Asleep escrita por Hoppe, Mih Ward


Capítulo 22
"Volte sempre..."


Notas iniciais do capítulo

Milena: Ultimo capitulo gente, todos choram, ou não. Esse capitulo foi feito por nós duas, finalmente a Hoppe tomou vergonha na cara e me ajudou, brincadeira dear (ou não).
Enfim, depois desse nos vemos no epilogo, espero que não queram nos matar pelo fim, mas foi o que achamos certo.
Ok, deixa de enrolar Milena, boa leitura e comentem!



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Coloquei a última muda de roupa no grande malão, claro que poderia resolver tudo com magia, mas meu coração doía e eu queria ao máximo prolongar aquela tarefa, não queria encarar a dura realidade que aconteceria graças a minha decisão.

Eu voltaria para casa, deveria estar feliz. Então por que eu sentia que deixaria um pedaço de mim aqui, no passado? Por que a ideia de perder tudo que acontecera aqui me atormentava tanto e enchia meus olhos de lágrimas salgadas e dolorosas?

Eu não havia completado minha missão, não matara Lord Voldemort, tampouco o mudara, mas não conseguia mais ficar aqui, não com ele por perto.

Ri amargurada, enquanto fechava o malão. Como o destino era irônico, quem imaginaria que eu me apaixonaria pelo assassino do meu irmão, aquele que eu deveria matar?

– Você não pode fazer isso – uma voz infantil e doce me sobressaltou, fazendo com que eu olhasse para a porta, onde Sue estava, os olhos grandes e amarelos transbordando em lágrimas.

Fechei os olhos, meu coração esmagado e dolorido, não conseguiria encarar a doce e indefesa Sue agora, não quando esta possuía uma expressão facial tão sofrida e machucada.

– Você também irá me abandonar, Michelly? – ela perguntou e eu me obriguei a abrir os olhos novamente, eu merecia aquela dor.

– Sue, eu...

– É por causa dele, não é? – ela me interrompeu, a voz elevada – Você irá embora por causa de Tom Riddle, você vai fugir Michelly!

– Me desculpe, eu preciso ir – eu murmurei, as lágrimas descendo livremente pelo meu rosto – Desculpe, Sue, eu não posso mais fazer isso.

– Eu ficarei sozinha – ela falou para si mesmo, olhando para o nada – Primeiro Amanda, depois você...

Não deixei que ela terminasse a frase, a abraçando com força. Eu sentiria saudade de Sue, ela se tornara minha melhor amiga em tão pouco tempo.

– Se eu ficar, coisas ruins podem acontecer – murmurei, me culpava pela morte de Amanda, ela estava me protegendo e Tom a matara por isso – Eu não quero que você se machuque também, Sue.

– E você acha que não me machucará indo embora? – ela perguntou baixo, me olhando com olhos pedintes.

– Abraxas irá cuidar de você – falei, desviando nosso olhar – Vai ser melhor para todos, eu nunca deveria ter vindo para cá, eu estava cega, foi errado.

– Você queria vingança – Sue murmurou, sua voz parecendo mais sombria – Você veio para mata-lo, não foi?

– Como você... – deixei minha voz se perder, sem saber o que falar.

– Eu não sei muito bem, mas sei que você não é daqui, não é de nosso tempo – ela falou, sentando em sua cama, de frente para mim – E sei que veio para se vingar de Tom Riddle, mas não sei o porquê. Sei também que se ficar aqui, ele será a sua morte.

Eu estremeci ao ouvir a última frase, ela parecia distante, olhava para o nada, como se não falasse comigo e sim consigo mesma.

– Você deve ir – ela falou por fim, se virando para mim – Não quero que você morra, Mih.

Ela pareceu voltar a ser a Sue doce e inocente, os olhos voltaram a se encher.

– Só queria que não fosse necessário – ela veio para o meu lado, me abraçando – Sentirei sua falta, Michelly.

– Eu também Sue, eu também – murmurei, acariciando seus cabelos ruivos e chamativos.

Ficamos mais alguns segundos abraçadas, aos poucos o choro foi contido.

– Preciso dar uma volta – falei de repente, secando os últimos vestígios das minhas lágrimas.

– Tome cuidado – ela murmurou simplesmente, dando um sorriso triste.

Assenti, saindo do dormitório que eu já considerava como meu.

Coloquei as mãos nos bolsos das minhas vestes, tentando inutilmente me proteger do frio que fazia nos corredores sombrios das masmorras. Minha cabeça rodava e eu não sabia ao certo o que pensar, se eu estava fazendo o certo por que era tão doloroso?

– Então é verdade? – a voz fria e conhecida me assustou, me fazendo soltar um ofego baixo – Você irá fugir, Diggory?

– Tom... – murmurei, me virando para o garoto parado a minha frente.

Os cabelos levemente bagunçados pela corrente fria que passava pelos corredores, a expressão fria e dura, os olhos negros e sombrios, a postura intimidadora e o brasão Sonserino reluzindo em suas vestes.

– Me diga, Michelly – ele murmurou, se aproximando um pouco – É por minha causa?

– Não tenho mais o que fazer aqui – respondi, sem coragem de encara-lo – Eu falhei.

– Não conseguiu matar o assassino de seu irmão – ele falou, pegando em meu queixo e me obrigando a olha-lo – E por que não o fez, Diggory?

– Porque eu me apaixonei, eu me apaixonei por aquele que eu deveria odiar acima de tudo. Não posso mata-lo porque me apaixonei por ele, por um assassino – respondi em um ato estupido de coragem, não teria mais nada a perder de qualquer forma.

Ele me encarava intensamente, os olhos negros possuíam poucos traços esverdeados e um brilho vermelho e assustador, um ótimo pressagio, significando morte.

– Você foi fraca – ele murmurou por fim, a expressão impassível – Amar é uma fraqueza, Michelly, nos impede de conquistar nossos objetivos.

– Eu sei – concordei – Eu fui fraca por me apaixonar por você, Tom Riddle, e você foi fraco por corresponder a esse sentimento, foi fraco por não conseguir me matar também.

– Eu ainda posso te matar – ele murmurou, o brilho vermelho em seus olhos pareceu aumentar, enquanto sua expressão se tornava ainda mais sombria.

– Mas não vai – falei convicta, não sabia de onde saíra toda aquela coragem, mas as palavras simplesmente saiam de minha boca sem meu consentimento, eu queria ferir Tom Riddle, assim como ele me feriu.

– Não, eu não vou – também concordou, parecia irritado, mas não demonstrou qualquer emoção

Franzi a testa, tentando inutilmente ler seus olhos, fora em vão, mesmo que um por um segundo apenas ele pareceu abaixar o bloqueio que me impedia de lê-los, mas fora rápido. Suspirei, virando-me de volta ao caminho que eu seguia, contudo, seus dedos frios prenderam-se em torno do meu pulso. Olhei de soslaio para ele, esperando-o dizer algo, contudo, seus olhos mantiveram-se presos ao chão.

E então, sem nenhuma palavra sequer, ele me soltou, contudo, seus olhos continuaram no chão. A dor me atingiu novamente, era como se ele estivesse dizendo: "Pode ir, você está livre. Eu não ligo."

As palavras ecoavam pela minha cabeça, queriam sair de forma gritante, de forma que o machucasse tanto quanto me machucava, mas ao invés disso, apenas dei um passo para trás e segui meu caminho incerto.

***

Sue mantinha-se ao meu lado, em silêncio, agarrada ao meu braço apoiando seu pequeno corpo nele. Ela tremia e soluçava, mas as lágrimas já haviam deixado de cair. Ela já chorara demais, eu sabia que fora desde a madrugada passada em que eu acordara com seus soluços abafados sob o cobertor. Eu queria me levantar e abraça-la, consola-la, mas eu não tive coragem o suficiente para enfrentar sua tristeza, cara a cara. Eu era covarde demais, eu era fraca demais.

Chegamos ao corredor que levava diretamente á gargula que guardava a sala do diretor Dippet, Sue parou no meio do caminho fazendo-me parar também e encará-la. Ela ofegava e olhava na direção da gárgula com seus grandes olhos infantis, cheios d'água. Senti a maldita sensação dos meus olhos marejarem e a abracei. Ficamos longos minutos ali, abraçadas e caladas, sem nenhuma palavra sequer.

Eu a soltei, no momento em que a gárgula se abria e duas sombras desciam as sinuosas escadas. Olhamos para lá e estremeci ao reconhecer a primeira pessoa a descer as escadas. Seus olhos frios me evitaram e direcionaram-se á janela ao seu lado.

– Srta. Rowle... - a estranha Minerva McGonagall se pronunciou, logo atrás de Tom - Venha comigo... O diretor quer dar uma palavrinha com a senhorita, a sós.

Sue me fitou, os olhos bem abertos, ela continuava agarrada ao meu braço, seu corpo ainda tremia e pude ouvir sua respiração cada vez mais alta. Ela olhou em direção á Tom, que a fitou mortalmente, parecia irritado. Ela se encolheu e um estranho silêncio recaiu sobre nós.

Por fim, ela soltou-se do meu braço e deu pequenos passos até Minerva, que a seguiu em direção á gargula. Rapidamente, elas desapareceram pela entrada e o silêncio enlouquecedor voltou.

Tom mantinha-se parado perto da janela, como uma estátua. A fraca luz solar deixava sua pele mais pálida e contemplei seu belo rosto de marfim pela, talvez, ultima vez. Sua beleza inegavel e morbida era intrigante.

– Vou sentir falta, Diggory... - ele murmurou, as palavras eram tão diferentes das que ele costumava me lançar, que tudo me pareceu apenas minha tola imaginação novamente brincando com a minha cabeça.

– Do quê, Riddle? - perguntei, minha voz saindo sem emoção embora ainda estivesse confusa pelo tom de suas palavras.

Abaixei o rosto por um instante e no momento em que o levantei, Tom já estava á minha frente, sua respiração gelida batendo contra o meu rosto. Pisquei os olhos com força, livrando-me da onda de arrepios que percorriam meu corpo.

– Dos seus olhos... - suas palavras fizeram meus olhos se abrirem automaticamente -... ainda não consigo lê-los, sabia?

Pisquei mais uma vez, atordoada com o efeito que seus olhos e sua voz me provocavam. Ele riu gelidamente e tocou seu dedo frio em minha bochecha, aproximando seu rosto do meu, encostando seus labios levemente sobre os meus.

– Adeus, srta. Legrand... - murmurou de forma irônica, rindo mais uma vez - Volte sempre...

E então, afastou-se, andando majestosamente pelo sinuoso corredor, para longe de mim.

***

– Está com o objeto do qual usou para chegar á este tempo, srta. Diggory? - perguntou-me o professor Dumbledore e eu assenti, procurando pelos bolsos da veste, até encontrar a bolinha velha de plastico, a chave portal da qual me levara até aquele tempo.

Ele assentiu, pegando a bolinha cuidadosamente da minha mão. Apertei minhas mãos, umas nas outras, sem ter onde me agarrar, dessa vez não teria de voltar com as malas, tudo estaria diferente quando eu voltasse, seria como se eu nunca estivesse desaparecido daquela época.

– Mih... - Sue sussurrou ao meu lado, fazendo-me lembrar de sua presença silenciosa ao meu lado - Como acha que vai ser quando voltar para o seu tempo?

Olhei para o chão, pesando suas palavras. Não pensara em como seria quando eu voltasse. Tudo estaria diferente, Cedrico estaria vivo...

Ao ter aquele pensamento, um sorriso inesperado se abriu em meu rosto e pude sentir uma pequena pontada de felicidade. Ele estaria vivo...

– Vai ser tudo... melhor - sussurrei, ainda distraida pela estranha idéia de ter novamente meu irmão de volta, de poder vê-lo novamente.

Eu a encarei, e ela me lançou um meio sorriso, me abraçando mais forte.

– Srta. Diggory... - o professor Dumbledore tornou a me estender a bolinha, o diretor Dippet observando a tudo, intrigado - Está preparada?

Respirei fundo, assentindo, abraçando Sue mais forte e por fim, me soltando dela e pegando a bolinha das mãos de Dumbledore vendo-a acender no mesmo instante. Olhei pela ultima vez para os olhos azuis genuinos do Albus Dumbledore de 1943.

– Boa viagem, Michelly... - falou ele com ternura, sorrindo para mim com os olhos e então, tudo se escureceu e o chão pareceu deixar de existir.

***

– Ela não vai acordar... Desista... - vozes e risadinhas ecoavam ao redor. A deliciosa sensação do calor da lareira me envolvia, e eu sentia que uma pesada manta estava jogada sobre mim.

– Michelly! Michelly! - uma outra voz soou, tão reconhecivel á mim que senti a estranha sensação no meu peito, mas então, percebi que não havia mais nenhuma ferida ou cicatriz ali, a dor de antes, a dor a qual eu era obrigada a conviver, se fora. A voz era dele, não havia duvidas, era ele, eu continuava presa ao tom de sua voz, doce e fria, não queria abrir os olhos, sabia que era tudo um sonho, e se eu os abrisse, sua voz sumiria - Vamos, Michelly! Acorde!

Mãos quentes tocaram meus braços e me chacoalharam forçando-me a abrir os olhos, lentamente, sentindo que eu me distanciava do sonho, mas ao contrario do que eu pensara, a voz ficava mais nitida e real.

Era ele.

Arfei, ao olhar para o seu rosto palido e risonho, as bochechas rosadas adoraveis das quais eu sempre invejara, o sorriso maroto, e os olhos amendoados dos quais muitos diziam serem iguais aos meus.

– Cedrico? - perguntei.


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Notas finais do capítulo

Hoppe: ultimo cap gentee! D: comentem! Queremos saber oq estaum achando (: nos perdoem a demora e a sumida hahah. Obrigada pelos reviews do cap anterior (:
beijos ♥



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