Fome Insaciável escrita por Shadow


Capítulo 4
A visita inesperada


Notas iniciais do capítulo

Não preciso dizer que apartir desse capitulo as coisas vão melhorar com isso eu quero dizer: a Livy vai começar a se fu**.
E as pessoas finalmente vão morrer. Muahahahaha.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154267/chapter/4

Depois de receber aquela noticia comecei a ver tudo em câmera lenta, os policiais entraram e me contaram sobre o acidente dos meus pais. Eu podia ate imaginar a minha aparência, meus cabelos deviam estar um ninho de rato, meu nariz ainda devia estar vermelho como de um palhaço por conta da gripe, minha cara pálida talvez ate um pouco verde já que eu estava com uma impressão de que iria vomitar a qualquer minuto, meus olhos marrons vidrados, ou seja, a cara de alguém que acabou de receber a noticia que recebi. Eu simplesmente não conseguia acreditar, meus pais mortos em um acidente de carro? Não parecia possível, papai mal dirigia a cima de dez quilômetros por hora. Eu sempre me aborrecia com ele por isso. O policial mais novo que agora eu sabia que se chamava Joah me entregou umas fotos para eu reconhecer os cadáveres. Olhei demoradamente para os corpos ensangüentados dos meus pais, mas alguma coisa não se encaixava, o carro não estava nem um pouco amassado nem sequer arranhado. Meus pais estavam com marcas de mordidas e não de um desastre automobilístico.

-Alguma coisa errada Livy? – Joah perguntou tirando a foto das minhas mãos.

-Sim. Que merda de foto é essa?

-Essa foto foi tirada no lugar onde seus pais foram encontrados. – disse simplesmente.

-Isso não responde a minha pergunta. – retruquei. – Você disse que meus pais morreram em um acidente de carro e não comidos por sei lá o que.

Ao invés de se abalar com o meu comentário, Joah deu de ombros e virou-se para ir embora.

-Ah você não vai não! – puxei-o pela jaqueta de policial. – Quero que você me explique essa história direitinho.

-O que você tem que saber Senhorita Baker e senhorita já esta sabendo. Afinal seus pais estavam dentro de um carro não é mesmo? Foram encontrados mortos dentro do carro não é? – olhei pra ele sem entender porra nenhuma. Joah sorriu e tirou minha mão de sua jaqueta dando o aceno de cabeça para o comparsa e saindo fora com ele em seus calcanhares. Mas o velho parou e olhou para Joah e voltou para me entregar um pedaço de papel. Virou sem dizer nada e entrou num carro preto lustroso. Policiais andavam de carros luxuosos em dias de trabalho?

Bati a porta com força e a tranquei, o que eu achei que era apenas um pedaço de papel na verdade era uma folha de caderno dobrada milhares de vezes, nela uma letra minúscula explicava em detalhes o inferno que eu iria presenciar em algumas horas.

“Cara Livy, você não me conhece e eu não conheço você. Primeiramente peço que tranque sua casa completamente.”

Não sei por que, mas obedeci sai trancando tudo, parei no quarto dos meus pais lutei contra vontade de chorar. Depois de verificar duas vezes se as portas e janelas estavam bem trancadas me sentei no sofá e continuei a ler.

“Gostaria de poder lhe contar que sou um cientista que trabalha para o bem do mundo, mas eu estaria mentindo por tanto vou lhe contar o inicio do fim. Comecei a fazer experiências em cobaias humanas, agora não me entenda mal eu apenas queria verificar se meu soro funcionaria, mas fracassei. A maioria de minhas cobaias morreu assim que o soro chegou a circular em todo o corpo da vitima, veja bem eu disse vitima e não cobaia voluntaria. A morte era lenta e dolorosa no inicio, mas meu soro foi feito para mudar e expandir, ou o termo que prefiro usar, uma leve mutação em sua estrutura molecular sua e de seu hopedeiro. Com o tempo o soro começou a fazer efeito e as cobaias pararam de morrer ou foi o que eu achei. Como eu era inocente não é mesmo? Bem mudei minha experiência de uma amostra liquida para uma gasosa, e agora minha descoberta de um soro se transformava numa criação de um vírus mortal capaz de acabar com a população de uma cidade em questão de semanas e Deus me livre o mundo em apenas meses, mas ele não me livrou. Penso que foi um castigo por minha ambição em fazer do mundo um lugar que em meu julgamento seria melhor sem um Deus. Por que esse soro nos faria mais fortes, resistentes a doenças, jovens por quanto tempo quiséssemos, imortais. Ou seja não precisaríamos pedir perdão, não teríamos a consciência do significado da morte, pois nunca a sentiríamos então nunca iríamos saber o que é o céu ou o inferno. Mas mais uma vez minha inocência me cegou e a experiência falhou, as cobaias morreram num curto período de quatro horas, fiquei verdadeiramente triste não com suas mortes, mas com minha falha, você vê eu fui um velho tolo e egoísta, não egoísta não, talvez ganancioso. Quando íamos jogar seus corpos em covas improvisadas, seus pais apareceram, vê por que eu estou lhe contando tudo, estamos juntos nisso e é ai que nossos caminhos se cruzam, seus pais e eu entramos numa profunda discussão sobre os cadáveres, quando digo profunda quero dizer que seus nobres e falecidos pais iam me denunciar. Nem percebemos quando os corpos que chamávamos de cadáveres se levantaram, vi seus pais serem atacados e atirei contra as minhas cobaias, era inútil eu sabia, eles já estavam mortos. Não seus pais é claro, mas as cobaias. No fim consegui capturar meus bichinhos é como os chamo agora. Um de meus seguranças foi mordido no processo, horas depois ele ficou igual às criaturas que criei. Na confusão não sei como os outros conseguiram escapar e o caos reinou no meu laboratório improvisado dessa vez conseguimos matar as criaturas que os leigos chamariam de zumbis. Mais uma coisa viajei para a Florida sem saber que outro de meus seguranças também fora mordido, e mais uma vez o caos reinou, mas diferentemente da primeira vez o segurança não tinha amigos para dividir o pão e então as vitimas que lutavam contra ele e eram mordidas passavam de saudáveis e inofensivos à ameaças biologias canibais. Lamento profundamente por ser tão demorado e ao mesmo tempo vago, mas é que meu tempo é curto. Joah esta ficando impaciente eu suponho. Sinto por sua perda, uma garota de quinze anos não deveria passar por isso, sei que seus pais deram autorização para viajar com suas amigas mais velhas para a Florida mais lhe digo que você esta bem melhor ai em Georgia já que minhas experiências foram aniquiladas ai. Apesar de informa-lhe que o vírus já começou a se espalhar rapidamente e inevitavelmente estará batendo em sua porta mais cedo ou mais tarde. Meus sinceros pêsames Guilhermo.”  

-Hã? - disse como uma debilóide assim que terminei de ler. Sinceramente porque ninguém nunca me internou numa escola para crianças especiais?

Você deve estar se perguntando, ela é uma menor de idade e vai ficar sozinha? Me sinto ate melhor com isso, porque é bem melhor ficar em casa do que num orfanato. E eles não eram policiais de verdade para se importarem com a minha segurança, talvez ate estivessem torcendo para eu morrer. O que era bem provável e aparentemente ninguém saberia da morte dos meus pais alem de mim. Minha irmã morava na cidade vizinha Carolina do Sul e seria uma viagem bem longa ate ela.

Fui à cozinha buscar algo para comer já que eu só havia comido no café da manha, mas ao entrar lá as lembranças daquela manha me vieram à mente assim que meu pé tocou a soleira da porta. Mamãe com seu avental florido, papai com seu onipresente jornal matinal, minha grosseria. Fiquei parada olhando o vazio da cozinha silenciosa e então me virei e apaguei a luz.

Entrei no quarto dos meus pais, fui assaltada pelo cheiro de rosas do perfume que minha mãe mais gostava, era bem agradável e suave. Deitei-me na cama perfeitamente arrumada e admirei o teto, algumas horas se passaram e eu continuava com o olhar vidrado no teto. Trim trim trim, o toque irritante do telefone me tirou do estado de catatonia.

-Alô?

-Ah ola. – disse uma voz feminina animada do outro lado da linha. – Meu filho está?

-Quem é?

-Ah que cabeça a minha, aqui é a Senhora Smith, mãe do Collin. Então ele está?

Eu havia me esquecido completamente do meu encontro com Collin.

-Me desculpe, mas eu não vi o Collin hoje.

-Como assim? Ele disse que iria ao cinema com você. – ela disse sem disfarçar a preocupação da voz.

-Sim, nós marcamos hoje cedo, mas houve um imprevisto e eu não pude ir, na verdade eu ate tinha me esquecido. Sinto muito.

Alguns minutos de silencio, e a senhora Smith chamou o marido, os ouvi conversando do outro lado.

-Mas querido. – começou ela. – ele não está com ela, estou preocupada ele me jurou que chegaria antes das onze.

O que? Antes das onze? Que horas eram afinal? Forcei a vista para o relógio na parede oposta. Faltavam dez pra meia-noite. O tempo estava passando rápido.

-Deixe-me falar com ela. – houve um pequeno baque e a linha caiu.

Quase que no mesmo minuto a luz se apagou e eu mergulhei na escuridão completa e sufocante, na rua a gritaria começou, cachorros começaram a latir, e varias batidas desesperadas na minha porta ecoaram por toda a casa, era desesperador estar fora de casa em um blackout. Continuei imóvel com o telefone fora do gancho, engoli em seco e bati o telefone que caiu fazendo barulho muito alto comparado ao silencio da casa.

Andei lentamente ate a janela, um tanque de guerra se aproximava e soldados armados marchavam com armas enormes e lanternas eles estavam empurrando as pessoas para fora de seu caminho. Um deles gritava no mega-fone.

-Nada de pânico, estamos aqui para a sua segurança. Pedimos a todas as pessoas que ainda estão na rua para voltarem para casa e caso não seja possível para casa de um amigo ou vizinho. A ordem foi dada, todo aquele que não obedecer será preso e levado em custodia do exercito. Repito todo aquele que não obedecer será preso e levado em custodia do exercito. – ele baixou o mega-fone e sussurrou algo no ouvido do soldado ao lado. Com um aceno afirmativo de cabeça o soldado entrou no tanque, o tanque começou a andar mais depressa. E logo eles estavam fora de vista e repetindo o aviso.

Sai tateando pela casa ate encontrar o sofá. Sentei-me e comecei a pensar no que iria fazer. A casa já estava completamente trancada. Então só faltava varias outras coisas da minha lista mental.

Minha porta foi esmurrada por alguém, me levantei rapidamente, meu coração batia loucamente.

-Tem alguém ai? – alguém gritou da porta. A porta foi esmurrada novamente e então silencio. Meu coração que quase quebrava minhas costelas em suas batidas violentas parou de súbito quando um rosto familiar apareceu na janela.

 -Ai meu Deus, Collin você quase me fez ter um ataque do coração. – disse quando o puxei para dentro. Bati a porta trancando-a novamente.

-Desculpa, eu já estava por aqui por perto, e o cara falou para que entrássemos na casa de algum conhecido.

-É eu ouvi. Mais uma coisa seus pais estavam falado comigo agorinha mesmo. Sua mãe está preocupada.

Collin sugou o ar e se jogou no meu sofá, era meio irritante o modo como ele conseguia ver tão bem no escuro enquanto eu me movia como uma toupera retardada esbarrando em tudo.

-Droga, passei do horário não foi?

-Deve ser.

-Meu celular descarregou e eu não pude avisar que chegaria tarde.

-Quer o meu emprestado?

Collin ficou parado ouvindo a mãe gritar por uns dez minutos incessantes.

-Ta mãe, eu também te amo. – ouvir aquilo me fez lembrar que havia muito tempo que eu não dizia que amava minha mãe. Basicamente gritava com ela por idiotices e falava que a odiava. Reprimi a vontade de chorar.

-Err Livy? - Collin chamou, ele devia estar chamando minha atenção há algum tempo pelo modo que suas palavra soaram hesitantes.

-Sim?

-Você tem algum kit de primeiros socorros?

-Hum... Acho que sim por quê?

-Eu fui mordido por um cara antes de vir pra cá.

-Mordido? – perguntei nervosa.

-Sim, e os caras de verde surtaram quando viram a marca da mordida no meu braço.

-Serio? – agora eu estava realmente nervosa. Olha pelo lado bom disse uma voz baixinho na minha cabeça, Collin está na sua sala. Outra voz cheia de sarcasmo tomou o lugar da primeira, é Livy ele está na sua sala e foi mordido por um zumbi e possivelmente vai tentar te comer... literalmente terminou ela rindo histericamente.

A pesar daquela linda observação, não pude deixar de me animar, pelo menos não estava sozinha em casa. Mas uma coisa era inevitável Collin iria virar um zumbi. De acordo com o bilhete do doutor eram depois de mordidas que as pessoas contraiam o vírus que era transmitido de um ser para outro através de mordidas. Bem também tem aquela parte do gás e do soro.

-Então sobre o que você e sua mãe conversaram? – perguntei fingindo não me importar.

-Ela esta feliz por eu estar bem, mas também esta furiosa por eu ter quebrado a promessa, e finalmente aliviada por saber onde eu estou. – ele sugou o ar quando eu estava passando o remédio.

-Arre nem esta doendo. – não pude conter o riso.

-Não fique rindo de mim Livy isso não dói, mas arde como o fogo do inferno.

-Ah vai, não seja dramático você esta chorando mais que uma criança de três anos.

-Livy? – chamou ele sorrindo maldosamente.

-Sim? – perguntei meio confusa.

-Vai se danar! – apertei o algodão mais forte em seu ferimento. –Aiiiiiiiiii!!!!! – gritou desesperado.

-Vá à merda Collin, e cuide você mesmo dessa porcaria ai, esta começando a inchar e soltar pus, não quero que suje minha casa.

-Ei perai. – pediu segurando meu braço. – desculpe, eu só estava brincando.

-Ta legal. – eu estava ficando um pouco sensível desde a noticia da morte dos meus velhos.

O local da mordida estava ficando cada vez mais nojento, a todo minuto tínhamos que desenfaixar o braço de Collin para limpar novamente a ferida, a mistura de sangue, pus e mau cheiro estava me deixando enjoada.

-Pronto – disse quando peguei a lanterna e me sentei no chão chutando as bandagens imundas dele para longe de mim. - esta limpo de novo. – me sentei e guardei tudo no kit novamente.

-Que horas são? – notei que sua voz estava um pouco tremula.

-Collin você esta bem?

-Estou bem – bufou. – bem mal.

Toquei em sua testa, e em vez de quente como uma pessoa com febre ele estava congelando igual... Respirei fundo e conclui o pensamento, ele estava gelado como um morto.

-Collin você esta gelado como um palito de picolé. – falei a primeira coisa idiota que me veio à mente.

-Estranho eu estou me sentindo queimar por dentro. – ele tossiu, era uma tosse nojenta e molhada. – E então que horas são?

Foquei a luz da lanterna na parede onde o relógio ficava pendurado e apertei os olhos e suspirei.

- Faltam vinte minutos para uma da manha.

-Nossa o tempo voa quando nos divertimos.  – disse antes de ter outra tosse nojenta. Collin era exatamente como eu, falava besteiras sem parar.

-Ah nossa quanta diversão. – disse sem entusiasmo. – Tem uma coisa que eu quero perguntar Collin... – deixei a frase morrer quando a luz da lanterna focou seu rosto.

-Manda a ver, não temos mais nada de interessante no momento.

-Ah... Bem, por que você demorou tanto pra chegar aqui? Digo você mora longe e tudo mais, mas você chegou aqui praticamente meia noite e vinte.

Collin pareceu pensar um minuto. Virei à lanterna para longe de seu rosto, ele estava ficando cada vez mais medonho, seus olhos estavam injetados de sangue e as pupilas se dilataram, círculos roxos se formaram em baixo de seus olhos e ficaram de um contraste horrendo com sua pele pálida. Collin abriu a boca para falar, mas tossiu e cuspiu sangue no chão.

-Eca. – ele disse e mais sangue saiu por sua boca. – Espero que seus pais não se importem de ter um pouco de sangue no chão. – sorriu fracamente olhando para a poça enorme no chão.

-Eu acho que não. – falei enquanto me arrastava para longe daquilo.

- Falando nisso onde estão eles? – a pergunta que eu tanto temia foi feita.

-Foram na casa de um amigo da família.

-E por que você não foi junto? – ele estava começando me irritar.

-Por que eu estava dormindo. Agora e a sua vez, por que você demorou tanto pra chegar aqui?

-Bem como você disse eu moro longe mais não tão longe, o verdadeiro problema foi àquele cara que me mordeu. Eu estava andando despreocupado e o vi no meio da rua passando mal, resolvi ajudar, ia levá-lo ao hospital, mas como nenhum carro passava o carreguei, agora sei que foi besteira, eu tinha um celular e dava pra ligar para pedir uma ambulância, mas não pensei nisso na hora. Estávamos na metade do caminho andando há uma hora mais ou menos, quando ele começou a se contorcer e a gemer, ele me empurrou e caiu tendo espasmos e tal foi nojento ele vomitou e babou em si mesmo. E eu fiquei parado lá como um bobão. Então do nada ele ficou lá paradão me abaixei e verifiquei se ele tinha pulso e você não vai acreditar ele não tinha e estava tão gelado e tão morto. – ele riu de um jeito maníaco. – ai quando eu ia me levantar e chamar alguém ele me segurou, puxei meu braço com toda a força, mas de alguma forma ele era muito mais forte do que eu, eu sabia que era impossível ele ter toda aquela força afinal o cara tava passando mal e... bem ele tinha acabado de morrer, mas para encurtar ele me mordeu e o empurrei e corri, ele foi atrás de mim e fiquei correndo para todo o lugar na tentativa de despistá-lo ate chegar aqui na sua casa, nesse meio tempo eu encontrei os caras de verde e eles queriam atirar em mim vê se pode. E aqui estamos nós.

-E aqui estamos nós. –repeti.

-E ai por que seus pais não te ligaram?

Meu celular tocou e a música nos fez pular com o susto, me salvando de pensar em alguma mentira para responder.

-Alô?

-Ah oi Livy, onde esta o Collin? – disse a senhora Smith.

-Ele esta aqui no meu sofá – Collin estendeu a mão esperando para eu passar o telefone para ele, mas o ignorei. – Senhora Smith ele está muito mal. – Collin me deu um chute. – Ai.

-Você não tem que contar nada pra ela. – sibilou.

-Ela vai saber mais cedo ou mais tarde, não sei se você já se viu no espelho, mas você não esta um exemplo de beleza e saúde.

-Livy? – ela chamou.

-Desculpa e que seu filho esta tendo um ataque por que eu disse que ele esta passando mal.

-Bem típico dos machões Smith, o que ele tem?

-Ele... Err... Bem... – e agora o que iria dizer? Bem senhora Smith seu filho vai morrer, mas a boa noticia e que ele vai voltar, mas ele será um canibal ensandecido. Acho que não.

-Não sabemos. – menti.

-Estranho ele quase nunca fica doente.

-Ele quer falar com a senhora. – entreguei o telefone a Collin antes que ele me chutasse outra vez.

-E ai mãe, não mãe estou bem sério. – como se para mostrar que ele estava mentindo ele vomitou mais sangue no chão. Tirei meu telefone de suas mãos frias e falei com a senhora Smith.

-O que foi isso?

-Ah nada, só seu filho colocando as tripas para fora aqui em cima de mim.

-Ele esta vomitando?

-E isso ou ele esta menstruando pela boca.

-Ele esta vomitando SANGUE? – ela gritou no meu ouvido. Collin olhou para mim, provavelmente ouviu o grito da mãe.

-Eu disse para você não falar nada para ela. – ele falou sonolento.

-Cala a boca Collin. Senhora Smith?

-Desculpe Livy minha esposa esta tendo um ataque.

-Oh oi senhor Smith.

-Por favor, me chame de Doutor Smith. – nossa como ele era modesto.

-Oi Doutor Smith. – falei contendo o riso.

-Me diga o que Collin tem.

-Como eu disse para a senhora Smith não fazemos a menor idéia. Mas eu acho que tem alguma coisa a ver com o cara que mordeu ele.

-Alguém o mordeu? – perguntou incrédulo e notei que um tanto pesaroso. Será que ele sabia de alguma coisa?

-Sim. – disse simplesmente.

-Mas que... -Livy? – chamou ele sussurrando.

-Sim?

-Você tem alguma arma em casa?

-O que?

-Uma arma. – repetiu ele firmemente.

-Meu pai tem uma. – disse sem querer falar arma, o que ele queria que eu fizesse?

-Me prometa uma coisa. – disse serio.

-O que?

-Se meu filho ficar estranho e te atacar – disse mais baixo ainda. – atire nele.

-Eu vou fazer o que? – gritei.

-Não grite. – sibilou

-Mas eu não posso fazer isso! – sussurrei horrorizada.

-Se ele atacar você, você não só vai poder como vai fazer.

-Olha eu sei que existe uma pequena probabilidade de que ele fique maluquinho que nem as pessoas da Florida, mas eu não vou matá-lo só por causa disso. – disse tão baixo que fiquei com medo de ele não ter ouvido.

-Como você... – ele começou, mas parou. – Bom não importa. Livy não esta acontecendo só na Florida, já chegou aqui, você não reparou? O apagão o exercito e... – hesitou. – a morte dos seus pais.

-Você sabia?

-Sim, e tenho vergonha de falar que ajudei a encobrir essa tragédia, fui eu quem foi encarregado de “ajeitar” o atestado de óbito.- disse amargo - Eu irei buscar meu filho na sua casa por que ele é responsabilidade minha, mas tome cuidado com ele. Não tenho certeza de quanto tempo ele tem. Existem pessoas que demoram, outras se transformam extremamente rápido e há algumas que simplesmente morrem. Espero que ele seja uma delas, pelo seu bem e o dele.

-Então eu... eu

-Vai ter de matá-lo.

-Mas não agora. – eu disse

-Sim, não agora enquanto ele ainda é humano, mas Livy isso não vai durar por muito tempo.

-Ok. Beleza. Legal mesmo.

-Chegarei ai o mais rápido que puder, ou melhor, assim que minha mulher acordar. Enquanto isso cuidado.

-Já saquei.

-Ate logo então.

-Ate.

Olhei para o inconsciente Collin, ele agora dormia profundamente, eu sabia que ele não estava morto ainda pelo leve subir e descer do seu peito. Apartir de agora Collin era a minha sentença de morte. Andei vagarosamente pela casa tentando me lembra onde meu pai escondia sua arma. Foi um tanto difícil lembrar, mas ali estava ela, no fundo falso da gaveta da cozinha. Agora sem as luzes reveladoras ficar na cozinha parecia ser mais fácil.

Papai guardava o trinta e oito carregado  ao lado das varias caixas de recarga. Quando Ivy e eu éramos crianças ele havia nos ensinado a atirar, sem querer me gabar minha mira era ótima aos dez anos, mas agora depois de cinco anos sem treino eu não tinha certeza se conseguiria acertar um elefante nem mesmo se ele estivesse na minha frente. Bom talvez sim talvez não, o fato era que eu estava enferrujada. Sentei-me ao lado de Collin sentindo o peso da arma em minhas mãos, meia hora depois me celular tocou acordando Collin que estava se possível parecendo ainda pior do que antes.

-Livy?

-Sim?

-Estamos perto da sua casa, o Collin esta bem?

-Ele está vivo se é isso que você quer saber. – Collin sorriu e fechou os olhos voltando imediatamente a dormir, ao menos era o que parecia.

-Ótimo, estamos dobrando a esquina já consigo ver sua casa. – um trovão cortou o silencio agourento que havia recaído sobre a rua depois da passagem dos soldados.

-Ok, vou acordar Collin.

-Já estou aqui em frente.

-Beleza. – desliguei e sacudi Collin, ele não se movia, comecei a ficar meio amedrontada. Levantei de súbito e apontei a arma para a testa de Collin.

-Ei – gritou ele assim que abriu os olhos.

-Ai cacete você ainda vai me matar do coração. – disse enquanto baixava a arma e meu coração tentava parar de bater como se estivesse em uma maratona.

-Engraçado – disse ele olhando para a arma. – não sou eu quem esta segurando uma arma.

-Desculpe. Seu pai esta te esperando com o carro aqui em frente.

-Papai veio me buscar? – disse tirando as cobertas.

-Foi o que eu acabei de dizer lerdeza. – comecei a me perguntar por que eu gostava de Collin, sinceramente mordido de zumbi ou não ele era meio idiota. – Vamos. – o ajudei a ficar de pé.

 Fomos ate a porta tive dificuldade em abrir a porta minhas mãos estavam simplesmente ocupadas de mais. Depois de lutar com a fechadura por uns dois minutos finalmente a porta se abriu. Nuvens carregadas adornavam o céu escuro. A rua estava tão silenciosa que nossos passos ecoavam por ela. Sinistro pensei.

-Isso esta de dar medo. – Collin disse olhado de um lado para outro. – Cadê meu pai?

-Não sei, ele disse que já estava aqui. – as palavras mal saíram da minha boca quando um carro apareceu no fim da rua.

-Ali vem ele.

O carro parou e a senhora Smith saltou e correu o curto espaço
ate a calçada abraçando o filho e chorando.

-Calma mãe.

-Ai meu Deus filho você esta tão gelado. – o pai de Collin e eu trocamos um olhar, ele viu a arma na minha mão e infelizmente a senhora Smith também.

-O que você esta fazendo com uma arma? Você é só uma criança. – gritou ela ainda agarrada ao filho.

-Desculpe por isso querida – disse o senhor Smith. – Receio que isso é culpa minha. – ela olhou para ele sem entender.

-Como assim?

-Eu disse para Livy pegar uma arma para se defender de possíveis ataques por conta do apagão. – mentiu ele.

-Mas ela é só uma criança. Querido como você pode dar uma sugestão dessas para ela? E você – ela se virou par me encarar. – como aceitou uma sugestão como essa?

-Isso não vem ao caso agora querida, nós temos que ir.

-Sim, vamos bebe. – a senhora Smith praticamente teve que carregar Collin para o banco traseiro.

-Livy você não vem conosco?

-Não senhora Smith, provavelmente meus pais vão ficar preocupados comigo. – lancei um olhar para seu marido, ele apenas balançou a cabeça.

-Tudo bem. Você tem razão. – para minha surpresa ela me abraçou.

-Tchau senhora S.

-Adeus querida.

-Uma ultima pergunta. Doutor Smith o senhor disse que estava na frente da minha casa, mas não estava o que aconteceu?

-Eu errei o caminho. – disse envergonhado.

-Hum, tchau então. – me aproximei do carro, Collin estava tremendo um pouco. –Adeus Collin.

-Adeus. Te vejo por ai. – piscou e deitou- se no banco traseiro.

Enquanto o carro se distanciava um vazio foi tomando conta de mim. Mais raios se formaram o céu. Ouvi um barulho enorme vindo da rua em que o senhor Smith dobrara para chegar ate a minha casa, varias pessoas estavam correndo.

Enquanto gritos e corria tomavam conta da rua, as pessoas que estavam
em suas casas começaram a sair para ver o que estava acontecendo. Um grupo de pessoas vinha na linha de frente e em seus rostos pude ver terror absoluto, mas esse grupo não era tão impressionante quanto os que vinham atrás. Eles corriam de uma forma estranha e hesitante quase como se não soubesse como fazê-lo.

Um no se formou em meu estomago, aquelas pessoas não deviam estar andando muito melhor do que isso elas não deviam nem estar vivas.

Vi quando começou o ataque em massa, pessoas contra canibais, sangue para todos os lados, gritos de dor e medo, mais sangue, apesar das criaturas não correrem de forma correta conseguiam alcançar seu objetivo.

 Ate mesmo porque na correria pela sobrevivência as pessoas derrubavam umas as outras, algumas perdiam o equilíbrio e viravam o lanchinho dos zumbis.

Fiquei parada enquanto eles se aproximavam cada vez mais rápido, tomando ritmo conforme aprendiam a correr, as pessoas que estavam fora de casa corriam desesperadas algumas conseguiam entrar e trancar a porta outras não tinha tanta sorte, lembrei-me que também estava do lado de fora e corri, mas não fui tão rápida, alguns deles se dispersaram do grupo principal e agarravam suas vitimas aleatoriamente, eu seria uma delas se não corresse mais rápido. O ar foi tirado de meus pulmões quando um deles se jogou de encontro ao meu corpo, mas eu tinha anos de pratica, meu pai teve o cuidado de me ensinar todas as lutas corpo a corpo que sabia. O zumbi caiu ao meu lado e virou para tentar me morder.

Sabia que uma luta corpo a corpo com um zumbi era suicídio, mas me ajudaria a escapar. Chutei- o com todas as minhas forças, o zumbi voou para trás, destravei a arma e bum, constatei com extrema felicidade que minha mira ainda era boa apesar de tanto tempo sem pratica. O corpo agora inerte do zumbi caiu na minha frente. Alguns ainda corriam na minha direção, talvez pelo tiro ou quem sabe foi por que os lanchinhos estavam acabando rápido. Levantei-me tremendo de medo virando e atirando toda vez que sentia que um deles se aproximava demais.

Abri a porta e entrei um deles se meteu tentando entrar com o impacto cai no chão, mas eu não iria desistir tão fácil, mas pelo visto ele também não.

Empurrei a porta com os pés enquanto o zumbi se agachava tentando desesperadamente arrancar um pedaço meu, isso me deu vantagem com ele agachado seu equilíbrio precário seria abalado dez vezes mais. Empurrei a porta agora com mais força e ele saiu rolando a pequena escada de entrada com menos de alguns segundos de vantagem me levantei em um salto e tranquei a porta.

O monstrengo investiu algumas vezes contra a porta, mas ele não tinha chance, papai era maníaco por segurança, a porta era reforçada com duas camadas de aço e as dobradiças também. Não sabia se a porta dos fundos era assim também, mas provavelmente sim.

O aceso ao quintal era difícil então eles não entrariam por ali. Limpei o suor da testa e liguei a lanterna me sentei e fiquei ouvindo o som das criaturas do lado de fora. Ao que parece eu fora esquecida por hora.

Portas eram derrubadas e vários gritos de cortar a alma eram ouvidos pela madrugada a fora, me arrisquei a olhar pela janela. Duas crianças comiam uma velha senhora que se debatia enquanto suas tripas eram expostas ao ar livre. Não agüentando olhar para aquela cena me tranquei no quarto e liguei meu I-pod no volume maximo, Goig Under da Amy Lee, me arrancou daquele pesadelo e me fez relaxar ate o sono chegar. Graças a Deus não teve sonhos aquela noite.

Na manha seguinte acordei com uma fome enorme, mas continuei de olhos fechados, meu I-pod ainda tocava, mas eu não estava com os fones para saber qual era a musica que tocava. Do lado de fora os pássaros cantavam alegremente. Isso mesmo seus babacas continuem cantando não são vocês que estão sendo caçados por zumbis.

Uma tabua rangeu abri meus olhos e esperei, ela rangeu de novo isso era um mau sinal. Havia alguém na casa, ou melhor, no meu quarto. Vi sua sombra e senti suas mãos geladas se fecharem ao redor de um dos meus tornozelos e puxá-lo. Setei-me mirando a arma na cara do filha da puta que havia entrado na minha casa. Pisquei algumas vezes confusa com a visão daquela visita inesperada.

-Você!         


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me empolguei de mais!!!
Acabou.
Desculpe pelos erros.