Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 9
Angustia




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O que poderia ser mais irritantes do que ter vergonha de algo que não teve culpa? Dora se sentia assim: irritada e com vergonha.

Sentada em um jardim que ficava no caminho para o Santuário pensava em tudo o que havia acontecido.

Como iria encarar as pessoas que a viram naquela situação? Como iria olhar aquele homem que de uma forma surpreendente não conseguia odiar por inteiro.

Sim, percebera que não o odiava, mas não sabia explicar o que era, pois que o medo que sentia dele havia se tornado menor depois daquele contacto. Afrodite poderia lhe ter matado aquela hora. Conhecia sua fama. Mas ele não o fez.

Sentiu o rosto corar ao lembrar de como ele estava quando tudo aconteceu. Miro o olhou de um jeito estranho e, só agora percebeu o que ele estava pensando. Não apenas Miro, como Shura.

Levantou alarmada. O que poderia acontecer depois?

A passos largos rumou até a entrada do Santuário, onde cruzou com dois soldados, que não deram pela sua chegada.

- Realmente o Cavaleiro de Peixes teve sorte – Um disse rindo. – Se fosse o Saga, estaria morto.

- Tudo por causa de uma serva. Os cavaleiros de ouro realmente estão loucos de tanto treinarem...

Não precisava saber mais nada. Tinha plena consciência que era a causa do que quer quer tivesse acontecido.

Chegou na porta de Aries afobada e sem fôlego. As pernas latejavam de forma irritante, já sem força.

- Dora – O chamado a fez olhar para a menina que vinha correndo de dentro do templo.

- Corra para o salão do mestre – Thalia disse lhe pegando por um braço – O Cavaleiro de Gêmeo e o de Peixes estão a tua espera.

- O que houve?

- Não sei bem – Disse lhe conduzindo para cima – Mas é serio.

Dora mordeu o canto do lábio superior antes de tomar fôlego para subir.

Tinha que chegar rapidamente no 13º Templo e esclarecer as coisas. Não tinha idéia do que falavam para o Grande Mestre e começava a ficar assustada. Precisava daquele emprego se quisesse voltar para perto dos amigos nas próxima ferias.

Seria uma catástrofe para a adolescente se Saga dissesse algo que a fizesse o Grande Mestre lhe mandar embora. Sabia que as intenções do cavaleiros de gêmeos eram boas, a única coisa que fazia era ser gentil e agradável consigo, mas de uma maneira que Dora se sentia até constrangida, pois ao seu ver era tudo sem nexo.

Não dava pelas casas que passava e nem se alguém estava em seu caminho. Foi com grande alivio que chegou no 13º templo e vira que o sentinela já estava a espera que aparecesse, pois assim que subiu o ultimo degrau ele abria a porta e lhe anunciava para os presente.

Respirou fundo e entrou pela porta, deparando de novo com o homem de mascara sentado no trono e dois homens que reconheceu como Afrodite e Saga, ajoelhados na frente deste, demonstrando respeito.

Sabia que era o que deveria fazer, estando sempre atrás da alta elite de Athena.

Assim que se sentiu devidamente próxima, ajoelhou olhando para o chão.

Ouviu o homem no ponto mais alto fazer um som com a garganta dando a entender que levantasse o rosto para lhe fitar. Assim o fez.

- Dora – Começou – Coisas desagradáveis me chegaram aos ouvidos.

A moça corou violentamente, fazendo Shion suspirar.

- Afrodite já disse o que tinha a dizer – Disse fazendo o homem mais a frente rir internamente.

Afrodite estava louco para ouvir o que ela falaria. Será que ela o acusaria? Menina tola, devia estar feliz com esse pensamento errado ao seu respeito. Se envolver com uma serva seria contra seu código, sua honra.

Olhou para Saga ao seu lado. Estava irritado. Por mais que procurasse não conseguia compreende-lo.

Saga já não se dava ao trabalho de tentar ser compreendido. Tinha suas prioridades e isso não poderia ser influenciado por ninguém. Nunca se deixou levar por ninguém. Apenas por uma pessoa, que no geral poderia ser considerada a causa de sua perdição. Mas nada ali lhe segurava além da certeza que Athena mereça ser protegida e a sua gratidão pelo perdão que obteve sem dificuldades.

Dora balançou a cabeça positivamente a espera que o homem de mascara prosseguisse.

- Quero saber o que você tem a dizer. – Shion olhava a moça vacilar. Não esperava que a situação chegasse a tal ponto. Tinha esperança de Afrodite mudasse o suficiente para poder carregar a armadura de Athena de cabeça erguida como o resto de seus companheiros. Que não causasse problemas a esse ponto.

A final o que Saga disse não era apenas Chocante, era grave. E estava na esperança que fosse um mal entendido.

- Foi um mal entendido – Dora disse surpreendendo a todos. Viram a moça suspirar fundo antes de recomeçar – Acho que também estive mal naquela noite. Disse coisas que não deviam ser ditas por estar irritada. Peço desculpas.

Saga se levantou e voltou-se para a menina ainda ajoelhada. Não estava entendendo onde ela queria chegar, mas mentir não era a melhor solução para por Afrodite na linha. Mirou o outro ainda ajoelhado que mantinha os olhos no homem sentado no trono com um ar ausente.

Talvez ele também estivesse surpreso.

- Dora – Disse fazendo a moça lhe fitar – Você não tem que ter medo. Pode dizer a verdade.

A moça olhou nos olhos de Saga. Sempre tão triste, tão distante. Agora não sabia dizer se o que sentia por si era raiva por estar protegendo o outro.

Retribuiu o olhar. Não queria magoa-lo. Tinha a esperança que ele compreendesse.

- Não estou mentindo – Disse voltando-se para aquele homem que lhe causa uma estranha sensação – Eu também errei. – E dito isso deu a entender que não tinha mais nada a declarar.

Shion por sua vez não tinha o porque de castigar alguém, até porque, pelo o que entendeu um magoou o outro. E de certa forma não acreditava que Afrodite iria tentar fazer algum mal para aquela menina.

"Absurdo" – pensou. Ele mataria ela como quem mata uma mosca. Mas daí...balançou a cabeça negativamente, de leve.

- Pois bem – Disse se levantando – Então parece que tudo não passou de um engano. Podem ir. – Completou fazendo um gesto suave com a mão.

Dora não conseguia encarar Saga, saindo o mais rápido que pode, sendo seguida por Afrodite, que se movia silencioso.

Saga fitou Shion pensativo.

- Não entendo – Sussurrou.

- Não há nada para entender – O grande mestre disse suavemente, mas autoritário – Saga, não poderá mais te-la como protegida – Disse fazendo Saga franzir a testa – Isso é contra as leis do Santuário. Você não fez o juramento que caberia mais do que você está fazendo.

- Mas Mestre...

- Nada de "mas" – Shon perdia a suavidade da voz. Aquele era o Mestre do Santuário de Athena falando com um Cavaleiro, não um companheiro de batalha falando com outro – Dora está bem, não precisa mais de sua proteção. O que você tem que fazer agora é dizer a verdade ou deixa-la entregue a sorte.

Saga apertou os punhos e serrou os olhos com pesar. Moveu os lábios duas vezes antes de conseguir dizer:

- Sim Mestre.

- Pois que assim seja – Shion disse quando percebeu a decisão do Cavaleiro de Ouro – Agora temos que nos preocupar com os preparativos da festa de honra dos Cavaleiros. Vocês têm que estar preparados.

- O que é essa festa? – Dora que fora interrompida no meio do caminho por Thalia e Ster, era bombardeada pelas duas com o euforismo contagiante de ambas.

Essas não responderam de imediato, esperando o Cavaleiro de Peixes, passar determinado por elas, seguindo para sua casa. Afrodite não se dera conta pelas duas que chegaram, fitando por instante a moça que o defendera a pouco.

Decidiu não pensar nisso, por enquanto. Iria fazer o que tinha para fazer, e depois, quem sabe, saberia o porque daquilo tudo.

As moças, com o olhar estreito acompanhavam o homem que agora descia as escadas, um tanto aliviadas.

- Podemos falar perto do bosque – Thalia disse como se fosse um segredo.

Ster limitou-se a segurar no braço esquerdo de Dora a conduzindo.

- A Festa é em honra dos Cavaleiros de Athena – Disse Ster de forma entusiasmada – É uma grande festa, na qual acontecem jogos e musica. É quando tem o grande mercado na vila. Hefesto participa na ultima comemoração, ao por do sol.

- Ultima comemoração?

- Sim – Thalia começou antes que Ster lhe tirasse essa oportunidade – Os Cavaleiros de Ouro oferecem vinho ao deus Hefesto e é ai que pode acontecer.

- Você tem que estar preparada – Ster disse de forma estranha, que fez Dora desconfiar.

A final o que tinha que ver com isso.

- Não entendo...

As duas riram ao mesmo tempo olhando para a cara de Dora.

- Dora, Dora. Você será a protegida de Saga.

- Ham...?

- Os Cavaleiros de Athena não podem ter uma relação fixa, tipo um casamento – Ster começou olhando para o céu já avermelhado com o por do sol – Mas são homens, e precisam de alguém que lhes conforte. – Voltou-se para Dora, que mantinha a testa franzida – É na ultima cerimônia que o cavaleiro diz quem será a sua protegida, se assim o quiserem.

- Em outras palavras: sua mulher – Thalia disse animada.

Dora arregalou os olhos. Seria o que estava pensando?

- Sua..mulher...?

A mais velha se aproximou segurando Dora pelos dois braços para que esta não escapasse de lhe fitar. Estava tão seria que chegou a assustar a moça.

- Todo mundo sabe que você será a protegida de Saga – Disse num sussurro.

Thalia se aproximou com um sorriso.

- Você não pode se recusar, Dora.

Assustada Dora se remexeu para que Ster a soltasse. Quando conseguiu o intento, se afastou atordoada.

- Do que estão falando?

- Ainda não entendeu...?

- Não – Disse indo para trás – Isso é ridículo. Ele não sente nada por mim.

- Então porque ele faz tudo que faz por você? – Ster indagou com desdem – Ele nunca se importou com nada a sua volta, muito menos uma serva. Mesmo quando foi Mestre...

- Chega – Disse de forma ríspida. – Eu tenho mais o que fazer do que ouvir isso – Não esperou reacção, saindo correndo.

As duas lhe fitaram intrigadas.

- Ela se ofendeu – Thalia disse fitando a moça que sumia de vista.

- Ela é estranha. Recusar ser protegida de um Cavaleiro de Ouro – Ster falava mais para si mesma que para a outra – Só pode ser louca.

- Loucura – Dora dizia enquanto corria para a 12ª Casa. Tudo aquilo era uma loucura. Agora estavam dizendo que ia ser mulher de um homem que mal conhecia só porque ele decidiu ser gentil.

Só poderiam estar louca. Não que fosse um sacrifício. Qualquer mulher imploraria para ficar com o Cavaleiro de Gêmeos, pois de trás daqueles olhos distantes e tristes se escondia uma boa pessoa, disso tinha certeza. Para além que não era cega. Conseguia ver a beleza daquele homem, mas não sabia como explicar, sentia como se fosse algo que não estava ao seu alcance, e nem o queria.

Suspirou quando chegou na porta de entrada. Como se aquele fosse seu único problema.

Entrou apressada, passando rapidamente pelo salão principal e pela sala bem organizada, indo directo para a cozinha.

Ali era seu lugar e estava aliviada de ficar ali sozinha. Alivio que durou pouco quando ao passar pela porta se apercebeu que alguém estava sentado na mesa.

Fitou-o com relativo temor, pois seus olhos tinham uma frieza fora do comum. Desprezível era o que todos pensavam, mas Dora via algo mais. Ele tinha algo mais.

Com um copo de vidro que continha um liquido vermelho na mão, fitou a recém-chegada de cima a baixo.

Apesar de todo seu esforço, o facto dela não lhe ter acusado de nada para o Grande Mestre era um enigma tão grande quanto o interesse de Saga de Gêmeos por sua pessoa. Mas não era apenas isso que se dera conta.

Ao contrario do que alguma vez lhe aconteceu, aquela moça não lhe despertava o interesse mortal que as outras despertavam. Não tinha a mínima vontade de machuca-la pelo simples facto de sentir seu coração pulsar de uma forma que lhe causava um certo nojo.

Era ridículo se curvar perante aquele sentimento tão primitivos, que o deixava sem acção durante um tempo precioso. E agora ali estava ela de novo, lhe roubando aqueles instantes.

Levantou da cadeira e colocou o copo sobre a pia, virando e a fitando novamente.

Ela ainda não havia se movido. Estava estática e isso começava a lhe irritar.

- Porque? – Indagou de repente como se ela ja soubesse do que se tratava.

- Porque o que? – Dora se mostrou confusa. A conversa com Ster e Thalia ainda lhe pairava na mente bloqueando o resto.

Afrodite estreitou os olhos claros, com um pouco de irritação. No que tanto pensava?

- Porque não me acusou? – Tentou se conter.

Dora se surpreendeu. Mexeu os lábios um pouco antes de conseguir formular a resposta.

- Eu já dei o motivo...

- Você desmaiou – Disse ríspido, assustando a moça – Eu poderia ter feito o que bem entendesse com você – Por fim deu um sorriso malicioso que fez Dora corar.

Agora estava começando a gostar. Seu jogo estava começando a dar certo.

Dora se surpreendeu com tal revelação. Como poderia ser? Sabia muito bem que aquele homem não gostava das servas. Não suportava se quer olha-las. Ela era uma serva...

- V-você n-não faria nada com uma serva – Sussurrou vendo ele dar um passo em sua direcção. Ainda sorria daquele jeito que a deixava sem acção...com um pouco de medo.

Apesar do pânico que percorria seu corpo, não conseguia recuar ao homem que dava mais alguns passos em sua direcção.

O cheiro de rosas que saia do corpo dele lhe deixava extasiada. E belo...como ele era belo. Nunca imaginara que iria encontrar alguém com tanta beleza, que não tivesse exposto pelas luzes ofuscantes de Flashes, saindo na capa das revistas, que sabia reconhecer que na sua maioria contavam com quilos de maquiagem e photoshop.

Aquele homem não precisava de nada daquilo. Era sua natureza ser tão belo como uma rosa selvagem. E ter tantos espinhos...

Afrodite estancou a poucos centímetros de Dora. Ela não era o padrão de beleza na qual procurava nas poucos mulheres que dormiam em sua cama. Era pequena, com o corpo bonito por certo, mas nada que chegasse perto de um corpo de uma beldade. Era uma menina tímida e quieta. "sem sal" ao seu ver.

Mas olhando para ela, seu corpo começava a reagir de forma diferente. Seus pensamento e sentidos davam um sinal que desprezava.

E aquele rosto de menina.

"Quase que poderia ser sua filha" – uma voz interior o atormentava

Não, não podia. Afrodite de Peixes não teria filhos pois achava que provavelmente não fariam jus a sua beleza.

Em um gesto calmo mas rápido passou os dedos pela face esquerda de Dora, deslizando de cima a baixo, fazendo a moça fechar os olhos de leve.

"Vai feri-la com seu veneno" – Ouviu dentro de sua cabeça, fazendo retirar a mão rapidamente.

Antes que Dora abrisse os olhos ele já havia passado por ela e saido da cozinha.

Em passos rápidos correu para a porta do templo, para conseguir alcançar aquele que saia as pressas da Casa de Peixes.

- Saga – Chamou do alto da escada, fazendo o outro que estava no meio do caminho voltar o olhar no mesmo instante.

Os olhos verdes do mais velho se estreitaram em direcção a Afrodite que tinha um pequeno sorriso nos lábios.

- Eu não tenho culpa dela ter desmentido você – Disse alargando o sorriso.

- Preste atenção, Afrodite de Peixes – Disse apontando para o Cavaleiro que perdia o sorriso – Dora não é uma serva qualquer. É bom você se lembrar disso.

- Acredito que sim Cavaleiro de Gêmeos – Disse com seu ar superior – Por isso...

Sorriu da expressão do outro que esperava pelo fim da frase. Mas Afrodite não estava disposto a completa-la, virando de costas para partir.

- Afrodite!

- Se está te incomodando em algo – Disse ainda de costas – Espere até os jogos – Virou de forma a olhar o outro de soslaio – Tentaremos resolver isso.

Saga ergueu a cabeça, compreendendo.

- Então que seja – Disse – Mas não vai te adiantar de muito.

- Que? – Indagou, mas ficou sem resposta. O outro já entrava pela porta de Aquário.

Se perguntava o que Saga queria dizer com aquilo.

Dentro do peito um dilema que não conseguia resolver. Lhe incomodava o facto de Saga ter tanto interesse pela sua serva, mas também não queria pensar nela...se preocupar com esses assuntos tão idiotas.

Bufou baixo, resolvendo que iria tomar um bom banho antes de ir comer algo. Não, ia fazer melhor. Sairia e voltaria acompanhado como a muito não fazia. Acompanhado com alguém que estava dentro daquilo a que chamava beleza.

Incompreensível o acto de Afrodite, era como Saga via tudo aquilo. Provavelmente o ultimo jogo doentio daquele sujeito que não sabia porque queria entrar em seu caminho.

Andando a passos duros e determinados, não dava pelas casas que passava, até estancar na porta da sala de gêmeos, dando de cara com Kanon sentado no sofá.

Parecia que o irmão já o esperava, sabendo de algo.

- Saga – Disse após examina-lo de cima a baixo – O que pretende fazer na comemoração.

Saga estreitara os olhos ao perceber que Kanon tentava pescar algo. Molhou os lábios com a língua de forma a das tempo de formular uma frase coerente.

- A ultima cerimônia...

- ABSURDO! – Kanon interrompera com fúria, assustando o gêmeo – Você vai dar com a caçapa no pé. – Disse gesticulando de forma agressiva.

Saga se recompos.

- Não preciso seguir tudo...

- Isso é contra as leis.

- Apenas se você ou ela disserem algo. – Disse hesitante. Não estava convicto. Ir contra alguma lei do Santuário o fazia se sentir novamente um traidor.

- Nem você acredita no que está dizendo – Kanon falou com um expressão seria. Caminhou lentamente até o irmão colocando as mãos nos ombros deste.

- Me sinto arrependido de te-la trazido para cá – Disse suspirando.

- Não deveria – Kanon disse de uma forma dura e correcta, que fez Saga lhe fitar sem entender – Aqui ela está bem.

- Até quando? – Saga se afastou do irmão com um pouco de violência – Estar perto de Afrodite não é seguro. É apenas uma menina...

Kanon engoliu a seco antes de falar:

- Seja como for, mesmo que você fizer o que pretende, nada garante que não deixara de ser.

Vira o irmão fechar os punhos.

- Você não conseguirá ir contra as ordens do Mestre e as leis do Santuário – Kanon ignorou a ira do irmão – Nós somos Cavaleiros. As leis são claras para nós. Pense bem – Dito isso se voltou para a entrada do corredor deixando Saga, ali parado, de pé, pensativo.

Conhecia muito bem o que o irmão lhe disse. As ordens dadas aos cavaleiros era incontestável. Não conseguiria fugir do peso da responsabilidade, pois carregaria ainda mais o peso daquilo que fizera e ela acabaria sofrendo mais do que o que era preciso.

Sua mente corria em imagens de um passado que não tinha mais volta, assim como as lembranças que atormentavam Shion nos últimos tempos.

O Grande Mestre pensara em conversar com Dohko sobre isso, mas sabia que ele falaria palavras doces, e que depois, talvez sozinho, aquela duvida o consumisse também. Não poderia fazer isso com o amigo.

- Senhor, Shion – Ouvia a voz fina a serva lhe chamar – Mandou me chamar?

- Sim – Disse com sua voz potente e imperiosa – Mande chamara a serva que está em Peixes. Diga para ir ao jardim lateral do 13º templo. – E dito isso fez um sinal para a serva se retirar.

Não se convencera com a resposta da moça. Algo estranho se passava e queria saber o que era que atormentava tanto seus dois cavaleiros.

Sem pressa caminhou para onde tinha marcado o encontro, vendo que brisa balançava as arvores ao fundo. As borboletas brancas tentavam seguir seu curso. Sorriu antes de levar a mão a mascara retirando-a. As vezes sentia falta de ter aquele vento batendo em sua cara. Caminhou mais para o meio do jardim, onde parou e fechou os olhos.

Coo era bom saber que tudo estava em paz. Como era bom saber que Athena estava salva de qualquer perigo.

Uma paz que era quebrada apenas por intrigas humanas. Bobas, que poderiam ser resolvidas com palavras.

Dora não sabia que era causa de algumas angustias, mas sabia que causara alguns problemas quando chegara. Afrodite sempre reclamando. O olhar de Kamus como se estivesse sempre lhe reprovando.

Agora o chamado do Grande Mestre, lhe fazia, novamente, tremer na base. Porque seria que sentia que seu emprego estava sempre em risco. Desse jeito era um martírio continuar ali.

Avistou o jardim, por fim e, ali estava ele, de pé...de costas. Os cabelos esverdeados balançavam com o vento, enquanto com uma das mãos, virada para cima, parecia querer agarrar algo invisível.

Sorriu ao ve-lo. Aquela imagem lhe trais paz, deixando seu corpo dormente.

Shion percebendo que era observado, resolveu se virar, esquecendo de recolocar a mascara que segurava em uma das mãos.

Foi um gesto lento e gracioso, que combinava com o sol e o vento. Uma combinação harmoniosa.

Dora apreciou aquele movimento, até fitar bem o rosto dele. Pasmou.

Sim era ele. O homem de seu sonho.

Só então Shion se deu conta que estava sem a mascara, mas a expressão dela era de pânico?

- Dora? – Fez vendo-a recuar assustada.

Não ela não estava recuando, estava caindo.

Correu agarrando a moça com cuidado, se surpreendendo quando ela colocou uma mão em seu rosto.

- Eu te conheço – murmurou.

Continua...


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