Aurora Boreal escrita por AnebellaCullen


Capítulo 8
Novo Lar


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal!
capitulo novo hoje! - Finalmente! kkk'
Espero que gostem!



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Os dias após a minha volta passaram muito rápido, principalmente porque tudo que eu realmente fiz desde então foi comer tudo o que Kyle me pedia e dormir, tentando restabelecer meu corpo que havia ficado fraco pelo tempo de desuso. Hoje, após três dias após ser reinserida no corpo de Jodi, finalmente Doc e Candy me deram autorização para deixar o hospital. Eu mal podia conter minha ansiedade, principalmente pelo fato de Jeb ter me prometido um “tour” pelas cavernas, algo que ele explicou que fazia com todos os novos habitantes dessa pequena comunidade de humanos.

Eu estava feliz por Jeb parecer me aceitar, mas confesso que estava muito apreensiva com o modo que os outros humanos reagiriam a mim – Lembrava nitidamente do dia em que cheguei aqui. E se eles ficarem zangados com minhas presença? Não seria surpreendente, claro. Eu não tinha o direito de viver aqui com eles.

-Como vai Sunny? - A voz de Jeb soou, ainda na entrada do hospital, me tirando de meus pensamentos. Atrás dele, uma sombra alta fez meu coração perder uma batida e acelerar como louco. Um sorriso cresceu em meu rosto e Kyle sorriu pra mim também, acenando com a cabeça.

Eu não podia evitar de ter esse tipo de reação toda vez que Kyle aparecia – Ficar longe dele era horrível, a minha sorte é que eu havia estado dormindo a maior parte do tempo em que ele esteve trabalhando e, quando estava acordada, Ian me fazia companhia – Ele nunca largava o tanque de Peg e Jeb havia permitido que ele ficasse sem trabalhar até ela voltar.

-Pronta para nosso passeio? - Jeb perguntou pra mim e, só agora percebi que não havia respondido o comprimento dele. Me apressei em respondê-lo dessa vez.

-Sim, mas... Senhor Jeb, será que os outros não vão ficar... incomodados comigo? – Perguntei timidamente a Jeb, que sorriu pra mim e alisou a barba.

- Não fique com medo, garota! Essa é minha casa e você é minha convidada. Agora, vamos logo. Temos uma grande caminhada pela frente, é melhor andarmos rápido. Aliás, me chame somente de Jeb, não sou tão velho assim... - Ele disse piscando e do nada começou a andar.

Fiquei olhando o lugar onde Jeb já desaparecia com confusão e Kyle riu ao meu lado, vendo minha expressão. Ele segurou minha mão e começou a me guiar até encontrarmos Jeb esperando para me mostrar meu novo lar.

O lugar era simplesmente incrível e, de acordo com que avançávamos e Jeb me explicava as coisas, mais eu achava que esse senhor simpático e meio louco era um gênio por ter pensando em tudo isso.

Tudo ia bem, até chegarmos a uma grande sala iluminada, onde vários humanos estavam reunidos e eu fiquei automaticamente nervosa. Bem, a maioria parecia tranquila com a minha presença ali e isso eu sabia que se devia ao fato de Peg tê-los ensinado a duras penas a confiar um pouco em nós almas mas, o que me incomodou na verdade, foi o olhar de raiva que três mulheres me lançavam.

Minha mente fez rapidamente a conexão e eu as reconheci do dia em que cheguei aqui – Elas haviam sido as mais enfurecidas; Agora, olhando para as duas mulheres ruivas que pareciam mãe e filha e para a garota de cabelos curtos e baixinha, senti um tremor de pudo medo me assaltar – A raiva nos olhos delas era real, algo que eu nunca havia visto no rosto de uma alma. Isso era simplesmente errado.

-O que foi Sunny? - Kyle perguntou, percebendo meu tremor por nossas mãos unidas. Eu não pude responder a ele, tinha medo que elas ficassem ainda mais bravas comigo se eu falasse delas para Kyle, ele seguiu meu olhar e encarou as três. Quando os olhos dele ditaram elas, a garota baixa de cabelos curtos sorriu pra ele de um jeito maldoso... Eu não sei, era estranho. Eu fiquei confusa.

Por que ela sorrio pra ele? E porque eu estava ficando incomodada com isso? Eu não deveria ficar feliz por os humanos ainda estarem sendo simpáticos com Kyle, sendo que ele me trouxe pra cá?

-Criaturinha irritante. - Jeb resmungou. Só agora percebi que ele também olhava para as mulheres, ele mudou o foco para mim e sorrio. - Vamos, não ligue pra elas, Sunny.

Após o conselho, Jeb continuou andando rumo a outro corredor escuro e eu tentei me foca r em apenas segui-lo. Kyle, que havia ficado aparentemente desconcertado com a saudação da mulher, tinha voltado a me guiar e logo estava relaxado de novo.

O resto da nossa caminhada foi tranquilo e depois de andar pelo que pareciam ter sido quilômetros a fio, chegamos a cozinha e Jeb foi correndo atacar a comida enquanto Kyle me guiou até uma pedra irregular que servia como banco e foi pegar algo para comermos.

Logo ele voltava com dois pratos cheios de ovos mexidos e eu suspirei, sabendo que ele me obrigaria a comer aquilo tudo alegando que eu precisava comer pelos dias em que estive fora. Bem, talvez eu conseguisse fazer com que ele comesse um pouco do meu, afinal, o apetite de Kyle O'Shea era algo considerável.

Para a minha total surpresa, Kyle não começou a comer imediatamente, ele sentou e respirou fundo, pegando minha mão e começando a brincar com meus dedos pequenos e finos, que faziam suas mãos parecerem gigantes em comparação. A sensibilidade insana que eu possuía sobre ele me dizia que ele estava ansioso com algo. Demorou alguns minutos, mas ele desabafou enfim.

-Sunny?- Ele chamou incerto e eu ergui os olhos timidamente para encarar seus olhos de um azul profundo.

-Sim?- Sussurrei. Ele pareceu fazer um esforço para dizer as palavras.

-Você conseguiu algum avanço... Com Jodi? - Ele perguntou visivelmente ansioso.

Senti a tristeza se esgueirar por meu peito - Não só por mim, mas por ele. Eu não queria ver aquela expressão triste no rosto dele, não queria ver sua mandíbula travar como se ele estivesse dando tudo de si para não perder o controle. Eu não queria desapontá-lo, acima de tudo.

Me sentia mal por isso, mas nos últimos dias, todos os meus esforços para tentar trazer Jodi de volta foram em vão – Por mais que eu procurasse, eu não conseguia encontrar mais ninguém em meu corpo e a culpa me corroía quando eu percebia um sentimento quase de alivio por isso passando por mim, isso era errado, muito errado.

-Não. Me desculpe, Kyle. Eu realmente estou tentando, mas eu não consigo. Não sei como chamá-la de volta. - Me desculpei, aflita com as sombras de tristeza que cresciam em seus olhos.

-Está tudo bem. Talvez Peg possa nos ajudar quando ela voltar. - Kyle murmurou, voltando sua atenção para a comida. Ele estava chateado, eu podia sentir. Comecei a ficar ansiosa: E se ele ficasse com raiva de mim por eu não conseguir trazer Jodi de volta?

-Kyle, você está bem? - Perguntei um pouco aflita. Ele focalizou meu rosto novamente e ficou me olhando por um longo tempo até um sorriso aparecer no canto de sua boca e ele traçou a linha do meu maxilar com a ponta do dedo, parando no meu queixo, erguendo minha cabeça e nosso olhos se conectaram. Senti uma sensação de frio na minha barriga, era bom.

Devagar, muito devagar, nossos rostos foram se inclinando um para o outro por conta própria – Eramos como imãs sendo atraídos um para o outro, exatamente como imãs, onde os opostos se atraíam.

Quando a distancia entre nós era dolorosamente pequena e meu pulso era a única coisa que podia ouvir, tamanha a força que meu coração batia, algo nos olhos de Kyle mudou e ele quebrou a nossa conexão, se distanciando de mim e voltando novamente sua atenção para o prato dele. Ele pigarreou e focalizou a comida como se ela estivesse realmente prendendo sua atenção.

-Sim, Sunny. Tudo está bem. - Ele disse com aquela expressão tensa que ele ficava às vezes comigo e começou a comer cuidadosamente. Me dediquei a comer também e tentar ao menos diminuir a sensação de rejeição que eu estava sentindo.

Ele não é seu, Luz do Sol. Pare de ficar alimentando esperanças assim!, Avisava a mim mesma, enquanto comia e lutava contra as lágrimas.

De acordo com que minha comida acabava e o prato de Kyle jazia vazio a minha frente, eu fui começando a ficar mais calma e a vontade de chorar se foi, infelizmente fui ficando um pouco melancólica também.

-Hey Sunny, você deve estar querendo um bom banho depois de tanto tempo presa naquele hospital, hein? - Kyle falou, seu tom completamente normal me tirando da minha melancolia. Eu realmente queria – precisava, para ser mais precisa – um banho. Estava me sentindo imunda.

-Sim, eu adoraria! - Disse animada.

Kyle logo levantou e foi deixar a louça numa pilha de pratos sujos e logo começou a me guiar pelos tuneis escuros até uma ala cheia de portas. Ele entrou em uma das cavernas e eu me vi dentro de um quarto com dois colchões que depois ele disse ser o quarto dele e de Ian e que nós iriamos dormir aqui, Ian iria por enquanto pro quarto de Jared.

Quando cheguei no lugar em que usavam para tomar banho, tive que entrar sozinha, obviamente. A sala de banhos era simplesmente estranha e assustadora pra mim: Tudo era tão sombrio, parecia que a qualquer momento algo poderia sair do escuro e agarrar meu pé, como nos pesadelos que Jodi tinha quando era criança. Me consolei com o fato de que Kyle esperava por mim do lado de fora, se eu gritasse, ele ouviria e viria me ajudar.

Com esse pensamento, despi minhas roupas – Ainda usava a mesma camisola do dia em que Kyle me levou de casa e peguei o sabão estranho que Kyle havia me dado para lavar minha roupa. Levei um susto ao perceber que o sabão ardia em minha pele e lembrei do que Ian disse uma vez, conversando comigo – Segundo Ian, Peg na ultima excursão tinha conseguido coisas que eles antes não tinham como sabonetes normais, mas já haviam acabado e agora só restava essa coisa ardida que eles chamavam de sabão.

Cuidadosamente, esfreguei minhas roupas e, depois de limpas as torci e coloquei perto das roupas secas que eu trazia. Foi uma experiencia tanto boa quanto ruim me lavar – Ruim pela ardência que o sabão estranho deixava em minha pele, boa por finamente me sentir limpa.

Quando sai da sala de banhos, estava vermelha – Não só pelo sabão, mas pela vergonha: Eu tinha pego uma blusa de Kyle para usar enquanto minhas roupas secavam e era meio difícil me sentir a vontade vestindo somente isso, principalmente quando o cheiro de Kyle estava impresso em cada partícula do tecido, me deixando com a sensação de frio na barriga de novo e enchendo minha mente de pensamentos nada bons pra mim, porém agradáveis demais.

Kyle levantou rapidamente quando me viu e lançou um olhar um pouco malicioso pra mim, o que me fez corar ainda mais. É claro que logo ele pareceu perceber o que estava fazendo e novamente pigarreou e murmurou um “Volto logo” enquanto ele mesmo ia tomar o banho dele.

Sentei no lugar onde ele estava antes e fiquei esperando, pensando em como a nossa relação era estranha – Kyle parecia gostar de mim e me tratava bem, mas desencorajava qualquer coisa mais intima entre nós. Ele gostava de mim, mas não como eu gostava dele.

-Hey. - Uma voz feminina saudou e eu olhei pro lado, onde uma garota morena sorria um sorriso triste pra mim, os olhos dela estavam inchados, como se ela tivesse passado muito tempo chorando. Me sobressaltei com isso, imediatamente pensando o que havia acontecido com ela – Ela me lembrava um pouco um zumbi: triste, sem vida.

-Olá... - Murmurei um pouco incerta. A garota sentou ao meu lado, acho que ela estava esperando para tomar banho.

-Você é a Sunny, né? A garota que Kyle foi procurar? - Ela perguntou, seus olhos sem vida adquirindo um pouco de curiosidade.

-Sim. - Disse hesitante, pensando que Kyle não havia ido buscar a mim, mas Jodi, mas não vi sentindo em corrigi-la, ela parecia triste demais e eu não queria aborrecê-la. Me perguntei se poderia fazer algo para ajudar essa mulher, era obvio que ela estava sofrendo.

-Hey Lilly! - A voz alta de Kyle interrompeu minha inspeção do rosto da mulher e meu rosto desviou para olhá-lo.

-Olá Kyle. - Ela disse ainda desanimada e levantou se voltando um pouco pra mim.

-Tchau Sunny. Legal conhecer você. - Ela disse, saindo devagar.

-Tchau Lilly. - Sussurrei, esperando que ela tivesse me ouvido enquanto ela já entrava na sala.

-Vamos? - Kyle chamou e eu levantei. Ele pego minha mão e começamos a voltar para o quarto dele.

-Kyle, o que houve com ela? - Perguntei hesitante. Ele fez um som desanimado.

-O namorado dela foi morto por uma buscadora. - Kyle explicou.

Meus pés travaram no chão, o horror me tomando.

-Como? Uma alma fez isso? - Perguntei incrédula. Ele deu de ombros.

-Era uma diferente. Ela era enfezada. - Ele disse com uma insinuação de humor. Não gostei disso. Não era algo que qualquer alma – mesmo um buscador – faria: matar uma criatura a sangue frio.

Chegamos ao quarto e fomos direto dormir. Kyle pareceu hesitar primeiramente, mas juntou os colchões e deitou. Eu fiquei paralisada.

Oh, eu iria dormir aqui com ele?

Enrubesci com a sensação de meus hormônios descontrolados e, sinceramente, me ajudaria a manter o controle se Kyle estivesse usando algo mais que uma camiseta e uma calça de moletom frouxa.

-Sunny? Tudo bem com você? - Kyle perguntou, provavelmente porque no momento eu deveria estar roxa de vergonha. Balancei a cabeça afirmando e me deitei no colchão ao lado dele.

Eu não consegui dormir. Eu nem ao menos consegui tranquilizar meu coração. A toda hora, só conseguia pensar em me aproximar mais de Kyle e tocá-lo.

Felizmente, ele parecia estar pensando o mesmo que eu e logo senti sua mão envolver a minha. Foi todo o incentivo que eu precisei e, apesar de estar envergonhada, não consegui não me aproximar mais e descansar o rosto em seu peito, aspirando seu cheiro. A mão desocupada de Kyle pousou sobre minha cabeça, brincando com meus cachos. Durante seis vidas inteiras, eu nunca havia dormido de modo tão agradável quanto naquela noite, simplesmente me sentia bem com ele, me sentia em casa.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada a todos que estão lendo!
Ah, e muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito obrigada pelos reviews!
bjos!