Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 23
Irmãos acabam, sempre, por se entenderem


Notas iniciais do capítulo

Bom, como o prometido, aqui está a capitulo.

Este marca a entrada para a ultima fase. Não esqueci dos sonhos de Afrodite e Dora...afinal é o que compõe as coisas na fic, de forma que eles não sumiram sem mais nem menos^^ (podem ficar descansados)

Uma boa leitura para vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/154086/chapter/23

O ronco do motor lá fora anunciava que a moça partia e, inconscientemente, para os três habitantes daquela casa, o ambiente pareceu ficar mais leve. Até mesmo a tenção que se acumulara naqueles poucos instantes pareceu partir com o barulho motor que se afastava rapidamente.

Os punhos de Saga se abriram, enquanto se aproximou da poltrona a direita de Afrodite. De forma automática, quase tensa, sentou-se na beirada do acento e fitou intensamente o mais novo. Afrodite, por sua vez, continuou com o sorriso altivo no rosto, olhando Saga com a mesma intensidade que recebia o olhar deste.

– Então irá começar – Afrodite pareceu querer completar o que disse antes. Por instantes, Saga teve a impressão que ele não queria ser mal interpretado, mas um brilho no canto do olho de Peixes fez perceber que não era bem assim.

– Tenho minhas duvidas se essa missão irá dar certo – Disse entre dentes em tom baixo. Parecia confidenciar seus pensamentos.

– Porque não?

– Mandar uma moça despreparada para investigar...você e Mascara da Morte para resolver... – Deu um sorriso debochado, que fizera o outro perder o sorriso e estreitar os olhos.

– O que tem? – Foi a vez da voz marcante de Afrodte passar arranhando os dentes.

– O que pode sair daqui Cavaleiro de Peixes? Acha que ela tem força suficiente?...quer dizer...acha que você dará conta de proteger a filha de um irmão...?

Não completou. A risada forçada, mas agradável do mais novo pareceu ecoar entre as paredes, fazendo as pupila dos olhos claros do outro dilatarem e tragarem a bela figura a frente.

– Ela é mais forte do que pensa Saga – Disse com simpatia para a estranheza e estremecimento do outro – E eu e Mascara da Morte teríamos de a proteger mesmo que não o quiséssemos. Foram as ordens do Grande Mestre. Vê! Eu antes estava com duvidas quanto ao seu real interesse na filha de Aioros – Começou de forma simples e, como que sem perceber, Saga mostrou-se profundamente interessado no que se seguiria – Mas agora vejo tudo...

– O que você vê, Afrodite? – Saga entrelaçara os dedos apoiando os cotovelos no joelho, inclinando-se um pouco para frente. Conservava a voz baixa e uma postura defensiva, mas não pode disfarçar ter mordido o isco.

– Você é como eu – Disse erguendo o queixo.

– Eu não sou como você – retraiu-se.

– É! – retrucou resoluto – O que fizemos no passado corrói nossa alma agora – Afrodite disse endurecendo a face – Apenas temos modos diferentes de reagir quanto a isso.

– E qual é a minha forma de reagir? – Sorriu irónico como que esperando uma explicação infantil e simplória que na verdade não o atingisse. Grande erro! Percebeu ao ver Afrodite tomar uma postura mais relaxada para depois se levantar e ir até a janela.

– Hoje sonhei com ele novamente – Afrodite começou de forma seria, na qual Saga estranhara a principio. Demorou a perceber que o Cavaleiro falava novamente de Albafica – No meio do campo destruído jazia uma bela rosa solitária...por algum tempo pensei que era ela, mas agora percebo que não.

– O que era então? – Saga indagou com interesse, apesar de se sentir um peixe fora da água.

– Era ele: Albafica – Respondeu com rancor – O que sobrou dele...quase nada. Então vejo Minos de Griffon sobre ela, sorri de uma forma que apenas os juízes do submundo conseguem sorrir e eu temo...temo por mim – Disse isso com uma expressão que assustara Saga. Nunca antes o Cavaleiro de Gémeos vira Afrodite naquele estado – Eu sinto o que ele sentira – Afrodite disse voltando-se para olhar os olhos de Saga, não se mexia – Eu preciso proteger aquelas pessoas...protege-la. Sinto raiva por isso, porque ele está vindo na minha direcção e o próximo movimento de seus dedos vão me destruir. Então eu penso:...os outros estão lá para salva-los. Se Athena ainda não está em perigo eminente, eu preciso me salvar. – A voz do belo homem retorceu no ar, com rancor – E eu sinto vergonha...

Afrodite suspirou.

– Afrodite...

– Durante muito tempo não me importei com o que fiz – Começou, virando-se novamente para a janela, vendo uma chuva fininha começar a cair lá fora – Eu não sentia realmente. Então chegou essa menina e com ela lembranças de algo que eu pensei ser. Eu via muitos de vocês se esforçarem. Você principalmente. – Voltou-se novamente para o outro. Começava a detesta a forma como ele lhe olhava. Um forma compadecida... - Ficar sozinho é terrível...o pesar é terrível. Então você viu uma miragem no deserto que construímos ao nosso redor. – Afrodite voltava a postura anterior...a velha e altiva postura de quem não consegue ficar ser distribuir espinhos - Uma forma de recompor as coisas. Você pensou que ela ia salvar você, não é?! Que ela voltou para te salvar? – Vira Saga arregalar os olhos. Então soube que estava certo e sorriu. Tentou que fosse seu velho sorriso, mas o que conseguiu fora um sorriso simples e piedoso que ficava estranho em seus lábios – Não Saga, ela veio me salvar.

Os olhos cruzavam-se intensamente. Não havia mais repreensão neles, mas qualquer coisa que arruinava falsas expectativas. Saga engoliu a seco.

Não sabiam dizer quanto tempo ficaram se olhando, até que Saga resolvera se levantar. Sua antiga expressão retornara, com a mesma dor de antes.

– E é isso que ela é para você?

– Não – Respondeu – Se assim fosse eu me sentiria por fim condenado. Também demorei a perceber isso. Eu não posso ser o que ela espera...eu não posso ser Albafica...Você não estava de todo errado... – Completou fazendo o outro dar um passo involuntário para frente – Eu sou Afrodite de Peixes...e como tal, tenho a minha história a pesar nos meus ombros e compor quem eu sou.

– Você não irá mudar por ela...

– Eu não consigo mudar por mim – Deu um meio sorriso – Seria muito dificil mudar por outra pessoa.

– Isso é realmente triste – Ouviram a voz de Aioros vir da porta – Mas temo que Afrodite tenha razão. Dora não mudará o passado de ninguém...nem o meu...nem o seu, Saga. – Disse com o olhar pesado fazendo o outro desviar o olhar para o chão. – Ela não é nossa tábua de salvação.

Saga suspirou pesadamente antes de voltar a olhar Aioros.

– Está certo...

– O que está certo? – A voz ensonada de Mascara da Morte tomou o recinto. Estava apenas de calções e esfregava o olho direito com a mão.

– Dora já partiu – Afrodite disse rapidamente caminhando para a escada – Temos que nos preparar – Completou passando bruscamente pelo italiano.

A maior dificuldade de Afrodite, isso desde que era pequeno, era aceitar seus erros e admiti-los diante dos outros, pois odiava a sensação desconfortável de que havia se rebaixado. Mesmo em seus tempos de treino, quando tentava de alguma forma trapacear para conseguir a atenção que pensava merecer de seu mestre e este, como uma boa “raposa” o pegava no pulo e o fazia admitir tudo, parecia sentir sua alma fugir do corpo e, de certa forma, agora, admitira o erro que foi todas as suas atitudes perante a filha de Aioros, bem como dar uma certa razão a Saga. Não pode deixar de lembrar seus pensamentos ao estar sozinho com ela naquele escuro...sim, chegara a pensar em fazer algo que jogaria Aioros contra sua pessoa...e até mesmo o Santuário. E o que o levou a não fazê-lo foi o medo da represália. Incomodou-se por isso, pois em nenhum momento pensou que a moça sofreria.

Mais uma vez pensou apenas em si mesmo.

E então veio os seus sonhos a mente com o sentimento que já não mais lhe pertencia. Os sentimentos e força de Albafica, que dera a vida para proteger os outros.

Albafica!

Era ele que Dora via por detrás de cada rosa...que procurava incessantemente em seu olhar, mesmo no mais hostil.

Onde ele estava? Também, por um tempo, procurou-o em si mesmo e sentiu-se humilhado por ele. Mas humilhado porque? Sim, porque a moça de seus sonhos não despertavam se não um calor em seu peito. Um calor que se transformava em chamas cada vez que via Dora. Umas chamas tão destruidoras quanto a percepção de que ela não o via como realmente ele era e, que por fim, poderiam queima-la se não fossem devidamente controladas.

Ele nunca sentiu necessidade de se controlar...em nenhum momento...como naquele em que não medira devidamente sua força contra a serva que trabalhara na Casa de Peixes antes dela. Uma mulher devidamente atraente...atraente ao ponto de conseguir chamar sua atenção. Ousada, provocara-lhe a cada minuto em que estivera perto de si...e o resultado, não poderia ser outro que não aquele. Ela não passava de diversão. Mas ela queria mais. Sua insolência fora tanta que na ultima noite teve que mostrar quem mandava. A consequência foi uma fuga.

Nunca se perguntou o que aconteceu com ela, mas agora, por tudo o que acontecia, ela vinha somar a carga de culpa que já sentia. Afrodite, sempre seria Afrodite. Ele em primeiro, por mais que tentasse.

Saga tinha razão. Ele acabaria por machucar a filha de Aioros...e, pela primeira vez sem perceber fazia algo por outra pessoa, mesmo que fosse contra sua natureza egoísta.

Assim se sentiu, após aquela conversa, Saga de Gémeos. Durante todo esse tempo não conseguia reflectir sobre todas as suas acções. Tão desesperado por conseguir perdão, que fizera tudo as avessas.

Após a chegada de Mascara da Morte, deixara-se ficar na sala, recluso em seu antigo e já companheiro tormento. Deitado no sofá, estava novamente mergulhado na solidão, deixando-se dominar por uma incrível pena de si mesmo. Afrodite estava certo e, naquela ultima conversa partira-se a estúpida esperança de que, de alguma forma, tudo voltaria a ser o mesmo. O mesmo de antes de ser dominado pela sua outra face.

Nada voltaria a ser o mesmo e, a perspectiva é que seria uma caminhada longa de derradeiros arrependimentos, longe de qualquer possível ponta de real felicidade. Esse era o espírito do geminiano e que reflectia como espelho em seus olhos. Quem o visse, nem que por míseros segundos, conseguiria enxergar que ele era alguém que sofria. Vestia-se de sofrimento de uma forma tão patética que até o mais seco de alma teria piedade.

– Pare com isso Saga – Aioros entrava na sala com duas chávenas que continha liquido quente – Tome! – Estendeu uma para o companheiro que rápido, sentou-se pegando a oferta – Não é o fim do mundo, sabe...

– Fale por você – Respondeu surpreendendo o outro.

– Estou começando a duvidar de sua identidade – Foi a vez do outro se surpreender confuso – O grande Saga de Gémeos, derrubado por sentir pena de si mesmo...

– Como...?

– Nota-se ao longe. – Disse repreensivo – Está na hora de acabar com isso. O problema não sou eu e os outros Cavaleiros. Não é seu irmão, o Grande Mestre ou Athena. O problema é você.

–Aioros...

– Athena já te perdoou. Os outros já te perdoaram...e eu...bem, eu não preciso te odiar. Olhando para você agora... – gesticulou de forma desleixada, como se não precisasse terminar a frase. Saga sentiu-se ridículo, apesar de não conseguir controlar sua miséria.

– Levar lição de moral do Afrodite...

– Sim, o caso é grave. Principalmente porque ele estava certo.

– Ele estava certo – repetiu cabisbaixo, sorvendo o café ainda quente.

Aioros sorveu seu café, também, olhando um ponto qualquer na mesa de centro.

– Eu disse que ela iria fazer bem a ele – Disse por fim, com um pequeno sorriso, chamando a atenção surpresa do outro, que passado alguns segundos também deixara escapar um pequeno sorriso.

E ainda bem que assim o foi. Os dias passavam de forma mais branda, sem discussões ou olhares hostis. Uma noite jantaram juntos e conseguiram levar o ambiente ao mais agradável, ajudado pelo vinho que enchia os copos durante varias horas, como se estivessem em preciosas e mais que justas férias. Mas na manhã seguinte, por volta das 6 horas, foram acordados com estrondo na porta. Insistentes e pesadas pareciam querer colocar a casa a baixo.

O primeiro a se levantar fora Mascara da Morte, que usando baixo calão em sua língua materna abrira a porta da frente num rompante. O individuo alto e maciço, vestido de terno pesado e escuro já era conhecido: motorista que trazia sempre Fátima. Transpirava por todos os lados e tinha o cabelo desalinhado. Ao ver a figura de Mascara da Morte ainda em tronco nu, dera um passo para trás.

– O que houve? – Câncer perguntou cortante.

– A moça foi levada – A resposta veio meio a respiração ofegante, fazendo Mascara da Morte soltar um sonoro “Droga”, correndo para o interior.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, a ultima fase começa aqui. Dia 15 estará online o próximo capitulo.

Espero que tenham gostado.

Até lá...

Fiquem bem.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por detrás da Rosa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.