Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 7
Segredos II




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154086/chapter/7

A manhã começara bem para Dora, que na noite passada, pela primeira vez, desde que chegara no Santuário, não tivera sonho algum. Ou, pelo menos, não se lembrava.

Ao contrario do morador da 12ª Casa, que novamente acordara em gritos, ensopado no próprio suor. A imagem de Minos vinha lhe perturbar, juntamente com seu sarcasmo doentiu.

Aquela sensação em seu peito, também, não lhe agradava. Tinha falhado ao proteger quem gostava.

"Mas quem era esse alguém?" - Se perguntava.

Só poderia ser Athena.

Mas tudo estava em paz. Athena estava segura e, o Santuário em harmonia. O que proporcionava aos seus moradores, tranquilidade para seus afazeres. Os Cavaleiros treinavam. Os servos trabalhavam, eficientemente.

Seus pensamentos fora para a moça, que era encarregada de sua casa. Irresponsável, tratava, provavelmente, melhor da casa de Kamus, do que da sua. Como deveria estar fazendo agora.

Dora, se virava de vários lados, na frente do espelho. A saia pregada, no meio da coxa, azul, em xadrez. A camisa branca, abotoada na frente, com emblema vistoso, no bolso direito. As meias até os joelhos, na mesma cor da camisa e, a gravata da mesma cor da saia, faziam com que Dora não reconhecesse seu reflexo.

Bufou.

Alem da duvida da sua identidade, a sua cabeça estava sendo metralhada com questões sobre o Cavaleiro de Gêmeos.

Convidara ela para trabalhar no Santuário, e ali estava ela. Agora, comandara qual colégio estudar e, sem poder falar nada, estava pronta para o primeiro dia de aulas.

Sem contar, que ele era seu encarregado de educação. Apesar de sua reivindicação.

- Mas minha mãe é minha encarregada – Dissera.

- Agora você mora no Santuário, Dora – Foi a resposta, distante, de Saga.

Sua pose autoritária, deixou Dora sem reação, e agora estava pronta, saindo do quarto, para tomar um café rápido.

Ao chegar na porta, encontrou a mulher que ficaria no seu lugar durante o período de aulas.

Esta, já conhecida de muito cavaleiros, tinha o cabelo loiro, comprido, agora, preso em rabo de cavalo, e um corpo muito bem estruturado.

- Bom dia – Disse da porta.

A mulher, que aquecia algo no fogão, se voltou.

- Bom dia, Dora! Sente – Apontou para mesa.

Dora vacilou. Era serva, também.

- O Senhor Kamus?

A mulher sorriu, entendendo.

- Já saiu – Disse – Fique tranqüila.

A moça suspirou, sentando.

Tomou café em silencio, e com um breve cumprimento, se retirou a pressa.

Tinha meia hora de caminho até seu colégio.

Se perguntava porque não podia ter se inscrito no mesmo colégio de Talia, que ficava a menos de quinze minutos dali!

Novamente a imagem do Cavaleiro de Gêmeos e, a porta da 3ª Casa, estava em sua frente.

Se perguntou se era falta de educação, passar sem dizer nada, torcendo para que ninguém estivesse em casa.

Entrou a passos cuidadoso, passando pela sala.

Ali, sentado no sofá, estava lendo, algo em um papel velho.

- Senhor Saga? – Chamou a atenção do homem.

Este lhe fitou, com surpresa e, depois, com curiosidade. Dora recuou.

- Saga, ainda não está pronto – A voz grossa do homem, invadiu aquele silencio incomodo.

- Ah! – Fez desanimada – Ahm. Eu tenho que ir...

- Eu digo a ele, que você passou por aqui – Kanon se levantou, ficando de costas para a moça, que murmurou um "com licença" e, saiu a passos largos.

Kanon suspirou aliviado.

- Quem era? – A voz de Saga chamou a atenção do irmão.

Se surpreendeu ao ver a cara de Kanon. Mas logo compreendeu, quando um pedaço de papel, foi estendido em sua direcção.

- Quando você ia me contar? – Kanon fechou o punho.

Saga vacilou.

- Não é o momento para isso. Precisamos conversar melhor.

- Nós estamos conversando.

- Mas não aqui.

- Saga!

- Vocês não vão para o treino – A voz de Miro, fez os dois presentes, ficarem estáticos por momentos.

- Estamos prontos – Saga aproveitou, se aproximando do Cavaleiros de Escorpião.

Kanon vibrou de raiva.

- Vamos, Kanon – Saga disse se voltando de costas e saindo.

Mentalmente o gêmeo contou até 10, seguindo Miro.

O treino passou rapidamente. Animado por Aldebaran e Shura. Intenso, no quesito olhares de duvida e de raiva. Kanon mirava o irmão a cada segundo, o que incomodou Kamus, que tentava levar um treino sério. Chamou atenção do companheiro cinco vezes e desistiu.

De tarde, resolveu que iria trocar de irmão, com Miro. Saga parecia muito mais interessado. O que não incomodou Miro, nem um pouco.

- Por hoje, damos por encerrado – A voz de Dohko se elevou no meio da arena, fazendo muitos suspirarem.

O sol já estava se pondo, quando duas figuras foram notadas entrando no coliseu.

Idéia de Talia, que queria ver um certo rapaz, aprendiz do dono da primeira casa. Kiki, ao contrario da maior parte, não manteve a mesma idade. Já estava um rapaz. Contava com quinze anos. Sua beleza era chamativa, o que por vezes, constrangia seu mestre.

Ao ver as duas moças se aproximarem, Saga se ergueu, juntamente com Kanon e Kiki.

Aquela paixão adolescente fazia com que um ambiente tranqüilo, tomasse os outros cavaleiros.

Mas os gêmeos não prestavam atenção a troca de olhar entre um Kiki sorridente e uma Talia corada.

Deslocada estava Dora, que fitou o belo homem que se aproximava.

- Como correu? – Saga se mostrava interessado.

Dora deu um sorriso sem graça.

- Bem – Disse fitando a todos. Um olhar em particular, não conseguia encarar.

Afrodite lhe fitava, serio.

Seus olhos claros percorriam cada detalhe daquele menina.

"Poderia Saga...Saga, o Cavaleiro de Gémeos, estar gostando daquela coisinha?"

Kanon percebeu a tensão entre os dois. Não estranhou. Provavelmente Afrodite tinha aprontado. Magoado a menina de alguma forma.

- O treino já acabou – Saga, comentou.

Dora lhe fitou surpresa. O tempo passara rápido.

- Eu tenho que ir. Ajudar Lita.

Saga sorriu.

A menina ainda chamou Talia, mas essa não lhe ouvira, fazendo os de mais rirem.

Rindo, Dora saiu, deixando Saga lhe fitando.

- Eu estou te dizendo que ele está apaixonado – Miro cochichou para Kamus, que lhe deu uma cotovelada.

Kanon se aproximou.

- Acho que está na hora de conversarmos – Disse, fitando a imagem da moça, que sumia.

Saga se voltou, suspirando. Sim, estava na hora de conversar.

Pelo menos para o irmão, tinha que abrir o jogo sobre aquela moça.

Dora subia as escadas com pressa. Tinha que chegar em Aquário antes de seu dono. Iria pedir para Lita ir para a casa a cima. Não tinha muita vontade de olhara para aqueles belos olhos claros.

Se surpreendeu com a forma que pensou nos olhos daquele homem tão grosso.

Não poderia pensar em tal coisa. Aquele homem, poderia ser lindo por fora, mas por dentro, era o oposto.

Uma pessoa horrível, que não merecia seus pensamentos.

Não iria encara-lo de novo.

Quando entrou na cozinha, cumprimentou a mulher que já preparava o jantar.

- Vá se trocar – Ela disse.

- Eu posso cuidar daqui para você.

A loira lhe fitou por algum tempo, até compreender. Sorriu.

- Eu vou indo para a Casa de Peixes, então. Antes que o Senhor Afrodite chegue. – Dito isso, tirou o avental e saiu, sem dizer mais nada.

Dora esperava que ela não tivesse se ofendido. A final, tinha "jogado" a mulher na jaula de um ogro.

"Ogro"

Essa era a palavra certa, para descrever aquele homem.

Correu para o quarto, vestindo um vestido florido e uma sandália baixa e, correu para mexer o que estava na panela.

Estava com fome. Mas como uma boa serva, só poderia comer após o dono da casa.

Suspirou cansada. É, poderia aguentar.

Sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha. Os pelos do braço se ergueram.

O dono da casa tinha chegado.

- Onde está Lita? – A voz fria de Kamus ecoou na cabeça de Dora.

- Na Casa de Peixes – Já não soava tão estranho, falar desta forma. Estava se acostumando.

Kamus se voltou para a sala.

- Ponha mais uma prato – Alertou – Miro vem comer aqui.

Dora fez o que lhe era ordenado. A mesa ficou rapidamente pronta. Assim como a mesa na Casa de Peixes.

Afrodite entrou pisando duro e, se dirigiu para a cozinha.

O Cavaleiro de Peixes não precisava lhe fitar para saber que era Lita que estava ali.

Entrou, abriu a geladeira e pegou uma jarra de suco. Se dirigiu para o armário, de onde tirou o copo.

A mulher acompanhava seus movimentos.

Aquele homem era de facto bonito. Era um colírio para os olhos de qualquer mulher.

Vira ele engolir lentamente o que estava no copo. E deixando o objecto sobre a pia, saiu com grande graça.

Era agradável ver o efeito que sua beleza tinha nas pessoas.

Entrou no quarto, tirando as peças de sua roupa, que iam se espalhando no percurso até banheiro.

Olhou para a banheira já cheia com agua bem quente e, sorriu.

Não podia negar que aquela mulher era eficiente. Muito diferente daquela menina, que a muito tempo não via.

Suspirou quando emergiu na agua, que ainda soltava vapor.

- Senhor – A loira chamou da porta – O jantar já está pronto.

Afrodite suspirou. Ainda se perguntava o porque de Kamus ter a preferência para aquela moça. Kamus era um homem frio. A casa dele não deveria ter melhor ambiente que a sua.

Não é!

- Senhor! – A mulher chamou novamente. Estava dentro do banheiro, como costumava fazer quando trabalhava ali, antes da moça que trabalhou anteriormente que Dora.

- Vá chamar a moça! – Disse alto.

- Desculpe?

- Vá chamara a menina, que esta encarregada dessa casa!

- Dora – A mulher disse, olhando o homem que estava de olhos fechados, na banheira.

- Vá chama-la! Já mandei.

A mulher suspirou, mais obedeceu.

Desceu as escadas rapidamente e, encontrou Dora na cozinha.

- Dora! – Chamou.

A menina que terminava de colocar a comida nas travessas, mirou a loira.

- Ele está te chamando. – Disse séria.

A menina tremeu.

- Porque? – Perguntou temerosa.

- Não sei – Disse tirando uma colher da mão da moça – Vá, antes que ele se aborreça.

Dora não se moveu.

- Vá logo, Dora!

Sentiu as pernas tremerem.

O que ele poderia querer? Aquele homem lhe causava arrepios. E aquele cheiro de rosas, parecia tão intenso. Mexia com sua memória. Com seus sonhos.

Subia as escadas com passos pesados. Do meio delas já sentia o aroma que saia daquela casa. Começou a recordar de quando entrou ali pela primeira vez. O pano sujo de sangue em suas mãos. A vontade descontrolada de chorar.

Lembrou de como foi seu primeiro encontro com Afrodite. Não queria encara-lo novamente. Não queria encara-lo nunca mais.

Entrou a passos lentos e foi em direcção do quarto, onde bateu três vezes na porta.

- Senhor?

- Entre! – A voz de Afrodite saiu autoritária – Aqui!

Dora olhou na direcção que vinha a voz.

A porta dupla do banheiro, estava aberta. Lembrou de como tinha ficado impressionada com a beleza daquele cômodo.

Parou na porta, quando percebeu que o homem estava na banheira.

- Senhor! – Sussurrou, olhando para o chão – Mandou me chamar?

- Vai ficar parada, feito uma idiota, na porta? – Afrodite mantinha seu ar superior, ainda de olhos fechado – Entre logo!

Dora arregalou os olhos. Estava numa posição delicada. Se seus pais soubessem, nunca a teriam deixado vir para o Santuário.

- Estou falando a mesma língua que você? – O homem abriu os olhos, irritado.

Dora deu dois passou, hesitantes.

- Pegue aquele frasco! – Apontou de forma desleixada, para uma frasco, sobre um prateleira de vidro, do outro lado do banheiro.

Ainda olhando para o chão, a menina quase correu para a prateleira, pegando o frasco que continha umas pétalas vermelhas. Ficou olhando o frasco, de costas para a banheira.

Mordeu os lábios.

Afrodite podia sentir o nervosismo da menina. Estava louco para sorrir, mas se conteve.

- Despeje na agua! – Ordenou.

Quando virou, sentiu o rosto queimar. Não teve coragem de se mover.

O Cavaleiro de Peixes suspirou, fechando, novamente, os olhos.

- Por que veio para aqui? – Indagou de repente.

A moça não compreendeu.

- O Senhor...

- Não é nada disso – Afrodite, pareceu se irritar – Porque veio trabalhar aqui?

- O Senhor Saga...

- Essa parte da lenga lenga, eu já sei – Interrompeu, deixando Dora frustrada – Quero saber o seus motivos.

A moça se surpreendeu. Porque aquele homem tão gélido, queria saber de seus motivos? O que ele tinha a ver com isso?

Dora fez um barulho irritante com a garganta.

- Preciso de dinheiro – Disse baixo.

- Para que? – Afrodite lhe olhou – Enquanto fala, despege logo, isso, na agua.

Dora conseguiu corar mais. Brigava com seus pés para caminhar.

Estava agora próxima da banheira, olhando para a parede. Quando foi despejar o conteúdo do frasco, olhou de relance para a agua, repleta de pétalas.

Se surpreendeu, voltando-se para o homem que tinha um sorriso nos lábios.

- Você demorou! – Respondeu.

Dora o fuzilou com os olhos, fazendo o homem gargalhar.

- Para que precisa de dinheiro? – Indagou, como se nada fosse.

Dora pensou em sair dali sem lhe responder, mas lembrou que ali, ele que mandava. E precisava realmente daquele dinheiro.

Engoliu as palavras ásperas, que estava pensando em pronunciar e se voltou de costas, para colocar o frasco no lugar.

- Para ver meus amigos – Respondeu por fim.

Afrodite fez um barulo de desdem com os labios.

- O que te faz pensar que eles ainda são seus amigos?

Dora vorou no próprio corpo, lhe fitando, sem entender.

Afrodite lhe olhou.

- A vida continua. – Ele disse – Ninguém deve estar a espera que você volte.

- Isso não impede de serem meus amigos.

- Impede de terem interesse em comum.

- Quem é amigo de verdade, será amigo, mesmo a distancia – Dora começou a ficar nervosa.

- É bonito de se pensar, mais na pratica não é assim.

O coração de Dora apertou, ao pensar que nem mais os amigos teria.

- O Senhor vai, ainda, precisar de mim?

- Vou – respondeu simplesmente – O que te faz pensar que eles estarão a tua espera? – Afrodite mostrava um pequeno sorriso nos lábios – Depois de um tempo sem os ver, é como se você estivesse morta.

Esse era o limite. Dora esqueceu do cenário que a rodeava e, se aproximou.

- Isso pode ser para você – Começou, se exaltando. Afrodite perdia o sorriso. Mas Dora já não se importava. – Uma pessoa horrível como você. As pessoas só esperam que suma...

Não conseguiu continuar. Sentiu ser agarrada pela alça do vestido e, seu corpo ser prensado com força na parede gelada e úmida.

Grunhiu baixo com o impacto.

Afrodite, de olhos estreitos, estava cego de cólera.

O que ela sabia sobre a morte? Nada! Ele, sim, sabia o que era estar cara à cara com os três juízes. Ele sabia o que era ser condenado por toda a sua eternidade.

Algo em seu coração se apertou ao ver a cara de sofrimento daquela menina. Mas uma outra parte, ria. Gozava o momento, esperando por mais...

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por detrás da Rosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.