Pov Bella

– Fala mais alto, idiota! Tenho certeza de que não te ouviram na cidade vizinha. – falei dando um soco no seu braço. A lei primordial de todo ser místico é viver sem que os humanos saibam sobre nós. E esse cabeção aqui grita que eu sou uma feiticeira?! Tenha dó!

– Então estou certo? – ele perguntou esfregando o braço, assenti uma vez. – Prove.

– Você é mesmo um cabeça dura hein? – falei desviando os olhos agora azuis.

Se ele quer uma prova, então vai ter um prova. Me concentrei na corda a nossa frente, a que estava amarrada nele. Percebi que quando o Jacob olhou pra mim ficou assustado ao ver os meus olhos mudarem de cor, o ignorei e voltei a me concentrar.

Usando o meu escudo mental levitei a corda e a estiquei, desfazendo todos os nós que estavam nela. A enrolei do jeito que os caubóis fazem, com um simples movimento da mão fiz minha varinha aparecer flutuando na minha frente.

Nessa hora o Jacob deu praticamente um pulo do chão, ri da sua reação, mas sem tirar os olhos da corta flutuante.

Peguei a Panther na minha frente e com um movimento com a mesma, fiz a corda pegar fogo que em segundos virou cinzas. Fiz a varinha levitar na minha frente novamente e a fiz sumir na mesma velocidade em que apareceu.

Abri um grande sorriso nos lábios e olhei para o Jacob. Ele ficou paralisado olhando com terror as cinzas da corda e depois olhando pra mim. Meu sorriso se desfez e os meus olhos voltaram ao normal.

– Qual é o problema? – perguntei confusa.

– Eu realmente espero que você jamais fique com raiva de mim. – ele falou forçando um sorriso, eu sorri de volta.

– Então tá, você descobriu a metade do que eu sou, qual é a outra metade?

– Uma ajudinha? – ele pediu.

– Que tal uma charada? – perguntei me levantando e sentando no chão a sua frente.

– Não vou conseguir nada melhor que isso? – ele perguntou com os olhos cerrados.

– Não. – respondi rindo.

– Fazer o que? Fala a tal charada então. – disse ele desistindo.

– Não é espelho, mas reflete o que esta bem na frente. – falei e quase tive certeza de ele não saberia responder. Quase, porque o lobinho na minha frente começou a falar sem parar.

– Ah! Agora tá fácil! Tenho certeza de que seja lá o que “estiver na frente”... – ele falou colocando aspas na frase usando os dedos. – esta na frente de um de nós dois e se fosse à minha frente não faria nenhum sentido, então está na sua frente. E como sou eu que estou na sua frente e eu sou um transfigurador, então você... também... é... uma... transfiguradora?

Primeiro ele começou falando cheio de si. Eu mereço isso? Mas no final a sua afirmação acabou virando uma pergunta por causa da sua enorme confusão. E eu confeço que eu não esperava dele acertar.

– É, eu também sou uma transfiguradora. – disse eu e comecei a rir quando a ficha finalmente caiu pra ele.

Ele arregalou os olhos, e eu juro que vi um brilho estranho neles, e me abriu um enorme sorriso.

– Legal! Eu nunca tinha visto uma loba antes! – ele falou com a voz cheia de admiração e aquele tal brilho ficou ainda mais intenso.

Essa não! Agora ele esta achando que eu sou a única fêmea da espécie dele! Ferro tudo! pensei ainda sentada no chão. Ele rapidamente veio em minha direção meio agachado, não tive muito tempo para reagir e para me afastar me arrastei o mais rápido que pude de costas para longe dele.

– Olha, não vá tirar conclusões erradas! E eu tenho namorado que é o Edward! – falei com raiva enquanto ele continuava a vir pra cima de mim. Safado! Tarado! Sem vergonha! Sai de perto de mim. pensei ainda me afastando dele, mas ele paralisou quando eu falei que o meu namorado é o Edward.

– Mas ele é um vampiro! – ele falou surpreso.

– Eu sei disso! E dai? – eu o desafiei, ele esta começando a me tirar do serio!

– Mas você é uma loba! – ele tentou argumentar.

– Espera ai! Eu falei que eu sou uma transfiguradora e não que eu me transformo em lobo.

– Se você não vira lobo, vira o que então? – ele me desafiou com raiva. Ele acha mesmo que eu mentiria sobre isso! Ah! Que vontade de dar um soco nele!

– Eu viro uma pantera. – falei com orgulho. Eu já falei que eu amo ser pantera? Não? Então acabei de falar. Ele fez a mesma careta de quando não acreditou que eu fosse uma feiticeira.  Não acredito que eu vou ter que provar de novo! Que saco! Por que é tão difícil pra ele acreditar em mim?

Me levantei rapidamente e fiquei de frente pra ele que ainda estava meio agachado no chão.

– Olha aqui! Se você não acredita em mim, azar o seu! Eu não tenho que te provar nada. – falei com raiva, eu odeio quando as pessoas duvidam de mim. Com certeza os meus olhos ficaram azuis depois dessa. Dei as costas pra ele e andei em passos duros pra dentro da floresta.

– Ei espera! Eu não quis te deixar com raiva! – ele falou e eu o ouvi se levantar para vir atrás de mim, comecei a correr ao entrar na floresta e quando fiquei longe da sua vista deixei o calor tomar meu corpo e me transformar.

Ele não queria me deixar com raiva? Primeiro ele começa me chamando de bruxa, eu odeio quando me chamam de bruxa; depois tive que provar que sou uma feiticeira, eu nem tive que provar isso ao Edward; logo em seguida ele dá em cima e agora ele quer que eu prove que eu sou meio pantera? Minha paciência não é tão grande assim não! Mas... talvez... talvez eu tenha exagerado um pouco. Será que eu exagerei? Droga! Agora eu vou ficar com a consciência pesada. Não acredito que eu vou ter que me desculpar com ele!

Escutei os passos do Jacob logo atrás de mim, mas seus passos estavam pesados, tenho certeza de que ele se transformou. Ainda sem estar ao alcance dos seus olhos subi na primeira arvore que apareceu na minha frente. Fiquei brigando comigo mesma se eu deveria me desculpar ou o deixar ali mesmo e ir embora.

Não demorou muito pra ele aparecer por entre os arbustos e como eu imaginei, ele estava em sua forma de lobo. Continuei com a minha briga interna entre descer e pedir desculpas ou lhe dar as costas e sair.

Ele se aproximou lentamente da raiz da arvore olhando para os lados me procurando. Antes de ele dar mais um passo vi que ele pisaria em outra armadilha, igual a que ele estava preso quando o encontrei.

Agi por puro impulso de proteção, saltei do galho pousando bem ao lado do lobo que era bem mais alto que eu, mas eu ainda era a maior. Não dei chance para a reação dele, com um empurrão eu o derrubei para longe da armadilha. Mas eu mesma acabei pisando na corda que se enroscou na minha pata da frente e me lançou pra cima, me deixando dependurada na arvore.

Vi o lobo me olhar assustado antes de entrar nos arbustos. Desviei minha atenção dele e tentei pensar em um jeito de sair dali.

Eu podia cortar a corda como eu fiz antes, mas se eu errar vou acabar ferindo meu braço. Não! Essa com certeza não é uma boa ideia. Ou então eu posso me transformar de volta e escalar a corda, quando eu chegar lá em cima é só desamarrar a corda. Nossa! Isso é tão obvio! Sorri comigo mesma.

Me concentrei e o calor fluiu pelo meu corpo me transformando de volta em humana. Foi só então que eu vi que o Jacob havia voltado e me olhava de olhos arregalados e com a boca aberta.

– Que foi? Nunca me viu não? – falei com ironia enquanto segurava a corda com a minha mão que estava presa, aliviando um pouco a pressão no meu pulso.

– Como... como foi que... que você...? – ele começou a gaguejar fazendo varias movimentos com as mãos e os braços, não entendi nenhum dos movimentos, o olhei confusa por um tempo, mas logo revirei os olhos desistindo de entender.

Comecei a escalar a corda, pouco mais de dois metros de corda eu alcancei um galho grosso o bastante para suportar meu peso. Me dependurei no galho e balancei, com agilidade eu pousei agachada no mesmo. Desamarrei a corda do meu pulso e a deixei em cima da arvore mesmo. Saltei do galho e com um baque fraco aterrissei no chão. Olhei para o Jacob, cruzei os braços por impulso apenas e esperei ele falar finalmente.

– Como foi que você se transformou de volta? – ele perguntou, as palavras saíram forçadas e a frase ficou completamente sem sentido pra mim.

– Eu hein? Do mesmo jeito que você faz. Qual é a curiosidade nisso? – perguntei com as sobrancelhas juntas em confusão.

– Não foi isso que eu quis dizer, quando eu me transformo eu sempre rasgo as minhas roupas. Com você não é assim? Você não rasga as suas roupas quando se transforma?

– Ah! Sim, eu sempre rasgo minhas roupas. Mas você se esqueceu de que eu sou uma feiticeira? – perguntei brincando e não o esperei responder minha pergunta retorica. – Tenho um feitiço que faz as minhas roupas sumirem antes de eu me transformar e reaparecerem antes de eu me transformar de volta. Isso acontece tão rápido que nem dá pra perceber.

– Que espécie de feitiço é esse?

– É parecido com o feitiço que eu faço pra fazer a minha varinha aparecer e desaparecer quando eu quero só que é mais poderoso. – expliquei, ou tentei explicar pelo menos.

– Isso parece ser bem legal. – ele confirmou, mas parecia triste. – É extremamente horrível quando eu não consigo me controlar e acabo me transformando sem querer. Quando consigo me controlar não posso voltar à forma humana, não com outras pessoas por perto, é muito constrangedor quando eu vejo minhas roupas rasgadas a minha volta.

Me senti triste por ele . Já passei por isso varias vezes, ainda bem que foi só com o Jenk por perto, ter uma pessoa olhando já é bem desagradável, imagina quando é mais de uma. Se bem que o Jenk foi um verdadeiro cavalheiro comigo, nunca me olhou por mais de um segundo durante minhas transformações acidentais, sendo que ele só precisou desse tempo para perceber que eu estava sem roupas. Ele percebeu o quanto isso me incomodava, assim pesquisou entre vários feitiços e poções até que encontrou um feitiço que me ajudou. Perdi a conta de quantas vezes o agradeci por isso.

Jacob é, sem duvidas, bem convencido, mesmo assim tenho certeza de que seremos bons amigos. Bom... acho melhor dar o primeiro passo para uma amizade, ele parece ser um cara legal.

– Olha Jake. Posso tentar fazer um feitiço em você, mas não tenho certeza de que vai dar certo. – falei com a voz um pouco triste. Eu realmente não sei se isso vai funcionar, eu nunca fiz esse feitiço, foi o Jenk que o fez em mim.