Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 2
Capítulo 2 - É isso que eu chamo de festa.


Notas iniciais do capítulo

Estou amando escrever esta fic. Espero que gostem.



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Fui devagar, vendo cada detalhe daquela pitoresca cidade. Sério, parece uma daquelas vilas de antigamente... Com um a igreja, casinhas com jardins bem cuidados, uma sorveteria e uma mercearia onde vendia tudo, desde lata de tinta a pão. Eu achei graça de como a cada pessoa que eu passava, todas me davam “bom dia, Naara”, eu sequer me lembrava de conhecê-los.

Ao chegar ao Antony’s , um homem lá pela casa dos cinqüenta anos me recebeu com um sorriso bem “Darkiano” . Fui para sessão de tintas, estava com um bilhão de amostras de cores nas mãos, quando uma voz atrás de mim me fez pular, quase derrubando tudo aquilo no chão, mas ele foi mais rápido e pegou todas as amostras numa velocidade impressionante.

-Pensando em pintar? –Sorriu para mim enquanto as devolvia a mim.

-Raoni, quer me matar de susto?! –Falei tentando recuperar meu fôlego – Por um acaso você tá me seguindo ou algo do tipo?

Seus olhos se tornaram sérios, mas depois se tornaram doces novamente. Uma estranha sensação que eu já tinha visto esses olhos há muito tempo passou sobre mim. Não... Se eu o conhecesse, é lógico que eu lembraria... Não é?

-Imagina. – Bufou – Eu vim comprar umas coisas pra festa, tô pensando fazer uma festa para comemorar minha vol... Vinda pra cá. Se quiser ir, está mais do que convidada. –E depois apontou para uma cor em minhas mãos. – Prefiro verde, cor de mato.

- Ah, valeu.  –Disse distraída com seu sorriso, espero que ele não tenha notado, que mico!!!

-De nada, te vejo à noite?

-Acho que sim.                 -Assenti.

Ele deu um aceno de aprovação e saiu. Quando ele saiu, encostei minha mão na prateleira a fazendo cair, e num terrível efeito dominó todas as prateleiras foram ao chão. Todos os clientes me olharam com cara feia.

-Ops. –saiu dos meus lábios, meu rosto parecia um tomate de tão vermelho.

Raoni riu, provavelmente achando graça da cena. Por que quando eu estou do seu lado eu sempre fico tão desastrada? Um vendedor veio me ajudar. Eu já o conhecia da casa da vovó, ele tinha ido me receber.

-Brian, certo? –Perguntei, tentando ser simpática, já que eu tinha feito maior caos.

-Você se lembra do meu nome, Naara? –Ele gaguejava.

Brian era o típico cara nerd, com aqueles óculos imensos e corpo esquelético. Nunca tive preconceitos com caras assim, eu até os acho bonitinhos. Não atraentes, mas bonitinhos. Se Melanie, minha ex-melhor amiga, iria esculachá-lo dos pés a cabeça.

-Er,me lembro.  Desculpe pela bagunça.

-Ah, tudo bem. Eu arrumo tudo. Pode ficar despreocupada. –Disse ajeitando os óculos.

-Não, qual é? Eu fiz a bagunça, o mínimo que eu devo fazer é te ajudar.

Depois de arrumar as vinte e sete prateleiras, eu estava completamente exausta. Mas foi legal ficar conversando com Brian, ele me ajudou a achar tudo o que eu precisava. Depois de pagar com meu amiguinho cartão de crédito, ele me ajudou até a levar em casa.

Quando estávamos chegando pude ver Raoni estacionar seu carro preto que mais parecia uma espaçonave em sua garagem. Deus, ele parecia aqueles caras Bad Boys dos filmes idiotas para adolescentes.

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Quando desceu do carro, olhou em minha direção e piscou. Deus, meu coração deu saltos mortais agora. Depois, infelizmente, entrou em sua mega casa, digna de filme em Hollywood.

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Entrei em casa e vovó estava na cozinha, fazendo biscoitos com cheiro maravilhoso.

-Finalmente voltou! Estava pensando em mandar alguém te buscar. Ah, Deus Naara você comprou a loja inteira?! – Falou olhando todas as minhas sacolas.

Tá, eu sei que exagerei um pouquinho, mas foi por uma boa causa. Se é para eu me sentir em casa pelo menos tenho que deixar meu quarto, mas aconchegante. Mas parecia que minha avó não gostou nada.

-Naara, seja prudente minha filha. O dinheiro que seu pai deixou não vai durar para sempre, principalmente se você gastar todo de uma vez.

-E-Eu... Desculpe-me. –Eu ia brigar, mas desistir. A última coisa que eu queria agora era perder o controle da situação como aconteceu da última vez que eu discuti.

Quando eu comecei a arrumar as compras no meu quarto, pude ver uma luz néon piscar pela minha janela. Corri para ver o que era. Raoni havia posto refletores no seu telhado, vermelho e verde.  Eles dançavam iluminando toda a vizinhança num ritmo caótico.

De repente, a luz verde focalizou completamente em mim. Tive que fechar os olhos para não me cegar.

-Ei! Não está na hora de ser arrumar para festa não? –Raoni me perguntou pelo megafone.

-Já tô indo. – Gritei rindo. Aquele garoto era maluco ou quê?

Em poucos minutos o chão começou a tremer ao som dos imensos alto falantes que Raoni colocou no seu quintal. Será que ele estava planejando fazer uma premiação da MTV em sua casa?

   Fiquei desesperada ao perceber que eu não tinha nenhuma roupa para tal ocasião. Eu só tinha três jeans e umas blusas que vovó arranjou pra mim. Como se lesse meus pensamentos, vovó bateu em minha porta.

-Será que esse menino perdeu o juízo? –Falou tampando os ouvidos. – Achei que esse vestido serviria em você, foi de sua mãe quando ela tinha sua idade, espero que caiba.

O vestido era simples mais bonito, um clássico na verdade. Era preto, apertado em cima e solto em baixo. Bem o estilo da mamãe. Senti meus olhos encherem de água, morri de saudade dela.

-Acho que não vou mais. –Murmurei caindo na cama.

-O quê? Anahí jamais deixaria sua filha faltar uma festa como essa. Sua mãe era uma festeira daquelas!

-Eu sei. – Ri. Mamãe não perdia um evento badalado.

-Então, mãos a obra. Limpe essas lágrimas, bote uma maquiagem, se penteei e se vista. Só vai dar você! – E me levantou da cama.

Vovó me ajudou a me arrumar com maior carinho do mundo. Assim que eu estava pronta, ela sorriu satisfeita.

-Agora sorria para foto. –E um flash da câmera me fez piscar. – Ah que linda, vou mostrar as meninas do pôquer na próxima quinta.

Toda quinta-feira vovó e umas sete velhinhas se juntavam para jogar carteado, era engraçado ver vovó blefando.

 -Tá vó. Agora me deixe ir, não quero chegar quando a festa acabar.

-Tá, tá. – E me deu um beijo no rosto. –Ai como é linda minha netinha.

-Tchau John. – Gritei para o senhor que dormia no sofá.

-Ãh? Não fui eu!  – Falou completamente grogue.

-O deixe dormir, se cuida. – E fechou a porta atrás dela.

Fui acenando de costas para ela e não percebi que ele estava atrás de mim até me chocar com ele. Por que eu vivia trombando com ele?

- Calma aí. Pensei que teria que te arrastar até aqui. – Raoni brincou e depois analisou o que eu estava vestindo – Tá gostosa. Agora vamos! – E agarrou minha mão me levando até um monte de gente, que eu sabia que eu já havia conhecido, mas eu não lembrava o nome de ninguém.

-Naara, adorei o visual retrô! –Uma menina loira com os olhos de um azul tão intenso que eu fiquei com medo de olhar falou se pendurando no ombro de Raoni.

-Naara esta é...

-Perséfone. – A menina o interrompeu se apresentando.

-Perséfone, legal. Como tá lá embaixo?

-Ãh? –A garota perguntou, com uma grande interrogação na testa.

Raoni riu, entendendo a piada.

-Perséfone é a deusa grega do submundo. – Raoni explicou.

-AAAh... Agora entendi. Não achei graça – Eu e ele reviramos os olhos ao mesmo tempo.

E saiu desfilando com um vestido que mais parecia uma saída de praia bem vulgar. Raoni ficou olhando pra bunda dela ao andar. Depois voltou a olhar pra mim com um sorriso idiota no rosto. Bonito, mas idiota. Sabia que tinha algo de errado nele, ninguém é perfeito. Deixei-o sozinho olhando “a deusa” nadar na piscina fazendo inúmeras acrobacias.

Fui para o canto no qual vi Brian, sentei ao seu lado. Peguei um refrigerante e virei de uma só vez.

-Calma, isso não é tequila. –Falou ele, me olhando todo constrangido.

-Bem que eu queria. –resmunguei.

-Impossível. Nem Raoni conseguiria quebrar uma regra tão rígida como essa por aqui.

-Parece que pode. – Falei apontado para os garçons que serviam um monte de drinks exóticos.

Fiquei ali boa parte da festa. Raoni sequer veio me ver, parecia que sua atenção estava totalmente voltada a Perséfone.

Fiquei morrendo de raiva. Ele simplesmente era um imbecil que paquerava todas. Senti meu corpo vibrar anormalmente. Meus olhos se fixaram nos dois rindo abraçados. Quando ele a beijou, perdi completamente o controle do meu corpo.

-Naara, você esta bem? – Ouvi Brian me perguntar bem distante. Ele não estava sentado ao meu lado?

 Não consegui desgrudar os olhos daqueles dois. Mesmo querendo parar de olhar, eu não conseguia. A cada toque, meu corpo parecia ferver por dentro. Até que de repente,  a grama em volta deles começou a queimar, numa chama imensa e avassaladora.

Assisti as labaredas brincarem que nem crianças por eles, correndo atrás de Perséfone como se estivessem jogando pega-pega. Comecei a rir da cena, enquanto todos corriam desesperados.  

Percebi alguém me puxando, mas parecia que eu estava enraizada no chão, eu não podia e não queria sair dali. Era como ver seus filhos brincando no quintal, eu esta feliz ao observar eles se divertindo.   

Como se alguém me desligasse, eu apaguei. 


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Notas finais do capítulo

Reviews??