar que eu era um pervertido ou um maluco total ou provavelmente, os dois.

  -Ainda não transou? – perguntei fazendo menção ao que ele disse- Você acha realmente que eu vou ter alguma coisa com você? - perguntei com um mistura de incredibilidade e lisonjeiro.

-Até parece que você não tá louca para que eu te agarre! – Ele bufou, me mandando um olhar malicioso.

-Primeiro, eu não suporto caras presunçosos iguais a você e segundo, você mente pra mim... Nem tente negar, você é péssimo mentiroso. Você achou mesmo que eu acreditei na mentira de que eu bebi demais e capotei na sua cama?

Ele deu de ombros.

-Quem disse que era pra você acreditar? – Ele falou como se me mandasse algum tipo de enigma que eu devia desvendar. Merda por que ele não era sincero de uma vez?

-Sério, às vezes eu te acho um maluco total. – Ele abriu a porta e eu pude ver a sua pulseira por debaixo de sua blusa de manga – E aí, essa sua pulseira é mágica ou o quê?-Falei, tocando-a.

-É. –Disse como se falasse como meu quarto era branco.

-Legal! Será que eu posso ter uma dessas?

-Sim, pode ficar com a minha. – Tirou do seu pulso e botou delicadamente no meu. Sorri, corando um pouco. – Um presentinho meu pra você ficar sonhando comigo à noite, mas não conte de jeito nenhum pra Perséfone ela está de olho nela a maior tempão. – E deu aquele sorriso que eu tanto amo, de canto de boca. –Ah, só mais uma coisa. Eu posso sentir o que você tá pensando, ok? Sua aura está toda rosinha de apaixonada por mim. –Riu e saiu andando.

-Sério? –Perguntei segurando seu braço, um pouco envergonhada. tá, admito, muito envergonhada.

-É, não é que eu saiba o que você tá pensando, mas sua aura muda de cor quando está envergonhada, feliz, com raiva ou com ciúmes.

-Mentira! – Falei, incrédula.

-Como você disse, eu sou um péssimo mentiroso. –Sorriu travesso pra mim.

-Será que um dia eu poderei ver as suas auras? –Perguntei esperançosa.

-Claro. – Sorriu. – Assim que estiver pronta. –Desfez o sorriso.

-E quando vai ser isso? – Eu já andava impaciente, por ter que esperar por tudo.

-Sei lá, isso depende muito do seu instinto... O quê o seu instinto diz neste exato momento?

-Que você tá falando a verdade. –Disse com os olhos fechados – E que eu estou morta de fome.  –Minha barriga roncando também me contava isso.

Ele riu.

-É, posso ver isso também. – Riu, botando a mão na barriga.

-Quem chegar primeiro é a mulher do padre! –Gritei, saindo correndo.

-Então prepare seu vestidinho de noiva, baby! – E pulou as escadas chegando ao térreo bem antes de mim.

-Merda. – Falei frustrada e minha vó arregalou os olhos pra mim. –Tá, já vou. –Murmurei.  

  Fui botar o sabão na boca. Eu sei como isso deve ter soando mega estranho, mas é simples de entender. Vovó tem uma regra, que nunca devemos falar palavrão ou blasfemar dentro de casa, se não a gente tem que lavar a boca com sabão. Eu sei que todas as mães falam isso, mas Vovó Rudá leva isso realmente á sério. Já foi pior quando eu era menor, mas agora eu já estava costumada,

Raoni quase caiu da cadeira de tanto rir da minha cara.

-Ah, tá achando graça, é? – Falei com o sabão em barra na boca e saiu “Tachangraçaé”.

Eu segurei seu ombro e pensei no fogo.  Ele deu um pulo e deu um berro:

-Porra, Naara! – assim como planejei. Depois sorriu amarelo pra vovó, porém já era tarde demais para tentar se redimir.  

-Sabão! –Ela gritou apontando pra cozinha.

Pisquei feliz pra ele enquanto passava por mim. Foi rir da minha cara, benzinho... 


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Notas finais do capítulo

reviews???



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