Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 29
Despertem Cavaleiros de outra Era


Notas iniciais do capítulo

E aqui está mais um capitulo, rumo ao final da fic.

E eis aqui algumas respostas. Quem pensou que o causador da confusão com Afrodite era Minos....enganou-se ^^...pois é.

Eis a resposta (boa leitura):



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Os olhos feridos pela claridade, abriram e fecharam freneticamente, tentando se adaptar a nova condição. Os dedos, também, eram levados a esfrega-los com certo desespero.

Por fim, após irritante insistência, conseguira distinguir uma silhueta sentada no chão. Dera um paço, mas cambaleara, esfregando, mais uma vez, os olhos.

Era Luna, que, como se meditasse, segurava nas mãos a mascara que antes estivera em seu rosto.

Mascara da Morte vacilara.

– Gioca?! - Indagou com estranheza.

O sentimento que correra por seu corpo, fizera seus músculos ficarem tensos e os ossos estremecerem. Por um lado sabia que não conhecia aquela moça, mas por outro, tinha a clara lembrança de ter vivenciado algo com ela. E apesar do nome não se ligar aquele rosto pequeno de traços tão delicados, o nome não saia de sua cabeça.

Luna lhe fitou, admirando-se.

– Você veio - Alargou o sorriso enquanto se levantava de rompante, mas foi detida por mãos fortes que lhe seguravam pelo ombro.

– Olhe! - A voz grossa de Saga chamou a atenção de Mascara da Morte - Ainda não acabou. - Completou quando o chão voltava a estremecer.

Da boca do vulcão começara a sair fumo negro e, a lava fervilhava impaciente, expelindo fedor de enxofre.

Tão intenso, apenas em poder, mas em sentimento...as penas negras atravessaram o corpo do Cavaleiro de Peixes como navalhas. A armadura dourada emitira uma forte vibração que afastara o perigo de pontos vitais, mas não de forma a evitar o estrago que levara Afrodite a perder a consciência.

– Me desculpe por chegar atrasado, Shion - Sua voz firme e calma demonstrava também gratidão - Eu ainda posso lutar - Completou, parando altivamente perante o inimigo.

Gemeu ao tentar se mover.A sua pele ainda conservava as penas negras que estavam enfincadas em pontos estratégicos, de modo a prender seus nervos.

Ouviu o som de passos pesados a se aproximarem, mas não pode mover a cabeça de forma a ver quem era.

Engolira o segundo gemido.

– Ora veja só - Ouviu a voz irritante daquele que se prostrou ao seu lado direito - Desta vez eu que te peguei - Dissera de forma enfática, enquanto se debruçava sobre Afrodite, de modo a que este pudesse lhe fitar.

Afrodite se surpreendera vendo, não Bjorn, mas quase que sua própria imagem, para depois deixar-se abalar por uma memória longínqua. Sim, conhecia-o, mas não do reflexo no espelho.

– Rusé - Dissera meio a um gemido, enquanto sentia o outro mover uma das penas que se encontrava cravada em sua pele.

– Isso mesmo - Bjorn sorriu - Finalmente nos encontramos. Mas desta vez não cometerei o mesmo erro Albafica - Completou, segurando Afrodite pelo rosto.

Bjorn pensara com os dedos uma das penas encravada no braço direito de Peixes, rodando-a, de forma que a pele rasgasse. Afrodite trincara os dentes fechando os olhos.

– Depois de me desfazer de você - Iniciou prosseguindo da mesma forma com outras penas - Vou atrás daquela garota. Nem vou descrever o que farei com ela...

Não pode completar. Foi por pouco que se esquivara de um arbusto que crescera repentinamente do solo, onde ele estava. E assim, deste mesmo arbusto, vários ramos cresceram, envolvendo o corpo de Afrodite.

O Corvo Negro pousara a alguns metros de onde o corpo do adversário, já encoberto, estava.

"O que é isso?" - Indagou, vendo os ramos desaparecerem e, conseguir contemplar Afrodite, de ferimentos visíveis no rosto, braços e pernas, se reerguendo.

Vira o belo homem limpar um filete de sangue que descia de um corte na sobrancelha, escorrendo para a bochecha.

De um jeito altivo cuspira o sangue que lhe deixava um gosto de ferrugem na boca. Estava sério. Tragava o inimigo de forma analista.

Verdade fosse dita: Corvo Negro tinha vantagens.

Em um ponto mais profundo, poderia dizer que conhecia bem as técnicas daquele que treinara consigo desde pequeno, como, também, daquele que era revestido, novamente pela armadura negra de Corvo.

Naquela altura, também a Armadura de Ouro de Peixes revestia outro corpo.

Tanto Bjorn quanto Rusé foram derrotados no corpo-a-corpo.

Bjorn sorriu.

– Uma ironia do destino nos encontrarmos assim - iniciou - Eu sempre te odiei, e nem ao menos sabia o porque...a sua beleza sempre me incomodou - Disse com amargura - Chegou a hora de você pagar por tudo o que me fez - Elevou o cosmo - Por essa e outra vida!

Novamente as penas negras começaram a se destacar das enormes asas, e aos poucos começaram a rodear Bjorn.

Afrodite recuara, inconscientemente, dois passo. Uma rosa vermelha surgira em sua mão direita.

– Desta vez não... - Disse entre dentes, elevando seu cosmo - ROSAS DIABÓLICAS REAIS!

Não uma, mas diversas rosas, saíram de encontro ao inimigo, em uma velocidade espantosa, porém, eram desviadas pelas penas que formaram um escudo para o Corvo Negro.

– Você já tentou esse truque - Bjorn dissera meio ao riso, fazendo o Cavaleiro estreitar os olhos claros - Tente outra coisa, Albafica - Começou a gargalhar, mas estancou quando sentiu algo lhe pressionar o pescoço.

As penas negras que defendiam Bjorn começaram a incendiar-se em um espectáculo fugaz, desintegrando-se diante dos olhos espantados do Corvo Negro. Mas não eram as penas a desaparecerem que o deixaram de olhos arregalados, mas o belo rosto danificado pela sua protecção.

Afrodite de Peixes tinha seu rosto coberto de cortes, por onde o rubro sangue escapava-se, acabando com a beleza daquele homem.

"Impossível" - Bjorn pensou, ainda em choque.

Mas não teve tempo de formular mais nada em sua mente. Segurado pelo pescoço, sentiu uma forte pancada em seu nariz...seguido de outro e mais outro. Seu grito ecoou pelo local destruído. Seguiria outro grito, mas o punho de Afrodite lhe atingira no lado esquerdo do rosto, jogando, por fim, Bjorn a alguns metros de distancia.

Ainda ofegante, pelo esforço dos golpes, mas também pela dor que sentia em toda a face e corpo, Afrodite fitou o corpo estendido no chão.

Sabia que seu rosto, possivelmente, estava arruinado e, este facto, fez surgir em seu peito um ódio mortal daquele que se reerguia com muita dificuldade. Vira-o tombar de joelhos duas vezes, ate que conseguiu se colocar de pé.

Também a cara dele estava desfeita. O nariz quebrado expelia abundante sangue enegrecido e a dor intensa fazia desfigurar-se ainda mais com as caretas de dor.

Com dificuldade e agonia, Bjorn colocara a cartilagem nasal no local, fazendo sangrar mais. Novamente cairá de joelhos, fazendo Peixes sorrir.

Aquela imagem de facto era um consolo.

Bjorn sofria, tentando a todo o custo limpar o rosto.

Por fim desistira dessa tarefa e fitara o Sueco. Seus olhos continham lágrimas.

Não soube por quanto tempo ainda se fitaram calados, se consolando com a imagem distorcida um do outro.

– Você começa a despertar - Por fim Bjorn falara, em uma voz retorcida pela dor.

–O que...?

– Afrodite nunca se arriscaria assim - Disse por fim surpreendendo o outro - Eu deduzo que esta seja a consciência de Albafica a ganhar força...

Afrodite sorriu. Não porque achasse graça no que o outro dizia, mas porque não sabia o que dizer.

Não pensara duas vezes antes de atacar, mesmo sabendo o estrago que tal acto faria em seu físico. Algo que jamais aconteceria vindo da natureza do actual Cavaleiro de Peixes. Mas não Albafica...

Bjorn contava com o espírito de luta de Afrodite, não do outro.

– Foi um erro - Corvo Negro confessou.

– Parece que você insiste sempre no mesmo erro - Afrodite disse sorrindo.

– Não - Respondeu cuspindo o sangue que lhe causava mal gosto na boca. Cambaleou um pouco, levantando e dando um passo involuntário para frente - Você é que parece que não apreende...

– O que disse...?

– Albafica...sempre tão altruísta - Disse meio a uma careta que Afrodite não soube identificar se era de nojo a essa constatação ou de dor - Sempre protegendo alguém. Primeiro aquela menina odiosa que destruiu a Nero...

"Gioca?" - O nome era familiar a um rosto um tanto desgastado em sua memória.

– Agora essa moça - Gesticulou desleixado deixando-se dominar por uma dor intensa que o fez cuspir mais sangue, mas por fim gargalhou baixo - Albafica irá te destruir...

– O que está dizendo?...não faz sentido...

– Você já começou a sentir medo de ferir as pessoas? - indagou de repente, assustando o outro.

– E-eu nunca tive medo...

– Isso era antes, não era? - Cortou ao ouvir aquela frase carregada de incerteza. Na verdade não era uma indagação como fez parecer e, Bjorn, teve a confirmação assim que vira o rosto de Afrodite se contorcer em duvida dolorosa.- Este medo nunca mais vai passar...e com razão.

Afrodite engoliu a seco, mas não conseguia formular frase alguma. Sua cabeça estava a mil e baralhada em memórias que não eram mais suas.

Sabia que o medo de ferir as pessoas, como ocorreu diversas vezes quando tocou em Dora ou quando lutara com Saga, era infundado...mas não conseguia deixar de senti-lo. Também a repulsa por tudo que se transformara era irracional. Nunca tivera nada além do orgulho de ser um Cavaleiro de Peixes...de ser Afrodite de Peixes. Mas agora também isso lhe afectava.

– Eventualmente, você vai acabar por machuca-la, Albafica...- Sorriu -aquela garota...

– CALE A BOCA! - Ordenou entre dentes.

–..porque no fundo você é como eu...venenoso...

Não queria ouvir mais nada. Afrodite partira com tudo para cima daquele homem que lhe envenenava a alma. Uma rosa branca surgira em suas mãos e com um elevar abrupto de seu cosmo, fizera com que ela fosse em disparado como uma flecha na direcção de Bjorn. Este apenas deu um passo atrás, deixando que a rosa encravasse na altura do peito. Surpreendeu Afrodite, que não esperava por aquela falta de resposta da parte de seu rival.

Bjorn caíra de joelhos, deixando que um sorriso brotasse em seus lábios. Em seguida sentara no chão derrotado. Fitara intensamente Afrodite, que se encontrava de pé, a alguns passos de distancia.

– Porque não se defendeu? - Deixara escapar a pergunta que dominou seus pensamentos.

– Porque não sou Albafica - Piscou o olho de pálpebras inchadas para Afrodite - Não posso viver com minha beleza arruinada - Respondera simplesmente, surpreendendo Afrodite.

A rosa no peito de Bjorn começara a ganhar cor, fazendo-o ficar com a visão turva.

– Mas você não é melhor do que eu - Continuou meio a uma tosse irritante fazendo se retorcer um pouco. Respirou fundo voltando a olhar Afrodite que não se movera. O Cavaleiro parecia ainda tentar digerir o que havia lhe sido dito - Você é pior por ser sempre vai ter medo do que você se tornou...a-a mais letal das rosas - Vira o antigo companheiro de treino fechar os punhos e avançar um passo - V-você é Afrodite de Peixes, e não sabe como não machucar as pessoas...c-como...u..um veneno... - Afrodite deixara-se arrastar pelas perturbantes constatações das ultimas palavras de Bjorn. A rosa tingira-se por completo, deixando o corpo outrora belo por natureza estendido no solo rochoso da Ilha da Rainha da Morte.

Afrodite fez menção de se aproximar, mas a terra estremecera com violência, fazendo-o perder o equilíbrio.

Do barco pode-se ouvir um barulho enorme vindo da ilha, fazendo com que Dora olhasse assustada pela pequena janela do aposento onde Aioros lhe havia deixado. Era um quarto extremamente pequeno, com uma cama encostada na parede ao lado de uma mesa que não deixava a porta de entrada abrir por completo. Mais nada cabia ali.

A moça, respirava ofegante, não percebendo que Aioros havia entrado no quarto com uma pequena caixa de primeiros socorros nas mãos.

– O vulcão está instável - Disse assustando a moça, que lhe fitara de imediato.

– Eles ainda estão lá - Disse vendo ou moreno fechar a porta e colocar a caixa sobre a mesa. Com cuidado abriu-a e pegou algodão para depois depositas um liquido transparente sobre um pedaço.

Sem cerimonia agarrou com delicadeza no braço de Dora, não se importando com a surpresa desta, começando a desinfectar as pequenas feridas que se estendiam ao longo da pele.

– Não se preocupe - iniciou concentrado - eles sairão de lá - sua certeza era tão visível que Dora sentiu seu coração se aquietar.

– Eu estraguei a missão - Disse isso de maneira tímida, baixando o olhar.

– Não - Aioros segurou-a pelo queixo de forma a esta lhe fitar nos olhos - Você fez a sua parte.- completou voltando a desinfectar a ferida do segundo braço.

– E agora? - Indagou fazendo uma careta de dor, ao sentir o algodão em uma ferida mais profunda no ante-braço - Você não vai ajudar o Afrodite?

– Essa missão é da responsabilidade dele e de Mascara da Morte - Disse sem dar importância. Tentava ser o mais gentil possível.

Dora estranhou: Se aquela missão era apenas para os dois Cavaleiros o que ele e Saga faziam ali?

– E porque está aqui? - Não conseguiu conter a indagação, que foi disparada com um tom um pouco alto...talvez um pouco irritado.

Aioros parou o que estava fazendo para lhe fitar.

– Porque você é minha responsabilidade. - Respondeu como quem se irrita ao ter que dar uma resposta óbvia. Os dois se miraram durante um longo tempo, até que o moreno decidiu tirar mais um pedaço de algodão da caixa e derramar o mesmo liquido.

– Sente-se - ordenou sério.

Dora não gostara do tom, mas decidiu não contraria-lo. Fez o que lhe foi ordenado.

Mais uma vez, sem qualquer cerimonia, Aioros se abaixou perante a moça, e em um gesto rápido, puxou o vestido de Dora para cima, mostrando suas coxas.

Dora ficara tensa de tal forma, que o Cavaleiro não pode deixar de perceber.

Ainda com a face endurecida por uma constatação óbvia ergueu o rosto.

– Você não tem que ter vergonha de mim...ou medo - Disse fazendo a moça corar.

Claro que racionalmente não precisava ter qualquer sentimento negativo quanto aquele acontecimento. Aioros era seu pai...mas mal o conhecia...

Assenou mecanicamente de forma positiva, fazendo o rapaz prosseguir com o que estava fazendo.

Nas pernas a ardência parecia mais forte, fazendo, vez ou outra, Dora se encolher.

– Saga - Ouvira o moço falar baixo, parando de limpar sua perna direita. Não lhe fitava...fitava os seus joelhos - Ele te tocou? - Finalmente conseguira indagar aquela questão que estava constantemente lhe atormentando. Mas a fez em um tom tão baixo que Dora não compreendera.

–O que?

– Saga te tocou? - Indagou mais alto...desta vez lhe olhando mais serio...mais ríspido, assustando a moça.

– Não - Disse rapidamente - Ele tem dormido no sofá - Completou, vendo o moreno sorrir na sua direcção.

Aioros sabia, no fundo de seu coração, que Saga não faria nada de mal a Dora, mas ouvir da boca dela era um alivio maior do que apenas uma vaga certeza.

– Eu sei que isso é contra as normas do Santuário - Dora começou séria. De repente voltava a ser ela mesma...sem medo ou vergonha. - Eu sei, agora, que ele fez isso por pensar em me proteger...talvez se redimir... - Seu olhar voltou-se para a janela atrás de si. de forma a ficar de lado para o moreno que lhe fitava intensamente. Ali estava uma Dora que não chegara a conhecer - Anastacia - Balançou a cabeça negativamente - minha avó...ela me contou tudo.

– Não sinta raiva dele...

– Não sinto - Respondeu voltando a olha-lo nos olhos - ele sofre...dá para ver. Mas eu não sou a redenção dele...

– Não, Não é. - Aioros concordou muito sério. Tal pensamento (sendo que está tinha sido alvo da ultima conversa que tiveram naquela casa em Itália), lhe dava náuseas.

– Eu não sou uma criança - Disse resoluta - Eu sei o que quero. Sei tomar minhas próprias decisões.

Aioros estreitou os olhos castanhos.

–E qual é a sua decisão? - Indagou já sabendo a qual assunto ela se referia.

– Eu amo o Afrodite - Disse directamente, assustando Aioros. Não que isso fosse inédito, pois a muito reparara em como ela fitava Afrodite, em especial quando viajaram. Não era tolo. E sabendo dos motivos de Saga tentar afasta-la de Afrodite só poderia ter aquele resultado, principalmente, com o facto de Saga não a tomar como legitima protegida. - Eu não posso continuar essa mentira com o Sr. Saga...

Aioros sorriu. Então era assim que ela tratava o Cavaleiro de Gémeos.

– Eu sei que a ideia não o agrada...

– Não me agradava também - Aioros disse de forma a que a moça lhe fitou tristemente - Mas ele foi te salvar...ele está mudando...

–Está? - Indagou sem conseguir esconder seus olhos brilhantes.

– Penso que sim...

–Você me ajuda?

Aioros ainda sorrindo estreitou os olhos de forma brincalhona.

– Vamos ver... - Respondeu fazendo-a sorrir.

Sorrindo, Altar fitava Mascara da Morte de forma desdenhosa. Sua cosmo energia ganhara mais força...ficara mais intensa. Nem mesmo o forte abanão que acometera o poderoso vulcão fazendo todos ali perderem equilíbrio, tirara a pose altiva de Khion.

– Desta vez nada me deterá, Manigoldo.

– Mesmo? - Luna indagara de forma firme, surpreendendo os outros - Eu ainda lembro do que posso fazer - Completou ajeitando a mascara em suas mãos.

– Maldita - O lemuriano disse entre dentes - Você já deveria estar morta - Completou avançando, mas deteve-se ao ver Mascara da Morte colocar-se firmemente em seu caminho.

– Você não encosta nela.

– Hmmmm - Khion sorriu - Ainda me lembro dessa sensação de poder - Disse elevando seu cosmo. Este interagira com os dois corpos estendidos no solo rochoso, fazendo estes se reerguerem de forma contorcida.

Luna gritara ao vê-los daquela forma, enquanto Saga se colocava na frente da moça.

Os olhos claros de Mascara da Morte se estreitaram.

– Interessante - Deixara escapar com um sorriso sarcástico.

– Você ainda não viu nada - Altar Negro completou, elevando ainda mais seu cosmo.

Estava de facto mais forte e com um simples gesto de mãos fizera com que diversas almas se reerguessem, ruidosamente, do solo.

Luna, a principio, se jogara nas costas de Saga de forma a não ver aquele cenário, mas ao sentir a perna agarrada voltou-se, surpreendendo-se.

Ela conhecia aquele rosto em sofrimento...assim como todos os outros.

– Não pode ser - Disse chamando a atenção dos Cavaleiros - As crianças do orfanato.

– O que? - Saga se surpreendeu.

Mascara da Morte voltou-se com violência para Khion.

O outro sorriu.

– Eles tinham que ter serventia.

– Maldito - Disse entre dentes.

– Mascara da Morte... - Saga chamou. Precisava que ele fizesse algo para tirar aquelas almas dali.

Mas o italiano não lhe ouviu. Concentrou-se no Cavaleiro Negro.

Sentia algo se revoltar em seu peito. Um absurdo, se pensasse no que ele já havia feito.

Fora uma pessoa terrível antes de ser revivido...antes da batalha contra o Deus dos Morto. Mas verdade fosse dita...cada pessoa que sucumbiu em seus golpes, foram consequência de seu poder. Não foi directamente...intencional. Sucumbiram vitimas de suas batalhas. Eram danos colaterais que seu orgulho doentio não deixava libertar.

Uma mente fraca não pode ter contacto com algo além do que a realidade imposta da vida lhe oferece. Ele fora assim. Sua história marcante o conduziu para o mal caminho. Mas agora, cada um dos passos errados que dera voltavam como um soco no estômago na forma do poder de Khion. Aquilo que tentava esquecer era espelhado por aquele ser maldito.

Sua cosmo energia elevara-se de tal forma, que fizera Saga, que tentava se esquivar das almas que lhe agarravam e proteger Luna, se voltar para o companheiro.

– Seikishike meikai ha! - Foi o que ouviu antes da sensação vertiginosa de abandonar seu corpo.

Novamente estavam diante do temeroso engolidor de almas. Mas agora, apenas a alguns passos de sua boca.

– Pensa que isso me assusta? - Khion dissera. - Já estivemos aqui.

Mascara da Morte riu.

– Foi onde você ficou da primeira vez - replicou com desdém, fazendo o outro perder o sorriso.

Não teve tempo de responder, Mascara da Morte partiu com rapidez para cima do adversário e, com toda a furia que a aquela visão anterior lhe causou, desferia chutes e socos certeiros que, raramente, eram defendidos. Um chute bem aplicado fizera Khion ser jogado para trás, quase caindo na boca de Yomotsu. Equilibrou-se assustado, mas assim que conseguiu se reafirmar no solo, voltou a sua pose altiva.

Luna olhava o combate dos dois quando sentira uma vibração em seu peito. Sabia que podia acabar com aquela luta. Em tempos, quando ajudara Manigoldo e Albafica, conseguira purificar a armadura de Cão Maior Negro. Sabia que poderia fazer o mesmo com Altar Negro. Olhou para a mascara ainda em suas mãos.

Sim, podia. Não queria que nem Manigold ou aquele homem que tanto lhe defendia, como agora, livrando-a de almas atormentadas evocada, com certeza, pelo poder de Altar negro. se machucassem.

Sem pensar mais, vestira a mascara, deixando que esta dominasse sua essência. Mais uma vez a mascara emitira uma vibração duradoura, chamando a atenção dos presente. interagindo com seus cosmos.

Saga que se encontrava mais próximo, sentira como se uma corrente eléctrica atravessasse seu corpo. Sua mente foi arrastada para tempos a muito perdidos, e seus olhos claros focaram-se em um ponto distante, onde a segunda fileira de almas seguia incessante para a entrada do Mundo dos Mortos.

Ali, uma silhueta formara-se, e foi tomando formas nítidas enquanto caminhava em sua direcção.

"Kanon?" - Estreitara os olhos verdes em duvida "Não!" - Se surpreendeu.

Não era Kanon...sabia muito bem disso. Apesar da enorme semelhança, na qual poderia ser confundido com sua própria imagem, como que reflectida no espelho, aquela imagem era distinta. Sua pose...seus traços...seu semblante... Aquele era Aspros, que seguia calmamente ao seu encontro.

Sem pensar, se afastou um pouco de Luna, que entrara novamente em transe.

Mascara da Morte era acometido por uma espécie de raiva de si mesmo e daquele que agora passava a lutar no corpo-a-corpo ferozmente. Khion, atacava e se defendia como podia, pois sua armadura parecia inútil na protecção contra os golpes do Cavaleiro de Ouro.

Mas mesmo assim permanecia lutando, sempre de olho no que acontecia.

Saga deixava-se arrastar pelas lembranças: brincadeiras de infância, rejeição, lutas...todas elas ligadas ao seu irmão de forma que sabia perfeitamente da promessa que fizera quando deixara esse mundo. Se voltasse, queria sentir o que Aspros sentiu. Queria saber o que assolou o coração do seu amado irmão. Queria entende-lo por completo.

E por fim compreendia-o. Sua história desta vida mostrou o que levara Aspros por aqueles caminhos.

Finalmente Defteros compreendia seu irmão e sua história nesta vida como Saga de Gémeos. O homem que estava destinado a matar um deus...o homem que enganara o Santuário por tanto tempo. Fizera o que pedira para ser feito. Apenas para compreende-lo.

Assim vira aquela imagem desvanecer perto de si, enquanto a voz estridente de Mascara da Morte chegava a seus ouvidos.

Gémeos voltara-se de rompante, a tempo de ver uma poderosa rajada de cosmo atravessar o corpo de Luna e esta cair inerte no chão.

Ainda vira, como em camera lenta, um poderoso chute de Mascara da Morte na altura do peito de Khion, fazer este segundo começar a cair pela boca de Yomotsu.

Mas antes que este fosse tragado o italiano o segurou de forma desleixada, fazendo o lemuriano se desesperar. Seus olhos pediam clemencia.

– T-todos nós voltamos por um motivo...

– E o seu foi para cair uma segunda vez aqui - Mascara da Morte disse entre dentes, jogando khion para o mundo dos mortos.

Voltou-se vendo Saga prostrado perto do pequeno corpo. Suspirou elevando seu cosmo. Estava na hora de regressar.

O calor era intenso. A lava do vulcão começava a subir...expelindo um cheiro insuportável. Saga ao despertar olhara para Mascara da Morte segurando a pequena moça.

Esta não tinha nenhum ferimento no estômago, como vira a pouco, mas de sua boca saia um espesso sangue.

– Mascara da Morte...Saga - A voz de Afrodite tomava o local, anunciando sua chegada, mas este se deteve ao ver a cena que se formou.

O italiano tinha em seus braços uma moça enquanto Saga estava de pé a alguns passos deste. Seus olhos pediam para que não se aproximasse mais.

– Afinal voltamos a nos encontrar - Disse fracamente - E você trouxe Albafica - De onde estava conseguia vê-lo atras do italiano.

"Gioca" - Afrodite sentiu uma tristeza imensa invadir seu coração. Deu um passo involuntário.

A memória de ambos Cavaleiros remontaram aquele dia em que ela prometera seguir a mascara até aquela ilha. Em que dissera que passaria no Santuário para revê-los...em que Manigoldo brincara, dizendo que se ela crescesse e se transformasse em uma mulher bonita, ele a acompanharia.

Nada disso se concretizara. Gioca havia contraído uma doença grave antes de conseguir juntar dinheiro. Não fora atrás da mascara ou ao Santuário...não se transformara em uma mulher.

Manigoldo morreria tempos depois na batalha contra Hades.

– Não faz mal - Luna dissera - Há um motivo para o que está acontecendo agora.

– Qual? - Mascara da Morte dissera abatido pela tristeza de ver aquela menina partir.

– Temos que cumprir algumas promessas...

Saga fechara os olhos se voltando de costas.

"Adeus Gioca" - Afrodite, também, virava as costas.

Ambos compreendiam que deveria ser assim, pelo menos para que Mascara da Morte deixasse uma lágrima escorrer enquanto beijava a fronte da moça.

Afastou-se devagar.

– Adeus moleque - Disse com carinho, deitando Luna e se levantando.

Mais um poderoso estremecimento se fez sentir, desta vez, não para avisar os presentes do perigo.

O calor era sufocante. Era a lava que ia começar a transbordar.

– Temos que ir - Saga alertou, vendo Mascara da Morte fazer menção de pegar Luna - Deixe-a! - Ordenou sério - Ela voltou para casa.

O italiano compreendeu, seguindo os companheiro a velocidade que um Cavaleiro de Ouro é capaz.

Na praia já o pequeno barco a motos os esperava. Na verdade estavam quase de partida, o que irritou profundamente Afrodite. Os homens amedrontados pediram mais de mil desculpas pelo acontecido, mas nada tirava a má cara do Cavaleiro de Peixes. Afinal ele tinha mais de um motivo para estar com um péssimo humor.

E foi com esse péssimo humor que chegada ao navio que se afastava com grande pressa da ilha, que Afrodite passara pelo estreito corredor, indo de enfornar no penúltimo pequeno aposento.

Dora o seguira, entrando sem pedir licença. Estava contente por vê-lo bem. Entrara com um enorme sorriso, que se perdera perante o olhar gélido que ele lhe lançara.

– O que faz aqui? - Disparou com raiva.

– Vim ver se está bem...

– Olha bem para mim - Apontou nervoso para a própria face - Eu lhe pareço bem?

– E-eu...

– Se você não tivesse vindo, talvez nada disso tivesse acontecido. Alias, se não tivesse entrado na minha vida, nada disso teria acontecido.

– Afrodite - Estava assustada.

Afrodite não gritava. Ao contrario, falava baixo...pausado...assustador.

– Você me fez odiar o que sou - Disse com desprezo surpreendendo a moça que já estava abrindo a porta para sair - NUNCA MAIS CHEGUE PERTO DE MIM!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Todos os personagens referidos neste capitulo pertencem ao Gaiden do Manigoldo.



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