Por detrás da Rosa escrita por Danda


Capítulo 12
Decisão




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O silêncio que se fez, até então, no recinto começava a dar lugar a um murmúrio irritante que fora aumentando até o clamor fervoroso por uma batalha que quase todos entendiam ser de proporções maiores que o simples desporto pedia.

Afrodite sabia que teria de mudar de táctica, apenas defesa não resultaria com Saga. O adversário era rápido e já não estava disposto a ir de acordo com as regras do jogo. Seu cérebro trabalhava a mil enquanto mirava o outro de olhar estreito e respiração alterada. Sabia que esperar pelo momento oportuno era pedir por uma derrota dolorosa, pois a raiva de Saga estava empregue em seus punhos e que este levava mais vantagem no corpo a corpo. Teria que ir em frente como pudesse. Seu cosmo elevou-se fazendo uma rosa aparecer em sua mão esquerda.

Mas não deu tempo de coloca-la em sua boca, a sombra do mais velho lhe cobriu totalmente, uma grande mão lhe agarrou no rosto e com brutidão lhe jogou de volta na arena. Amparando a queda de cara, sua mão esfolou nas grandes pedras do centro da arena, enrugando a pele, enquanto sangrava, e de um mortal se pôs de pé. Saga tomara seu lugar na arquibancada, não sentindo as palmadas alegres que lhe davam com alguma força nas costas, mostrando apoio ao feito.

Afrodite engoliu a seco.

- Você vai se arrepender, Afrodite – Saga disse alto, enquanto seu cosmo elevava-se

- Eu não vou perder – O Cavaleiro de Peixes respondeu, acompanhando o feito do outro.

- Isso não vale! – Alguém gritou do outro lado da arquibancada, mas mal pode ser ouvido, pois um estrondo de vozes e assobios começava rompendo o ar, enquanto uma outra rosa branca surgia na mão direita de Afrodite.

Saga estreitou os olhos. Era mais forte, mas o outro era mais matreiro, tinha que ter muito cuidado se quisesse lhe acertar sem que aquela rosa lhe perfurasse a carne. Se isso acontecesse seria o seu fim.

- Estou farto de você – Afrodite disse entre dentes –BLOODY ROSE!

Não uma, mas várias rosas brancas seguiram em direcção de Saga que ergueu a cabeça arregalando os olhos.

"Isso é uma armadilha" – Pensou. Sabia que apenas uma daquelas rosas era destinada para lhe acertar. Ergueu o rosto como quem procura, rapidamente, por uma brecha.

Os que se encontravam ao lado de Saga tentavam escapar, atropelando uns aos outros, aos gritos.

-ANOTHER DIMENTION!– Gémeos gritara. A escuridão que se formou entre as mãos de Saga aumentou tragando as flores enviadas por Afrodite…sem se deter.

Afrodite arregalou os olhos, quando percebeu que a mesma escuridão vinha em sua direcção. Puxou o ar com força pela boca quando se deu conta que o cenário a sua volta se dobrava como papel alumínio, fazendo em seguida seu corpo flutuar e cair com força no chão. Afrodite estava inconsciente e Saga se sentiu aliviado por isso, mas quando suspirou, sentiu uma forte dor no peito. Sua mão tremelicou enquanto era levada na altura de onde lhe doía. As vozes descontroladas com o euforísmo ficaram abafadas, enquanto seus olhos pesados fechavam. Não chegou se quer a ouvir a voz grave que anunciava o fim do torneio.

Seus sentidos iam e voltavam, podendo compreender que estava sendo carregado. O seu impacto de frente com o colchão confortável o fez despertar de vez. Antes que pudesse virar para ver o sucedido, a porta fechava atrás dos que o carregaram até ali.

Pensou que estava sozinho. Suspirou rolando e caindo de costas, atravessado na cama.

Mais uma vez suspirou sonoramente.

- Incrivelmente Shion não está chateado – A voz de Kanon o fez levantar e sentar na cama rapidamente. Viu seu irmão andar de um lado para o outro.

- hmmm

- VOCÊ ESTÁ LOUCO! – Por fim Kanon não conseguira se controlar. Vira Saga arregalar de leve os olhos e depois voltar a sua postura normal.

- Não grite Kanon. Minha cabeça está doendo.

- Imagino – Kanon deu uma risada irónica – Tenho certeza que Shion aplicou um poder forte em você.

- E Afrodite? – Indagou estreitando os olhos.

- Foi, também, carregado para Peixes. Você não esteve dormindo por muito tempo. Ele deve estar chegando lá…

Os olhos do outro estreitaram. Quem iria cuidar dele?

Dora se sentiu desesperada quando viu dois homens entrarem pelo templo carregando um Afrodite desacordado e ferido. E se sentiu ainda pior quando este foi atirado de qualquer forma sobre a cama e ouviu de um dos soldados:

- Agora é com você!

- Mas eu não sou médica – tentou protestar

- O mestre ordenou que apenas a serva ficasse com ele. Não temos nada com isso – Falou o mais simpático.

Não esperaram a reacção dela, desaparecendo pela porta.

A moça demorou para digerir o que foi dito. O homem, atirado na cama de bruços, permanecia nu o que chegava a ser constrangedor para Dora. Seus olhos castanhos percorreram o corpo imóvel. Os ferimentos que trazia, não pareciam serem graves, mas não conseguia deixar de sentir medo por ele.

Hesitante, se aproximou, e tentando não fita-lo por completo, e com algum esforço virou-o. Rapidamente puxou o lençol que o cobriu na cintura para baixo. Correu para o banheiro de onde retirou debaixo da pia uma maleta branca adornada com uma cruz vermelha. Levou esta para junto da cama onde depositou em cima da mesa-de-cabeceira após afastar o candeeiro cor bege.

Mais uma vez fitou o homem ferido. Sorriu. Nenhum ferimento do mundo deixaria aquele homem feio.

Viu remexer um pouco murmurando algo incompreensível. Algo pesou em seu estômago ao pensar que ele poderia estar sofrendo.

Retirou o que era preciso da caixa de socorros e sentou na beira do colchão. Molhou um pedaço de algodão com água oxigenada e passou sobre o ferimento no ombro direito. O homem soltou uma baixa exclamação, fazendo Dora recuar. Foi quando reparou o quanto ele estava soado.

Novamente correu ao banheiro e pegou uma toalha. Ajeitou a toalha nas mãos e pressionando-a sobre a pele de Afrodite, tentando tirar o excesso que escorria no seu peito. Este se remexeu um pouco mais, resmungando.

- Não se preocupe – sussurrou sem pensar – Vou tomar conta de você.

Não pode deixar de sentir um arrepio ao perder seu olhar nos músculos bem definidos daquele homem perfeito. De pele muito branca e desacordado, a beleza daquele homem era uma perfeita tentação. Ele voltava a se remexer um pouco, dizendo algo que deveria ser na sua língua natal. Dora compreendeu que não adiantava de muito ficar por ali.

Decidiu aprontar as coisas para quando ele acordasse. O sol lá fora já havia se posto e ainda faltava preparar o jantar. Mas quando se levantou, pronta para sair, ouviu uma única palavra que compreendera com certo temor e surpresa:

- Minos! – Afrodite dissera voltando a murmurar coisas que Dora não compreendia.

O nome não lhe era estranho. No fundo de sua memória conseguia associar esse nome à aquele homem que agora sabia ter combatido com Shion…nos seus sonhos.

Sua vontade de sair do quarto esvaneceu com um sentimento de pesar. Voltou a sentar na beira da cama e com um movimento leve e rápido passou a mão pela testa suada do rapaz.

Foi quando reparou no vermelhão na face esquerda deste, no qual a maquiagem, já quase toda desfeita, desfigurava um pouco sua beleza única. Sem pensar duas vezes, correu até a cómoda para buscar os produtos dele.

Agradeceu mentalmente as horas que sua mãe despendera consigo a tentar explicar como se maquiar e desmaquilhar. Horas mortas de inutilidade dado que não era muito dada a essas vaidades. Tentara diversas vezes explicar isso a doce Alexandra, mas ela não dava ouvidos, ria enquanto continuava suas explicações.

- Um dia você vai precisar – Completava mediante a careta que levava.

"E não é que ela tinha razão!" – Pensou sorrindo, enquanto carregava o que era preciso para junto de Afrodite.

O homem parecia bem mais calmo e Dora tentava não fazer barulho enquanto colocava o que precisava no lugar onde a caixa de primeiros socorros, agora no chão, estava. Fitou o homem mais uma vez, antes de pegar no algodão e derrubar sobre este um produto pastoso. Mirou cada ponto do rosto a sua frente e com delicadeza começou a remover o que sobrou da maquiagem.

A face branca começava a ficar limpa do aspecto feminino, mostrando a Dora um homem belo por natureza. Não conseguia compreender porque um homem assim precisava daquilo para se sentir bonito. Ele não precisava de nada daquilo!

Sorriu. Apesar de alguns contornos delicados, principalmente do nariz, a masculinidade estava toda ali.

E alargou ainda mais o sorriso por pensar que era privilegiada ao vê-lo assim. Pensava que era a única que tivera essa sorte e se sentiu orgulhosa por isso. Ali deitado, tão calmo, tão vulnerável, olhou a boca do rapaz e sem se quer hesitar colocou o dedo indicador sobre ele.

Um toque leve…um simples toque que fez Afrodite despertar e lhe agarrar o pulso, abrindo em seguida os olhos.

A moça prendeu a respiração. Ficaram se encarando durante um tempo interminável ao ver da moça. O olhar dele era tão estranho, como nunca vira. Parecia não lhe reconhecer.

- Quem é você? – Indagou finalmente, ofegante. Parecia com dificuldades em respirar.

- Sr. Afrodite – Disse com temor. Teria ele batido a cabeça e não se dera conta. Queria examinar, mas ele apertou mais o seu pulso.

- Responde! – Ordenou entre dentes.

- Dora – Respondeu baixo, tentando inutilmente se libertar – serva…

- Não diga besteira! – Disse sem notar que ela se torcia – Você me persegue nos meus sonhos – murmurou.

A moça não conseguia compreender, mas por uma ponta se sentiu muito bem com a forma que ele lhe fitava. Sentiu que pela primeira vez ele lhe enxergava. Um olhar tão interessado que fez seu coração disparar, bombeando o sangue que corava sua face. Mas nem passava pela sua cabeça que não era sua imagem que Afrodite via. Ali, diante dele, estava uma mocinha de olhos verdes e cabelos castanhos apanhados por um lenço em rabo-de-cavalo, enquanto a franja emoldurava o rosto pequeno de traços finos.

"Tão nova" – Afrodite pensou.

Sabia que estava com febre e que aquela imagem poderia ser fruto da sua imaginação. Algo guardado na penumbra de sua memória. Mas naquele momento não queria saber. Teria que aproveitar agora para saber quem ela era e o porque de invadir suas noite calmas enquanto a chuva caía ligeira, causando sentimentos confusos, que nem se quer sabia classificar.

Ainda a agarra-la pelo pulso, enquanto examinava seu rosto minuciosamente, procurava associa-la a um nome ou circunstancia.

Em um movimento curto, mas brusco, a puxou dando um tranco dorido no braço e Dora que gemeu alto.

- Me diga seu nome! – Ordenou mais uma vez.

Dora começou a sentir lágrimas a acumularem no canto dos olhos. Afinal era tudo o que fazia desde que chegou ao santuário. Chorar. Só agora se dera conta do quanto estava sendo infeliz naquele lugar. Graças a aquele homem. Começava a se arrepender de não ter seguido o conselho de Saga. Afinal porque não o entregara ao Grande Mestre?

- Eu já lhe disse, senhor, meu nome é Dora! – Respondeu entre dentes, tentando não deixar as lágrimas escaparem. Inútil, uma já rolava pela face.

A raiva que brotou no seu peito naquele momento começava a trabalhar, fazendo seus músculos contraírem. Tinha plena consciência que se ele tentasse lhe fazer mau não teria como se proteger só com os punhos. Procurou por algo que pudesse utilizar como arma. Mirou o candeeiro. Este poderia servir se Afrodite ficasse violento.

- Não seja tola – Afrodite disse afrouxando a mão que a segurava. Por momentos Dora pensou que lera seus pensamentos sobre se defender – Eu conheço bem a serva – Continuou com um olhar distante – Cada detalhe do rosto dela.

Dora se surpreendeu.

- Você vem para me deixar confuso – Disse voltando a antiga agitação – Depois de você virá Minos – Retorceu a face como se sentisse um rompante de dor – E eu não estou em condições para lutar.

Dora, pensando que ele estava distante, tentou se soltar mas, novamente, a mão de Afrodite se fechava com força, fazendo Dora gemer mais de susto do que de dor. Uma sensação rápida dado que Afrodite em segundos a soltou enquanto fechava, novamente, os olhos e caía no sono. Algo em seu cérebro se desligava e Dora teve vontade de chama-lo para ver se estava bem. Imaginou quem seria essa pessoa que lhe atrapalhava os sonos. Seria alguma mulher de seu passado? Ah! Não adiantava nada ficar ali se atormentando com isso. Muito melhor preparar as coisas para quando ele acordasse. De qualquer forma, não conseguiria saber de nada.

Suspirou desanimada.

De facto era melhor ocupar a cabeça com outras coisas, pois este sentimento, que já percebera o que era, pois que sempre que pensava em Afrodite sentia seu coração bater tão rápido que parecia querer sair do peito e correr para ele.

Mirou o homem mais uma vez antes de decidir sair.

Como sua vida mudara desde que chegara ali! E por agora se dera conta de que raras vezes se lembrava que aceitara aquele emprego para poder retornar a sua terra natal, para ver seus amigos. Se dera conta que cada vez menos pensava neles…não porque já não gostasse deles, ou por sentir que faziam parte de um passado, mas porque, por dentro, compreendeu que aquele lugar tomava um espaço muito grande no seu coração. Afrodite tomava…

Balançou a cabeça negativamente. Não queria!

Mas se voltasse para ver seus amigos e estes perguntassem o que fazia em Athenas? O que responderia? Mentiria? Não. Abominava mentir. Foi a melhor qualidade que seus pais lhe deram. Se havia algo que não conseguia fazer era mentir. E odiava que lhe fizessem o mesmo. Se tinha algo que para si era imperdoável era uma mentira.

Fechara os olhos com força, enquanto se apoiava no balcão da cozinha onde acabava de chegar. Sim, já havia se apercebido para onde lhe levava todos os sintomas em relação ao Cavaleiro de Peixes. Seu ódio havia se transformado na única coisa que não queria sentir para não se prender ali. Não precisava conversar com ninguém para sabe-lo. Sabia pelos filmes que assistira antes de sair de sua terra natal. Não que fosse uma garota romântica, mas nos filmes, até mesmo nos de acção, não dispensavam a representação de um louca paixão.

Não adiantava lutar. Estava começando a se resignar.

Preparou o jantar e deixou a mesa posta, indo dormir mais cedo que o habitual.

Afrodite não acordara até de manhã. Se sentia tão moído quando acordou na manhã seguinte, que teve dificuldades de se levantar. Mas seu estômago roncava e teve que se esforçar para se arrastar até a cozinha, onde encontrou Dora de costas para a porta.

Nada disse. Apenas se sentou a mesa e se serviu de um pouco de cada condimento que estavam ao seu dispor.

Dora tão pouco disse algo. Evitou de olhar para a imagem daquele homem para não corar, pois que a cena dele deitado na cama não lhe deixara nem em seus sonhos.

Não havia nada a ser dito. Afrodite lembrava vagamente de estar na presença da serva e, Dora não gostaria de ser lembrada de que ele sonhava com uma mulher desconhecida.

Então estava entendido. Ele passaria o resto de seu dia sem fazer grande coisa além de alguns desaforos que dispensava em relação a moça mais jovem e esta, cumpriria o seu dever tentando não rebater tudo o que saia da boca daquele ser insuportável. Claro sem nunca olha-lo de frente para não ganhar uma cor em sua face, demonstrando o quanto era vulnerável ao Cavaleiro de Peixes.

Lá fora, tudo corria como o previsto. O sol caminhava rapidamente pelo céu, enquanto as ruas cheias de movimento e risos se confundiam com o som alto da música que chegava como eco nas doze casas.

E assim como o dia a noite pareceu voar. Sem grandes surpresas, sonhos…uma noite tranquila como aqueles dois que compartilhavam o espaço de peixes não sentiam a muito tempo.

Apesar de ter custado tanto a pegar no sono, Dora conseguira descansar.

Na manhã seguinte começou a sentir, realmente, ansiedade antes mesmo de se erguer da cama. Sabia que seria neste dia que acompanharia Afrodite no dito cortejo dos Cavaleiros. Os nervos começaram a se mostrar com pequenos calafrios e fora aumentando para um dor incómoda no estômago.

Se levantou com alguma dificuldade e foi para o banheiro anexado ao fundo, depois do armário, perto da porta de entrada do quarto. Encostou de mal jeito a porta e rapidamente, sem fixar movimentos em sua memória, já havia aberto a torneira. O barulho relaxante da agua que caía com violência no azulejo, se faz presente. Suspirou enquanto se despia. Apesar de não ter olhado nenhuma vez para o relógio sobre a mesa-de-cabeceira, sabia que dava tempo de tomar um belo banho antes de preparar o café para o Cavaleiro de Peixes.

Afrodite deveria ainda se encontrar no mundo dos sonhos, por isso não teria com o que se preocupar. Suspirou alto quando sentiu a agua morna cair sobre seu corpo…incomodou-se um pouco a princípio, tendo que encontrar um ponto na torneira que fizesse a agua cair mais quente.

Aos poucos sentiu o cabelo ficar molhado definitivamente, fechando os olhos para apreciar um bom momento de calmaria.

Não precisaria se preocupar com nada que não fosse o cortejo na companhia dos Cavaleiros de Athena e, foi pensando nisso que sentiu seu coração disparar. Não fazia a mínima ideia em como se comportar ou o que deveria fazer. Torcia para que Ster ou Talia estivessem por perto. Foi quando se lembrou que nem se quer sabia o que vestir.

Se sentiu um tanto incomodada pelo facto de estar debaixo de agua, de modo que se apressou a se lava e desligou o chuveiro. Com destreza se enrolou na toalha e caminhou para seu quarto, estancando na porta deste. Prendeu o ar, fazendo um pequeno ruído que chamou a atenção do homem que estava de costas, depositando algo sobre a cama de solteiro.

De imediato Dora viu os longos cabelos claros ondularem com o movimento. Os olhos, belos e frios, miraram sem pudor cada detalhe de seu corpo coberto apenas por uma toalha rosa, e Dora sentiu sua face queimar quando se deu conta de seu estado perante ele.

Os lábios do cavaleiro se abriram em um sorriso maldoso não condizendo com os músculos que teimavam em mostrar uma dor qualquer por esse simples levantar de canto de boca.

- V-vejo que está melhor! – Dora disse ainda desconcertada.

- Hmmmm – Foi a resposta de Afrodite, que permanecia com os olhos a percorre-la de cima a baixo.

- O senhor precisa de algo? – Indagou duramente, com a intenção de mostrar o incómodo do olhar dele.

- Apenas vim lhe entregar o que deve levar no cortejo – Por fim encarou a moça com seriedade, mas sem retirar o pequeno sorriso dos lábios. – Se vai me acompanhar tem que ir de forma a condizer – Completou dando um passo na direcção da moça, que recuou segurando a ponta da toalha que se soltara de onde havia sido presa.

Afrodite não se intimidou continuando na direcção de Dora, sem se preocupar que moça se mostrava receosa, dando passos atrás. O chão frio, debaixo dos pés da moça, mostrou que havia entrado, novamente, no banheiro. Mas via que o homem não se detinha, seguindo na sua direcção. Recuou mais alguns passos, quando sentiu a pia fria que a impedia de manter distância.

O rapaz não conteve uma pequena risada ao ver aflição no rosto de Dora, que quase começava a contornar a pia, mas não teve tempo para tal, pois Afrodite já estava diante desta a poucos milímetros.

Dora sentiu a face corar, não escondendo a surpresa por tal aproximação. A respiração da moça descompassou e mais uma vez Afrodite sorria convencido pelo efeito que poderia causar em outra pessoa apenas por se aproximar. Num gesto rápido e directo, as mãos fortes do Cavaleiro seguraram a mão delicada de Dora, que segurava a ponta da toalha. Apertou a mão dela com delicadeza e sentiu-a soltar a ponta da toalha, que se desenlaçou de seu corpo e escorregou de forma pesada para o chão.

A íris castanha se mostrou por completo, mas não conseguia mover um músculo se quer, enquanto mirava o rapaz de pele clara que lhe fitava de cima a baixo.

Sentiu que seus membros tremelicaram e por tal Afrodite pareceu acordar. Ergueu a outra mão e segurou o queixo da moça que se mostrava ainda atónita. Dora viu o rosto de Afrodite se aproximar devagar, ficando a milímetros de distância. Sentiu seu coração disparar enquanto se sentia atordoada. O cheiro de rosas era tão intenso, que quase conseguia sentir um gosto amargo na boca, como se tivesse engolido uma pétala vermelha.

Afrodite se quer piscava ao fitar os olhos castanhos a sua frente, ainda arregalados. Dora sentia um frio na barriga que subia e descia velozmente. Tentou se controlar, mas sem êxito, fechando os olhos de leve e abrindo um pouco a boca para poder respirar. Afrodite permanecia lhe fitando de perto. Por momentos reparou na beleza da moça. Nada de mais, tão simples como qualquer outra menina de sua idade. Traços delicados, corpo bem formado, provavelmente não com as curvas totalmente definidas como o de uma mulher. Sentiu uma vontade enorme de enlaça-la enquanto pudesse tocar seus lábios. Ela lhe pertencia. Não poderia deixar Saga a afastar…o que estava pensando? Ridículo!

Em um movimento leve e rápido desviou o rosto aproximando seus lábios do ouvido esquerdo da moça.

- Estamos quites! – Sussurrou, fazendo Dora arregalar os olhos. Mas antes que esta pudesse dizer algo já Afrodite estava na porta de saída do quarto e se perdia de vista.

Não soube definir o sentimento que atravessou com brutalidade seus membros enquanto se deixava cair sentada no chão. Raiva. Vergonha. Sentimentos que se misturavam e, que faziam-na perder a vontade de se levantar. Apesar do nó na garganta, não conseguia derramar uma só lágrima. Mais uma vez aquele homem conseguia lhe estragar o dia. Mais uma vez conseguira humilha-la. Porque ele tinha tanto prazer em fazer isso? Se sentia tão estúpida pela cena de a pouco, que um pensamento passou-lhe como um bom motivo para se levantar: Não se importava de ser protegida de Saga. Nem que fosse para se livrar de Afrodite. Esqueceria Afrodite…o arrogante Cavaleiro de Peixes, nos braços de Gémeos!

Absurdo! Talvez, nem mesmo ela esperava que tais pensamentos surgissem. Era impensado utilizar um homem como Saga…tão integro, para afrontar e esquecer Afrodite.

Mordiscou o lábio inferior com força, saltando em seguida com a dor forte que surgiu. Contorceu o nariz fazendo desaparecer aquela sensação incómoda na garganta e, num rompante, agarrando a toalha do chão que estava ao seu lado, levantou, se dirigindo para o quarto.

Estava decidida a não se deixar abater. Vestiu a roupa indicada para a ocasião e até se permitiu passar um pouco de maquiagem. O almoço já estava feito, bastava aquecer e foi o que fez. Comeu rapidamente e deixou a mesa posta para Afrodite. Voltou para o quarto, terminou de se arrumar e saiu para o salão principal a espera do seu suposto par.

Já estava ficando impaciente com a demora de Afrodite e riu ao pensar que deveria estar tratando do cabelo ou se maquiando. Tolo…como se precisasse daquilo.

"Aquela maquiagem faz ficar ridi…" não pode completar o pensamento, enquanto rodava no corpo na direcção da porta de acesso ao interior da casa. Dali saía Afrodite. Sua armadura reluzente, de capa branca esvoaçante. Os cabelo soltos um tanto ondulados combinando com os olhos claros que lhe pareciam bem mais brilhantes que o habitual.

Dora sentiu como se seu coração quisesse saltar pela boca. Ele caminhava tão decidido e Dora via o movimento do grande corpo masculino fazer uma dança sensual a cada passo. Ah, na verdade a tola era ela, por pensar que conseguiria de alguma forma esquece-lo. Odiava-o tanto como o amava e, ali estava ela babando pela imagem que se aproximava como se fosse um imperador. Ele não parecia lhe dar importância, mas mal sabia ela que Afrodite reparava bem em seu estado de graça. Levemente maquiada, o vestido branco que lhe assentava tão bem, comprido até um pouco abaixo dos joelhos. A sandália rasteira e o cabelo preso em rabo de cavalo por um belo lenço branco, que trazia ao Cavaleiro uma estranha sensação familiar. Um dejá vu inexplicável, pois sabia que aquela moça era diferente da que aparecia nos seus sonhos, mais ao mesmo tempo com a mesma importância.

Afrodite ali, agora parado diante dela, começava a compreender que ela era uma peça fundamental para explicar tudo o que vinha experimentando nos últimos tempos. Ela estava tão bonita como uma flor do campo. Uma beleza, não estonteante como a de uma rosa, mas simples e clara como a de uma flor Prunus Serrulata. Não uma arvore cheia delas.

"Sem graça" – pensou estreitando os olhos, enquanto fitava novamente a moça com intensidade, vendo-a corar – "Puramente sem graça como as malditas Prunus Serrulatas" – Completou o raciocínio, desviando de Dora, dando um antipático "vamos" e seguindo para a saída.

Dora demorou a processar o que havia acontecido. Por momentos pareceu que Afrodite lhe olhava com carinho e logo depois voltou ao seu habitual desprezo.

- Mas que sujeito mais maluco! – Sussurrou antes de seguir aquele que já estava descendo as escadas rumo a Aquário.

O caminho já desimpedido de qualquer presença foi feito em silêncio. Dora se perguntava se havia sido uma boa ideia ser a acompanhante de Peixes, sendo que não sabia nada das tradições daquele lugar. Cada vez que pensava no que possivelmente teria que fazer no dito cortejo, seu estômago dava um nó e era inevitável olhar para Afrodite com um pingo de esperança que ele dissesse algo, pelo menos uma ordem. Mas o homem não parecia minimamente interessado em sua presença ou olhar, ainda se debatia com a aparência das pequenas flores que brotavam nas árvores e na primavera coloriam o chão. Os japoneses amavam aquela flor. Mas ao seu ver, nada poderia se equiparar com as rosas. Simbolicamente mais fortes, fisicamente mais majestosas. A serva não passava de uma flor minúscula e sem graça. Tinha plena consciência que ela, como boa coitada que iria ter uma presença tão apagada, principalmente, por estar ao seu lado. Pobre coitada!

Mas isso já não interessava, quando chegaram perto da entrada da vila, onde já estavam muitos cavaleiros de prata e bronze. Fitou pela primeira vez Dora, que estava com uma expressão um tanto assustada.

- Não se afaste de mim – A voz de Afrodite saiu mas grossa e imperativa do que pretendia. Reparou nisso quando a moça lhe fitou com estranheza. Mas decidiu não se delongar sobre um misto de vergonha e de raiva de si mesmo por tal feito.

Atravessou a ala dos de bronze e de prata sempre sobre a mira de olhares indiscretos dos aldeões que insistiam em se misturar com os cavaleiros e tentar falar com eles, tentando não ser tocado e prestando atenção se a moça não se afastava no meio da confusão e, logo pode ver um brilho dourado mais ao fundo da rua.

Suspirou aliviado, como se entrasse, agora, em um meio mais protegido. Ali Cavaleiros de Ouro e suas servas, bem colocadas, dois passos atrás desses, se espalhavam, aparentemente, de forma aleatória. Mas, para quem sabia da tradição de trás para frente como Ster, sabia que aquelas eram as posições correctas de acordo com o alinhamento de cada constelação na hora em que chegassem ao templo de Athena. O sorriso da bela moça atrás de Shura fez Dora se sentir aliviada. E mais aliviada ficou quando essa, discretamente, apontou para onde estava o rapaz da primeira casa. Talia não fora tão discreta, fazendo um aceno alegre em direcção de Dora, e movendo a boca em algo que Dora pode ler: "é hoje" seguido de um sinal positivo, fazendo as outras servas e alguns cavaleiros como Shura e Aioros, rirem.

- Talia – A voz suave de Mu chamou a atenção da moça – Hoje tente se comportar.

- Sim senhor – Falou encabulada, desviando o olhar para o chão.

Mu sorriu. Ela nunca iria apreender.

Afrodite se posicionou ao lado de Camus e Shura, entre os dois. Dora mal havia se colocado a dois passos atrás de Afrodite, e começara a se sentir observada. Sensação que não era incabivel, pois que mais atrás, olhos verdes não desgrudavam de sua pessoa.

Saga, olhando a moça que trouxera para o Santuário, se perguntava ainda no que deveria fazer. Tudo tinha uma consequência irreversível. Balançou a cabeça negativamente ao pensar em falar a verdade. Uma terrível verdade que colocaria toda a estrutura da elite de Athena num pandemónio. Não queria isso. A verdade comprometeria esse laço que se formou com tanto sacrifício entre companheiros e que resultara na salvação de Athena após a batalha contra Hades.

- Ela é bonita – Disse Aioros em voz baixa, com sorriso maroto. Não olhara Saga para dizer aquilo.

- Aioros – O tom de aviso de Saga chamou a atenção do moreno, que ainda sorria.

- Não é comigo que você tem que se preocupar! – Disse voltando o olhar para frente.

Saga acompanhou o olhar do outro fechado os punhos com força quando vira Afrodite perto de Dora, com uma mão em seu ombro e dizendo algo ao seu ouvido. Fez menção de dar um passo em frente mas foi barrado pela voz calma de Shaka, que se encontrava a frente.

- Ele sabe que você está olhando – Disse sem se virar para trás, o que abafou um tanto a voz suave e sem emoção do loiro.

Saga respirou fundo.

"Eu tenho que acabar logo com isso" – Pensou voltando-se para Aioros, mas se assustou com a expressão deste.

Permanecia olhando a cena mais a frente, mas seus olhos castanhos estavam vazios. Por momentos viu o corpo dele se mover cambaleante.

- Aioros! – Chamou, mas não obteve resposta – Aioros? – Dessa vez viu o rosto pálido do amigo voltar em sua direcção – O que houve?

Aioros piscou duas vezes antes de conseguir responder:

- A serva… - A voz saiu em um sussurro, que Saga tentou ouvir com clareza meio ao barulho envolvente – A serva de Afrodite, me lembrou algo!

- O que? – Saga arregalou os olhos.

- Não sei, é uma sensação estranha…eu… - Aioros voltou o olhar para a moça de costas e balançou a cabeça negativamente.

- Aioros?

- Vai começar! – O moreno ignorou, vendo senhoras idosas chegarem com panos brancos bem dobrados perto das servas, entregando estes para elas, enquanto os aldeões se afastavam do caminho dos cavaleiros.

Agora era tarde e Saga tinha a plena consciência que não valeria a pena perguntar mais algo a Sagitário. Só poderia fazer isso após a celebração.

Mas agora sentia seu peito a mil. Como Aioros poderia recordar algo, se a própria Deusa Athena lhe garantira que Aioros e os envolvidos não se lembrariam de nada?

- Não é por você Saga – Athena iniciou com um tom de reprovação, olhando nos olhos verdes do homem ajoelhado a sua frente. Estava muito séria – Penso que o melhor é a verdade. Mas também, compreendo que não é só por vergonha que faz isso. De facto foi uma longa caminhada até vocês se entenderem e por tudo a perder agora seria frustrante. Eu decidi que farei isso. De forma alguma, gosto de ver o sofrimento atormentar meus cavaleiros, em especial ele.

Era impossível! Athena garantira. Mas será que o facto de traze-la para tão perto estava despertando aos poucos a lembrança deles? Serrou os olhos com força. Não poderia pensar nisso. Tinha que se decidir rápido. Chegando ao seu destino nada mais poderia ser feito. A imagem de Kanon e suas conversas assombravam sua mente.

O que fazer?

Dora estava novamente aparvalhada com o que aconteceu. O perfume de rosas que saia daquele ser majestoso a sua frente lhe acalmava, ao mesmo tempo que lhe causava uma tristeza quase que física.

Ele já havia lhe soltado o ombro e já estava em sua posição, mas ainda conseguia sentir seu hálito doce tocando sua orelha para lhe dizer o que se seguiria e o que deveria fazer. Falou tão suave que sua voz ficara quase irreconhecível. Por momentos desejou que ele sempre fosse assim. Mas sabia que a instabilidade daquele homem era constante. Suspirou.

Não valia a pena pensar nisso. Pelo o que todos comentavam, não teria que se preocupar mais com isso. Mas também, não pensava em ficar com Saga, e sim, quando tivesse oportunidade escapar dali e voltar para lugar onde pertencia.

Era essa a solução. Sim, voltaria para sua antiga cidade, arrumaria um outro emprego e ficaria por lá. Assim que pudesse mandaria uma carta aos pais se desculpando. Sabia que era menor de idade mas, também, não iria se juntar com uma pessoa que mal conhecia.

Apesar de todo o medo que lhe causava partir para uma aventura sozinha, era isso que pretendia fazer. Agora que sabia mais ou menos o que iria acontecer após o cortejo, talvez tivesse essa chance. Correria para peixes, pegaria o dinheiro que economizou e sairia sem dar nas vistas. Com tanta gente nas ruas, não iriam dar por sua falta.

Quando terminou de pensar nisso já estavam a caminho da estátua de Athena. Os aldeões jogavam flores no caminho dos Cavaleiros. Dora nem percebeu quando passou por sua madrinha, que lhe fitava orgulhosa.

O caminho era feito em uma marcha pesada e lenta. Todos calados, pois eram humanos e não poderia afugentar os deuses que se reuniam no 13º templo, perto de Athena: Hera, Afrodite, Hermes, Poseidon e o ser primordial Eros, para alguma ocasionalidade.

De todos os cavaleiros ali presentes, apenas a elite contemplaria o rosto dos seres divinos. Todos sabiam o que era para ser feito. Durante o percurso soldados iam ficando para trás onde realizariam jogos. Em seguida os de bronze e os de prata. Os dourados seguiriam o grande mestre pelo caminho das 12 Casas.

O sol já havia completado seu ciclo, e estava pronto para se pôr, quando a elite de Athena estava na metade do caminho. As servas carregavam os seus peplos(1)que deveriam ser entregues ao pé da grande Deusa da Sabedoria no 13º templo.

A única ali a espera era Athena na forma de Saori Kido que se encantara com a forma com seus cavaleiros eram acompanhados por lindas jovens de vestidos brancos e flores pequenas e amarelas e brancas nos cabelos.

Todos pararam na posição devida, conservando seus lugares. Reverenciaram a deusa, assim como as servas. Saori sorriu. Aquela era a festa, principalmente em homenagem a eles, que lutaram e sofreram por ela. Ali estavam eles. Fortes e imponentes…vivos e isso lhe alegrava tanto…lhe dava tanto orgulho que nem notara que as servas se levantaram e se aproximaram com os respectivos panos para lhe oferecer.

Aos seus pés foram colocados as ofertas, aos quais a deusa agradeceu cordialmente. Em seguida se retirou para os aposentos por de trás da enorme cortina pesada. Os dourados acompanharam a deusa, deixando as servas para trás.

Dora ficou sem saber o que fazer quando viu a ultima armadura dourada desaparecer por de trás do enorme pano vermelho.

Ster se aproximou:

- Se prepare que será agora – Disse muito seria enquanto via Talia se aproximar.

- Para que? – Dora indagou ainda fitando o pano. Naquele momento, de facto, não tinha ideia do que a outra estava falando.

- Não seja tola Dora – Talia iniciou baixo – Saga…

- Não quero saber – Disse ríspida quase que em um tom proibido – Eu não quero saber – Repetiu saindo, logo em seguida, correndo pela porta de saída.

Os olhos claros demoraram a se acostumar com a fraca luz do ambiente. As entidades celestes estavam disposta na frente da grande estátua de Athena e a deusa protectora daquele local estava ao lado de Julian Solum – Poseidon.

Uma mulher magra e alta se aproximou trazendo cálices que continham vinho, entregando aos Cavaleiros de Ouro.

Aquela seria a ultima das homenagens. Beberiam o vinho na companhia dos deuses para mostrar que não havia ressentimento. E entretanto os mortais esperavam que o Cavaleiro de Gémeos erguesse a taça e dissesse o nome daquela que seria a sua protegida. Todos os Cavaleiros Dourados estavam a espera disso…menos um que se encontrava sem armadura. Shion sentia o coração a mil. No íntimo tinha a esperança que Saga reconsiderasse a hipótese de dizer a verdade. Mesmo sem a presença de Kanon para lhe apoiar.

"Por favor Saga" – Shion implorou com o olhar, mas o outro desviou sua atenção para a bela mulher de vestido longo, branco. Aquela a que tanto esperava com medo. Depois fitou Athena, que se mostrou ansiosa.

Não havia como fugir. Se levantasse o cálice, não mais poderia retornar, assim como se derramasse o liquido de cor forte para o chão.

- Que a paz seja selada – A voz calma de Hera se fez presente.

Não havia mais tempo e, de um rompante ergueu o cálice fazendo com que um rumor iniciasse no recinto. Afrodite sentiu um nó no estômago, algo que lhe fez suspirar alto chamando atenção de Shura e Mascara da Morte. Shion baixou o olhar desolado.

- Saga… - Athena fez, enquanto via a Deusa do Amor sorrir.

Sorriso que se perdeu quando o mesmo cálice foi voltado para baixo, derramando o seu conteúdo no chão, deixando cair algumas gotas no pé da armadura do Cavaleiros.

Continua…


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Notas finais do capítulo

(1)Peplos: Coisa tecida; túnica de mulher ou homem peplo