Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 15
Reflexos do passado




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Na mesma noite que Dora foi levada para Gémeos, a casa de Peixes encontrava escura e fria.

Com raiva mirou aquele belo reflexo no espelho que se encontrava do outro lado do quarto, para além da cama bem arrumada com colcha de veludo vermelho. Ah, não saberia dizer porque aquela imagem a que tanto o cativava desde pequeno agora lhe causava uma ânsia de destruição incontrolável.

Os olhos claros giraram pelo recinto, com inquietude, encontrando um pote de cristal sob a mesa de cabeceira, cuidadosamente posicionado para uma elegância estética sem igual a que todo o local era tomado ,e como se nada daquilo mais lhe importasse, pegou no objecto e com fúria atirou no grande espelho que mostrava sua face, retorcida pela fúria.

Objecto atravessara o obstáculo e fizera com que vários cacos fossem ao chão após um pequeno estrondo pode ser ouvido, assustando a serva que estava na cozinha.

A respiração ofegante e os olhos vidrados no que acabara de acontecer ao seu objecto preferido, Afrodite se perguntava do porque. Porque aquele sentimento...aquela frustração que lhe apertava o peito e lhe deixava cego de ódio.

A imagem de Dora sendo entregue a Saga, ornava seus outros pensamentos e ofuscava a busca pela simples razão.

Os punhos serraram, enquanto uma solitária lágrima abandonava o canto do olhos claro esquerdo, escorrendo pela face pálida. Ela fora entregue a Saga e Aioros nada fez para mudar tal.

–Ela é sua filha! – Deixou escapar, sentindo que em todo o lado daquele quarto estava um rosto conhecido a rir daquela situação. A rir de sua desgraça. Daquele rosto desfigurado pela raiva. – ELA É SUA FILHA – Começou a gritar enquanto agarrava algo sobre a mesa de cabeceira e atirava para o outro lado do quarto – SUA FILHA! – mais um objecto era projectado pelo ar, estilhaçando ao encontrar a sólida parede. Panos eram rasgados, vidros eram quebrados enquanto a mesma frase era repetida, vezes e vezes.

A serva que correra para ver o que estava acontecendo desistira, voltando assustada para a cozinha.

Os minutos de barulho foram eternos, mas por fim cessaram. Afrodite caíra exausto sobre a cama.

Os olhos voltaram a se abrir com rapidez, como se lembrasse de algo. Apesar do cansaço sabia que tinha que se por de pé. Seu quarto encontrava-se uma bagunça, pelo ataque de fúria que teve. Apenas não se lembrava o porque.

Mas agora não importava. Tinha que ir o mais rápido possível ao encontro do Grande Mestre. Sabia que o que levava a chama-lo até o 13º Templo era grave e não poderia se atrasar.

Sem demora, vestiu a armadura e correra ao encontro de seu compromisso. Estranhara ao ver uma figura diferente e por saber o nome daquele que via.

Sage – Grande Mestre, sempre imponente, de elmo cobrindo sua cabeça, já estava a sua espera quando passara as pesadas portas duplas. Ao aproximar-se, mostrou seu respeito por aquele que estava sentando no trono, colocando-se com um joelho por terra.

Tudo lhe parecia estranho. Mesmo o ar que respirava, parecia outro. Começara a ganhar consciência que estava sonhando, mas não podia se controlar. Era como se fosse levado por uma vontade maior.

– Albafica de Peixes, se apresenta! – Estranhou "o que estou dizendo?"

– Eu preciso que parta imediatamente, Albafica – A voz do Mestre ecoara – Vá ao encontro de Manigold na Itália.

– Manigold?

– Não quer dizer que não confie nele – O homem disse um tanto pensativo – Mas preciso que mais um Cavaleiro de Ouro vá nessa missão. Sei o quanto ele é instável.

Quem era Manigold?

– Sim, senhor! – Fez reverenciando o Mestre mais uma vez e, com a mesma pressa que entrara saiu. O clarão do dia que já despontara do lado de fora feriu sua vista, fazendo-o fechar os olhos com força.

Novamente voltava a abrir os olhos. Estava em seu quarto novamente. Todas as peças quebradas ainda reinavam no local, desconfortavelmente bagunçado, mas Afrodite não tinha tempo de se importar com tal. Em sua cabeça ecoava aqueles dois nomes – Sage e Albafica.

– Quem são? – Balbuciou enquanto se reerguia. Sua respiração estava mais calma. Tal indagação retirava sua atenção dos pensamentos anteriores. Algo em sua mente começara a reconstruir seus sonhos. As visões não eram suas...eram desse Albafica.

– Albafica – O nome saia de sua boca, vez sim vez não, durante toda a noite. Dora o via de diversos ângulos Queria chegar perto, mas algo a impedia.

Ele parecia triste, fitando uma rosa branca entre seus dedos. O que pensava? Caminhou em volta dele, mas ele parecia não lhe notar. Os longos cabelos azulados caiam sobre seus olhos, que, agora, finalmente, voltavam-se na sua direcção.

– Agatha – Ouviu este pronunciar com uma expressão surpresa.

– Agatha? – Indagou vendo a tristeza dele dar lugar a um olhar esperançoso.

– Não deixarei que nada aconteça – ele disse enquanto jogando a rosa em sua direcção. Tão rápido que se atrapalhara em pegar e quando voltou o olhar, a figura imponente se afastava. Um pesar se apossou de seu coração. Teve a ideia que não voltaria a vê-lo. – Espere! – Gritou tentando correr com a mão esticada.

Ao dar por si, estava sentada na cama com a mão esticada para frente. A porta se abria de repente.

– O que houve? – A voz potente de Kanon encheu o quarto.

A moça sobre a cama, recolhera a mão devagar, com o olhar perdido.

–Ele se foi...

– Quem se foi? – O Geminiano se aproximou. O estado dela o confundia, não ligando para a figura desapropriada desta. A camiseta de Saga que a protegia era quase transparente em contraste com o sutiã rosa. Ela parecia não se importar – Dora? – Chamou já do lado da cama, com uma mão no ombro desta.

A mão pesada em seu ombro a fez realmente despertar. O peso de sua situação voltava a recair sobre si, como um poderoso escombro que lhe prendia num local sufocante. De um jeito brusco se afastou do toque de ser carcereiro.

– O que quer? – Indagou zangada, reparando que estava inapropriada na presença dele, tapando-se com a coberta.

– Você está bem? – Kanon tentava não parecer preocupado.

A moça apenas acenou positivamente.

– Estaria melhor em minha casa.

– Não vou discutir isso com você – Disse serio – Tenho que ir ao treino. Hoje você não tem aula, não é assim!? Nós só voltamos ao entardecer.

– Vão deixar a prisioneira sem vigia? – Aquela indagação teria sido menos agressiva se não tivesse empregue um tom tão autentico que fizera Kanon vibrar de raiva.

O que Saga estava fazendo passar. Não era ele que deveria estar ali ouvindo os desaforos daquele menina mimada. Respirou fundo, dando um sorriso de desdém.

– Não vejo nenhum prisioneiro – respondeu para o espanto da moça – Vá onde quiser. Mas terá que voltar. Ou iremos te buscar – Respondeu já da porta.

– Confiam tanto que voltarei por essa ameaça? – Fez o outro parar.

Vira este voltar-se com um olhar penetrante.

– Você não será boba de não voltar – Foi a única resposta que deu e saiu sem chance dela formular outro desaforo.

Dora ainda ficara com seus olhos castanhos vidrados na saída vazia. O que eles estavam pensando? Não voltaria. Iria imediatamente a casa de seus pais dizer o que estava acontecendo. Com certeza eles desistiriam de ficar num lugar como aquele e voltaria para a civilização.

Após uma noite tão agitada e sem grandes descansos, a sala obscurecida de leão, reunia, espalhados no recinto, Miro e Mascara da Morte na mesa redonda mais ao canto, perto da porta da cozinha e, Aioros, Aioria e Mu na sala, onde Leão e Aries sentados nas respectivas poltronas fitavam de vez em quanto Aioros jogado no sofá. Dois dias haviam passado, mas nada havia sido comentado até então, e tal assunto parecia estar preso na garganta de todos com uma espinha de peixe.

– Aioros – A voz gentil de Mu chamou a atenção daquele que estava deitado no sofá, fazendo-o tirar o braço que lhe cobria os olhos – Do que você lembra?

O moreno demorou o olhar na face calma do companheiro de batalha tentando formular a melhor frase para dizer, mas nada lhe ocorria.

– Nada... – Murmurou.

– Como nada?! – Shura se levantou de rompante da cadeira, caminhando rapidamente para frente do sofá, para que o moreno o visse bem. Tinha a face perturbada – Não se lembra de Alice?

– E-eu me lembro dela – Respondeu confuso enquanto se sentava para ver melhor o amigo – Filha da Anastassia, serva do 13º templo...

– Vocês estavam juntos...

– Eu sei...

– Então do que não se lembra? – Aioria indagou ainda irritado. Não compreendia muito dessa história. Em sua tenra idade não percebera o que se passava na vida do irmão na época. E as palavras de Saga sobre a possível fuga de Aioros ainda ecoavam como bombas na sua cabeça. – Você não lembra que iria embora e me deixaria aqui?

– Eu nunca faria isso – Aioros se voltou para o irmão assustado. "Faria?"

– Era preciso – Shura disse fitando Sagitário – O Santuário estava mais violento. Os aldeões já não eram vistos como antes. Estavam a sua própria conta a mercê dos soldados. O Mestre já não era o mesmo.

– E por isso você ia fugir? – Mascara da Morte se pronunciou pela primeira vez – Bastava você ter feito o que Saga fez com sua filha – Continuou sem pensar fazendo todos lhe fitarem com espanto.

Essa palavra tinha sido evitada na frente de Aioros, que fitava o outro com espanto. Por mais que tentasse admitir que era possível a falta de memória, aliada com sua aparência jovial, lhe causava muita confusão em relação a esse caso. Na verdade recordava de Alice, a bela jovem, por quem se apaixonara perdidamente e que se entregara de corpo e alma. Mas uma criança...sua cabeça começou a doer. Ao fundo das palavras que repreendiam Mascara da Morte, ouvia o choro de um bebe. As imagens foram ficando turvas até desaparecerem dando lugar a um cenário simples.

Uma pequena sala e sofás corroídos pelo tempo e um tapete rasgado de pele. Um vento gelado o fizera perceber alguns buracos na parede e no vidro da janela, que era coberta por um pano escuro que fazia de cortina.

No canto da mesma divisão, perto de uma mesa redonda, uma mulher loira, estava de costas tratando de um criança que não parava de chorar.

– Não podemos mais, Aioros – A mulher voltou-se mostrando um rosto perfeito e delicado, de pele branca e olhos castanhos. A criança em seu colo ainda chorava. Era gordinha e tinha os olhos da mulher – Temos que partir. Minha mãe está sendo ameaçada. Você está me ouvindo? Aioros?

– Aioros? – A voz de Aioria o fez respirar fundo. Novamente a sala já mais clara de leão retornava, com todos os presentes a lhe fitarem assustados.

– O que foi?

– Você estava com uma cara estranha – Miro disse parecendo preocupado – O que aconteceu?

– Foi como se não estivesse mais aqui.

– Mas você estava aqui – Aioria respondeu sem pensar.

– Não, não estava – Mu disse tranquilo – Onde você estava?

– Em uma casa, com Alice e uma criança...

– Óptimo! – Aioria fez desanimado – Você está começando a se lembrar.

– Eu não sei...

– Seja como for – Mascara da Morte disse despreocupado – Já estamos atrasados para o treino. – Fitou Sagitário intensamente – Porque não procura o Saga e peça p ele contar de uma vez por todas, tudo que aconteceu.

Não era uma má ideia. Talvez, com mais detalhes, sua memória retornasse.

– Tem razão – Disse serio. Teria que lutar com todas as forças para ir até o Cavaleiro de Gémeos Um sentimento que ainda não sabia o que era, fazia com que tivesse um certo asco nesse encontro. Mas precisava disso. Tinha que ter respostas.

Resposta do que estava acontecendo. Era o que Afrodite de Peixes estava disposto a ter. Esses sonhos, essa moça que chegara bagunçando seus princípios O que era? Tinha que saber. E ninguém melhor que o Mestre para ajudar. Mesmo que não tivesse sido convocado, estava disposto a quebrar essa regra e entrar pelo salão.

– O Mestre não está a sua espera Cavaleiro! – Ouviu um sentinela dizer quando passou por este. Nenhum se dera o trabalho de tentar dete-lo. Seus passos eram tão firmes, que nenhum dos homens da baixa patente se atreveria a trava-lo.

As pesadas portas se abriram ao toque de Afrodite e pode vislumbrar o tapete vermelho que o levaria ao homem sentado no trono.

Shion, de elmo na cabeça fez lembrar a visão de seu sonho, mas não se deteve. Rapidamente se aproximou e prostou-se devidamente.

– Afrodite de Peixes se apresenta – Disse imponente.

– O que aconteceu Cavaleiro – Shion disse com calma – Não me lembro de o ter convocado – Finalizou com estranheza.

– Venho por vontade própria pois tenho uma questão a fazer, Grande Mestre – Suas palavras saiam disparadas, secas, apesar de tentar controlar sua ansiedade.

– Pergunta?

– Quem são Albafica e Sage? – Disparou, fazendo o outro arregalar os olhos pela tamanha surpresa.

Continua...


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