Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 1
Capítulo 1 - A primeira vista.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desta fic tanto quanto eu...



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Quando eu me gabava como minha vida era ótima, acontece isso.  Eu tinha uma linda casa, ótima família, um namorado lindo e amigas super descoladas. Tudo estava a mil maravilhas, por que eu estraguei tudo?

Agora eu estava sozinha, numa cidade fantasmagórica, morando numa casa horripilante sem nenhum amigo.  Quis chorar, mas as lágrimas não caíam.

-Quer chá, Naara? – minha avó perguntou do andar de baixo.

-Não, obrigada. –Respondi.

Eu nunca suportei chá, minha mãe só me dava quando eu estava com dor de barriga, mas aqui parecia que era algum tipo de refrigerante, todos bebiam. Eca! Era chá no café da manhã, depois do almoço, na hora do chá e no jantar o que é que tinha? Chá.

Também com o frio que fazia em Dark Sky... Não que eu sentisse de qualquer forma, pois parecia que eu tinha um aquecedor interno que nunca me deixava com frio. É, eu sei que isso é mega estranho, como também é estranho eu conseguir uma labareda ao estalar os dedos.

Por causa desta esquisitice que eu estou nesta situação e sem os meus pais! Por causa de uma briga que eu nem me lembro o motivo, esta tragédia aconteceu...

Eu gritava com meu pai e ele gritava comigo, minha mãe estava chorando no canto da sala. Eu estava furiosa com eles. De repente, senti meu corpo todo vibrar e um calor tomar conta da minha mente. Uma linha de fogo passeou pelo chão, queimando o tapete.

Eu vi minha mãe subir na cadeira para fugir do fogo, meu pai corria de um lado para outro tentando apagar. E eu fiquei lá paralisada, como se aquilo tudo fosse apenas uma cena de um filme que eu assistia atentamente.

O ar ficou cada vez mais cheio de fumaça e eu não consegui mais ver os meus pais, e como se eu caísse num poço sem fim eu apaguei. Acordei três dias depois com a notícia da morte dos meus queridos pais e por incrível que pareça meus cabelos estavam ruivos com as pontas loiras. Exatamente como o fogo.

A casa que eu cresci estava em ruínas e eu me tornei uma celebridade na cidade, como a garota que sobreviveu ao pior incêndio do país. Sem meus pais, sem minha casa, me senti sem chão. Ainda para piorar as coisas, o testamento deles dizia que se algo acontece com os dois, minha guarda e minha herança estariam sobre os cuidados da minha avó materna, Rúda, que na língua indígena quer dizer divindade do amor, o que combinava muito com ela, pois, ela é a pessoa mais doce e amável que já conheci.

Então, me mudei para cá, Dark Sky. Uma cidadezinha que mais parece uma aldeia. Envolta de uma enorme floresta, seu tempo estava sempre nublado com grandes e pesadas nuvens roxas, por isso seu nome. Acostumada com Malibu que sempre tinha sol, me senti deprimida ao chegar nesta sombria cidade.

Como se tudo aquilo já não fosse ruim, Dark Sky tinha milhões de lendas bizarras que inacreditavelmente afetava a rotina dos nativos, como por exemplo: Ninguém saia em noite de lua cheia, todos tinham sal nas janelas, todas as casas tinham um imenso crucifixo na porta. E todo mundo, quando eu digo é todo mundo mesmo, morria de medo de bruxas.

Eu segurei o riso quando vovó me alertou sobre como eu devia voltar para casa antes das oito da noite, jamais entrar na floresta sozinha e acima de tudo, NUNCA sair de casa numa noite de lua cheia.

Eu achei uma tremenda babaquice, aonde já se viu acreditar em lobisomem, bruxas e sei lá mais o quê? Porém não disse nada, apenas assenti a fazendo ficar contente e satisfeita.

Na questão da minha esquisitice, cada dia ficava pior. Eu conseguia acender o fogão só em olhar, as velas se acendiam sozinhas quando eu estava presente e a esquisitice maior é que meu cabelo ficava mais vermelho com passar do tempo.

  Um dia dei a louca e comprei uma tinta da cor do meu antigo cabelo, mas ao aplicar, meu cabelo pareceu queimar o liquido que eu colocava ficando ainda mais vibrante do que nunca...

Sem saber o que fazer, desesperada tentei cortar o meu cabelo, ao simples toque da tesoura as pontas, ela se derreteu virando nada mais que cinzas.

Desisti de tentar deixá-lo mais normal, mas ele parecia querer me pirraçar, pois, ele crescia de uma maneira extraordinária. Antes eu não deixava passar do meu ombro, agora, depois de apenas uma semana, estava batendo nas costas.

Minha avó não notava ou fingia não notar minhas mudanças. Ela sempre carinhosa comigo nem mostrava tristeza quando eu me trancava no quarto quase o dia todo. Ela nunca deixou de me esperar para jantar ou me desejar um bom dia ou uma boa noite de sono.

Lembro-me que quando eu cheguei, parecia que tinha uma comitiva me esperando.  Toda a cidade estava socada dentro da pequena casa da vovó, muitas pessoas me abraçaram e diziam como eu estava linda, como eu estava parecida com sei lá quem, como sentiam pela minha perda e blá-blá-blá. Eu apenas acenava e sorria.

Quando todos foram embora pude subir para o meu quarto.  Bem, era um quarto improvisado no sótão. Tinha uma cama velha, mas com lençóis novos, uma mesa com vários livros didáticos da escola e um minúsculo guarda-roupa.  Todas as minhas roupas foram queimadas durante o incêndio por isso nem liguei para o tamanho do armário. O banheiro ficava no primeiro andar, no qual eu teria que dividir com vovó.

Não é que eu não gostasse dela, mas eu não estava acostumada a dividir nada com ninguém, sempre tive privacidade total na minha antiga casa. Eu poderia transar com meu namorado dentro de casa e meus pais sequer notarem sua presença.

OBS: Não que eu já tenha feito isso, é claro.

 Por falar em namorado, Trevor não teve nem a coragem de me mandar uma mensagem depois que eu fui embora... E minhas fies amigas? Sequer vieram se despedir de mim, apenas me mandaram um cartão de melhoras quando eu estava no hospital.

 Respirei fundo. Esta é minha nova vida, pelo menos por quatro anos até eu ter vinte e um e poder receber minha herança. Mas enquanto esse dia não chega, eu tenho que me acostumar com isso aqui.

Olhei em volta do quarto, e achei mega mórbido. Parecia que eu estava presa numa torre ou algo assim, faltava meu toque pessoal. Achei que uma mudança no visual do quarto me faria me sentir melhor.

Desci as escadas, com meu único jeans do meu antigo guarda-roupa e uma blusa simples de alcinha que eu encontrei numa das gavetas do guarda-roupa “novo”. Minha avó estava sentada no sofá assistindo TV com John, seu namorado.

Eu achava fofo que mesmo na idade deles ainda namoravam que nem adolescentes. Sorri para os dois, que estavam abraçadinhos atentos a TV.

-Vovó, estava pensando em comprar umas coisas para o meu quarto...

-Ah, querida acho ótimo! Vá ao Antony’s e compre o que quiser.

-Legal , mas vovó... –Eu fiquei com vergonha jamais havia pedido nada ninguém antes.

-Sim?   - Seu sorriso maternal me aqueceu o coração.

-Preciso de dinheiro.

 -Ah querida é mesmo! Que cabeça a minha. Tome – E me entregou um cartão de crédito, velho conhecido meu – Aposto que sabe a senha.

-Er, sei. Valeu. – Acenei, saindo.

-De nada. Não vai vestir um casaco?

-Ah, não. Não tô com frio. – E saí correndo antes que eu tivesse que me explicar.

  Andava tão distraída que acabei me batendo em alguém.  Voou vários papeis , livros e CDS pela rua toda. Merda, por que eu tinha que ser tão estabanada?

-Foi mal, não te vi. – Falei catando as coisas, sem nem olhar para pessoa.

-Não tem problema, eu também não estava prestando atenção. –Uma voz masculina perfeita falou, me fazendo olhar para cima.

Jesus Maria José! O cara era um deus! Ele tinha a pele morena, típica dos nativos daqui, cabelos desgrenhados e um olhar que me hipnotizou, usava um Jeans preto e jaqueta de couro.  Eu fiquei olhando que nem uma lesada pra ele, que sorriu gentilmente:

 -Raoni, prazer. – E estendeu a mão para mim.

-Naara – Respondi pegando sua mão e balançando.

Percebi como estava patética, de quatro no chão balançando sem parar a mão dele. Usei sua mão como apoio para me levantar.

-Naara, bonito nome. – Sorriu abertamente, mostrando branquíssimos e perfeitos dentes.

-Obrigada.  O que faz aqui, além de esbarrar em mim? –Falei tentando ser coerente.

Ele riu.

-Estou de mudança. Vou morar aqui. – E apontou para o imenso casarão em frente a minha humilde residência.

-Legal, seremos vizinhos. Eu moro ali. – Apontei para minha.

-Ótimo, então nos veremos em breve. – E saiu andando, eu não pude deixar de  segui-lo com os olhos.

-Uau! –Murmurei.

Será que ele era uma miragem?


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Notas finais do capítulo

reviews?