“Para as minhas leitoras que já se apaixonaram um dia,

Dizem que o coração manda na gente, mas e se o coração for fraco? Eu também serei fraca? E se o coração for inseguro? Eu também serei insegura? E se o coração for egoísta, eu também serei? Na vida, nós meninas, fazemos sempre tais perguntas. Se o coração manda na gente por que não estamos felizes? Talvez a resposta esteja bem na nossa frente e não conseguimos ver. Mas isso não é porque somos cegas, é que o coração manda neles também.

Secret Girl”

Fui até a caixa de correio e mandei para o jornal da escola, que eu tinha certeza que publicaria e estava certa. No outro dia de manhã cheguei na escola e todos estavam lendo o jornal com certa ansiedade. Mas dessa vez a única vítima da SG era ela mesma e o seu coração.

– Poxa, você se superou. – disse Lisa quando entrei na sala de aula. Depois ela abaixou a voz: - De onde veio toda essa inspiração?

– Do meu coração. – respondi, mal percebendo que rimaria. – Ultimamente eu não sei por quem ele bate. – ela não entendeu, só não contei para ela sobre o beijo porque havia meio que prometido a Harry que isso ficaria só entre nós, mas uma parte de mim dizia para eu contar porque ela era minha melhor amiga. – Deixa pra lá. – ela não se deu por derrotada e tentou tirar uma explicação de mim, mas vendo que não conseguiria, desistiu.

Estávamos na fila da cantina quando Harry chegou, meu coração começou a bater rápido, poderia ser ouvido por quilômetros de distância. Mas por quê? Por que ele batia tão rápido?

– Oi. – disse Harry, retribuímos, mas eu meio que não olhei para os seus olhos. Não conseguia encará-lo, mas sabia que me observava.

– Eu não entendo o que há com vocês. – explodiu Lisa quando sentamos-nos à mesa. – Podem me explicar o que está acontecendo? – respirei fundo, o que eu poderia dizer.

– A ****** está nervosa por causa do concurso. – respondeu Harry. Como ele sabia do concurso?

– C-como você sabe do concurso? – perguntei surpresa.

– Eu contei. – quem respondeu foi Lisa. – Espero que não se importe. – balancei a cabeça, não me importava.

– Eu vou ali, preciso falar com uma pessoa. – disse me levantando, mas Harry segurou minha mão e por alguns segundos fiquei vermelha.

– Quando sai o resultado do concurso? – perguntou ele.

– Hoje. – respondi e soltei sua mão.

Sai andando pelos corredores procurando Matt e o encontrei no gramado embaixo de uma árvore com o seu melhor amigo, o seu violão. Seus olhos azuis pousaram em mim, ele sorriu. Então caminhei até ele.

– O que lhe trás aqui? – perguntou Matt. Sentei-me ao seu lado.

– Achei que você devesse saber que hoje sai o resultado do concurso. – disse.

– Que horas? – perguntou.

– Na próxima aula. – respondi, ele ficou confuso. – Eu vou matar aula, preciso saber quem venceu, preciso ir. - Matt viu que não haveria como tirar a ideia da minha cabeça, eu já estava decidida.

– Então eu vou também. – disse Matt.

– O quê? Não!

– Eu vou. – repetiu Matt mais firme. Eu estava levando o Matt, o garoto prodígio certinho, para o lado errado. Que ótimo! Modo Darth Vader ativado.

Antes de o intervalo acabar peguei minha bolsa na sala de aula e me encontrei com Matt atrás da escola, onde passamos por um buraco escondido por trás de um arbusto que só alguns alunos conheciam.

Corremos pela rua, sentindo a liberdade em nossos calcanhares. Chegamos a um salão onde estava havendo o resultado do concurso. Era um salão grande que estava lotado de fãs, com certeza muita gente ficaria decepcionado independendo do resultado. Qual foi minha surpresa? Encontrar a Tiffany ali.

– Olha só quem está matando aula. – disse Tiffany atrás de mim, me virei para ela. – Você não quer que eu conte pra a diretora quer?

– Se fizer isso eu conto que você esteve aqui também. – falei.

– Prove. – disse Tiffany rindo. Peguei meu celular e tirei uma foto dela. Ela gritou de indignação.

– É melhor ficar quieta. – falei e ela foi embora marchando com raiva.

Virei-me e olhei para um pequeno palco situado no meio do salão aonde uma mulher, loira de olhos castanhos escuros usando uns óculos pretos com um blazer preto e uma saia rosa claro e uma camiseta branca, estava.

– Ela é a empresária dos Cartboys. – murmurou Matt. Admira-me ele saber disso e eu não.

Ela pegou o microfone e pediu a atenção de todos, mesmo todos já prestando ansiosos.

– A vencedora ou o vencedor irá passar o sábado todo com os Cartboys. E o usuário ganhador é: - ela abriu um papel enquanto suavam os tambores. – Lembrando que a música escolhida, foi escolhida pelos próprios Cartboys. Sem mais delongas, o vencedor é o... – o som dos tambores aumentaram, mas nem de longe era mais alto que meu coração. – Usuário: S26G. – se ouviram vários suspiros de tristeza e outros aplaudiam.

– Qual é o seu usuário? – perguntou Matt.

– Não sei, não deve ser esse. – falei procurando na bolsa. Peguei o papel que estava escrito. – S26G! Meu deus! Sou eu! Sou eu! – gritei pulando, comecei a rir sozinha e a dançar. Matt ria de mim logo ao lado.

Fui até a empresária da banda e confirmei o usuário através dos meus contatos e assinei alguns documentos. Depois sai do salão com Matt, eu ainda estava agitada e ria sozinha.

– Calma. – pediu Matt também rindo.

– Meu deus! Eu estou sonhando! – falei colocando as mãos no rosto. Matt riu, dei lhe um beijo na bochecha. – Se não fosse a sua música eu não conseguiria. – ele corou e colocou as mãos no bolso.

– Ela sempre foi sua. – disse Matt.

– Como assim? – perguntei parando de andar.

– Eu a escrevi pensando em você. – respondeu ele. De repente tudo parecia parar e eu comecei a lembrar da letra da música: um garoto que gostava de uma garota que não o vê como ele deseja que visse. Seria quase a minha música com o John, mas a diferença é que eu conheço o Matt e o John não me conhece.

– Matt eu... – a verdade é que eu não sabia o que dizer. O que você diria? Fiquei sem palavras.

– Não precisa dizer nada. – disse ele, acho que meus olhos me entregaram, eu estava com pena dele por não senti o mesmo. Ele se virou e foi embora com a cabeça baixa, triste.

A tarde toda fiquei pensando no Matt, pobre garoto prodígio. Quando Lisa me avisou sobre isso eu não escutei, achei que era uma brincadeira. Eu liguei para ela, senti que tinha que contar para a minha melhor amiga e ela me escutou e nem sequer chegou a dizer: Eu te avisei. Apenas me escutou e me aconselhou.

– Você não tem culpa. – disse Lisa do outro lado da linha. – Eu sei que você nunca ia querer magoá-lo.

– Mas eu magoei e essa é a questão. Como conseguirei dormi sabendo que magoei o Matt? – perguntei. Ela demorou a responder:

– A vida continua.

Isso foi o bastante para eu continuar, mas eu não me sentia melhor não. Eu ainda me sentia culpada, o que o Matt estava sentindo era o que eu sentia pelo John, um amor quase impossível.

De manhã na escola um monte de gente veio até mim para saber sobre o concurso se era verdade que eu havia ganhado. Fizeram um monte de perguntas pra mim e acho que eu fiquei até popular por um dia. Mas só uma pessoa me chamou a atenção.

– Legal! Você vai conhecer os Cartboys. – era John do lado do seu amigo Lucas, ele sorriu para mim. – Como é mesmo seu nome? – eu demorei para responder, parecia uma boba na frente dele, nem conseguia acreditar.

– ******.

– Belo nome. – falou John, sorri agradecendo.

O professor entrou na sala de aula e todas as pessoas que não eram da sala tiveram que sair inclusive John e Lucas. Lisa riu da minha cara:

– Já tava na hora não é? – perguntou Lisa ainda rindo, eu confirmei com a cabeça ainda besta com o que aconteceu.

No intervalo, me sentei na mesa com Harry enquanto Lisa foi pegar o seu lanche.

– Harry. – o chamei, ele levantou a cabeça para me olhar. – Quero lhe dizer que o que aconteceu naquela noite, podemos esquecer. Eu quero começar do zero, sem ameaças, sem beijo, sem nada. – disse, ele me olhou surpreso, mas sem expressão. Eu não conseguia saber se estava triste ou feliz, talvez os dois.

– Tudo bem. – falou por fim dando de ombros e depois voltou a comer.

Antes que eu dissesse alguma coisa Lisa chegou animada.

– Um monte de gente está falando comigo só porque sabe que você e eu vamos passar o sábado com os Cartboys. – disse Lisa.

– Você e eu? – perguntei.

– Poxa amiga, eu pensei que...

– Estou brincando. – disse rindo. – Nós iremos juntas. – ela sorriu e bateu palmas de alegria. Harry ficou calado até o final do intervalo.

Quando as aulas acabaram eu estava caminhando para frente da escola, onde Mark normalmente me espera para pegarmos o ônibus escolar, mas de repente Lisa aparece correndo com o jornal na mão.

– Olha, o John publicou um recado no jornal. – falou ela, fiz cara de confusa. – Achei que quisesse ler. – peguei o jornal e li:

“euqarp asud saroh”

– Não sabia que ele falava alemão. – comentou Lisa.

– Que alemão, menina! – disse. – Isso é um código.

– E o que significa? – perguntou Lisa.

– Parque duas horas. – respondi lendo de novo. – Meu deus! Eu acho que é para mim, quer dizer, pra SG. – murmurei.

– Não sei não. – falou Lisa pensativa.

– É lógico que é pra mim. – disse.

– Ah, ai está você! – falou uma voz atrás de mim, me virei e me deparei com Mark. – O ônibus já vai chegar, vamos.

Devolvi o jornal para Lisa e corri junto com o Mark para frente da escola, por sorte conseguimos pegar o ônibus a tempo. Meu coração estava acelerado, eu só não sabia se era por causa da correria ou por saber que em duas horas me encontraria com John.