Joguei a bicicleta no quintal da casa e corri para a entrada, tocando a campainha logo depois. Uma mulher loira de olhos azuis com expressões delicadas e carinhosas atendeu. Eu já a conhecia.

– Que surpresa vê-la aqui ******. – disse a mulher. – Entre. – entrei na casa.

– Eu preciso falar com ele. – fui direto ao ponto.

– Ele está no quarto, pode subir. – falou a mulher. – Você não quer beber alguma coisa?

– Não obrigada. – disse subindo as escadas.

Entrei no seu quarto e o encontrei sentado no chão tocando violão, ele me olhou surpreso e confuso.

– ****** o que você está fazendo aqui? – perguntou Matt. Eu fui até ele e o beijei. O beijo era um pouco apressado, mais intenso e carinhoso. Quando paramos de nós beijar, estávamos sem fôlego. Ele estava confuso, mas não pode deixar de sorrir. – Por quê? – perguntou.

– Porque eu acho que você é aquele que eu procurava há tanto tempo. – respondi. – Desculpe por não ter lhe correspondido logo de cara, mas eu estava confusa. Eu achei que amava outra pessoa, estava errada. Eu preciso de alguém que me faça bem, que fique comigo até nas piores horas e esse garoto tem sido sempre você Matt. – ele ouvia tudo com tanta felicidade. Ele me carregou (apesar de ser mais novo ele era alto para a idade e aparentemente forte também) e me beijou de novo só que mais lento.

– Finalmente. – disse Matt quando paramos de nós beijarmos. – Não sabe o quanto esperei por isso. – sorri e ele retribuiu.

Depois ele me botou no chão, pegou o seu violão e se sentou na cama.

– Quero que escute isso. – falou Matt e ele começou a tocar uma das minhas músicas favoritas e eu nunca senti tanto intensidade nela até agora. Porque eu sabia o que ela significava, eu tinha passado por algo parecido e eu precisava me erguer.

– You can take everything I have, you can break everything I am. – cantava enquanto Matt tocava. Comecei a chorar de repente. A chuva caia lá fora sem medo e assim como ela eu não tinha mais medo. Porque a vida não é curta, a vida é rápida. - Like a skyscraper. – quando acabei de cantar não contive o choro e Matt me abraçou forte.

– Eu vou sempre estar do seu lado. – murmurou ele no meu ouvido, eu assenti e me agarrei na sua camisa com força enquanto soluçava. Lembrando-me que quase morri nas últimas horas.

A sexta parecia demorar a se acabar, talvez porque eu não queria que acabasse. Quando voltei para casa, Lisa já não estava e minha mãe me deu um sermão.

– Como você some assim sem falar nada? Eu estou grávida mocinha! Você não pode me dar um susto desses! Você está me ouvindo? – assenti e fui para o meu quarto dormi.

“Você pode pegar tudo o que eu tenho, Você pode quebrar tudo o que eu sou, Como se eu fosse feita de vidro, Como se eu fosse feita de papel, Vá em frente e tente me derrubar, Eu vou me levantar do chão, Como um arranha-céu.”

De manhã, o sol invadiu minha janela e os primeiros raios de sábado dançavam em cima de mim. Levantei-me, mesmo sendo cedo e mesmo sendo sábado. Porque não era qualquer sábado, era o sábado.

Tomei banho, passei perfume, passei pó e coloquei um vestido azul lindo. Desci as escadas pulando alegremente e fiquei surpresa ao ver Lisa sentada no sofá da sala.

– Lisa? – perguntei, ela me olhou sorrindo. Ela estava com uma saia jeans escura e uma blusa vermelha com um casaco preto descolado e botas. – O que faz aqui tão cedo?

– Não aguentei esperar, mal dormi na noite passada. Sorte que a maquiagem escondeu minhas olheiras. – respondeu ela.

Fui tomar café da manhã e depois meu pai me levou até o estúdio HG, que estava sendo usado pelos Cartboys. Entramos na sala que eles gravavam as músicas e contive um grito quando vi eles gravando a minha música. Ou melhor, a música do Matt.

– Meu coração está sempre acelerado, porque eu sempre estou ao seu lado. Então deixa eu te dizer. – fizeram um corinho. – Eu amo você.

Não contive no final e comecei a gritar pulando parecendo uma doida e Lisa me acompanhou. Os Cartboys nós olharam rindo e o produtor deles revirou os olhos provavelmente passa por isso todos os dias. Eles saíram de lá de dentro e vieram até nós.

– Meu deus! V-vocês são... V-vocês são... – gaguejei.

– Os Cartboys. – disse o baterista e Lisa desmaiou no chão.

– Lisa, acorda, acorda! – gritei abaixando ao seu lado.

– Ela está bem? – perguntou o cantor principal, o Tyler Cross, bem do meu lado.

– Ah ela... – parei por um momento e me voltei para ele. Meu deus ele está tão perto de mim, eu poderia até beijá-lo! Para, para garota, você tem namorado agora. – E-ela está b-bem. – suspirei no final e ele riu de mim, provavelmente da minha cara de boba.

Nós levamos a Lisa para a outra sala, onde a colocamos no sofá. Eu fiquei na sua frente dando tapinhas no seu rosto para ela acordar e funcionou.

– O quê? – murmurou Lisa. – Ah, amiga é você! Eu jurava que tinha visto o... – ele apareceu na frente e ela se levantou imediatamente começando a gritar. – Meu deus! É você, é você, é você.

– Eu? – perguntou o baterista, Jimmy Boom. Eu sempre gostei do pronunciamento do nome, parece até um super herói de quadrinhos.

– É você! O homem da minha vida, o cara que me faz acordar todo dia da semana ao som da bateria que toca no meu celular, a minha metade da laranja, a minha alma gêmea, a minha...

– Doidice instantânea. – falei rindo.

– É, a minha... Ei! – botou as mãos nos quadris.

– Imagino que vocês são as ganhadoras do concurso. – falou o garoto do baixo, Nate Gust.

– Na verdade, sou eu. – disse.

– Então porque sua amiga está aqui? – perguntou Nate. Droga! Eu e minha boca grande.

– Vamos deixar passar só dessa vez. – falou Tyler. Ai meu deus, ele é perfeito!

– Que tal irmos comer alguma coisa aqui perto? – perguntou Jimmy.

– Eu te amo! – disse de repente Lisa e todo mundo ficou tipo em silêncio. – Quer dizer, sim, vamos! – ela forçou uma risada.

Fomos para uma lanchonete na esquina e eu não acreditei no que via. Os Cartboys comiam como leões selvagens, mas Lisa achou fofinho. Boba! Uma boba apaixonada!

Tyler prendeu o arroto e eu suspirei.

– Boba apaixonada. – susssurrou Lisa.

– Ei! – falei irritada.

Depois deles comerem, Jimmy foi pagar a conta e ficamos esperando na saída.

– Então onde vocês vão nós levar? – perguntou Tyler, fiz cara de confusa. – Não conhecemos muito a cidade, vocês que vão ser nossas guias. – Lisa e eu nós entre olhamos.

– Já sei! – disse levantando o dedo me sentindo inteligente.

Os levei até um morro que tem na frente da nossa cidade, de lá dá para ver toda a cidade e é lindo, especialmente à noite. Eles levaram os violões e Tyler e Nate tocavam o violão enquanto Jimmy batucava do lado com as baquetas.

– Vai ser você. Yeaaaah! Vai ser você. – cantava Tyler, eu estava cada vez mais me apaixonando por ele. Foco, foco! Mas ele é tão lindo e perfeito. Foco garota! Você tem namorado. – E ai o que vocês fazem aqui para se diverti? – perguntou quando a música acabou.

– Ressuscito. – falei rindo e Lisa riu também, mas os Cartboys não entenderam a piada interna da gente. – Nós vamos pra escola. – dessa vez eles riram. – Mas falando sério, a gente vai pra o clube, vamos para festas, festivais beneficentes da cidade. Ah e também tem um parque de diversões na cidade bem legal.

– Então já sabemos para onde vamos. – disse Nate se levantando.

Fomos para o parque de diversões e os Cartboys que pagaram tudo incluindo as nossas entradas. Super cavalheiros.

– Isso não estava no concurso. – comentei depois.

– Imagina que eu vou deixar duas garotas lindas pagarem. – falou Jimmy e Lisa corou enquanto ria envergonhada.

Fomos ao saltamonte, depois fomos no ciclone, no Barco Viking, no kamikase e na montanha russa. Foi muito divertido, principalmente na parte que o Jimmy se borrou de medo e Lisa disse que achou fofo. Oh, menina boba!

Quando já estava de noite, fomos comer na praça de alimentação. Eu e Tyler comemos hambúrguer, mas os outros preferiram o sanduíche. Depois de comermos voltamos a ir aos brinquedos, mas dessa vez nos separamos. Lisa e Jimmy foram à montanha russa, mesmo com medo Jimmy confessou que havia gostado. Nate foi sozinho no bate-bate. Enquanto eu e Tyler decidimos ir à roda gigante.

Entramos e afivelamos os cintos, a barra a nossa frente desceu e o brinquedo começou a andar até parar no último “andar”. E lá ficamos por muito tempo conversando.

– Não queria que hoje acabasse. – eu o encarei surpresa.

– Por que não? – perguntei. Aquilo parecia bastante algo que eu diria.

– Pode não acreditar, mas faz tempo que eu não tenho um dia normal como um adolescente normal. – respondeu Tyler. – E eu me diverti muito com você e sua amiga. – ele se aproximou muito de mim e estávamos a centímetros de nós beijar, mas eu me afastei.

– Eu tenho namorado. – disse.

– É claro, você é tão linda. Imaginei que teria. – falou Tyler depois forçando uma risada.

– Mas eu me diverti também. Muito. – disse e o brinquedo voltou a se mexer.

– Qualquer coisa é só me ligar. – falou Tyler entregando o seu número. – Sei lá, pra conversar, pra contar piada, pra qualquer coisa.

– Mas você não vai estar ocupado demais? – perguntei.

– Pra você nunca. – respondeu e saímos do brinquedo.

Nós encontramos com Lisa, Nate e Jimmy na frente do parque. Os Cartboys nos levaram para a minha casa e ficamos até meia noite jogando um jogo no Playstation, meu irmão ficou irritado porque o jogo era dele. Depois eles foram embora e eu e Lisa fomos nós arrumar para dormi.

– Dá pra acreditar? – perguntou Lisa se deitando na cama. – Eu beijei o Jimmy!

– Como foi? – perguntei.

– Foi perfeito. – respondeu ela e depois riu do nada. – Eu amo ele.

– Eu também amo o Tyler, mas acho que é só um amor de artista. – disse. – Todas as pessoas na vida já se apaixonaram por um ator ou cantor, é super normal. – o meu celular tocou, uma nova mensagem. O peguei e abri:

“Meus pais querem te conhecer e conhecer sua família, amanhã jantar na minha casa às seis. Beijo amor. – Matt”

– O que foi? – perguntou Lisa estranhando o meu silêncio.

– Amanhã vai ser um longo dia. – respondi e desliguei a luz do abajur.