Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 5
Primeiro encontro




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Diante de seus olhos, estava um homem que não sabia dizer se era real. Estaria ficando louca? Seria um mortal ou um deus, daqueles que as pessoas daquele lugar acreditavam?

Olhava-o assustada. Os cabelos longos, azuis e, os olhos da mesma cor, em contraste com a pele levemente bronzeada e, a expressão altiva, faziam Dora se envergonhar de sua atitude de à pouco. Devia parecer uma doida. Ou pior, e se estivesse mesmo louca.

Não obtendo resposta, Miro ficou preocupado.

– Você está bem?

– Dora – Talia entrou no salão, estranhando a cena. – O que houve?

Dora acordou de seu delírio, olhando a menina que se aproximava. O que dizer?

– Talia – Ouviu o homem chamar – O que está acontecendo?

– Esta é Dora – A moça apresentou, se aproximando e, ajudando a moça a se levantar – Ela veio trabalhar aqui no Santuário.

– Ahh – Miro fez baixinho, olhando a moça de cima a baixo. Facto que incomodou profundamente Dora, que não percebia que Miro estava apenas curioso.

– E já estamos atrasadas – Talia completou, conduzindo Dora para a porta de saída – O Grande Mestre nos espera. Com licença, Sr. Miro – Disse a última frase, já saindo pela a porta, arrastando Dora.

Esta por sua vez, agradecia mentalmente Talia, por ajuda-la a sair daquela situação tão desagradável. Subia as escadas, ainda, com o rosto vermelho pelo ocorrido. Que bela maneira de começar seu trabalho, dando um vexame daqueles. O homem, com certeza, estaria pensando que era louca…patética.

Mas ao contrário do que Dora pensava, Miro sentia uma certa vontade de protege-la. Como podia, uma jovem tão delicada, estar ali na Casa de Peixes, chorando daquele jeito. Algum motivo teria. Não podia deixar de sentir uma certa pena. Ainda parado no local onde as moças o deixaram, balançou a cabeça e continuou seu caminho para o lado oposto, se dirigindo para sua casa, visto que, com a reunião com Shion, já havia perdido a hora do treino. Treinaria mais tarde na Casa de Escorpião mesmo.

– Finalmente - Ouviu a moça dizer, quando chegaram diante de uma enorme porta dupla, de tom acinzentado. No centro, divida entre as portas, estava a imagem de uma deusa. Soube identificar como sendo a Deusa que eles tanto adoravam.

Sentiu um desconforto, engolindo a seco, quando a porta se abriu.

Um enorme salão rodeado de pilares, se mostrou diante de seus olhos. Não pode deixar de entreabrir a boca, ao ver tamanha beleza. No centro, corria um tapete vermelho que, subindo cinco degraus, encontrava um trono. Neste trono, estava sentado um homem, no qual não conseguia ver o rosto. Ao seu ver, a mascara que cobria o rosto daquele homem, era apavorante.

– Faça o que eu fizer – Talia cochichou, começando andar de vagar. Dora seguia bem atrás.

O homem por de trás da mascara, ergueu os olhos para ver as duas moças que se aproximavam. Saga não estava enganado. Longos anos, de experiência, Shion tinha. Assim, conseguindo ver quem realmente era merecedor de entrar no solo sagrado do Templo de Athena. A moça tinha um ar muito inibido. Alargou mais o sorriso, quando pensou isso, pois a moça que vinha na frente era exactamente assim, e, veja só, agora, falava pelos cotovelos.

Mas era uma boa moça de facto. Por isso dissera para Mu dar folga a ela, para poder acompanhar Dora até o 13º templo, fazendo, assim, com que a recém-chegada se sentisse mais a vontade.

Talia saberia lhe apresentar as outras criadas, e lhe ensinaria, tudo o que ela precisava saber.

Viu Talia fazer uma reverência ao homem e, muito sem jeito, imitou-a.

O homem sentado no trono achou graça. Ela era de facto uma menina especial, como Saga lhe havia dito.

– Mestre, aqui está a moça que irá trabalhar aqui no Santuário – Talia disse, com respeito.

– Ótimo – Ouviram uma voz grave, sair por de trás da mascara – Seu nome é Dora, correcto?

– S-sim – Dora respondeu baixo e, sem graça. Aquele homem estava lhe deixando de facto incomodada. Começava a duvidar se queria realmente trabalhar ali. A final, já havia muita coisa que a deixava incomodada.

– Então você ira trabalhar em duas casas zodiacais.

"Casas zodiacais, que nome mais estranho" – Pensou.

– Aquário e Peixes estarão ao seu encargo – O mestre falou, fazendo Talia se arrepiar. Para sua sorte, a Casas de Aquário, Peixes e Câncer já estavam ao encargo de outras moças, quando chegou, acabando por ficar com as duas primeiras, nas quais seus protectores eram os melhores…

– Talia lhe mostrar como tem que ser feito o trabalho – Shion completou.

Dora não escutou nada do que o homem tinha dito. Examinava cada apetrecho daquela estranha roupa. A voz daquele homem lhe parecia tão familiar, o que lhe causava estranheza.

Tinha vontade de fugir e, de ao mesmo tempo, se aproximar do trono, e arrancar aquela mascara, saciando a sua vontade de ver o rosto daquele homem.

Tudo ali lhe parecia estranhamente familiar, e isso, não lhe agradava, porque essa sensação trazia algo de ruim em seu coração. Perdera a conta das vezes que sentiu vontade de chorar, desde que chegou na vila. Sem contar aqueles homens, a dor de cabeça que ia e vinha com facilidade. Talvez estivesse doente. Enquanto morava em Corinto, via na televisão, casos de pessoas com câncer, que tinham alucinações e dores de cabeça.

Ao pensar isso, começou a ficar com medo, muito medo. Seu semblante mudou de tal maneira, que Shion e Talia não puderam deixar de perceber.

– Você está bem, Dora? – Shion perguntou preocupado, fazendo Dora sair de seus pensamentos.

– S-sim. Estou – Disse muito sem graça.

"Eu a compreendo" – Talita pensou – "eu também estaria com medo, no lugar dela".

– Se está tudo bem, podem ir – O Grande Mestre disse, gesticulando em direção a porta.

Com uma breve reverência por parte das duas moças, partiram em direção a saída.

Shion, olhando as duas partirem, pensava em algo que sentira quando a moça entrou. Uma sensação de nostalgia lhe tomou o peito, e recordações de um tempo que não voltará mais, lhe assolou, fazendo quase com que uma lágrima lhe brotasse no olho esquerdo.

Tantos amigos perdidos em batalhas. Tantas mortes já haviam acontecido naquele solo sagrado. Agora se perguntava se alguns teriam partido e estariam em paz.

Suspirou alto e, tratou de afastar esse pensamento. Nada daquilo iria traze-los de volta. Agora teria que zelar por essa geração de Cavaleiros que tanto se orgulhava. Eles eram bravos e determinados. Mas sabia que com a última Guerra Santa, nem todos voltaram modificados.

Se orgulhava do facto de Aioria não ser mais aquele cara fechado, se comunicando e se aproximando mais dos companheiros de batalhas. Sabia que Aioros era a grande causa de toda aquela transformação, mas não só. Miro, também havia mudado. Não era tão orgulhoso, e sua arrogância tinha diminuído bastante. Kamus estava no caminho certo, mas ainda tinha muito que caminhar. Sua natureza fria e calculista ainda não tinha desaparecido, para dar lugar a um homem menos individualista. Mas aos poucos, quem sabe, isso não mudaria? Podia não mudar totalmente, mas o facto de contactar mais com os outros Dourados, dava a Shion esperança.

O que realmente preocupava o Mestre era Câncer e Peixes. Aqueles dois tinham conseguido grande vitória. Podia dizer que não eram, nem por sombra, o que foram um dia. Suas vontades de sangue haviam diminuído. Mascara da Morte, não se preocupava mais em coleccionar aqueles que matava…para dizer a verdade, e era um óptimo sinal, não matava mais. Estava mais calmo. Mas seu temperamento continuava o mesmo. Bruto e arrogante, metia medo nas servas e servos.

Não muito deferente, Afrodite, continuava arrogante e desinteressado. Mais companheiro, poderia dizer, mas sua arrogância e sangue quente estragavam todo o resto.

Ele tentava, mas Shion via que não conseguia grande êxito.

Agora se perguntava se aquela menina se daria bem nas tarefas junto a dois problemas.

– Problemas – Talia começou, depois de explicar tudo o que tinha para explicar na Casa de Peixes. Dora ouvia atentamente. – Não mexa no jardim, em hipótese alguma.

Dora não deu importância. Não costumava mexer nas coisas dos outros. Desde criança, quando ia na casa de alguém, sentava no sofá e esperava segunda ordem de seus pais. Não era agora que ia começar a ser mal-educada.

Mas sua cabeça começava a pensar: e se morresse antes de voltar a ver seus amigos. Não, isso não poderia acontecer. Iria trabalhar ali e ganhar dinheiro para ir até Corinto ver seus amigos.

– E é isso – Talita concluiu algo que Dora nem se quer ouvira – Eu tenho que ir agora. Lembrando que é o mesmo processo para a Casa de Aquário.

Boa, que processo? Isso sim, seria mal-educado: pedir para a moça para repetir tudo de novo.

Com um sorriso sem graça, disse que tudo bem.

Ficou por minutos nervosa, quando a moça disse um "tudo bem", dizendo que já estava atrasada. Viu-a correr para a saída, desejando-lhe boa sorte.

– Dora, pensa – murmurou – Que raio de processo deve ter para limpar uma casa? – Começou a estalar o dedo, olhando em volta do salão vazio – Nenhum processo, pelo amor de Deus, é só limpar e, pronto.

Suspirou mais calma, convicta do que tinha afirmado, e foi para a cozinha.

Em sua casa, era a primeira coisa que arrumava.

A cozinha era branca com móveis da mesma cor e, balcão de mármore. Panelas, copos, pratos, bonitos. Ficou impressionada.

Com satisfação, começou a arrumar as poucas coisas que havia para arrumar, agradecendo, pois ainda tinha que preparar o almoço dos donos das duas casas.

Um calafrio percorreu sua espinha e, a imagem do homem que lhe vira chorando, apareceu.

– Miro! – Sussurrou. – Foi gentil – pensou sorrindo.

Balançou a cabeça e recomeçou a arrumação. Dali partiu para a sala que estava na mesma condição que a cozinha. O banheiro que lhe deixou de queixo caído: também, branco, com banheira redonda e borda em madeira bem clara, e todo o resto, no mesmo estilo. O espelho era enorme. Se mirou nele durante algum tempo.

"Que bela casa" – Pensou.

Agora só faltava o quarto.

Estava arrumando a cama, quando sentiu uma presença na porta. Estava parado, lhe observando com cara de poucos amigos.

Virou de imediato, dando de cara com um homem belíssimo e suado. Seus olhos azuis-claros lhe fitavam gelidamente.

Sentiu o sangue gelar ao olhar aqueles olhos.

– O que está fazendo aqui? – Afrodite perguntou frio, tentando se controlar.

Dora não sabia o que responder, sentia as mãos tremer. Via tanta raiva nos olhos daquele homem, que pensava que ele ia pular em seu pescoço.

– Responda, inútil! – Afrodite alterou a voz. Não lhe olhava frontalmente. O Cavaleiro de Peixes nunca olhava uma serva frontalmente. Estas não mereciam nem uma olhada de canto de olho.

Dora sentiu o coração apertar. Não conseguia controlar as lágrimas que lhe formavam nos olhos, que não se mexeram, fitando o homem.

Afrodite estreitou os olhos. Era impressão sua, ou aquela incompetente estava lhe dando desprezo.

– A cama… - disse com voz tremula e baixa.

– O que? – Perguntou ríspido.

– Estava fazendo…

– Você já devia ter feito isso – Disse alterado, desta vez virando para lhe olhar. Era incompetência de mais para uma única pessoa.

Viu-a estática, lhe fitando assustada. Olhos amendoados, com lágrimas; rosto de menina. 15, 16 anos? Estranhou.

Apesar de não ver as servas, sabia dizer exactamente quem lhe servia.

– Você é nova aqui! – Constatou mais para si, do que para a moça. – Quem lhe ensinou as coisas?

– Ta-lia – Respondeu hesitante. Não queria comprometer a moça.

Viu o homem vira-lhe as costas e caminhar até o espelho, do outro lado.

Afrodite mirou sua imagem durante um tempo. Percebendo que a moça continuava no mesmo lugar, acompanhando seus movimentos.

Compreendia-a. Como não deixar de olha-lo. Era belo.

Deu um meio sorriso, para logo depois faze-lo desaparecer.

– Meu almoço? - Perguntou em alto e bom som, fazendo a moça se assustar.

– E-eu ia preparar…

– E está esperando o que? – Disse fechando os olhos, para contar mentalmente – Ande!

A moça não se mexeu de tão assustada.

Afrodite abriu bem os olhos e se voltou.

– ANDE! DESAPAREÇA!

De um salto, Dora saiu do quarto correndo em direção a cozinha.

Sentia as pernas tremerem e, não conseguia controlava as lágrimas. Sentou no chão, com as costas apoiadas no móvel, em baixo da pia. Seu corpo não obedecia.

Que homem horrível. Quem ele pensava que era para falar com ela assim! QUEM!

Afrodite no quarto, sentou na cama, ainda se olhando no espelho.

O que foi aquilo? Porque a olhou? Porque?

Continua…





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