Que brilho é esse na minha cara?

O sol tinha nascido, e fazia uma manhã muito ensolarada e bonita. Sentei-me na cama, e fiquei olhando para a janela, sentindo uma preguiça anormal. Me levantei devagar, e fui tomar banho. Logo após o banho me arrumei e desci.

As roupas da Grifinória sempre caíram bem em mim. Meus cabelos intensamente negros estavam ainda úmidos, e minha cara de sono cotidiana não mudara. Desci para a Sala Comunal e não vi ninguém conhecido. Fui andando direto para o Salão Principal, e ao passar por um corredor, senti alguma coisa.

- Bom dia, dama. – Ouvi alguém dizer no meu ouvido, me virei e vi Jorge.

- Bom dia, cavalheiro. Onde está o bobo da corte? – Ri.

- Angelina. – Ele fez uma cara de repulsa e depois deu um sorriso torto. Jorge era melhor amigo de Lizz, e Lizz amava Fred. Jorge sempre preferiu que o irmão ficasse com ela invés de Angelina e eu sabia disso.

- Não entendo. Fred trata Lizz de um jeito que só ele sabe tratar, ele olha para ela de um jeito inexplicável, e mesmo assim, namora com Angelina e diz que gosta dela. Eu preciso tentar entender seu irmão? – Disse, com um peso nos ombros.

- Não. Eu também não entendo... Mas eu tenho cem por cento de certeza que ele gosta da Lizz,ou não me chamo Jorge Weasley. – Ele disse, e depois de um tempo, deu um sorrisão. Eu retribui o sorriso.

Chegamos ao Salão Principal, e avistei Lizz. Não havia visto ela ainda, pois quando entrei no quarto ontem, dormi logo. Ao mesmo tempo em que a avistei, ela me avistou. Saiu correndo ao meu encontro e me abraçou.

- Emma! – Ela exclamou me agarrando. Eu estava sendo sufocada de tanto amor.

- Lizz, é tão bom ver você! – A abracei sufocando também.

- Jorge! – Ela exclamou também, e o abraçou da mesma maneira. Ela por ser um tanto baixinha, foi erguida no ar por ele, e eles deram uma volta circular. Jorge e Lizz são amigos desde o primeiro ano, por causa do Quadribol... No ano passado, ele implorou a ela para ficar no time. Ela queria sair, pois estava indo na ala hospitalar uma vez por semana, por conta de Angelina, que sentia um ciúme obsessivo por Fred.

- Onde está Summer? – Ele perguntou. Os olhos de Jorge brilharam e eu fiquei confusa.

- Summer? Summer Lovegood? Da Corvinal? A menina que você gosta? O que você quer com ela? – Eu o olhei com uma cara de ponto de interrogação, e ele me deu um sorriso envergonhado, corando dos pés a cabeça. Eu entendi, e depois uma risada. – Pelas barbas de Merlin, a quanto tempo Jorge?

- Ano passado. Estávamos andando pela floresta e eu a pedi em namoro. Eu não contei porque eu e ela não contamos a ninguém. Só Lizz sabia, porque ela ia nos ajudar a sair e essas coisas. – Ele deu um suspirou. – Mas sim Lizz, você a viu?

- Vi sim. Ela está lá com a Luna. – Ela sorriu. Jorge contribuiu, deu um beijo na minha bochecha e na de Lizz, e correu para a mesa da Corvinal. Lizz se virou para mim, e sorriu. – Você gostaria de conversar um pouco as sós comigo? Pode ser na mesa, contanto que seja bem baixinho.

- Claro que eu posso. – Dei um meio sorriso, e fomos para a mesa da Grifinória.

Eu estava imaginando sobre o que ela queria conversar, e quando nos sentamos, olhamos para o outro lado da mesa. A alguns metros estavam Angelina e Fred, de mãos dadas. Angelina balançava o cabelo, e dava risadinhas, tentando seduzir Fred, eu acho. Fred deu uma risadinha fajuta, e olhou para nós. Olhou Lizz, e eu senti algo pesado no ar. Uma atmosfera diferente, e quando ele se virou para Angelina de novo, olhei para Lizz e ela deu um suspirou soluçante. Algumas lágrimas desceram sobre seu rosto, e eu botei minha mão no seu ombro. Ela enxugou suas lágrimas, e depois começou a se servir, tentando definitivamente não olhar para Fred.

- Está sendo demasiadamente impossível suportar isso – Ela disse, enrijecendo a testa. – Fred não a ama – ela sussurrou -, não que ele goste de mim, mas ele também não gosta dela. Está na cara.

Eu confirmei com a cabeça, mas senti que não era para ter feito isso. Lizz queria ouvir algo, um conselho, uma dica... Mas eu não conheço o coração dela e não sei o que ela quer ouvir.

- Ele vai perceber isso um dia. Enquanto isso, vam... – Eu ia dizer “vamos esperar”, mas na outra extremidade do Salão, um garoto da Sonserina, loiro e de rosto pálido, me fitava. Eu o olhei, e senti meu coração doer e depois, bater rapidamente. Eu e Malfoy entramos em um mundo onde a nossa função era nos encararmos. Senti um vulto em minha frente, e vi Lizz passando a mão repetidamente na minha frente.

- Emma, Emma, Terra chamando. – Ela dizia.

- Hã? O que? – Eu olhei para ela, confusa. – Ah ta. – E me virei para Malfoy de novo. Ele continuava me olhando. Lizz olhou para ele também, e virou para mim com uma expressão assustadora.

- Você gosta do Malfoy? – Ela sussurrou.

- O que? Eu? Hã? Af, claro que não, é obvio que não, absolutamente não. – Eu disse, me enrolando em todas as palavras, e as minhas mãos tremendo de nervosismo. Se eu gostava dele mesmo, eu não sabia. Mas que ele mexia comigo, mexia. – Eu o odeio. – Fiz uma cara de desgosto, e engoli uma torrada. O pedaço era grande demais e eu me engasguei.

- Ele está olhando para você. – Lizz disse, mordendo a bochecha por dentro. Eu rapidamente procurei por Malfoy, mas ele estava virado para Crabbe. Lizz soltou uma gargalhada de vencedora. – Eu sabia.

- Idiota. – Eu dei um tapa no ombro dela. – Eu não gosto do Malfoy. Sem chance.

- Queria também não gostar de alguém. – Ela fez uma cara pensativa, e olhou para Fred, que também olhava para ela. Rapidamente ele olhou para Angelina, e corou. Lizz se levantou. – Antes que eu comece a chorar, vou procurar um pouco de amor próprio. Vejo você na aula de Transfiguração com a – ela deu uma tocidinha nada discreta – Sonserina.

Lizz estava andando em direção a porta e então olhou para o lado, passando em frente a Fred. Ele olhou para ela e sorriu. Lizz deu um sorriso quebrado, e depois olhou para Angelina. Angelina se virou para ela, e a estrangulou com os olhos. Lizz deu de ombros e foi embora.

Me levantei e fui para onde Fred e Angelina estavam. Me sentei ao lado dele, e lhe dei um beijo de bom dia matinal. Angelina me olhou como se fosse me matar, mas eu a ignorei.

- Bom dia, minha linda. – Ele disse para mim, ignorando Angelina também.

- Eu gostaria de conversar com você mais tarde se fosse possível. – Eu disse, e depois lancei um olhar a Angelina. Fred virou sua cabeça para ela e voltou a me olhar.

- Claro que sim. Sempre terei tempo para a minha melhor amiga. – Ele agarrou a minha mão, e deu um sorriso.

- Bom, vou para a aula. Nos vemos mais tarde. Beijo. – Dei um beijo em sua bochecha, e fui para a aula de Transfiguração mais perturbadora do século. Malfoy e eu nos encarávamos a cada minuto.

- Bom, agora gostaria de avisar que eu escolherei um aluno de cada casa para fazer uma dupla hoje. Vou escolher agora e em cinco minutos eu digo para vocês. – Disse a Professora Minerva, com um ar amigável.

- Ganhei de novo. – Lizz disse do meu lado, abrindo outro sorriso de vencedora.

- Sem chance. – Eu disse, com uma cara de desaprovação. Será que seria possível a professora me botar junto de Malfoy? Malfoy não, Malfoy não, por favor, não, não, não...

- Muito bem alunos, escolhi os pares. – Disse Minerva depois de muitos nãos passarem por minha cabeça. Ela disseram umas 5 duplas e então – Lizz Longbottom e Emilia Bustrolde – Lizz foi até Emilia. – Draco Malfoy e Emma Underwood.

O que? Não, não podia ser. Impossível. Sem chances, não iria fazer dupla com aquele traste. Me levantei, e fui até Malfoy.

- Oi. – Eu disse, em tom de impaciência.

- Bom dia, Underwood. – Ele disse em tom sarcástico.

- Os alunos devem tentar transformar penas em lagartos-verdes-australianos. Seu par precisa lhe ajudar. – Ela disse, sorrindo. – Podem começar.

Uma caixa cheia de penas apareceu na frente de cada aluno. Peguei as minhas penas, e tentei transformá-las nos lagartos. Sem sucesso, pois minhas penas viraram baratas, e como eu tenho pavor de barata, como um reflexo, me escondi atrás de Malfoy. Ele pisou na barata e a matou. Apavorada, voltei ao meu lugar.

- O-obrigada. Sou péssima em Transfiguração. – Era horrível agradecer Malfoy... Doía no fundo.

- Você agita a varinha rápido demais e fala muito baixo. – Ele disse. – Tente assim: Grunium. – Ele agitou a varinha suavemente rápido e exclamou bastantemente alto, e sua pena se transformou em um lagarto... Um lagarto-rosa-húngaro. Eu soltei uma risada gostosa, e ele deu um sorriso tímido. – Acho que também não sou tão bom em transfigurações. – Ele sorriu pra mim. Nossa, nunca havia percebido, mas o sorriso dele era certamente lindo. Contribui o sorriso. Ele suspirou e o meu coração disparou.

- Bom, deixa eu ver se consigo agora. – Eu disse, pegando outra pena e preparando minha varinha. – Grunium. – Girei a varinha, e a pena se transformou em um lagarto-amarelado-chinês. Sorrimos ao mesmo tempo. – Chegou perto.

- Vamos tentar juntos. – Meu coração acelerou quando ele se levantou, veio por trás de mim, e segurou a mão com a qual eu segurava a minha varinha. – Pegue uma pena. – Como ele pediu, peguei a pena. Meu coração agora pulava batidas. – Ao mesmo tempo... 1, 2, 3. Grunium. – Eu e Draco dissemos ao mesmo tempo, e a pena se transformou em um lagarto-verde-australiano.

Draco estava ainda atrás de mim segurando o meu braço boquiaberto. Meu queixo lá embaixo, e entou soltei uma risadinha, com uma sobrancelha levantada. Eu e ele conseguimos... juntos.

- Parabéns Srta Underwood e Sr Malfoy. – Draco me soltou e se virou para a professora Mcgonagall. – Vocês foram os primeiros a conseguirem. 20 pontos para a Grifinória e Sonserina. Estão dispensados. – Ela sorriu, e foi embora. Vi Lizz piscar para mim. Arrumei minhas coisas, e sai junto com Draco.

- Não queria que aula acabasse. – Ele disse. Por um momento, pensei que era por minha causa, mas ele completou. – Crabbe e Goyle estão lá ainda e eu vou ficar sozinho. E do jeito que são burros, vão demorar um ano para sair de lá. – Ele revirou os olhos.

- Bom... Todo mundo que eu conheço está na sala de aula. E-e-eu, bem, E... Eu... Quer dizer, se você quiser... Ah, não sai. – E não saia mesmo.

- Adoraria. – Ele disse. Eu o olhei estranhando. Ele adoraria minha companhia? Que bicho o mordeu? Apenas sorri. – Quer passear no lago?

- Sim. – Sorri.

Eu e Draco fomos ao Lago Negro, e ficamos andando lá, sentindo aquela brisa gostosa passar pelo nosso corpo. Logo depois, deu o horário de minha próxima aula, agora apenas a Grifinória. Ele me acompanhou até a sala, e depois sumiu. Nossa, por mais difícil que fosse admitir, Malfoy era um menino incrivelmente legal. No almoço, Lizz chegou para mim eufórica e fez várias perguntas.

Continua.