Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 3
Proposta




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Estava em pé diante da porta, que reconhecia como sendo sua nova casa. Sentia o coração apertado. Ao longe, fora da vila de onde morava, raios eram vistos, clareando o céu nublado.

Pressionava contra o peito, a rosa que tinha nas mãos.

- É como se a barreira do Mestre Albafica tivesse sido tragada pelo céu! – Ouviu alguém gritar. Não olhou para a pessoa. Sentou uma vontade enorme de chorar.

"Então ele…" – Não queria pensar nisso. Não, não podia…

Abriu os olhos, lentamente.

"Droga" – pensou, colocando a mão na frente dos olhos. Ainda sentia uma certa dor nos olhos.

Quando sentiu que a dor diminuiu, tirou lentamente as mãos da frente dos olhos e abriu-os com cuidado.

Demorou um pouco até ter a visão bem definida.

Ainda deitada, olhou em redor. Estava em um quarto que era composto apenas por uma cama de solteiro, onde estava deitada, feita de madeira escura, encostada na parede onde tinha uma grande janela. Nesta, havia uma cortina, que ao ver de Dora, era horrivel. Na parede do outro lado estava uma porta e ao lado dessa um grande armário.

Definitivamente não conhecia aquele lugar.

Levantou lentamente e sentou na beira do colchão.

Agora ouvia vozes abafadas. Era a voz de sua mãe que estava um pouco alterada.

Levantou e caminhou lentamente até a porta, abrindo-a com cautela.

Agora ouvia sua mãe com mais clareza, assim como a de sua madrinha. Deviam estar na sala, que se encontrava no final do corredor. Seguiu em frente, passando pelas duas únicas portas que se encontravam no caminho. Parou na porta, vendo as três figuras sentadas na sala: sua mãe, que agora estava mais calma e, sua madrinha que prestava muita atenção na terceira pessoa, sentada na poltrona.

Era um belo rapaz de cabelos compridos azuis. Conseguia ver bem seu rosto. Traços fortes, semblante sofrido. Era claro que era bem mais velho, mas não conseguia definir o quanto.

- Dora! – Anastácia, chamou fazendo os presentes da sala se voltarem para porta. Dora não conseguia tirar os olhos daquele homem que se vestia de forma tão desconfortável. – Como está se sentindo?

- Bem – Murmurou, sem lhe olhar.

- Você nos pregou um susto – Alexandra levantou indo de encontro a filha.

O homem, de porte imponente, levantou lhe fitando.

- Como está se sentindo? – Perguntou, calmamente.

Dora não conseguia responder. Algo naquele homem lhe provocava arrepios. Não podia negar, que assim como sua madrinha tinha dito, era belo, muito belo.

- Não seja mal-educada, Dora – Alexandra repreendeu – Responde ao Senhor Saga.

- Bem…obrigada – Murmurou fazendo um imenso esforço.

- Que vexame, hem! – Anastácia brincou fazendo o rapaz sorrir, enquanto Dora corava.

- Não come nada, acontece isso – Alexandra concluiu.

Dora a olhou irritada. Se bem se lembrava, foi ela que não a deixou tomar nem café, pois estava atrasada.

Ia reivindicar, mas foi interrompida por batidas na porta. A dona da casa foi rapidamente abrir.

Do lado de fora se encontravam três rapazes, também, vestidos de "roupas" desconfortáveis.

Apesar de tudo, tinha visto bem: apenas dois tinham o cabelo comprido. O rapaz que estava na frente, tinha cabelos longos, lisos, cor lavanda. Sua expressão era serena, mas o que lhe chamou mesmo atenção, foram as duas pintas na testa. Mirou o rapaz moreno atrás deste, tinha os olhos verdes, muito claros.

Apenas quando entraram, reparou no terceiro. Muito moreno de olhos, também, verdes. Parou o olhar no que o ultimo trazia na mão: uma bela rosa.

Não conseguia ouvir mais nada, apenas fitava a flor na mão do cavaleiro de ouro, que lhe fitava intensamente.

- Para você – Disse estendendo a rosa na sua direcção.

- Nossa – Anastácia tinha um olhar brilhante – Quanta gentileza.

- Pegue, Dora – Ouviu a mãe dizer – E agradeça.

- Albafica – Murmurou muito baixo.

- Hmmm? – Tinha ouvido direito. Ela dissera…

- Obrigada – Disse, com a face ficando corada, enquanto pegava a flor – Senhor…

- Dohko – Disse, fazendo a moça lhe fitar.

Dora limitou-se a sorrir, forçadamente, enquanto Dohko lhe fitava com curiosidade. Será que tinha ouvido bem? Porque ela dissera o nome do antigo Cavaleiro de Peixes?

"Ouvi mal com certeza!" – pensou, afastando a dúvida, sorrindo gentilmente.

Tudo aquilo era confuso de mais, para Dora. Porque rosa? Logo uma rosa! A flor que lhe aparecia em todos os sonhos.

- Bem, temos que ir – Saga alertou os outros, fazendo Dora sair de seus pensamentos – Espero que esteja tudo bem, mesmo.

- Agora está tudo bem – Alexandra disse abraçando a filha.

- Obrigada – Anastácia completou.

- Então fale com ela – Saga disse, virando-se para Anastácia – Amanhã voltamos.

Dora estranhou, virando-se para a mãe. Compreendeu pelo olhar que lhe foi lançado que logo saberia sobre o que se tratava.

- Pode deixar – A mulher acompanhou-os até a porta – Ela irá.

Saga apenas acenou. Os quatro se despediram e se retiraram rapidamente.

Ao ouvir a porta fechar, Dora, sentiu o ambiente ficar tenso.

- O que houve? – Resolveu quebrar o silêncio.

- Arrumamos algo para você fazer – Anastácia disse convicta.

- Eu não estou certa…

- Vai ser bom para ela – Anastácia interrompeu a mãe de Dora.

- O que vai ser bom para mim? – Resolveu se intrometer.

- Este Senhor que esteve aqui, nos fez uma proposta irrecusável – Ouviu a madrinha dizer. – E eu acho que você deveria aceitar.

- Eu irei falar com seu pai antes…

- Mas a final o que é!

- Você irá trabalhar no Santuário – Anastácia respondeu.

- Como é que é? – Dora não conseguia esconder uma certa irritação. – Como você diz que eu vou sem me consultar?

- A sua mãe estava presente…

- Mas antes falaremos com seu pai…

- Não é com meu pai que vocês têm que falar – Começou a levantar a voz – A final é a minha vida. Já não basta terem me trazido para cá…

- Não seja injusta – Alexandra começou a se alterar.

- Calma – Anastácia, estava preocupada com Alexandra – Não foi injustiça. Dora! – Chamou, quando notou que esta não estava com intenção de lhe ouvir – Apenas pensei que você quisesse ajudar seus pais, agora que o negócio da floricultura está começando.

- E por isso vocês decidem por mim?

- Você não quer juntar dinheiro para ver seus amigos? – Anastácia indagou, fazendo a expressão de Dora mudar de imediato. Ah!...como a velha madrinha sabia dar a volta e pegar no ponto certo.

Alexandra se perguntava porque não conseguia fazer isso. Não saberia o que fazer se Anastácia não estivesse ali.

Sabia que Dora tinha se convencido, mas não ia dar o braço a torcer no instante seguinte.

- Vou pensar – Dora disse após um suspiro – Amanhã digo. – Concluiu saindo da casa.

- É! – Alexandra começou olhando para a amiga, que sorria vitoriosa – Pelo menos você sabe como lhe dar com ela.

- Ajude-a a arrumar as malas.

- Tomara que você esteja certa. Amanhã cedo ela estará aqui…

- Eu fico a espera. Vão mandar alguém vir busca-la.

- Só não percebi porque da proposta.

- Eu já trabalhei lá, na época que o Cavaleiro de Gémeos se tornou o Grande Mestre…

- Não é mais?

- Uma longa história.

Um pequeno "sorriso amarelo" foi a resposta de Alexandra. Tudo naquele lugar lhe parecia uma longa história. Uma longa e, complicada história. Não sabia porque, mas não estava muito tranquila em deixar Dora partir para o Santuário com aqueles homens…

Continua…


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