Raira Times escrita por OblivionWing, shinra


Capítulo 2
Perfeição




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            Quando o despertador tocou às 7 da manhã, quase o quebrei. Eu não tinha dormido quase nada e um lado da minha cabeça latejava. Ótimo ir à escola com aquele humor.

         Droga. Murmurei pra mim mesmo, levantando com certa dificuldade e fui tateando o quarto à procura do uniforme e quando saí de casa, o ar estava um pouco fresco, mas eu sabia que ia esquentar mais tarde.

         Todos estavam chegando irritantemente felizes naquele colégio, o qual não trazia alegria nenhuma pra mim. Não tinha muitos amigos e o resto tinha uma tendência a encher o meu saco, então, eu não tinha lá muitos motivos pra ficar feliz. E claro – tinha a pulga.

         - Shizuo-kunn!

Argh.

         - Shinra. Ohayo – falei com pouco entusiasmo.

Ele sorriu.

         - Que bom, que bom que está na mesma sala que eu agora! O que aconteceu? Você pediu pra te trocarem?

         - Eu...não fiz nada – murmurei, sério.

Aquela história de mudança de sala tinha me deixado confuso a noite inteira. Caminhei até a sala nova, ignorando todos os comentários de Shinra, que como sempre, não parava de falar. Me perguntei se ele não tinha percebido que eu não estava nem aí pra ele.

Como éramos um dos primeiros a chegar, sentei em uma carteira bem no canto. Não queria ser incomodado e brigar com algum idiota – ou ser obrigado a jogar uma carteira em alguém.

         - Orihara-kuun!

O nome ecoou na sala, a voz alta e empolgada de Shinra me fizeram cerrar os punhos.

         - Yo, Shinra – a pulga respondeu calmamente, mas eu não conseguia ver ele de outra forma além de um fingido. – Ne...parece que temos um novo aluno aqui...

E ele sorriu. Sorriu de uma forma tão...desgraçada. Eu queria era pular em cima dele e socá-lo.

Mas me limitei a olhar para o outro lado.

         - Shiizu-chan, não vai nem me dar um bom dia? – ouvi o risinho dele.

 - FILHO DA –

-  Dotachin! – o maldito virou-se para o Kadota que entrava na sala, com um sorriso tão diferente que ele dava pra mim, que me deixou meio confuso. E foi até ele.

Idiota. Eu vou matar ele. E o Kadota junto...

Passei as aulas inteiras de cara fechada. Felizmente, aquela pulga – eu odeio o nome dele, então não falo – ficou sentada do outro lado da sala, me deixando em paz.

- Então, algum de vocês, poderia definir a “perfeição” para mim?

A voz da professora de filosofia era impressionantemente irritante. Era aguda e cabia bem à ela – era daquelas mulheres meio ricas, usava sapato alto sempre e o cabelo amarrado. Particularmente, eu sempre dormia nas aulas dela.

Shinra levantou a mão e já foi respondendo, sem esperar que a professora o desse autorização.

- É algo ideal, sem defeitos, com todas as qualidades, que não pode ser melhorada – disse ele.

E então, a professora começou a divagar sobre o assunto. Pff. Perfeição. Essa porra não existe – só imperfeição. E ninguém gosta de imperfeições. Quase sorri pra mim mesmo. É por isso que praticamente ninguém gosta de mim. E eu não me importava com isso, contanto que me deixassem em paz...

Quando o som do intervalo tocou, eu não percebi que tinha caído no sono. Todos saíram rápido demais da sala. Optei por ficar ali.

- Shizu-chan, está melhor por ficar perto de mim? – a voz irônica que eu conhecia bem.

- Mas o que...- dei um solavanco para o lado – O que está...falando, maldito?!

- Ué, eu te dei a chance de ficar esse último ano perto de mim – ele riu com escárnio – vai dizer que não gostou?

Quando eu vi, eu já estava segurando o colarinho do seu uniforme, levantando-o.

- EU- VOU-TE-MATAR – grunhi – POR QUE GOSTA TANTO DE ME IRRITAR, MALDITO? FOI VOCÊ? COMO CONSEGUIU ME MUDAR DE SALA? QUE TIPO DE JOGO SUJO VOCÊ FEZ, IZAYA?

Eu odiava, eu odiava falar aquele maldito nome!

Ele sacou aquele canivete pontudo – que fez um corte em mim uma vez – direto na minha garganta. Recuei, soltei-o um pouco.

- Eu gosto de ver essa sua expressão tão...não-humana...- ele sorriu de um jeito que não pude identificar, aqueles olhos meio avermelhados de felino...

Quando eu percebi, havia o soltado e ele começou a correr. Saí correndo atrás dele, com uma raiva tão grande que minha cabeça latejava. Virei um corredor, outro, quando ele parou e se virou para mim com um olhar estranho.

- IZA – não pude completar a frase, por que ele fez um sinal para eu ficar em silêncio.

Não entendi e fiquei confuso. A raiva ainda me queimava e eu queria acabar logo com aquilo, mas ele me puxou para uma sala vazia, sempre fazendo um som para eu ficar quieto.

- O QUE É QUE VOCÊ – ele novamente me mandou ficar quieto, comecei a falar mais baixo. – Idiota...o que está tramando?!

- Cala a boca – ele parecia sério demais – tem um pessoal estranho ali. São estudantes, mas se metem com coisas pesadas, tipo drogas. Provavelmente estão aqui pra arranjar confusão, especialmente comigo, que as razões não lhe interessam. E você, provavelmente iam arranjar com você também...

- Você é doente – grunhi – se eles me encherem o saco eu quebro a cara deles.

- E daí... O que? Leva um tiro de um traficantezinho qualquer e aí vai fazer o que? Sua super força de animal irracional vai valer de quê? – a ironia no som da voz dele me irritava profundamente

- Escuta aqui – puxei o braço dele – olha como você fala comigo! E não fale comigo como se eu fosse seu colega ou algo do tipo, eu te odeio, entendeu?

- Entendi, entendi – ele pôs uma mão sobre meu braço – mas...

Me desvinculei de forma rápida.

- O-o que está fazendo, pulga?! – falei um pouco alto demais, depois me controlei, me enrolando nas palavras.

- Era só pra você se acalmar...

- Cala a boca! Como se eu fosse me acalmar perto de você seu idiota! – meu rosto esquentou tanto que achei que ia explodir.

O rosto dele ficou ainda mais sério quando as pessoas começaram a passar na frente da sala que estávamos. Ele olhava atentamente para a porta, parecendo que estava em algum tipo de caça. A pele dele era branca e lisa, parecia que ele tinha bem menos idade que aparentava. Ainda sim, era um maldito!

- Acho que já foram – murmurou, indo devagar para a porta – vamos para o outro lado e...

- Eu vou voltar pra sala e você que se foda. – Falei no tom mais rude possível.

Ele deu de ombros, abriu a porta vagarosamente e depois saiu com passou rápidos e leves, como um felino.

Fui na outra direção, bufando e murmurando xingamentos de todos os tipos.

Com o coração mais pesado que o normal.


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