Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 2
O que te reservam




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Sentia cada osso de seu corpo sendo quebrado. Diante de si, uma figura irritantemente reconhecível: Minos, o Juiz do Submundo, gargalhava, meio a palavras que não conseguia identificar o que significavam. Seu corpo doía muito.

O homem a sua frente, articulava os dedos, brincando com seu corpo,como se fosse uma marioneta, fazendo-o sentir uma dor horrorosa.

A boca de Minos voltou a se mexer.

- Ah!, já sei! Que tal uma pequena "reforma", no rosto do qual você se orgulha tanto?

Arregalou os olhos e, sentiu a enorme mão do juiz em seu rosto, provocando uma dor intensa…

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

- Senhor, o que houve? – Uma jovem de cabelos negros, lisos, compridos até a cintura, entrou no quarto assustada. Seu rosto, de traços delicados, ganhou uma forma de surpresa, ao ver o Cavaleiro de Peixes sentado na cama, banhado de suor e com a respiração ofegantes.

Afrodite apalpava o próprio rosto.

- O que houve, senhor? – A serva perguntou novamente, da porta.

- Meu rosto… - Afrodite murmurou – Ele agarrou o meu rosto…

- Não há nada de errado em seu rosto, senhor – A moça disse estranhando.

Em um gesto brusco, o homem levantou da cama e se dirigiu para o outro lado do quarto, sem prestar atenção a mulher de belo corpo. Se mirou no espelho que se encontrava pendurado na parede, reparando em cada detalhe. Estava tudo bem, suspirou aliviado.

- Vou servir vosso café – Disse fazendo menção de sair.

O homem finalmente se dera conta que tinha mais alguém no quarto.

- Então desinfecta! - Não olhou para a serva, para proferir essas palavras.

A moça de 17 anos estreitou os olhos. Ofendida, virou as costas, murmurando um "com licença" e, saiu, desejando que o sonho daquele homem, tão desprezível, tivesse sido realmente horrível.

Afrodite voltou a olhar o espelho. Ainda tinha aflição.

Maldito Minos, porque aparecer em seus sonhos? Porque nessa semana sonhara duas vezes com a mesma coisa?

A mesma pergunta se passava na cabeça de Dora. Já fazia uma semana que havia chegado. Desde então, suas noites eram passadas entre sonhos estranhos e repetitivos.

Levantou rapidamente ao ver que, o relógio sobre a cómoda, no outro lado do quarto, marcava oito e meia da manhã.

Tinha prometido acompanhar a mãe a um encontro com sua madrinha.

Provavelmente sua mãe já estava pronta para partir. Sua madrinha era uma mulher severa e pontual. Um minuto de atraso, seria um dia estragado para sua mãe, ao ter que ouvir as bocas da outra.

Desta forma, tomou um banho rápido e, se vestiu, com a primeira roupa que lhe apareceu pela frente: Um vestido leve de maga curta, todo branco, que lhe ficava justo até a cintura e, folgado até o tornozelo. Uma sandália simples e, baixa, combinava com sua roupa. Foi para a sala, encontrando a mãe impaciente. Ao entrar no recinto, a mulher, que já contava com um barrigão de seis meses, virou em sua direção.

- Pensei que tinha esquecido – A mulher falou áspera.

- Na verdade até esqueci – A menina disse baixando a cabeça – Dá tempo de comer…

- Não. Comemos algo na rua. Vamos! – Completou agarrando o braço da menina e a arrastando para fora de casa.

As ruas, pareciam o inferno para Dora. A movimentação desordenada das pessoas que ocupavam a rua e as calçadas, esbarrando umas nas outras, que lutavam pelo seu espaço ali, lhe confundia um pouco. O calor já se fazia sentir naquela hora da manhã, anunciando que quando chegasse o auge do dia, estaria um calor insuportável.

Andavam aos esbarrões com as pessoas. Dora se perguntava, de onde sua mãe tirava tanta força e coragem para andar tão segura por aquelas ruas. Até parecia que conhecia muito bem as ruas estreitas do Rodório.

- Já chegamos – A mãe anunciou, parando bruscamente.

- O que é isso? – Perguntou intrigada, diante de uma esplanada com mesas e cadeiras escuras e uma porta minúscula ao fundo.

- É uma tasca – Uma voz rouca e cheia de emoção chamou atenção das duas. O rosto da mãe de Dora, se iluminou ao ver a senhora de cabelos tingidos de preto, presos em um coc. Era baixa e encorpada. Suas roupas largas a faziam mais gorda do que era, apesar da cor escura de seu vestido. – Vão ficar aí me olhando, ou vamos sentar e pedir um café.

- Claro – A mãe de Dora dissera animada, se dirigindo para a primeira mesa, que ficava a beira da calçada. Foi acompanhada pela filha e pela recém-chegada.

Logo um rapaz de belas feições e um sorriso encantador, apareceu, perguntando o que elas desejavam. O pedido foi: dois sucos de laranja e um café com leite para a mais nova. O rapaz sorriu e se afastou, para minutos depois, voltar com os pedido. Ficou claro que se engraçara com a moça sentada na mesa, fazendo ambas mais velhas sorrirem uma para a outra.

- Fiquei feliz de termos marcado esse encontro, Alexandra – A morena falou mostrando muita satisfação. – E mais ainda por você, também, ter vindo, Dora.

A moça sorriu sem graça. Na verdade não tinha ido por gosto.

- Você não sabe o sacrifício que foi tira-la de casa, Anastácia. – Alexandra falou com ar de reprovação, enquanto Anastácia fitava Dora, seria. A moça não disse nada, apenas corou um pouco. Será que a mãe tinha que contar isso? – Faz uma semana que ela não sai de casa.

Por fim Anastácia, deu uma gostosa gargalhada, surpreendendo as duas que a acompanhavam.

- Rodório realmente não tem grande interesse – Compreendeu a situação da afilhada, fazendo Dora rir – Mas devo dizer que temos rapazes lindíssimos – Completou piscando um olho para a moça. Alexandra riu.

- Viu, não é estando dentro de casa que vai encontrar um namorado.

- Eu não quero namorado, mãe – A moça se mostrou um pouco nervosa – Eu quero amigos…

- E não é dentro de casa que você vai fazer amigos – Anastácia, concluiu – Você tem que arrumar algo para fazer antes de começar as suas aulas.

- Falta pouco, também – Dora disse olhando apreensiva para a madrinha. Não era pessoa de fácil relacionamento. Não era muito dada e, odiava o princípio de uma relação interpessoal. Os poucos amigos que tinha, conheceu no colégio, muitos também, eram de infância. Apenas de pensar em ter que falar com estranhos, lhe dava um frio na barriga – E eu também posso ajudar na floricultura…

- Não é necessário – Alexandra a segurou com delicadeza no braço, que estava apoiado na mesa - Lá estou eu e seu pai. Está apenas no começo. A clientela ainda é fraca…

- Por enquanto – Anastácia corrigiu – Logo vai ter muitos clientes. Vocês são a única floricultura aqui no Rodório. Você vai ver quando chegar a época das festas.

- O que está havendo – Dora perguntou, olhando para um dos lados extremos da rua.

As pessoas abriam passagem, murmurando algo.

Alexandra e Anastácia acompanharam o olhar de Dora.

A morena sorriu.

- São os cavaleiros de Athena – Disse divertida com a expressão de surpresa das duas a sua frente – Eles, as vezes passeiam por aqui. Andem! Vamos nos levantar antes que as pessoas entrem na nossa frente. – Falou já de pé, na beira da calçada.

Dora e Alexandra a acompanharam, ficando uma de cada lado desta.

Viam as pessoas aos poucos se afastarem, mas ainda não conseguiam ver o que ou quem vinha.

- Nós estamos próximos do Santuário. – Anastácia começou empolgada, sem tirar o olho do fim da rua. – Vocês devem ter notado! É fácil vê-los por aqui. Parecem mesmo anjos, de tão belos que são.

As mulheres que a ouviam, ficavam cada vez mais entusiasmadas para ver como eles eram.

Logo conseguiram ver um brilho intenso se aproximando.

- Parecem o sol, isso sim – Dora falou colocando o braço na frente dos olhos, incomodada com a luz.

Tentava espreitar e ver como eles eram. Sim, conseguiu ver que eram quatro. Mas a medida que se aproximavam parecia que o brilho ficava mais intenso. Dora apenas podia ver capas esvoaçantes. E que apenas dois deles tinham cabelos compridos.

Chateada com aquele brilho, frustrada por não conseguir ver, tirou o braço que a protegia da luz e, espremeu os olhos.

Uma dor invadiu sua vista e ampliou por toda a cabeça.

Alexandra lhe olhou sorrindo, mas mudou de expressão logo em seguida.

- Dora! – A moça ouviu a mãe chamar. Parecia distante. A imagem da mulher grávida desvanecia a sua frente – Você está…

De novo a imagem do belo homem alado, apareceu rapidamente. Vozes falavam ao mesmo tempo, fazendo com que tudo ao seu redor começasse a ficar turvado.

Viu uma rosa passar voando por si…era negra. Viu um homem de armadura brilhante e de cabelos compridos cair ajoelhado. Ele estava de costas para si. Não sabia explicar, mas sentiu alivio.

Sentiu um impacto em suas costas. Logo a escuridão à rodeou e as vozes cessaram.

- DORA! – Anastácia abaixou perante a moça que estava desmaiada.

- O QUE HOUVE? DORA! – A mãe gritou chamando atenção dos cavaleiros que já tinham passado por elas, fazendo-os olhar para trás.

Continua…


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