Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 24
Valores


Notas iniciais do capítulo

Bom, desculpem o atraso no que eu havia prometido. Mas está saindo no dia 16^^

Ele ficou um pouco parado, mas o próximo já começa com o pretendido.

Boa leitura.



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O jardim de rosas estava destruído. Só e despedaçada, jazia a que fora a mais bela dentre elas.

Ao seu ver, estava tudo acabado.

Seus olhos castanhos tragavam a ultima vivacidade daquele local, no qual um vento quente tomava o local daquele que vencera a batalha.

O espectro de Hades afastava-se com velocidade, enquanto, inconscientemente, aproximava-se daquele a que agora reconhecia – Albafica.

Seus pés diminuíram, rapidamente, a distancia até aquele homem, que jazia destroçado no chão. Seu corpo retorcido, mostrava os ossos que foram fracturados pela crueldade do oponente.

O sangue rubro, venenoso, contaminava o solo ao redor do corpo, mas sua dor não deixava pensar no perigo irracional que seus sentidos davam alerta. A imagem daquele homem, naquele estado, lhe anestesiava os sentidos, enquanto se debruçava sobre ele. Seus joelhos...suas mãos...lambuzavam-se de terra e sangue.

– Acorde! – Sua voz saiu fraca, percebendo que ele ainda não estava morto. Sentiu os olhos vazarem lágrimas – Você precisa se levantar – Segurou-o no ombro, dando pequenos empurrões – Ele está indo para a vila. Levante!

LEVANTE!

Os olhos azuis se mostraram por completo, sentando de rompante na cama. Suado, ofegava enquanto ouvia as pancadas fortes na porta.

Um dia antes

Durante várias horas ao longo daquela semana Mascara da Morte e Afrodite revezaram-se para estar perto do orfanato. De facto, a grande missão de Dora era estar no meio das crianças que estavam desaparecendo e apurar sobre alguém que soubesse de algo...uma informação válida para o Grande Mestre.

Na verdade, Dora apenas esteve perto de algumas crianças, aquelas que aceitaram sua presença. Entre elas, uma moça magra e morena de cabelos curtos. Luna, rapidamente, introduzira Dora em seu meio e, com pouca relutância, contara a ela como funcionava aquele local.

O orfanato Vergine Maria, não tinha grande vigilância de noite. Apenas uma velha freira que, devido a avançada idade, deixava-se cair em um sono profundo. Isso não era grande problema, pois que a direcção estava com problema de rendimento (devido a cortes de subsídios e ajudas) e no qual oferecia uma boa oportunidade para aquelas crianças conseguirem se sustentar por fora.

Contara que fora dos muros havia um grupo de senhores que organizavam pequenos roubos através de algumas crianças, no qual davam para eles uma pequena percentagem do espólio. Luna acreditava que essa percentagem aumentaria, devido ao desaparecimento de dois integrantes. Fora essas palavras que ela usara.

– Simplesmente desapareceram – Cochichou, enquanto sentava no banco do jardim do casarão decrépito, na companhia de Dora – Depois de levarem uma tareia de dois homens.

Dora ouvia atentamente o relato da briga, o que lhe parecia em alguns pontos que Luna mentia desenvergonhadamente. Mas assim que ela começara a descrever os dois homens que se envolveram na briga, Dora sentiu o corpo tremer. Identificara, rapidamente, Saga e Mascara da Morte.

– Eles deveriam ser muito fortes mesmo – Dora sorriu sem graça.

– Poderosos – Luna saltou do banco dando um soco no ar.

A grega já havia se habituado ao temperamento de Luna. Um pouco explosiva e sem noção, animava-se em seus relatos, mesmo aqueles que eram ridiculamente exagerados, e, de forma engraçada, parecia acreditar piamente em suas mentiras.

Dora sorriu. Achou que era tempo de aprofundar mais as confidencias.

– E as crianças que somem? – Indagou chamando a atenção da outra que perdera o entusiasmo.

– Não devemos falar sobre isso – disse isso ainda de pé, mas baixo, de modo que Dora fez esforço para ouvi-la – Esse assunto é proibido.

– Como assim...

– O Director mandou que não comentássemos. Sabe, pode ser mau para o orfanato. Podem perder os poucos fundos de ajuda.

Dora ficara horrorizada. Então todo o caso de desaparecimento estava certo. Segundo constava, mais de 10 crianças já haviam desaparecido ao longo de 2 anos sem que fosse reportado as autoridades.

Na verdade, o caso chegara as mãos do Santuário, não pelos desaparecimentos humanos, mas pelo desaparecimento de um artefacto que pertencia a Ilha da Rainha da Morte.

Ikki enfrentara um cavaleiro que se dera pelo nome de Rivier de Liderc. Difícil de ser derrotado. Apenas no seu ultimo momento, com grade satisfação, desvendara seu objectivo ali: distrair o Cavaleiro de Athena para que conseguissem retirar um artefacto daquela ilha. E por tal, o Santuário fora alertado.

Os passos daquele que perecera pelo golpe de Fénix levava a ilha italiana e aos acontecimentos com as crianças da zona.

Shion não tinha mais informações que isso, apenas pretendia que o artefacto fosse devolvido ao seu lugar, tendo como consequência a segurança das ditas crianças.

– O que vê, macaco? – A voz de Afrodite invadiu o local na direcção do morenos sentado em um galho de uma grande árvore perto dos limites do orfanato.

O moreno fuzilou o outro com os olhos.

– Está atrasado. Estou farto de estar aqui – Disse saltado para o chão, caindo a poucos passos do recém-chegado. – Apenas duas garotas conversando – Disse num grunhido.

Afrodite compreendeu.

– Acha que ela conseguiu alguma informação?

– Saberemos agora – Disse vendo a moça se esquivar para junto da decrepita grade que dava para a rua. A outra menina já não estava com ela – Então pirralha? – Indagou ao vê-la a uma distância segura.

Dora suspirou, tentando controlar sua língua de forma a não responder adequadamente a provocação do moreno.

– Não tenho muita coisa – Respondeu vendo o italiano soltar um risinho nervoso. Olhou a postura passiva de Afrodite, que esperava que ela continuasse. – Parece que 10 crianças já sumiram sem que a polícia seja informada – Completou.

– E...? – Mascara da Morte fez. Queria lá saber das ditas crianças. Queria saber do artefacto. Isso era bem claro e, Dora sentiu seu sangue ferver.

– Alguma notícia a mais – Afrodite se intrometeu com calma, chamando a atenção da moça.

– É preciso mais? – Disse com surpresa e indignação.

– O artefacto...

– Ninguém sabe de artefacto nenhum...e alias estão proibidos de falar sobre o assunto pelo director – Disse a contragosto, como se tal informação desinteressasse aos dois homens.

– Droga, eu sabia que era perda de tempo...

– De qualquer forma é muito estranho – Afrodite cortou chamando a atenção dos dois – Porque um director de orfanato iria proibir tal assunto. Pior: porque não reportou as autoridades...

– Dizem que é para não perder os fundos de apoio...

– Isso é ridículo – Afrodite cortou mais uma vez, ainda em tom calmo, mas pensativo – Ele deveria ter medo de encobrir tal...se for descoberto o efeito é certeiro. Não faz sentido!

– E agora? – Dora perguntou acompanhando o raciocínio do nórdico. Animou-se pelo interesse dele.

– Acho que não há muito para se fazer aqui – Respondeu mirando a moça, claramente decepcionada, mas ignorou – É melhor mandarmos as informações para o Santuário. Provavelmente não precisaremos mais da sua ajuda – Disse fazendo Dora sentir um peso no peito, como se de alguma forma estivesse sendo dispensada e não ter servido para nada – Provavelmente, o mais tardar, daqui a dois-três dias você volta para Grécia.

– Ainda bem – Disse baixo, mas de postura altiva, não querendo demonstrar o orgulho ferido.

Afrodite percebera, dando um meio sorriso.

– Então não temos mais o que fazer aqui...

– E as crianças?

– Não temos mais o que fazer aqui – Mascara da Morte respondeu ríspido, antes de ouvir o nome de Dora ser chamado da porta do casarão.

– Vá! – Afrodite ordenou – Ainda estamos em missão – Completou se retirando rapidamente com Mascara da Morte.

Dora mirou a mulher corpulenta que lhe chamava da porta e quando voltou para olhar os dois companheiros, estes já haviam sumido.

– DORA!

– ESTOU INDO! – Disse sem paciência, já se aproximando da outra.

Sabia perfeitamente que era hora do jantar, mas não se sentia nem um pouco com fome. Por mais que tentasse, não conseguia compreender aquele mundo em que se metera involuntariamente. Era-lhe mais fácil entender este mundo em que estava, com toda sua crueza, do que aquele em que se infiltrara sem querer.

O Santuário era o pilar da paz na terra. Assim diziam seus moradores. Porém, quanto a proteger realmente a terra que era assolada por um determinado mal, suas preocupações se voltavam para um simples artefacto (no qual não fazia a mínima ideia do que seria) em detrimento de uma vida...de uma criança.

Permitiu sentir-se profundamente irritada ao lembrar da indiferença estampada no rosto dos Cavaleiros.

Teve que fazer enorme esforço para comer ou prestar atenção no que Luna falava durante a refeição, sem demonstrar aquele sentimento que lhe levavam quase as lágrimas. Sua cabeça andava as rodas. Sentia raiva de Mascara da Morte...e pior: sentiu raiva de Afrodite. Ele era de facto insuportável e insensível e, por isso, sentiu raiva de si mesma: por se sentir tão atraída por ele.

Por diversas vezes tentou ver algo que poderia considerar honrado naquele homem, mas ele sempre dava um jeito de estragar isso. Aquela noite no bosque, em que compartilhara o ensinamento do Mestre, fora uma dessa miragens que desvanecera com a atitude de a pouco.

Não conseguia compreender, porque ele não mudava...porque ele não era como Albafica. Ele deveria ser como Albafica, não deveria? O Grande Mestre dissera que era ele...que ele voltara, assim como ela. Então porque ele não era como o antigo Cavaleiro de Peixes?

A noite silenciosa parecia engolir a angustiante sala que abrigava 17 leitos ocupados, cobertos por grosso cobertor branco. Eram dispostos de modo a formar um único corredor central, com os pés das camas voltados para estes.

A décima cama, que se encontrava a esquerda, estava Dora, que lutava para conseguir adormecer.

Afrodite deveria ser Albafica, mas e ela? Será que ela era como na sua outra vida? Será que assim como ela, Afrodite buscava por aquela menina que Shion dizia ter voltado para ele? Ah, que loucura! Um desvaneio louco que a estava enlouquecendo, fazendo-a vez ou outra virava-se impaciente, pois sua cabeça não deixava ter bons pensamentos que a colocasse nos braços de Morpheu.

Como gostaria que Afrodite tivesse, ao menos, se mostrado incomodado com o que estava acontecendo a aquelas crianças. Como gostaria de ver nesta vida um pouco daquele homem de seus sonhos. Suspirou fechando os olhos com força, enquanto a imagem do belo homem lhe surgia...mas essa foi cortada pela porta que abrira com um pequeno gemido, deixando uma luz fraca cortar a escuridão.

Dora pensou em levantar-se para ver se a velha senhora precisava de algo, mas deteve-se ao ouvir mais passos do que deveriam estar ali. Sentiu os membros tremelicarem enquanto fechava os olhos.

Só se dera conta de seu erro, quando sentira-se sufocar com um pano húmido, que fora pressionado contra seu nariz e boca. De imediato se debatera, mas sentira perder os sentidos.

Os olhos castanhos fitaram o céu azul. Tão pacifico e cálido, faria jurar que todo o mal havia passado. Um sentimento que logo deixara lugar a uma voz que gritara por aqueles que se encontravam em perigo.

Ela estava em perigo.

Tentara inutilmente mover as mãos, sentindo, finalmente, aquela dor tão típica de uma vida de batalhas. O gosto ferrugento de seu sangue temperara a dor aguda que percorrera todo seu corpo.

"Levante" – era o comando em sua cabeça.

Ele estava se dirigindo para a vila. Aquele monstro estava se dirigindo para onde Agatha estava.

Suspirou ruidosamente, gemendo logo em seguida.

Mais uma vez tentou se mover, tendo melhor sucesso.

– A...gatha!

"Eu prometi a ela. Eu prometi que não deixaria nenhum mal lhe acontecer"

– EU PROMETI! – Suas mãos tocaram o solo, impulsionando seu corpo a se reerguer. Sentiu seu sangue escapar por entre as feridas, enquanto tomava conhecimento do cosmo de Shion mais próximo.

Não, aquela era sua batalha...sua tarefa...e aquela que libertara seu companheiro, eram suas rosas...

Caminhava sem dar a entender toda a dor que sentia. Em sua boca uma rosa já vermelha.

Os olhos verdes femininos arregalaram, voltando-se para trás. Sua surpresa era tanta quanto a dos dois combatentes.

"Albafica"

Os olhos castanhos abriram lentamente. Demoraram a se acostumar com a luz forte que incidia sobre sua cabeça. Sua boca estava seca e uma dor forte em sua cabeça, fizera emoldura-la com as mãos. Percebera que estava sentada de mal jeito, e se movera de forma a conseguir uma melhor posição.

– Finalmente – Uma bela voz pode ser ouvida, chamando sua atenção.

Piscou algumas vezes até ter uma imagem limpa e, então pode vislumbrar um belo homem, como pensara não voltar a ver após conhecer Afrodite. Sentado a sua frente, de vastos cabelos castanhos em corte apropriado e olhos cor de mel, extremamente sedutores, em pele alva, aquele homem, que deveria coleccionar uns 40 ou mais anos, tirara o fôlego da moça, que se conservou imóvel perante ele.

O homem altivo, apenas, a fitava com interesse, como se procurasse nela alguma resposta oculta.

– O-onde estamos? – Finalmente Dora conseguira articular fracamente alguma indagação, fazendo o homem sorrir.

– Em um avião – A resposta saiu melodiosa, calma, numa voz máscula e sensual, impressionando a mais nova. Ele riu.

Finalmente se desprendera da imagem dele, vendo muitos acentos vazios, deparando-se então com Luna desacordada mais a frente, escoltada por um grande homem de cicatriz que lhe tomava todo o lado direito do rosto.

– Luna – Tentou se erguer, mas os dedos firmes do belo homem lhe impediram, apoiados com força em seu colo, jogando-a de volta no acento. Ele tivera que se levantar um pouco para fazer aquilo e pareceu irritar-se com o facto, pois o sorriso desaparecera de seus lábios.

Quando voltou a sentar, lhe olhava sem pestanejar.

– Se voltar a se levantar, terei de amarra-la. É isso que quer?

Dora sentiu o sangue ferver.

– Eu quero saber o que está acontecendo? – Indagou mais segura, como era habitual quando se sentia pressionada.

O mais velho soltou uma gargalhada, chamando a atenção do grandalhão. Dora enfiara as unhas no estofado do braço de sua cadeira, sem tirar os olhos do homem.

– Ah!, Vocês do Santuário sempre tão engraçados – Disse fazendo a moça se surpreender. – Hmmm...você transpira os ares daquele local – Disse com desprezo. – Como sei? – Indagou vendo a pergunta estampada no rosto dela. Suspirou cansado – Eu conheço aquele local...eu conheço aquela gente – Fez uma careta – Cavaleiros...

– Então sabe que eles virão atrás de mim...

O homem sorriu desdenhoso.

– Você não é uma amazona – Disse pensativo. Sua mão tocara inconsciente em seu queixo – Então deduzo que seja uma serva. Mas para ter tanta certeza que eles virão atrás de nós...por você, é porque você tem importância para eles – Completou com um sorriso – Tanto faz. Quem realmente precisávamos está aqui – Apontou desleixado para os outros dois, sem os olhar.

Dora voltou o olhar para Luna, ainda adormecida.

– O que quer dizer com isso? – Sua voz saiu fraca.

O homem descansou a cabeça para trás fechando os olhos, com um pequeno sorriso nos lábios.

– Ela é valiosa para nós...

De um rompante Dorra levantou no intuito que alcançar Luna, mas foi detida por algo que se agarrou em seus tornozelos, causando uma dor aguda que a fez gritar.

– Eu avisei... – O homem continuava na mesma posição.

Os olhos castanhos femininos miraram o que lhe causava dor – espinhos...espinhos de rosas entravam em sua carne.

– O que...?

– Mal posso esperar para vê-lo – O homem voltou a olhar para a moça com seu sorriso sedutor – Afrodite.

Continua...


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