Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 26
Belos e Mortais




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Mal seus pés pisaram aquele solo tão odioso, sentira o gosto amargo na boca.

Aquele local em toda a sua paisagem lhe causava asco, lhe dando pequenos tremores nos membros. Odiava aquele aquela ilha, pelo simples facto de que tudo ali lhe lembrava uma fatídica decadência.

– Me sinto em casa - Ouviu a voz de Mascara da Morte atrás de si. Voltou-se para mira-lo: trajado da reluzente Armadura de Câncer, o italiano coçava de forma descontraída o nariz - Não digo pelo cheiro...

– Você deve estar acostumado com pior - Respondeu sem pensar, recebendo um sorriso satisfeito de volta.

Afrodite não sorriu. Não havia nada ali que lhe desse vontade de sorrir. O ar era abafado e fétido, a paisagem era medonha e seu corpo, mesmo que protegido pela poderosa armadura de peixes, estava melado nos braços e rosto.

Mascara da Morte voltou-se para o mar, onde ao longe via um grande navio.

– Não podemos nos queixar...jatinho e barco...

– Fale por você.

– O que sabemos?! - Disse pensativo enquanto via o outro começar a andar para o interior da ilha.

– Que duas moças foram trazidas para cá - Afrodite começou sem prestar atenção se era acompanhado ou não - Uma delas filha de Aioros de Sagitário...

– Que a Mascara fora roubada - O italiano começou enfatizando o facto, de modo que Afrodite percebesse o que de facto importava - Que este facto está ligado com os raptos na minha terra...

– E que eles foram trazidos para cá...mas porque? - Estreitou os olhos quando alcançou a rua larga enfeitada de casas decadentes. Vazio...era assim que aquele pequeno vilarejo se encontrava.

Sentiu Mascara da Morte parar ao seu lado. Também ele contemplava aquela visão ridiculamente medonha. Os olhos azuis estreitaram ao mirar o grande vulcão.

– Aquela maldita mascara serve para libertar os Cavaleiros Negros...

– BRAVO! Pelo menos um esperto... - Ouviram ecoar por entre as casas, fazendo com que ambos Cavaleiros de Ouro voltarem-se para todos os lados, atentamente.

– APAREÇA! - Mascara da Morte ordenou, ouvindo um risada nervosa em resposta.

– Como preferir - Escutaram vindo da direita, um pouco mais a frente. Por entre duas pequenas casas o belo homem de melenas castanhas e corpo escultural apareceu fazendo Afrodite arregalar os olhos e recuar um passo para trás.

– Bjorn - Deixara escapar, fazendo Mascara da Morte voltar em sua direcção.

Os punhos de peixes fecharam, enquanto estreitava os olhos para aquele que continuava a sorrir. Apesar de ter elogiado Câncer, em nenhum momento voltou sua atenção para este. Estivera constantemente tragando a bela imagem de Afrodite.

– Você conhece este homem?

– Você fica bem na armadura dourada, Afrodite - Bjorn atropelara o italiano, que recebeu involuntariamente sua resposta.

– Onde estão as moças? - Afrodite indagou, não sem deixar o cumprimento do outro atingir seu ego. Um pequeno sorriso formou-se em seus lábios.

– Você continua o mesmo - Disse ignorando a indagação.- Nós tivemos muitos contratempos nestes dois anos - Começou gesticulando. a alguns passos dos Cavaleiros, andava de um lado para outro, altivo, usando um tom cientifico e preparado, como se fosse um discurso a muito ensaiado - Mas, agora, finalmente, conseguimos!

– A mascara...

– A garota - Parou para fitar o italiano - A mascara não vale nada sem a garota.

– Dora...- Afrodite deixou escapar, sendo percebido pelo outro, que deu um meio sorriso.

– Luna - Bjorn corrigiu - Neste momento deve estar sendo preparada para libertar as armaduras negras.

Mascara da Morte deixara escapar um riso debochado.

– Bem - começou voltando-se para o companheiro - Parece que eu é que tenho que completar de vez essa missão - Disse percebendo que o outro compreendia muito bem - Vou deixar vocês colocarem o papo em dia.

Os olhos castanhos estreitaram diante de tal declaração, mas Bjorn não se movera quando o outro passou rapidamente por si.

Finalmente podia dedicar-se a aquele momento. Diante de si, aquele que causara grande desonra para seu coração de Cavaleiro.

– Finalmente frente-a-frente novamente - Dissera com um sorriso. Afrodite apenas o fitou intrigado.

– Pretende mesmo me enfrentar assim? - Indagou finalmente sorrindo.

Bjorn olhou para si. Ao principio fez cara de espanto, mas depois voltou-se para Afrodite com sorriso bobo no rosto.

– Então Afrodite, não quer recordar os velhos tempos?

– Não tenho interesse nos velhos tempo - Disse por fim, compreendendo o que o outro queria - Você trouxe essa situação e agora quer o que?

– Desforra - Disse entre dentes.

Afrodite sorriu.

Flash back

Finalmente chegara o grande dia. E ele viera banhado pelo esplendoroso Hélio, que a tudo iluminava com grande fervor. e como se prestasse maior atenção na arena do Santuário de Athena, maltratava com seus raios todos aqueles que estavam de olhos atentos na arquibancada.

No mais alto ponto de honra, encontrava-se aquele que preside do 13º templo, e ao lado deste, um belo homem barbado, de pele morena e olhos azuis, trajado de uma tunica impecavelmente branca. Era tão alto como o Patriarca e sua pose denunciava um alto cargo dentro daquela instituição.

De onde estavam, tinham uma imagem clara de todo o local. Viam as pessoas que se movimentavam ruidosas na arquibancada, enquanto dois jovens se posicionavam no centro da arena.

Apenas garotos, mas com um objectivo muito bem traçado para suas vidas.

Ambos belos...ambos ambiciosos. Brincadeira do destino: ambos da mesma terra nórdica.

Os olhos do patriarca voltaram-se para o rapaz de cabelos castanhos, um pouco mais alto que o rapaz de melenas azuladas curtas.

– Chega a dar pena deste sol na pele deles - O patriarca comentara com o companheiro, que apenas sorriu.

O outro não tinha pena. Não! Sabia que aquilo não era nada para aqueles rapazes. Ele sabia que dali sairia seu substituto e, a seu ver, qualquer um dos dois era qualificado para isso.

Seus olhos azuis centraram-se no sorriso de Bjorn. Estava tão confiante de sua vitória que Afrodite parecia ainda mais baixo do que era realmente.

O menino de melenas azuis, tinha os olhos claros postos no adversário. Apesar de já sentir o efeito do sol grego em sua pele, concentrara-se. Bjorn era dois anos mais velho, mas por vezes tinha atitudes que poderiam o colocar em uma taxa etária mais abaixo que Afrodite.

Finalmente iriam se confrontar em uma batalha decisiva.

Nunca foram verdadeiramente amigos, pois ambos tinham a mesma natureza. E isso impedia que visse um no outro algo alem de um obstáculo a serem vencido. e esse facto não era dissolvido pelas inúmeras tentativas de seu mestre.

Tal não era esse modo de pensar, que o Cavaleiro de Peixes desistira, deixando que os treinos decorressem com mais violência que o necessário.

Agora, sabia que um sairia vitorioso e, o outro, se saísse com vida, jamais perdoaria aquele que o vencera.

Suspirou, vendo o Patriarca acenar.

Era isso, iria começar...

Fim do Flash back

– Então o que espera? - Afrodite indagou com um sorriso. ele acreditava mesmo que fosse despir a armadura de ouro para um combate ridículo a muito decidido?

– Muito bem - Ouviu Bjorn dizer acendendo um cosmo que surpreendera Afrodite - Você tem uma vantagem - Continuou fazendo seu cosmo evoluir, enquanto uma brisa fresca, finalmente vinha arrefecer aquele maldito inferno - Eu tenho a minha... - completou sorrindo.

Por detrás das casas ramos espinhosos começaram a correr e cobrir as casas. Afrodite mirou aquili com pouco espanto.

– É só isso que sabe fazer? - Sorriu acendendo o cosmo. vindo de Bjorn, qualquer coisa era possível. E de facto era.

Apesar do cosmo do outro ser assombrosamente quase igual ao seu, Afrodite confiava em sua posição e no que representava. Alargou sorriso.

– Você precisa mais que isso para me deter - Disse entre dentes, avançando contra o outro rapidamente, de modo a lhe aplicar um soco no rosto, mas quando estava quase perto, o rosto de Dora surgira diante de seu alvo, fazendo com que Afrodite deteve-se os punhos a milímetros da moça desacordada.

De um salto, recuou alguns passos para compreender o que havia se passado.

Todos aqueles espinhos rodeavam o corpo de Dora, erguendo-a de modo a formar um escudo para Bjorn.

De olhos arregalados, Afrodite prestou atenção em cada espinho que enterrava na carne das pernas e braços de Dora. Deixou-se dominar pelo estremecimento nervoso que tal visão lhe causava, enquanto ouvia a risada satisfeita do outro.

– Maldito! - Disse entre dentes.

– Você não queria saber desta moça? - O outro disse isso fazendo os ramos se abrirem, para lhe dar passagem, ficando ao lado do corpo inerte. Suspirou, fitando o ex-companheiro de treino - Quem diria...Afrodite de Peixes preocupado com uma mera garotinha insignificante. O que aconteceu com você Afrodite? - Indagou com desprezo.

Afrodite grunhiu.

De facto, pra quem conhecesse o Cavaleiro de Peixes, e tivesse acompanhado toda a sua digressão até se tornar um Cavaleiro de Athena, ficaria surpreso por ele não ter continuado seu ataque, até conseguir alcançar seu adversário.

– O que foi Cavaleiro?! - Bjorn disse se aproximando da moça ainda presa pelos ramos, Um levantar de cosmo e os ramos moveram-se de forma a deixar Dora de frente para este. - Qual a importância dessa misera criatura?

– Você está brincando com o fogo Bjorn! - Afrodite se recompunha. Sabia que era tarde para demonstrar indiferença, mas não deixaria se abalar por isso. Apesar que cada gota de sangue que escorria pela pele da jovem e manchava o chão escuro, lhe fizessem um remoinho de ira estremecer seu ser.

O outro lhe fitou com interesse. Afrodite havia mudado. Já não tinha o mesmo brilho insaciável nos olhos como quando era garoto. Um brilho determinante para conseguir o que queria, custe o que custasse.

– Humph! - Ouviu da boca bem delineada, se surpreendendo - é só isso que sabe fazer? - Afrodite indagou acendendo seu cosmo, fazendo o outro arregalar os belos olhos. Talvez tivesse se enganado - Você continua um inutil mesmo...

– O que?!

– Eu vou lhe mostrar porque eu sou um Cavaleiro de Ouro - disse sorrindo com ar de desprezo. Uma rosa branca surgira entre os dedos de sua mão direita, enquanto do solo brotavam, rapidamente flores espinhentas, que desabrochavam em belas rosas vermelhas - Belas e mortais.

Dora permanecia inerte, sustentada pelos ramos de espinho formadas por Bjorn, sendo que as belas flores, funestas de Afrodite haviam se quedado um pouco distante de onde esta estava. O Cavaleiro de Peixes se certificara disso.

Para sua surpresa, ouviu o outro gargalhar, enquanto seus pés davam dois passos, esmigalhando três das belas rosas.

– É com isso que quer me derrotar? - Indagou sorrindo.

Afrodite sorriu.

O calor naquele local era infernal, fazendo os passos cada vez mais arrastados...mais pesados.

O enorme homem arrastava a fragil moça, marcando os braços desta. Estava impaciente. Havia esperado muito por aquilo.

– Ande logo! - Ordenara ríspido, enquanto se voltava para aquela que parecia hipnotizada. Na verdade era assim que esta estava. Efeito de um de seus golpes. Ela não despertaria enquanto ele não o ordenasse - Desta forma nunca chegaremos ao topo...

– E não vão mesmo - Um poderosa voz invadiu o local desértico e rochoso ao pé do grande vulcão. fazendo o outro soltar a moça e ficar alerta.

– Quem é você, maldito? - Indagou irritado.

Um pequeno brilho dourado aparecera em um rocha mais a cima. Foi se intensificando até tornar- se uma silhueta altiva.

O outro recuou...

– Maldito Santuário - Disse entre dentes.

Continua...


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