Acordei com os familiares socos na porta.

– Levanta já dai! – exclamou Jane do corredor.

– Já vou! – gritei de volta.

Eu me levantei rapidamente e me arrumei. Coloquei uma calça jeans, com uma blusa preta, meu tênis velho e minha blusa de frio. Peguei a carta da escola de feitiço e a coloquei dentro da mochila. Primeiro eu vou à escola e depois vou a FeitiçoTec.

Ai, que medo! Se nervosismo matasse eu já estaria gelada e dura no chão a muito tempo.

A aula foi normal: super chata e mega entediante. Aff! Mas mesmo assim não deixei de ficar nervosa um único segundo, tive que ficar atenta com as minhas reações, se não meus olhos poderiam mudar de cor. Ainda bem que agora já é o ultimo horário.

Pééééééénnnnnnnnnn (isso era pra ser o sinal da escola) Ô coisinha brega!

Todos começaram a sair correndo da sala, parecia ate que iam tirar o pai da forca. Eu hein! Não me levantei da cadeira. Para poder ir a FeitiçoTec vou ter que perder a carona da Jane, se ela me ver antes de ir embora ela com certeza me arrastaria ate o carro.

Depois de um dez minutos apareceu o pessoal da limpeza, essa é a minha hora de sair. Levantei e caminhei ate a saída do colégio.

Já na rua, tirei a carta da mochila e fui em direção ao endereço. O lugar deu em um prédio com a pintura desbotada por causa do tempo. Ao lado da porta avistei um homem com um paletó velho e um pouco rasgado.

– O que a trás aqui jovem? – perguntou o homem com a voz grossa. Ele é de dar medo.

– Eu tenho hora marcada. – eu lhe disse e mostrei minha carta.

– Pode entrar. – disse me dando um sorriso e abrindo a porta.

Engoli em seco e entrei. Dei em uma sala muito bonita e bem ampla. Aqui dentro é bem diferente e muito maior do que aparenta ser do lado de fora. É quase tudo branco e tem um balcão grande no canto da sala. Reparei em alguns meninos e adolescentes conversando no final do corredor que fica do lado do balcão. Todos eles usam estranhos uniformes: um sobre tudo preto com uma fina corda amarrada na cintura.

Atrás do balcão se encontrar uma mulher jovem com a pele clara, cabelos loiros, cacheados e volumosos. Escrito em sua blusa li seu nome: Rayane Willians. É a mesma moça que me atendeu no telefone ontem a noite.

– Bom dia! Em que posso ajudar? – perguntou ela.

– Sou Isabella Corvin, eu te liguei ontem. – eu lhe disse.

– Ah, sim. Sente-se, por favor, daqui a pouco irei chama-la. – disse sorrindo e indicando as cadeiras atrás de mim.

Agradeci sorrindo, caminhando em direção as cadeiras e me sentei esperando ela me chamar.

Estou tão nervosa que fiquei com medo de que meus olhos fiquem azuis, eles sempre mudam de cor quando estou com raiva ou nervosa. Passei o tempo tentando me controlar e imaginando o que me espera atrás daquelas portas.

– Senhorita Swan? – chamou Rayane depois de alguns minutos.

Permaneci de cabeça baixa por mais alguns segundos, tentando controlar meu nervosismo.

– Sim. – respondi levantando a cabeça assim que tive certeza de que meus olhos estavam na cor certa.

– Pode entrar! Jenk esta esperando você. – ela disse apontando uma porta a sua esquerda, na entrado do corredor.

Perae! Ela disse Jenk? É o mesmo Jenk que eu estou pensando? Ele esta aqui? O que ele faz aqui? Não, não pode ser o mesmo. Pode?

Fiquei me perguntando enquanto fui em direção a porta que ela me indicou. Abri e paralisei quando vi quem estava atrás da porta, na cadeira onde deveria ficar o diretor encontra-se o próprio Jenk Smith, ao vivo, em carne e osso.

– Venha cá menina. Precisamos conversar.

Jenk me contou varias coisas. Disse que antes mesmo de me conhecer já sabia que eu era uma feiticeira, que ele também é um feiticeiro, que na verdade usou um feitiço e descobriu que fui eu que mexi no computador do cartório e que foi ele quem me mandou a carta.

Jenk também disse que conheceu minha mãe e que ela também estudou aqui junto com ele, mas que ele nada sabe sobre o meu pai.

– Bem... Agora que já lhe expliquei algumas coisas... Gostaria de ser uma das alunas da FeitiçoTec? – ele me perguntou.

– Sim, sim, sim!

Fiquei tão feliz que não consegui me conter, corri e pulei em seu colo lhe dando um grande abraço apertado.

– Ótimo, que bom que você aceitou. Venha, vou lhe mostrar toda a escola. – disse ele assim que o soltei.

Ele me mostrou tudo: as salas de feitiço, as de poções e as de treinamento para lutas, tinha um pessoal treinando em uma delas e acabamos ficando lá um pouco vendo o treinamento, apos muita insistência minha é claro. Tem ate dormitórios para alguns alunos que treinam ate mais tarde. Ele me apresentou a todos os professores e treinadores, que não são muitos. Quando ele acabou de me apresentar tudo, voltamos para a sua sala.

– Isabella, se você quer mesmo estudar aqui, tem uma regra que você tem que obedecer. Caso contrário, você pode ser expulsa. – disse-me ele bastante serio.

Acenei com a cabeça, indicando para que ele continuasse.

– Você não pode contar a ninguém, principalmente para Alec e Jane, que nós existimos. Eles e nem ninguém podem desconfiar da nossa existência. Você promete guardar segredo?

– Sim, eu prometo. – falei e levantei a mão direita como um juramento.

Jenk abriu um sorriso com a minha reação.

– Mas, Jenk... Tem um problema. – disse começando a ficar preocupada.

– O que é Isabella? – perguntou sem mudar a expressão de seu rosto.

– Jane e Alec não vão me deixar estudar aqui. – minha voz saiu falha. Eu não acredito que vou perder a única coisa boa que já aconteceu em minha vida!

– Não se preocupe com isso. Tenho uma ideia. Vou a sua escola esse fim de semana e vou falar com o diretor que você esta tendo aulas particulares, vou fazê-lo te liberar depois do recreio e assim você vem pra cá. Quando der o horário final das aulas você volta para a escola. Não é tão longe! As aulas de feitiço serão mais curtas, então você demorara mais para se formar. Mas é a única solução que encontrei. Você terá as suas aulas e Jane e Alec não vão descobrir nada. O que você acha?

– Perfeito! Mas... você sabe que eu não tenho dinheiro para pagar as aulas néh?

– Tudo bem, aqui é tudo de graça para os alunos... e a proposito aqui esta o seu uniforme. – Jenk me entregou uma caixa que estava debaixo de sua mesa.

– Obrigada. – dentro da caixa estava o mesmo uniforme que eu tinha visto nos meninos: um sobre tudo preto e a fina corda para amarrar na cintura.

– Não falte na segunda-feira, você precisa escolher suas aulas e a sua varinha para poder começar. – Jenk se levantou para se despedir.

– Eu vou vir, pode contar comigo. E por favor, me chame de Bella. – lhe disse dando um beijo em seu rosto. Guardei meu uniforme na mochila e na saída me despedi da Rayane.