Fome Insaciável escrita por Shadow


Capítulo 3
A noticia.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154267/chapter/3

Sonhei que estava perseguindo o caminhão de rosquinhas, mas a musica que tocava era do furgão de sorvetes. Bem que se dane eu pensei. Era um daqueles carros que não tinha porta. Continuei a correr atrás do caminhão ou furgão ou sei lá o que, não para comer, mas eu sentia que tinha que chegar perto do caminhão antes que ele desaparecesse era de vital importância que eu conseguisse alcançá-lo, era como se uma vida dependesse disso, talvez a minha própria. Então o caminhão parou e um homem desceu, ele falava freneticamente com alguém dentro do caminhão. Corri mais depressa e o homem se virou e correu em direção oposta, ouvi um grito aterrorizante vindo de dentro do caminhão.

A mulher era extremamente branca quase translúcida, ela estava amarrada contra o banco, ela gritava cada vez mais alto. Seus pulsos sangravam tentando se soltar, uma das amarras se soltou e logo ela se livrou da outra. Solta ela se deitou entro um banco e outro, ela agora empurrava o volume em sua barriga para baixo e fazia força.

Então o bebezinho nasceu um lindo garotinho. Ouvi passos atrás de mim, umas quatro pessoas se aproximavam correndo, mas não eram pessoas comuns, eles estavam deformados como se houvessem sido atropelados, queimados, esquartejados e colados de volta ao estado quase normal, igual a um horrivel quebra-cabeça. O grito estridente da mulher, os fez correr mais rápido em direção ao som. Ela agarrou o bebezinho contra o peito e começou a rezar.

O mais feio se aproximou mais rápido que os outros e começou a puxar a criança dos braços da mãe. Ela gritou uma oração improvisada que era uma junção de algumas que eu já tinha ouvido, pedindo pela alma dela e do filho recém nascido.

-Peço a Deus para minh’alma levar! – o homem velho arrancou a criança e a jogou no chão, enquanto o corpo do bebe morto pela queda era devorado rapidamente a mãe se lançou sobre o corpo do filho tentando inutilmente protegê-lo as coisas nem se incomodaram apenas começaram a mordê-la também, a mulher se virou e olhou diretamente para mim.

-Ma ajude! – pediu entre lagrimas.

-Como? – a pergunta que saiu dos meus lábios soou infantil e ate mesmo idiota naquelas circunstâncias.

Ela sorriu debilmente enquanto seu corpo era despedaçado e degustado com estrema satisfação pelas criaturas.

Acordei suada e assustada. O telefone tocava e o relógio marcava três da tarde, eu havia dormido por sete horas e meia. Levantei cambaleando ainda meio grogue esbarrando em tudo no meu quarto. A casa estava na penumbra dificultava meu avanço. Tropecei e cai contra o tapete arranhando meu rosto 

-Merda! - quando enfim alcancei o telefone ele parou de tocar. - Ah filho da puta.   

Completamente acordada comecei a pensar sobre o sonho. Porque diabos a mulher estava amarrada? E o que havia acontecido com aquelas pessoas?

Enquanto eu remoia aquele sonho sem fundamento ia acendendo as luzes da casa. O quarto vazio dos meus pais me deixou com um mau pressentimento com relação a sua ausência.

Não havia nada que fosse importante ou interessante o suficiente para prender a minha atenção, papai e mamãe ainda estavam fora e o telefone tocava a todo o momento, mas quando eu atendia ninguém falava. Numa das vezes eu me estressei e comecei a gritar como uma louca.

-Não vai falar não porra? Ta achando que eu sou idiota ou o que? Fala filho da puta! Desgraçado! Fudido de uma figa.

-Ah... Err Livy?

Congelei com o telefone ainda colado na orelha e mais uma ofensa na ponta da língua. Eu não podia acreditar era Collin Smith, eu tinha uma quedinha por ele e agora se eu tinha qualquer chance com ele eu a tinha matado. Tapei o telefone e comecei a bater com a cabeça na parede.

-Burra, burra, burra! - cada palavra era pronunciada com uma cabeçada na parede.

Para que existia o identificador de chamadas hein Livy? Talvez ele não fosse à prova de idiotas. Por que obviamente eu era uma total e completa idiota.

-Livy? – a voz hesitante de Collin chamou ao longe. Dei uma ultima e forte cabeçada na parede. Respirei fundo e pensei no que iria falar.

-Oi Collin me desculpe pelas ofensas e que tem uma pessoa que fica me ligando, mas nunca fala nada.

-Tudo bem já ouvi coisas piores. Bem é que eu queria saber se você já esta se sentindo melhor. Mas eu não estou incomodando estou?

-Sim – percebi que a resposta estava errada bem a tempo de concertá-la –quero dizer eu estou bem melhor do que antes, e não você não esta incomodando. – por que alguém não arrancava a minha cabeça e me poupava à vergonha de falar merda? Meu cérebro já devia ter pifado há muito tempo isto é se é que ele já existiu.

 -Bem... – ele respirou fundo – eu gostaria de saber se você iria ao cinema comigo? – disse num jorro.

-Wow – foi coisa mais inteligente que pude dizer.

Dessa vez fui eu quem respirou fundo. Eu devia dizer sim logo de cara ou me fazer de difícil? Hum... Talvez eu devesse ser um pouco difícil. Será?

-Livy?

-Tudo bem. Quando?

-Que tal agora? – pensei por um minuto, ah que se dane o mundo não iria acabar se eu saísse com ele agora não é mesmo?

-Ok.

Depois disso a conversa fluiu normalmente mal notei a passagem do tempo, quando enfim larguei o telefone notei que era noite.Voltei para o quarto com o intuito de tomar banho e me arrumar para o encontro, mas a campainha tocou anunciando a chegada de uma das noticias que mudaria a minha vida numa volta de 360° completos em apenas uma noite.

Fui andando alegremente ate a portas sem saber a noticia que me dariam quando a abrisse. Destranquei a porta e me vi de frente com dois policiais.

-Senhorita Livy Baker?

-Sim.

Um policial olhou para o outro. Então a discussão começou.

-Você conta! – gritou o mais novo.

-Não você é quem vai contar. – o mais velho disse firmemente.

-Eu contei da ultima vez. – o outro fez birra.

-Mas, eu já dei as noticias nas ultimas três horas. – disse o mais velho com a cara cansada.

-Rapazes, vocês querem, por favor, me dizer do que diabos vocês estão falando?

-Senhorita Baker – começou o mais velho com os olhos tristes. Ele tirou o quepe e o segurou nas mãos nervosamente. Deu um suspiro lento e longo. – Senhorita Baker – repetiu ele – lamento informar que seus pais morreram.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!