– Rose? - chamou alguém distante.

Eu estava em um lugar escuro e não conseguia distinguir de onde vinha aquela voz.

– Rose? - chamou novamente dessa vez um pouco mais perto.

Minha visão aos poucos foi clareando e eu já conseguia ver algumas formas em meio a escuridão.

– Onde você está? - perguntou preocupado.

Eu sabia que aquela voz era conhecida, porém não conseguia me lembrar quem era seu dono.

Observei novamente o lugar onde me encontrava. Algumas formas se destacavam porém a maioria ainda não era reconhecível. No entanto, uma forma em particular me chamara a atenção. Era um menino.

– Rose? - perguntou novamente olhando para os lados.

Então com um estalo me lembrei de quem era aquela voz. Oh, aquela voz que eu tanto amava e que eu estava com tanta saudade.

– Scorp? - perguntei temerosa, aproximando-me um pouco dele.

– Rose! - suspirou aliviado e se virando em minha direção.

– Scorpius? É você? - indaguei incrédula.

– Sim, sou eu - murmurou se aproximando um pouco mais.

– Ah Scorp, como eu senti sua falta - falei acabando com a distancia e me jogando em seus braços.

O abracei com força e ele logo retribuiu com a mesma intensidade. Coloquei minha cabeça no vão do seu pescoço aspirando seu perfume.

– Também senti sua falta Rose, você não imagina quanto - murmurou em meus cabelos.

Levantei meus olhos com o propósito olhar aqueles mares azuis que me fitavam com saudade e amor.

Suspirei fechando os olhos e me aconchegando mais em seus braços.

–Ei, abra os olhos. Passei muito tempo sem ver eles, não os esconda de mim - falou segurando meu queixo e me obrigando a encará-lo.

Abri os olhos e o fitei novamente. Me perdi em suas orbes que me transmitiam aquela segurança que me fez falta naqueles meses.

– Você realmente está aqui... - ele sorriu docemente, doce até demais para Scorpius Malfoy. Suas mãos gélidas tocaram delicadamente meu rosto.

– E você também... - sorri antes de sentir seus lábios selarem os meus de forma ingênua.

– Rose!? - alguém falou de forma urgente em quanto me sacudia.

– Hm?? - murmurei sem entender direito o que acontecia.

– Rose acorda! - a pessoa me sacudiu um pouco mais forte.

– O que foi? - perguntei de forma arrastada ainda sem abrir os olhos.

– Estamos em aula, acorda - respondeu Mione.

– Tá bem - falei me virando para o outro lado e voltando a dormir.

Ouvi ao longe ela bufar irritada.

– Malfoy está aqui na nossa frente dançando Macarena.

– O que? - me levantei abruptamente e conseqüentemente caí no chão.

Olhei ao redor da sala procurando algo fora do comum e me voltei para Hermione que me olhava como se estivesse prestes a cair na gargalhada.

Foi então que eu percebi três coisas ao mesmo tempo. Primeira: Hermione havia mentido para mim. Segunda: A sala toda estava me olhando e rindo descaradamente. Terceira: Eu ainda estava no chão.

– Srta. Bennet? - Prof. Binns levantou os olhos do livro que lia e me fitando intrigado - O que faz no chão?

– Desculpe professor, eu caí - murmurei com vergonha e com o rosto pegando fogo.

– Ala Hospitalar - murmurou voltando para sua monótona leitura.

Me levantei rapidamente e saí da sala de cabeça baixa ainda escutando os risinhos de meus colegas.

Segui em direção a Ala Hospitalar me lembrando do meu sonho com Scorpius. Parecia tão real... Aquilo não poderia ser apenas um sonho comum. Algo dentro de mim me falava que foi mais que isso. Era de verdade. Eu realmente havia falado com Scorpius

Saí para o vento frio que passava pelos extensos e tortuosos corredores. Coloquei minhas mãos no bolso, tentando aquecê-las. Caminhei cabisbaixa, dispersa em pensamento e mal percebera a outra presença que se aproximava de mim, na direção contrária.

Nossos corpos se chocaram e rapidamente, levantei o rosto, encontrando os olhos gélidos e perturbados de Draco Malfoy. Ele me fitou com ferocidade e eu recuei um passo, diante do seu olhar.

– Licença... – sussurrou ele como um silvo ilegível passando por mim com certa rudez. Olhei por sobre o ombro, vendo-o andar rapidamente para o outro lado e logo em seguida, dobrando o corredor. Girei meus calcanhares e respirei fundo começando a segui-lo. No instante em que dobrara o corredor, eu o vi subir rapidamente os degraus da escadaria que levava ao 7° andar.

Encolhi-me na parede, esperando ele subir todos os degraus e quando finalmente subiu, me desencostei e corri subindo apressadamente os degraus, tomando cuidado para não tropeçar.

No corredor escuro do sétimo andar, consegui vê-lo dobrar outro corredor e sem hesitar, eu o segui. Um rangido foi ouvido e dei outro passo a frente, a tempo de vê-lo entrar em outra sala mais escura ainda.

Apertei minha varinha no bolso do casaco antes de recomeçar a andar. A porta se fechou e por uns minutos, esperei. Logo que ela desaparecia magicamente, agarrei a maçaneta e abri a porta.

Adentrei na imensa sala escura, sombras altas de entulho se faziam logo a minha frente e logo, o desespero de não conseguir ver nada, me abateu.

–Draco – sussurrei em meio à escuridão O silêncio foi a única resposta, no entanto, sabia que ele estava lá. Conseguia sentir no ar, a fragrância de seu perfume e conseguia também sentir sua presença a quilômetros de distância – Sei que está aí! Vamos, me responda!

– Saia daqui, Rose – murmurou ele me sobressaltando. Sua voz estava perto, perto demais.

– Apareça! – exclamei procurando pelos meus bolsos, minha varinha.

– Já disse para sair! – sua voz estava mais perto, igualmente ao seu cheiro e o calor que emanava de seu corpo.

Estava mais perto, ouvi seus passos e logo em seguida, senti sua respiração contra o meu rosto.

–Lumus – um silvo baixo soou juntamente de uma pequena centelha de luz que saia de sua varinha. Iluminou seu rosto e seus olhos metálicos – Satisfeita? – o sarcasmo e a fúria emanavam de sua voz.