- E então, como foi lá quando você saiu de sala? – Lizz não parava de balançar os braços e as pernas. Eu comecei a ficar nervosa.

- Calma Lizz. – Disse, segurando as suas pernas para ela se aquietar. Ela botou a mão na boca e mordeu. Já era normal isso. – Após a aula, como não tínhamos nenhuma companhia, resolvemos ficar juntos e conversar no Lago.

- E ai?

- E ai que nada. – Eu mexi minhas mãos trêmulas e balancei as pernas, mordendo os lábios. – É o Draco, ele só tava me fazendo companhia porque era isso ou ficar sozinha. – Eu ri e Lizz me acompanhou.

- Quero conhecer ele. – Lizz disse jogando o cabelo pra trás com uma mão.

- Ah claro. Você quer conhecer ele, mas ele não quer conhecer você. Lizz, ele é o Malfoy e você é nascida-trouxa.

- Quando vocês ficarem amiguinhos você me apresenta ele, ora. – Ela disse, dando um peteleco na minha testa. Doeu.

- Eu não vou ficar amiguinha dele, credo, que nojo. Sem chance.

Lizz deu de ombros. Ouvimos passos apressados, e ela olhou para trás. Olhei para frente e vi Fred andando na minha direção, seu rosto expressado por uma raiva súbita. Angelina corria ao seu encontro, a mesma expressão de Fred.

- Você é um idiota! – Ela disse, batendo o pé quando ele se sentou ao meu lado. – Como você pode me trocar por essas duas?

- Porque eu estou cansado de você, Angelina. – Ele disse, em uma voz calma, mas com a mesma cara. – Cansado dos seus ciúmes. Você tem que aceitar que eu tenho amigas e preciso de um tempo livre de... de... Ah, esquece.

- Um tempo livre do que, Fred? – Ela disse cruzando os braços. Sua cara de raiva foi imensamente engraçada e Lizz tapou a boca rindo. Eu queria rir também, mas não iria fazer isso.

- Tempo livre de você. – Ele disse, agora se levantando. Ele chegou perto da namorada, alisou os braços dela. Lizz parou de rir. - Você também poderia ter um tempo para você, sabia? – Ele a abraçou, e Lizz se levantou.

- Com licença Emma, Summer está me chamando. – Ela disse, e saiu o mais rápido possível dali. Acompanhei-a com o olhar e tinha quase cem por cento de certeza que ela estava chorando. Ao olhar mais uma vez para Angelina e Fred, vi-a indo embora e ele se sentando novamente ao meu lado

- Tive que mentir para ela. Se não, íamos brigar e não estou com saco de fingir um arrependimento. – Ele botou as mãos no rosto. As pernas apoiando seus cotovelos.

- Posso te perguntar uma coisa? – Eu disse, mas não esperei ele responder. – Porque você ainda está com ela?

- Para não ficar sozinho. Eu gosto dela, mas... Ela é difícil de lidar.

- Você não gosta dela, Fred. No máximo, isso é amizade.

- E daí? Antes eu ficar sofrendo com ela do que sofrer sozinho.

- Sofrer? – Eu balancei a cabeça. – Do que você está falando?

- Realmente Emma... Eu não gosto de Angelina. Gosto de outra pessoa. – Ele olhou para mim, deu um longo suspiro e abaixou a cabeça, brincando com os polegares. – Mas não estou pronto para falar quem.

Não questionei. Botei minha mão em seu ombro, e ele me olhou. Posso não sentir um sentimento profundo por Fred, mas aqueles olhos verdes cheios de lágrima estavam produzindo um efeito nauseante em mim.

- Quando você estiver pronto, eu estarei aqui. – Eu o abracei. Depositei um beijo demorado em sua bochecha. – Mas acho que além de você dar atenção para mim, deveria dar atenção a Lizz.

- Lizz? Porque a Lizz? O que ela tem haver com isso? – Ele pareceu desesperadamente nervoso. Eu não entendi o porquê e fiquei olhando para ele com uma cara de ponto de interrogação e exclamação.

- Ela sente falta de você. Além de Angelina, você só fala comigo e com o Jorge. Lizz sente como se estivesse morta pra você.

- Sério? Porque não me disseram isso antes? Quando eu tiver um pouco de tempo amanhã, eu vou convidá-la pra andar comigo e ai a gente vai... – Ele me olhou. Ele sabia que não era esse o certo, nem o que ele queria. Mas estava com medo de Angelina. Ele respirou fundo e olhou para baixo mais uma vez. Um suspiro, dois suspiros, três suspiros... Fred deu um pulo e me deu vários beijos na bochecha. Eu estava assustada demais para responder a reação dele. – Tchau. – Ele se virou e correu para a mesa da Corvinal, onde estava Jorge, Summer, Luna e... Lizz. Eu não acreditei, ele iria conversar mesmo com Lizz. Foi a minha vez de olhar para baixo, mas então abri um sorrisão e deixei o Salão Principal.

Andava por um corredor, quando me esbarrei com uma Hermione estranhamente cansada.

- Hermione? Você está bem? – Perguntei preocupada.

- Emma? Hã? O que? Ah. – Ela se espreguiçou e bocejou. – Estou ótima.

- Tão ótima quanto eu... O que você tem? Diga-me, por favor.

- Estou bem. De verdade, Emma. Agora preciso ir. Até mais. – E saiu cambaleando pelo corredor com a mochila quicando nas suas costas.

Andando pelos corredores, tantas pessoas felizes, sorrisos por todos os lados. Porque eu estava me sentindo tão só?

- Ei, Underwood! – Ouvi uma voz chamar meu nome. Me virei rapidamente.

- Ah... Oi, Malfoy. – Olhei-o e ele contribuiu.

- Então... Aula de quê agora, mestiça?

- Poções. – Fiz um sorrisinho pressionando os lábios e depois uma cara de desagrado. Porque ele estava falando comigo? Ele me encarou com aqueles olhos azuis. Eu desviei o olhar. – E você?

- Defesa Contra as Artes das Trevas, com aquele professorzinho... Lupin. – Ele fez uma cara de repulsa e eu fiz de tudo para não gritar com ele. Afinal, era Malfoy. Não podia culpá-lo.

- Eu adoro o professor Lupin, ele é demais. – Abri um mega sorriso para intimidá-lo. Ele ficou me olhando como se eu fosse um espelho onde ele queria se refletir.

- O que tem entre a sangue-ruim e o Weasley? – Ele me perguntou. Senti meu coração apertar de raiva e dor. Por quê? Também queria saber.

- Não há nada entre a Hermione e o Rony, e eu gostaria que você...

- Eu estou falando da Lizzabeth Longbottom e do Fred Weasley. – Ele me interrompeu. Senti um alívio, porém raiva mais uma vez.

- Lizz e Fred são amigos e, por favor, quer parar de falar que os meus amigos são sangues-ruins? Isso não me interessa, são bruxos do mesmo jeito. Não vou ficar discutindo isso. Tchau. – Eu me virei e ia indo quando ele me puxou pelo braço.

- Espera, desculpa. Não foi por querer. Simplesmente eu já estou acostumado. – Ele disse quando eu me virei para ele. Agora, ele havia soltado minha mão.

- Que costumes hein.

- Não entendo. Os pais do Neville são bruxos. – Ele me ignorou e voltou a me olhar nos olhos. – Mas a sua amiga é nascida-trouxa. Por quê?

- A avó deles na adolescência teve um caso com um trouxa e desse caso ela engravidou e teve Peter, pai da Lizz. Peter se casou com Rachel, outroa trouxa, e os dois tiveram a Lizz. – Porque eu estava contando aquilo a ele? Que coisa Emma, você está dando informações para o inimigo.

- Nossa, que história intrigante. – Ele riu e eu senti uma pontada nas costas, como se eu quisesse rir, mas não devesse. Apenas sorri para ele. – Bom, você quer que eu te acompanhe...

- Emma! – Alguém gritou meu nome mais uma vez. Malfoy olhou enojado para a pessoa e a fitou dos pés a cabeça. Olhei para trás e vi Summer Lovegood.

- Oi, Summer. – Disse para ela. A mesma olhou para Malfoy com uma cara assustada. Acho que ela ficou imaginando porque estamos nos falando já que nos odiamos.

- Oi. Podemos conversar? – Ela disse, ainda olhando para Malfoy.

- Claro, não estou fazendo nada. – Virei-me para Malfoy e pisquei, dando uma risadinha de deboche. Ele me olhou com raiva e se retirou também. – Então – Disse para ela me certificando de que Draco estaria bem longe -, o que você quer falar?

- O Fred foi falar com a gente ainda agora no Salão Principal, mas era mais pra falar com a Lizz. Ela não aceitou, brigou com ele e disse que eles não eram mais amigos por culpa dele, um monte de coisa. – Ela deu um suspiro e tentou conter um grande sorriso. – Ela foi embora e ele disse que vai pedir desculpas pra ela, hoje, na frente da Angelina, formalmente.

- S-sério? – Eu disse abobalhada.

- Sim. – Ela disse, dando vários pulos e palminhas. Soltei um grito histérico.

- Merlin, onde está o Fred?

- Foi pro seu dormitório. Foi buscar mais livros.

- Tenho que falar com ele. Até mais, Summer! – Eu nem a olhei. Simplesmente sai correndo atrás da Sala Comunal.

Corredores, Mulher-Gorda, Senha... Sala Comunal! Ofegante, procurando por Fred. Não há um sinal dele. Olhei para os lados para ver se alguém estava vendo. Ninguém olhava para mim. Corri para o dormitório dos dois. Bati na porta e entrei de olhos fechados.

- Tem alguém nu?

- Não. – Respondeu Jorge em coro.

- Ótimo. – Abri o olho e vi Fred sentando na cama. Pulei em cima dele e o empurrei, dando-lhe muitos beijinhos na bochecha.

- Estou morrendo! – Ele gritava com a voz fraca.

- Você é um doce. – Eu o soltei, sorrindo para ele freneticamente.

- Summer já contou pra você?

- É, Fred... Minha namorada não esperou você contar. – Jorge riu e depois veio me abraçar. Dei tapinhas em suas costas e um beijinho na bochecha.

- Vocês são os melhores amigos que alguém pode ter. Ambos são tão maduros... Estou tão orgulhosa de cada um. – Eu disse, abraçando os dois ao mesmo tempo pelos pescoços.

- Emma, seu cabelo preto está todinho na minha cara. – Disse Fred, tentando me empurrar para longe. Eu os soltei.

- Qual a aula de vocês agora?

- Poções. Com os Corvinais. - Disse Jorge, e deu um sorriso bobo para a mochila. Eu dei um pulo da cama, e ao me levantar, comecei a dar pulinhos e bater palmas.

- Eu também. Vamos ter aula juntos e por conseqüência, com Lizz. – Eu olhei para Fred e ele olhou para mim rapidamente quando eu falei “Lizz”. Ele sorriu e se levantou.

- Temos de ir. E você mais ainda, se te pegam aqui...

- Vamos Fred, vamos atrás da Lizz. – Disse baixinho, abafando risinhos e ajeitando minha franja no espelho antes de sair do dormitório.

Andando pelos corredores, avistei aquele cabelo loiro liso e ondulado balançando perto de um cabelo castanho liso e com as pontas encaracoladas.

- Lizz, Summer! – Gritei para que as duas ouvissem, pois os corredores estavam cheios de alunos.

- Oi. Você já sabe que teremos aula juntas? – Perguntou Summer, abrindo sua mochila para pegar algo.

- Aham. Fred e Jorge também. – Sorri para as duas. Summer deixou a mochila cair. Eu e Lizz demos uma gargalhada e ajudamos ela a pegar as coisas no chão.

- Vamos para a sala. – Disse Lizz e então fomos para as masmorras.

Chegamos na frente da sala do Snape e o professor ainda não tinha chegado. Ficamos conversando por um tempo, até Fred e Jorge aparecerem.

- Olá meu amor. Sentiu minha falta? – Disse Jorge, abraçando Summer e lhe dando um selinho. Eu disse “own” para Lizz. Ela sorriu para os lábios dele.

- Cuidado rapaz, meu namorado está chegando e poder nos ver. – Ela disse, olhando de os lábios de Jorge para seus olhos verdes. Ele ergueu a sobrancelha, e ela riu se jogando em seus braços. Eu estava enfeitiçada olhando para os dois mas parei de olhar quando eles se beijaram, e olhei para Lizz. Ela olhava para Fred, que também olhava para o casal sorrindo, mas virou-se para Lizz e ela desviou o olhar, porém ele continuou olhando-a.

- Vamos entrar? – Eu disse, atrapalhando o beijo de Summer e Jorge.

- O que? Ah, vamos. – Disse Fred. O casal entrou primeiro. Fred estendeu a mão em frente a porta para Lizz passar. Ela o fitou desconfiada e deu as costas para ele. Fred deu um suspiro que quebrou meu coração, mas eu pensei “ele está provando do próprio veneno”.

Summer e Jorge se sentaram juntos com Luna mais à frente e ficaram conversando. Eu e Lizz decidimos ficar no fundo. Fred não disse nada e se aproximou de Angelina. Ela o olhou com raiva e botou a mochila na cadeira ao lado. Ele se virou e se sentou sozinho um pouco perto de nós duas.

- Deixa ele sentar aqui Lizz, por favor. Ele é meu amigo. – Pedi, quase suplicando a ela. A mesma revirou os olhos.

- Tudo bem... – Eu a agradeci e quando ia chamá-lo ela me segurou. – Não, eu faço isso. Fred! – Ela exclamou e ele se virou, um brilho nos olhos. – Sente-se aqui conosco.

Ele abriu um grande sorriso e se sentou ao meu lado.

- Parabéns. – Sussurrei em seu ouvido. Ele sorriu mais ainda, se era possível.

Snape entrou e aula foi incrivelmente um saco. Nem Fred conseguia deixar a aula interessante, porque Merlin? Pelo menos os deveres de casa de Fred e Jorge estavam fáceis demais, enquanto os nossos...

- E aqueles deveres de casa para Fred e Jorge? Nem parecem os deveres do Snape. – disse Summer. Jorge segurava a mão dela e ela jogava os cabelos pra trás. - Duas redações falando sobre Amortentia. Isso é tão fácil. Todo mundo sabe descrevê-la. E para nós? Três redações explicando o que é um... o que é um... um... Ai, o que é aquilo mesmo? – ela disse completamente perdida.

- Não faço idéia. – eu falei, voando na maionese.

- Também já esqueci. – Lizz disse, batendo na cabeça como se tentasse lembrar.

- Enfim, temos que ir para a outra aula Lizz. – eu disse puxando seu braço. – Tchau galera. – acenei para todos e fomos.

Pouparei vocês da aula chata de Adivinhação que tivemos e corremos para o Salão Principal.

- Nossa, poderia comer um javali inteirinho. – Lizz disse crispando os lábios e depois os mordendo.

- Estou com fome, mas não comeria um javali inteirinho...

- Emma, você come muito pouco e já se enche. Por isso que é magra... Queria ser assim e ser magrinha. – ela disse fazendo biquinho pra mim. Eu a agarrei e lhe dei um beijo na bochecha.

- Você é linda. – eu disse a ela e ela sorriu feliz.

Entramos no Salão Principal e Summer estava sentada ao lado de Jorge na mesa da Grifinória. Fred e Angelina estavam lá também. Olhei para Lizz e para minha surpresa, ela sorria. Ela se sentou ao lado de Neville, seu primo, e eu no meio dela e de Hermione.

- Oi Hermione. Oi Neville. Olá pessoal.

- Oi Emma. – todos me responderam. Inclusive Fred. Angelina estreitou os olhos para ele e depois enfiou um grande pedaço de carne goela abaixo e se engasgou. Fred não ligou para ela, apenas olhava Lizz conversar com o primo.

Fora um jantar desigual. Incrivelmente ótimo. Angelina terminou o prato e saiu, enquanto Fred ficou conosco. Luna Lovegood, prima de Summer, se sentou conosco e conversou com Neville – suspeito -. Summer e Jorge... Bem, não preciso dizer muito né? Eu fiquei conversando com Lizz e Fred e fiquei imensamente feliz porque os dois estavam se entendendo.

- Vamos para a Sala Comunal da Grifinória, todos nós já terminamos. – Fred disse, olhando para mim e para Lizz. Deu uma piscadela pra mim e eu retribui. -  Vocês querem ir também, Summer e Luna? – perguntou as duas.

- Vamos sim. – disse Luna em seu tom sonhador. Ela estava se levantando.

- Não. – protestou Neville. – Eu lhe ajudo a sair daí. – ele pegou a pequena mão da loira da Corvinal e ela se levantou. Ela sorriu para ele.

- Obrigada, Neville. – ela depositou um beijo em sua bochecha e suas orelhas ficaram vermelhas. Eles foram à frente.

Levantamos-nos sem falar muitas palavras. Summer e Jorge foram abraçados a nossa frente, um casal de dar inveja. Nós – Eu, Fred e Lizz –, fomos em silêncio. Ao chegarmos à frente da entrada da Mulher Gorda, Neville e Luna estavam parados ali.

- Eu esqueci a senha de novo. – Neville falou com um sorriso envergonhado.

- Tinha que ser o meu primo cabeçudo. – Lizz bagunçou os cabelos de Neville e ele tentou se defender com as mãos. Os dois começaram a lutar e todos reviraram os olhos, menos Luna e Fred, que os olhavam encantados. Senti um clima pairar no ar e disse a senha à Mulher Gorda. A passagem se abriu e entramos. Todos nos olhavam... é claro, com duas Corvinais intrusas ali, obvio que todos olhariam.

Luna, Summer, Jorge, Neville e Lizz se sentaram nos sofás conversando entretidos. Eu e Fred nos olhamos e ele fez uma cara triste para um canto. Me virei e vi Angelina, olhando para nós. Olhei-o novamente e ele continuava com a cara triste. Assenti e ele foi atrás dela. Respirei fundo, xingando Fred de todos os nomes possíveis em minha cabeça e me sentei com os outros. Que melhor amigo burro eu tenho hein.

- Trestrálios são animais voadores que só podem ser vistos por quem já viu a morte... – dizia Luna para Neville, que a olhava interessado.

- Você quer um exemplar do Pasquim, amor? Eu posso arranjar um do meu tio para você. – Summer comentava com Jorge.

Olhei para Lizz. Ela olhava para todos ali. Se entendi bem, seu olhar indicava de que éramos duas velas. Mesmo Luna e Neville não tendo nada juntos. Ela se virou discretamente para Fred e Angelina e escondeu o olhar com o cabelo. Me virei também. Ambos discutiam e falavam ao mesmo tempo. Ouvia-se o barulho de suas vozes, mas não o que diziam.

- Que tal fazermos aquele dever de Poções? – ela sugeriu pra mim, pousando a mão em sua cabeça como se ela estivesse enjoada. Concordei com a cabeça sem emoção e me levantei para pegar minha mochila.

- Pega a minha também. – pediu Lizz a mim.

- Tira essa bunda do sofá e vai pegar a sua mochila, criatura. – eu disse a ela estreitando os meus olhos.

- Por favor. – ela implorou. – Minha preguiça está horrível hoje.

Eu estreitei meus olhos mais ainda e fui pegar as nossas mochilas. Quando cheguei aonde nossas mochilas se encontravam, me virei para ela. Olhando para ela, passei meu olhar para Fred. Lizz. Fred. Lizz. Fred. Virei-me novamente para as mochilas.

Eu pensava “Fred, a hora é agora. Por favor, Fred, faça algo. Por favor, por favor.”

Ouvi passos apressados na direção oposta, ou seja, onde Lizz e os outros estavam. Pela milésima vez, me virei e vi Fred em frente a Lizz. Deixei as mochilas de lado e me aproximei.

- Lizz... Precisamos conversar...

- Eu já disse que não Fred. Não, não e não.

- CALA A BOCA ANGELINA. – ele gritou para ela. Silêncio. Angelina abriu a boca como se não acreditasse naquilo.

- Lizz... Eu fui um estúpido...

- Ah, descobriu foi? – interrompeu Lizz, com um olhar assassino e sarcástico.

- Sim. Fui um estúpido... me afastei de você... uma das minhas melhores amigas... uma pessoa tão importante para mim... por medo do que Angelina era capaz... mas hoje eu percebi, que se ela tiver a ousadia de te tocar por minha causa, ela nunca mais vai me ver. Lizz, com isso, eu quero te pedir – ele se ajoelhou aos pés do sofá, aos pés de Lizz. Eu não podia acreditar. Que orgulho eu sentia do meu Fred agora. – vamos ser amigos de novo?

Lizz se levantou e ele também. Ela botou as mãos na cintura e abriu a boca várias vezes para falar, mas nada saía. Todos os alunos presentes olhavam para os dois. Ela se aprofundou nos olhos de Fred e olhou para mim. Eu sorri e pisquei para ela... Lizz quase corre para me abraçar, mas antes ela tinha que dizer alguma coisa.

- Primeiro: sim, você foi estúpido. Muito estúpido. Ridiculamente estúpido. Mas você me fez perceber o quanto é bom estar ao seu lado e o quanto eu senti sua falta. E eu só posso aceitar o seu perdão se a sua namorada não encher o saco. Não vou poder ficar desviando da goles no Quadribol para sempre. – Lizz enfim disse algo que me deixou muito contente. Que atitude ela tomou. Ou ela é louca, ou legal demais.

Fred se virou lentamente para Angelina. Vi que ela estava fuzilando Lizz e Fred ao mesmo tempo, bufando. Ela simplesmente não respondeu, mandou um gesto obsceno a Lizz.

- Que se foda, façam o que quiserem. – Ela disse e se retirou.

Fred virou mais uma vez para Lizz, agora demonstrava medo e dúvida. Lizz o fitou por um momento com uma cara estranha, como se tivesse avaliando ele, de braços cruzados. Então ela finalmente lhe deu um sorriso e ele contribui, com uma pitada de esperança.

- Adoraria voltar a ser sua amiga. – Ela descruzou os braços e ele a abraçou.

Senti que algumas lágrimas queriam descer pelo meu rosto, mas eu não queria chorar, queria sorrir. Meus amigos estavam juntos novamente, todos em harmonia. Meus problemas iriam melhorar.