Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 4
Capítulo 4 - Primeiro dia na escola.


Notas iniciais do capítulo

obrigada pelo incentivo dos leitores!



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Quando acordei me senti uma droga. Primeiro, eu tive horríveis pesadelos com o incêndio dos meus pais e o da noite passada. Segundo, Eu estava me sentindo mega culpada e esse sentimento é péssimo. Terceiro, eu olhei no espelho e já não me reconheci.

 Sério, meu cabelo estava batendo na minha cintura, minha pele estava muuito pálida em contraste com ele e parecia que cada defeito que eu tinha estava desaparecendo milagrosamente.  Meus lábios que antes eram desproporcionais um do outro agora mais pareciam com a boca de Angelina Jolie, e meus dentes tortos estavam todos certinhos.

Saí antes que eu ficasse mais deprimida, será que a cada desgraça que eu fazia eu ficava mais bonita? Ah, se fosse a Kyle, a minha outra ex-melhor amiga, com certeza não pensaria duas vezes antes de destruir o planeta se fosse essas condições de ter o cabelo como o meu.

Desci e peguei vovó e John no flagra. Eles estavam se beijando e com roupões idênticos, o que quer dizer que... Não, isso já era demais para minha cabeça.

-Vó! – Falei tapando os olhos. –John, isso só depois de aliança no dedo. – Só eles mesmo para me fazer rir uma hora dessas.

-Bom dia, Naara. – Os dois falaram juntos olhando para baixo.

-Bom dia. – Falei me sentando na frente dos dois e fingi ficar séria, juntei as mãos e falei num tom severo: - John Brown, quais são as suas intenções com minha avó?

  Ele engasgou com o pão que comia.

  -Isso é sério?! – Nossa, como eu sou convincente!

  -AAAh... Não. –Falei levantando e dando um beijo no seu rosto. –Mas usem camisinhas, hein? – Peguei um donut e sai deixando os dois completamente vermelhos.

 Andei cabisbaixa, o caminho todo até o High School of Dark Sky, por que estava chovendo e porque todos gritavam ofensas a mim.

-Destruidora de igrejas!

-Incendiária!

Eu me senti muito pior quando vi que com Brian acontecia o mesmo. O pobre garoto deu aquele sorriso amarelo pra mim depois de ouvir um “inconseqüente” por um bando de meninas que entravam na escola. Eu quis gritar que a culpa não era dele e sim minha, totalmente minha, para pararem de pegar no pé do garoto, mas não consegui por que eu sou uma tremenda de uma covarde!

-Bom dia. –Murmurei para ele, querendo enfiar minha cabeça na terra e nunca mais sair.

-Bom dia!  -Ele sorriu animado.

-Por que esse sorriso todo? É imaginação minha ou todos na cidade estão contra nós e você está...sorrindo?

-Naara, ninguém antes tinha me notado. Agora todos falam comigo!

-Falem mal, mas falem de mim? –Eu ia falar como isso era deprimente, mas ao ver seu olhar feliz apenas sorri solidária e o segui para sala de aula.

Antes de entrar na sala ainda pude o ver chegar. Ninguém gritava para ele, apenas ficava o olhando de boca aberta. Ele desfilava pelos corredores segurando seu casaco nas costas, o depositou no armário e sorriu para as meninas que o observava.

Ele passou por mim e sequer falou comigo, sequer olhou pra mim.  Entrei na sala e me sentei na ultima cadeira bem lá no fundo, Brian sentou na primeira cadeira, típico. Raoni esperou a ultima pessoa para entrar e sentou bem a minha frente, já que os lugares ao meu redor estavam sendo evitados pelos estudantes.

Perséfone sentou bem ao lado de Raoni e segurou sua mão, como para demonstrar para todo mundo que eles estavam juntos, inclusive a mim, principalmente a mim, pois ela deu aquele sorriso vitorioso em minha direção.

Eu retribui, mas por dentro eu estava em frangalhos. A professora Flisheman foi educada e não me obrigou a ouvir seu julgamento dos fatos da noite passada, porém seu olhar reprovador já foi o suficiente para eu me encolher no meu lugar.

Ela começou a dar aula sobre alguma coisa que eu não dei à mínima, só pude prestar a atenção em como Raoni brincava com os dedos de Perséfone e sorria para ela de um jeito carinhoso.

Senti meu estômago borbulhar. Tentei segurar minha raiva o máximo que pude, porém meus olhos ainda fitavam as mãos juntas. Brian virou para me olhar e ficou assustado, pegou um papel e escreveu alguma coisa, depois, deu para Raoni me entregar.

Pela primeira vez ele me olhou, ele também parecia preocupado com o que viu. Entregou-me o bilhete, mas não voltou para frente ficou lá me observando.

-O quê? –Perguntei mal-humorada e acenei para ele olhar para frente.

Abri o bilhete e numa caligrafia infantil, li: “Você tá com o olhar sinistro de novo, o que houve?” Balancei a cabeça negando e obriguei meus lábios a sorrirem. Percebi que ele ficou minha boca mais que o necessário, mas suspirou de alivio, dramaticamente.

Passei a aula toda desenhado idiotices sem sentido. Estava mesmo tentado me acalmar e transparecer tranqüilidade. Assim que o sinal bateu levantei-me num pulo. Praticamente corri para o ginásio onde seria minha próxima aula. Vi Raoni na porta com os braços na parede prendendo Perséfone, passei por eles que nem um furacão. Derrubei todos os meus livros no chão ao me bater com ele.

 -Calma aí. – E massageou o ombro, depois me ajudou a pegar os papéis que haviam caído do meu caderno.

Notei seus olhos fitarem meus desenhos. Eu sequer tinha prestado atenção o que estava desenhando, só botei o lápis na mão e deixei ela se movimentar automaticamente. Olhei para o papel e tomei um susto. Todos meus desenhos retratavam uma coisa só: Raoni.

Seus olhos refletindo chamas, seu sorriso de canto de boca, seu olhar negro e penetrante. Todos de uma veracidade impressionante. Eu jamais desenhei nada, como poderia desenhar tão bem e tão perfeitamente uma pessoa que eu mal conheço sem nem prestar atenção?

  Ele juntou todos os papéis e me entregou, com aquele sorriso que eu amo de tirar completamente o fôlego. Sorriso que eu amo? Eu realmente disse isso?

-O que foi? –Pude ouvir a voz de Perséfone, enquanto eu entrava na quadra.

-Nada. – Ele respondeu.

A aula foi mais divertida que o normal para uma aula de educação física. Meu corpo que antes nem conseguia se alongar direito parecia ter uma elasticidade de uma ginasta. Jogamos vôlei em duplas. Para infelicidade de Perséfone,  o professor González escolheu eu e Raoni e ela e Yuri, um menino japonês pequenino e parecia assustado.  

Ela reclamou, lógico. Mas o professor logo lhe deu um passa-fora dizendo que escolheu por tamanho. Há! Quem mandou ser baixinha?

 Devo admitir, ela sabia jogar. Porém não era páreo para Raoni e eu. Nós tínhamos uma sincronia perfeita. Parecia que nós líamos os pensamentos um do outro jamais errando um passe sequer.

Mas parecia que Perséfone estava pirada com minha cara, então resolveu fazer um tête-à-tête comigo. Os garotos até sentaram no chão observando nós duas praticamente acabar com a bola. A bola, coitada, era batida com tanta força e violência que voava numa velocidade alucinante, porém sem nenhum momento tocar no chão.

 O professor apitou. Fim do jogo.

-Empate! –berrou. –Próxima dupla.

-Não! –Reclamamos.

Parecia que a platéia também não aceitou, pois todos fizeram “Oh!”. Todos pareciam grudados na gente, a arquibancada estava lotada, com certeza não só com uma classe.  

-Deixe as gostosas desempatarem! – Um cara grandão gritou pedindo.

E todo mundo fez barulho como se aprovassem a idéia. Raoni me encarava com um sorriso bem grande nos lábios, como se estivesse orgulhoso de mim. O professor depois de acalmar a turma, resolveu:

-OK. Mas quem fizer o primeiro ponto ganha! – E apitou.

O jogo recomeçou. Raoni e Yuri saíram da quadra e se sentaram junto com a galera. Era eu e ela agora. Saquei, a bola voou e ela se jogou no chão para pegar.  Depois jogou para mim com tanta força, que não sei como eu não caí, chega quebrou minha unha.

-Ah, agora levei pro lado pessoal! – E praticamente joguei uma bomba pra ela.

Ela bem que tentou pegar, mas a bola passou como uma bola de fogo, zunindo por ela. Com cara de cachorro molhado Perséfone começou a chorar.

-Eu ganhei! – Gritei surpresa.

Um monte de gente veio me abraçar e me levantar. Pude ver Raoni abraçando a perdedora, alisando seus cabelos e dizendo:

-Foi só um jogo. –Mas seu sorriso, me seguia. Como se dissesse “Parabéns!”.

Acabou que nem teve mais aula. Todos estavam agitados demais com o jogo para irem para suas aulas. Eu não vou mentir, estava adorando toda aquela atenção.

O professor Gonzáles veio até mim na hora do almoço.

-Você é perfeita para meu time de vôlei feminino. Será que um lugar no time te interessa?

-Ah, não sei. Acabei de chegar professor, mas juro que vou pensar!

-Pense com carinho! – E saiu.

Não teve mais aula de tarde, pois como Brian me disse:

-Hoje é noite de lua cheia.

-Ah, e daí? – Nossa, essas crendices eram idiotas.

-E daí que ninguém fica perambulando pela cidade, é proibido. – Falou como se fosse a coisa mais obvia do mundo – Tá todo mundo dentro de casa, preparando o sacrifício.

-Pra quê? – Serio, cada hora parecia mais imbecil isso.

- Todos dão um sacrifício, para o lobisomem, na maioria das vezes assam porcos.

-Para o lobisomem?! –Falei andando.

-É, para ele não atacar ninguém.

-Aff. Que idiotice! – Não consegui me segurar.

-Você diz isso por que nunca viu a fera...

-Por um acaso você viu?

-Não, mas meu pai jura de pé junto que viu. – Falou orgulhoso.

-Tá, mas e o nosso castigo? – Lembrei - Nós vamos ou não?

-É lógico! Papai disse que se a gente não for os repórteres acabaram com sua raça. Conseqüentemente ele acabará com a nossa raça por ter posto sua reeleição em perigo.

-Então, igreja, lá vamos nós. – E estendi a mão como se fosse um ato de bravura, fazendo Brian rir.

-Você é pirada!

Mas eu tava realmente com medo de ver o estrago que eu havia feito. Como será que estava a bela igrejinha?


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Notas finais do capítulo

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