Eu estava andando com Lisa pelo corredor antes das aulas começarem e vimos um cartaz dizendo para participamos da decoração do baile, tinha um desenho de um casal dançando no meio e no final do cartaz dizia que isso ia para o nosso currículo escolar.

– Que interessante. – comentei.

– Ah não! Por favor, me diz que não está pensando em entrar. – pediu Lisa fazendo biquinho.

– Você leu isso aqui? Vai para o currículo! E como eu não sou líder de torcida, não participo de algum esporte ou do clube do jornal, eu preciso disso. – falei com o meu discurso. – E você...

– Ok! – concordou Lisa, eu a olhei chocada. – O que foi? Você ia me convencer mesmo. – Ri da sua atitude. logo após disso o sinal tocou e fomos para a sala de aula ter mais uma aula chata de matemática.

No intervalo foi meio esquisito. Lisa estava com Paul e eu com o Harry, ou seja, estávamos sentados como casais, era estranho o fato de eu já ter tido alguma coisa com alguém como o Paul, mas era bom ver a minha melhor amiga feliz. Enfim enquanto os meninos falavam de futebol, Lisa tentou mudar de assunto para o baile que se aproximava. Assunto que toda a escola não parava de falar.

– Eu e o Paul vamos. – disse Lisa animada. – Ah e por isso eu preciso da sua ajuda para achar um vestido.

– Mas ainda não disseram do que vai ser o baile desse ano. – falou Harry.

– É, mas amanhã vão contar. – disse Paul. – Vocês já votaram? – negamos. – Bem, eu votei. – Lisa o olhou surpresa. – Votei no tema personagens de filmes.

– O mesmo que do ano passado? – perguntei, Paul assentiu. – Nem me lembre disso, eu fui como Hermione. – Harry riu de mim. – Eu amo a Hermione, mas eu não combinei nem um pouco com o estilo bruxinha.

– Pelo menos você já tem o seu Harry. - zoou Paul.

– Eu gostei do baile do ano passado! – disse Lisa relembrando. – Eu fui de Cinderela invés de esquecer o sapatinho no baile, eu esqueci em casa meu celular. Sorte que você me deu carona amiga.

– Você ficou hilária naquela fantasia! – falei rindo.

– Eu fui de Edward ano passado. – disse Paul. – E você Harry?

– Eu fui de homem invisível. – falou Harry, nós olhamos para ele confusos. – Porque eu nem fui. – ele riu que nem doido. O Harry é uma graça, mas às vezes ele vem com essas piadinhas...

O sinal tocou e voltamos para a sala de aula para fazer anotações de ciência.

– Tem gente que está querendo que esse ano seja super heróis o tema. – sussurrou Lisa no meio da aula. Fiz cara de nojo, não que eu não goste, mas me vesti de um na frente de toda a escola não me agradava. Imagina os garotos usando sungas, muito ridículo.

Quando o sinal tocou fui me encontrar com Mark na frente da escola, ele estava sentado em um banco e se levantou a me ver.

– Mana, eu não vou para casa agora. – disse Mark.

– Por quê? – perguntei.

– Vou sair com uns amigos. – respondeu Mark. Hm... Amigos, sei... – Avisa para a mamãe ok? Tchau! – não deu tempo nem de falar nada e Mark já havia ido embora.

Sentei-me no banco e fiquei esperando o ônibus depois que chegou fui para casa como habitualmente. Cheguei lá, subi as escadas em direção ao meu quarto e me joguei na cama. Não demorou muito para Gilda me chamar para comer e avisar que mamãe chegaria logo com a Alicia.

Quando mamãe e papai chegaram com ela, dei um beijo na testa da minha nova irmãzinha e avisei a minha mãe que Mark saiu com uns amigos e por isso não almoçou em casa.

– Ah, tudo bem. – disse mamãe super de boa grudada com a Alicia.

– Também estou pensando em sair. – falei. – Combinei com o Harry de ir ao boliche. – mamãe deixou e eu fui me arrumar para ir me encontrar com o meu namorado.

Quando cheguei ao boliche ele já estava me esperando, me deu um beijo e foi pegar os nossos tênis para jogarmos.

– Isso já está virando costume não é? – perguntou Harry rindo.

– É, mas agora eu amo boliche. – falei. – Depois de ter feito alguns strikes, ele me conquistou.

Harry riu e começamos a jogar. Dessa vez sem ajuda, eu consegui fazer um strike, o que era uma evolução para mim.

– Vou pegar uma água. – disse para Harry indo em direção a lanchonete.

Pedi uma água para a moça do balcão, ela trouxe e eu a paguei. Virei-me para ir embora quando meus olhos caíram em duas pessoas bem familiares. Mark e Tiffany. Sentados em uma das mesas e comendo juntos. Eles estavam rindo, de provavelmente alguma coisa que Mark disse que apesar de não ter graça, as pessoas riam. Bem, menos eu.

Mas eu precisava fazer alguma. Era ali e agora.

Dei um passo à frente e depois recuei, mas decidi ir até lá no final das contas.

– Olha que coincidência! – gritei forçando um sorriso.

– Oi mana. – disse Mark me abraçando. – Ah, essa é a Tiffany. – Ela me olhou sorrindo e disse que era um prazer me conhecer. Quanta cara de pau!

– É um prazer conhecer você também. – falei me sentando no meio, os dois se entre olharam e eu fingi não ver. – Sabe o que é engraçado? – falei bebendo minha água e rindo como se lembrasse de uma piada. – Eu estava agora mesmo pensando na escola e como tem umas garotas metidas na minha sala! – Tiffany engoliu em seco, querendo me alfinetar sem poder. Foi bom está no comando pela primeira vez. – Se lembra Mark? Daquela garota que me fez chorar quando eu era criança e eu voltei para a casa vermelha de choro? – Mark me olhou sem entender, mas assentiu. – Então, - bebi mais um gole d’água. - dá para acreditar que depois de tanto tempo essa mesma garota continua a mesma ridícula de antes. Maltratando as pessoas e tal... – ri e bebi mais água, eu parecia uma bêbada, mas a raiva era tamanha. – Eu fico me perguntando, onde será que ela está agora? – Mark me olhou como se eu fosse doida. – Ela pode estar em casa ou malhando ou até mesmo saltando de paraquedas, é eu acho que ela está fazendo isso... – fiz uma pausa. – Ou – olhei para Tiffany sorrindo. – Ela pode estar aqui sentada com a gente. Fingindo que não me conhece e namorando o meu irmão.

– O quê? – perguntou Mark tentando digerir o que eu disse.

– Você ouviu bem meu irmão. – falei me levantando, já via Harry olhando para a nossa direção preocupado. – Essa impostora aqui é a minha inimiga. É a garota que me fez chorar, querer não ir para a escola mais, que me maltratou todo esse tempo e que só agora eu finalmente resolvi enfrentá-la para poder dizer que... – olhei para Tiffany. - Que eu sou muito melhor que você.

– Tiffany, isso é verdade? – perguntou Mark se levantando e ignorando as minhas últimas frases. Ela se levantou também arrumando um jeito de se explicar.

– É, mas eu...

– Não acredito! – disse Mark olhando para os lados sem acreditar. – Você é a garota que tem maltratado a minha irmã todos esses anos?

– E tem mais... – falei a encarando. – Para me provocar ela resolveu namorar o meu irmão. – Mark me olhou depois olhou para ela incrédulo.

– E eu achava que te conhecia. – disse Mark pronto para ir embora quando Tiffany puxou o braço dele chorando.

– Não, você me conhece Mark. Você me conhece. – falou Tiffany. Cinicamente em minha opinião.

– Conheço? – perguntou Mark sarcasticamente. – E quem é realmente você? Você é a pessoa que faz bullying na minha irmã desde criança ou a garota que há dez minutos estava falando que adorava crianças? – ele a olhou triste e ela começou a soluçar. Mark se virou e foi embora do boliche.

Sem antes ter percebido, olhei para os lados e vi as pessoas olhando a cena. Depois de alguns segundos Tiffany correu para fora de lá indo atrás de Mark e eu fui até Harry.

– A água acabou. – falei mostrando a garrafa vazia. – E agora eu vou precisar ir ao banheiro. – Não deveria ter bebido tanta água.

– Por que fez isso? – perguntou Harry. Ele não estava chateado ou irritado, muito pelo contrário.

– Eu não sei. – respondi com sinceridade. – Acho que essa coisa tava entalada na minha garganta há muito tempo. – Harry me abraçou forte.

Flashback on – Quinta-série

Eu estava correndo enquanto chorava até em casa. Lembrando-me as palavras grosseiras que Tiffany havia me dito. O quanto eu era feia, o quanto eu era insignificante. Ela me desprezava tanto e eu, ao menos, nem sabia o motivo. As palavras eu até podia ignorar, mas ela mexia comigo e me implicava.

Eu não queria entrar em casa naquele estado então sentei no jardim e fiquei chorando. A porta de casa se abriu e Mark veio até mim preocupado.

– Mana? – perguntou ele se agachando. – O que aconteceu com você?

– U-uma garota – respondi gaguejando. – da e-escola.

– Vamos entrar em casa. – pediu Mark me levantando. – Mamãe e papai não estão, mas eu vou cuidar de você ok? – ele me levou para dentro, me fez lavar o rosto e contar o que havia acontecido. – O quê? Essa garota não pode fazer isso com você! Você não é bicho, é gente! – Mark disse revoltado. – Me diga o nome dela agora que amanhã vou à escola reclamar.

– Não pode fazer isso! – gritei escondendo meu rosto na almofada para não chorar. – Vai piorar tudo! Ela vai me odiar mais!

– Me diga o nome! – mandou Mark, neguei e sai correndo para me trancar no quarto. Mark não veio atrás, mas tentou saber quem era depois e não teve sucesso porque eu não contei mais nada. Mas aquilo voltou a acontecer, das outras vezes sem que Mark soubesse, mas nunca eu iria contar para ninguém. Se não a Tiffany poderia querer ser vingar de mim e eu não aguentaria. Ela mesmo disse que eu era fraca.

Flashback off