Numb Of Love escrita por Mih Ward


Capítulo 16
Capítulo 15




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O fraco feixe de luz produzido pela varinha só me possibilitava ver o contorno de seu rosto e seus olhos. Olhos estes que me fitavam com ódio, porém, ao encarar um pouco mais suas orbes cinzas eu conseguia ver a angústia presente neles.

– O que aconteceu? - ignorei sua expressão e me prendi naquela centelha de angústia.

– Não é da sua conta - sua voz saiu de modo rude e a fúria estava estampada em seus olhos acinzentados.

– Por que está agindo assim? - perguntei exasperada.

– Já lhe disse, não interessa - desviou seus olhos dos meus, porém, antes consegui ver o seu desespero.

Ele estava sofrendo, constatei com um aperto no coração. Isso não era certo, eu precisava tirar aquela dor de seus olhos.

– Me conte Draco - murmurei suavemente enquanto passava a mão por seu rosto delicadamente, querendo de alguma forma o confortar.

Ele ficou um tempo me encarando, em seu olhar não havia mais ódio, apenas desespero, dor e confusão.

– Me deixe ajudá-lo - supliquei desesperada ainda acariciando seu rosto.

Seus olhos se fecharam em reflexo. Parecia que ele não conseguia se mexer, como se meu toque o tivesse paralisado

– Por favor - implorei baixinho e uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

Eu não conseguia vê-lo assim, eu precisava ajudá-lo. Ele ainda não se movia, nossos rostos estavam próximos e eu sentia sua respiração fria batendo em minha face.

– Draco? - chamei preocupada.

Ele abriu seus olhos e pareceu notar nossa proximidade e minha mão acariciando seu rosto.

– Não... - murmurou baixinho - Não, não - falou com mais firmeza tirando minha mão de seu rosto e se afastando de mim.

– Por que? - indaguei - Por que não me deixa ajudá-lo? - me aproximei novamente e minha mão voltou ao seu rosto.

Seus olhos se fecharam novamente, porém, não durou muito tempo.

– Não, me solte - sua expressão de dor foi substituída por fúria e ele se afastou de mim bruscamente.

– Draco... - pedi suplicante, meu coração estava apertado como se alguém o tivesse esmagando naquele momento.

– Não, saia daqui Rose - Draco disse de maneira rude.

– Não! - eu falei um pouco mais alto, ele não podia fazer aquilo consigo mesmo.

– Sim Rose, SAIA! - gritou, me assustando e fazendo com que eu desse dois passos para trás por reflexo.

– EU NÃO VOU A LUGAR NENHUM - me descontrolei e gritei também.

Ele me olhou com ódio e se aproximou perigosamente. Automaticamente dei mais dois passos para trás e encostei em uma parede.

– Vai sim - sibilou ficando a poucos centímetros de mim.

– N-não - gaguejei devido a sua proximidade e a seu olhar.

– Vai - sorriu sarcasticamente, pegou meu braço direito com força e me puxou para mais perto dele.

– Me solta Draco! Está me machucando! - ofeguei com seu aperto.

– Não! - gritou transtornado - Você tem que entender que eu preciso que você saia agora!

– Por que? - murmurei fracamente.

– Porque sim! - falou me apertando mais ainda.

– Draco, pare por favor... Você está me machucando - sussurrei e duas lágrimas escaparam de meus olhos.

Ele me fitou por um momento e aos poucos o seu ódio foi diminuindo e junto seu aperto. Foi chegando mais perto de mim e nossas respirações se misturavam. A minha quente e a dele fria. Como fogo e gelo.

– O qu... - comecei, porém, meu protesto foi interrompido pelos seus lábios frios.

Não foi um beijo calmo, era desesperado, rude. Parecia que ele queria colocar toda sua dor e angústia naquele beijo. Ele não se importava em me machucar, porém, eu também não me importava. Sentia que ele precisava daquilo, precisava se livrar da dor...

Ele parou de me beijar abruptamente, soltou meu braço e se afastou. Senti novamente aquela estranha pontada, mas não me importei. Draco foi em direção a porta e saiu rapidamente da sala. Mesmo atordoada com suas reações, o segui.

Ele seguia rapidamente pelos corredores e escadas e eu tinha que correr para acompanha-lo. Depois de alguns minutos eu não conseguia vê-lo mais e não fazia ideia de onde estava. Parei de correr ofegante e olhei ao redor.

O corredor onde me encontrava era frio e pouco iluminado. Um calafrio percorreu minha espinha e eu me pus a correr novamente. Minhas pernas doíam e eu tive que parar mais uma vez, parecia que eu andava em círculos pois eu me encontrava no mesmo corredor.

Minhas pernas fraquejaram e eu escorreguei em direção ao chão. Não tinha forças para levantar e aquele lugar me dava arrepios. 
Não sei ao certo quanto tempo fiquei ali, sentada contra a parede e ofegando. Poderiam ser apenas segundos, minutos ou horas. Minha cabeça latejava, meu cérebro ordenava que eu saísse daquele lugar o mais rápido possível, mas meu corpo não me obedecia mais.

– Quem é você? - uma voz me perguntou.

Outro calafrio veio em minha espinha quando levantei a cabeça para ver o dono daquela voz. Era o fantasma da Sonserina, Barão Sangrento. Estava flutuando ao meu lado com suas vestes banhadas de sangue.

Eu não conseguia encontrar minha voz para responder-lhe e tudo que eu fiz foi encará-lo temerosa.

– Eu perguntei quem é você - repetiu impaciente.

– Rose We... Bennet - concertei rapidamente.

– O que faz nas masmorras? - perguntou me olhando desconfiado.

– E-Eu me perdi - gaguejei.

– Não deveria está no Salão Principal? Almoçando? - indagou ainda com desconfiança.

– O Prof. Binns me mandou para Ala Hospitalar e eu acabei me perdendo pois sou nova aqui - menti.

– Venha - murmurou simplesmente.

– Como? - perguntei sem entender.

– Eu disse venha, a não ser que queira passar o dia todo aqui - falou impaciente.

Me levantei devagar tentando me equilibrar em minhas pernas que estavam bambas. Assim que consegui equilíbrio o fantasma se afastou de mim e eu o segui rapidamente.

Em nenhum momento ele olhou para trás para ver se eu o seguia. Depois de alguns minutos eu comecei a reconhecer os corredores que eu passava. Ele parou na porta do Salão Principal e se virou para mim.

– Pronto - falou aparentemente entediado.

– Obrigada - agradeci verdadeiramente.

– Vê se não se perde mais - foi só o que falou antes de atravessar uma parede sumindo de minha visão. Suspirei e adentrei o Salão Principal. Me sentei ao lado de meus amigos murmurando um cumprimento qualquer.

Remexia minha comida sem conseguir ingerir nada. Hermione me olhava preocupada e chegou a perguntar se tinha acontecido alguma coisa, mas eu murmurei algo como sim e ela voltou a conversar com o Harry e o Rony sobre o Torneio Tri-Bruxo. Pelo que entendi os alunos de Durmstrang e Beauxbatons chegariam no dia seguinte.

O resto do dia se passou arrastado e eu não conseguia prestar atenção em nada. Na aula de Transfiguração acabei transformando meu sapo em um diabrete da cornualha que voou pela sala inteira e só foi contido depois de um tempo com o feitiço Rictusempra, lançado pela Prof. McGonagall, que o atordoou por um momento e só assim Harry conseguiu pegar ele. Mas isso tudo fez com que Neville desmaiasse e Simas teve que levá-lo para a Ala Hospitalar.

Depois do jantar me despedi rapidamente dos meus amigos e fui rapidamente para meu dormitório.

Mal encostei na cama e apaguei, ainda com meu uniforme. 

Estava novamente naquela sala escura que encontrei Scorpius no meu último sonho.

– Rose? - escutei a voz de Scorpius me chamando.

– Scorpius? - perguntei indo em direção a voz.

– Aqui - murmurou aparecendo a minha esquerda.

– Scorp! - o abracei forte e lágrimas caíram dos meus olhos.

– Xii, calma Rose - murmurou sem jeito enquanto afagava meus cabelos desajeitadamente - Não chore.

– Eu quero voltar para casa - falei contra seu peito.

– Onde você está? - perguntou preocupado.

– No passado - respondi.

– Como assim no passado? - se assustou.

– Não sei, eu simplesmente acordei aqui. No ano que nossos pais estudavam...

– Mas... - começou porém logo o interrompi.

– Não me pergunte sobre isso tá? Não quero falar sobre esse assunto agora - eu disse levantando meus olhos para encará-lo.

– Tudo bem - concordou me puxando para mais perto.

– Como estão meus primos e meu irmão? - perguntei curiosa, eu sentia tanta saudade de casa.

– Todos estão malucos a sua procura Rose, você sumiu sem deixar rastros e seus primos estão se sentindo culpados. Seu pai e seus tios estão desesperados, e da última vez que eu vi sua mãe parecia desolada - falou de modo triste.

Lágrimas banhavam meu rosto todo agora, e eu soluçava.

– Eu sinto - soluço - tanta falta - soluço - deles - soluço.

– Eu sei Rose, mas não chore tá bem? Tudo vai dar certo - tentoume reconfortar.

– Eu sei... - murmurei - Tudo vai dar certo - repeti suas palavras me aconchegando mais eu seu peito.



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