POV Harry

A princípio, ninguém diria que esta manhã nevoenta era, de alguma forma, especial. Mas talvez fosse o fluxo incomum de pessoas que afluía pra estação King’s Cross todo fim de verão? Não, acho que ainda não é isso. Talvez fosse um dia especial para nossa família, por ser o dia que marcava a paz e a tranqüilidade na Nave Mãe, apelido da mansão Potter.

- Está animada pro seu primeiro ano? – Tentei puxar assunto com minha filha mais nova que mantivera-se calada desde o café da manhã e durante todo caminho até Londres. Aliás, percebi que não foi só ela que estava quieta. Cheguei ao ouvido da minha ruiva e perguntei, enquanto os meninos iam á frente.

- Aconteceu alguma coisa que eu deveria saber? – era palpável a curiosidade. – A Lilly, parece meio verde. Mellisa não disse uma única palavra. James, não fez uma piadinha, não mencionou Sonserina ainda e o único parece mais normal é o Albus. – terminou chocado ele arrancando risos da bela Ginny.

- Não meu anjo, acho que não está acontecendo nada demais. – disse ela naquele tom que somente as mães usam pra acalmar a todos. – A Lilly acordou realmente nervosa e você sabe que desde criança que ela fica quieta quando se sente desconfortável com algo. O James parece ainda encantado pela princesa do ano passado e ontem só sabia falar dela enquanto me ajudava no jardim, a Mellissa ainda tinha esperança que o seu primo aparecesse hoje e o Al, bem esse sempre foi o mais quieto dos três, o que me leva crer, pela cara de satisfação dele, está apreciando esse momento raro de paz. Como você também deveria fazer ao invés de ficar se preocupando demais né? – ela arrematou a explicação com um beijo sapeca, mas ela entendia toda angústia que eu tenho, já que nem sempre consigo acompanhar meus filhos, devido ao trabalho no quartel dos aurores.  Mesmo assim todos pensavam se veriam a tal princesa que tanto James falara no verão.

            Bem que James queria poder apresentar sua princesa elfica, por que era essa a fantasia que ela usava no baile de fim de ano. Mas a única coisa que ele vira antes de beijá-la fora seus grandes olhos verdes, tão estranhamente familiares e tão surreais. Após o beijo ela saíra correndo e deixara cair o intricado broche prata com pedrinhas em formato de folha que ele levava no bolso. Ele foi retirado de suas lembranças por um leve cutucão de sua mãe.

- Bom dia Tio Bill. Dominique vai estudar em Hogwarts esse ano? – perguntou de bate-pronto. Só depois que fez a pergunta que se deu conta que tocara num ponto delicado, já que sua prima não queria ser transferida.

- Quem é você e o que fez com o meu primo? - respondeu a própria Dominique pra quebrar o clima – Fui eu mesma que contei pra você da minha transferência. Esse é o problema das paixões por criaturas míticas. – Ginny e eu tentávamos segurar o riso enquanto Lilly e Mell riam abertamente com a prima.

- Pode ficar tranqüilo Tio Bill. Eu vou cuidar pessoalmente para que a prima se sinta em casa na Escola. – disse ele olhando nos grandes olhos cinzentos de Dominique. Ela era uma das primas mais bonitas, o que já é esperado da filha de Fleur. Dom, como prefere ser chamada, rivaliza com sua irmã na beleza com seus cabelos loiros que destacam seus olhos muito claros

            Ficou um silencio estranho enquanto aquelas palavras ecoavam entre eles. Bill fazia uma cara como se ponderasse se era aquela a melhor escolha ou orientá-la para que se afastasse da turma de James que já tinham uma fama de encrenqueiros. Até que a chegada de mais uma Weasley quebrou o silêncio.

- Bom dia Tio Bill! Tia Ginny! Tio Harry! – Molly Weasley II chegou cumprimentando cada um dos adultos muito educadamente – Oi James. Dom. – eles ainda se encaravam estranhamente.

- Oi Mammy. – Respondeu James meio que se enchendo da brincadeira. Molly era uma de suas primas preferidas e ele se orgulhava de ter contribuído pro fato da “Mammy” estar um pouco mais soltinha. Dessa vez pelo menos ela tava vestindo roupas condizentes com a sua idade. Ela é uma jovem um pouco baixa pra sua idade, com cabelos ruivos na altura do ombro e olhos castanhos penetrantes. Era notório o fato que Molly não ligava para a moda, mas parecia que isso também estava plena mudança.

- Molly, você e Dominique nunca foram muito amigas, eu sei. Mas você se importaria de ajudar sua prima na adaptação? – Molly sabia que não podia negar o pedido do tio, mesmo sabendo que de nada adiantaria oferecer qualquer ajuda a, toda auto-suficiente, Dominique – E Você Mocinha, fique longe de problemas. – ele disse pra sua filha, observando o quanto em comum ela tinha com James.

POV James

Ao entrar no trem, tomaram direções diferentes. Indo as meninas procurar uma cabine tranqüila e James atrás do resto da tríade. Assim como seu avô tinha os marotos, amigos inseparáveis e companheiros de confusões e detenções. Nem precisei andar muito.

Logo na entrada do próximo vagão, encontrei um dos meus companheiros muito bem acompanhado, diga-se de passagem. Edward Huth destaca-se por parecer tão grande e tão forte quanto qualquer formando mesmo estando no quarto ano. O Ed, além de muito forte, possui olhos azul-cobalto e cabelos muito pretos que mantêm sempre raspados muito rentes à cabeça.  

- Que isso Ed, ta se mudando de vez pra Hogwarts? – começou James já que o amigo vinha carregando dois malões nas mãos, uma bolsa de viagem no ombro e a vassoura como um pão debaixo do braço. Parecia ainda maior que no ano passado – bem, pior pros outros times que vão ter que fugir dos balaços – Pensei, já que o menino, se pode chamar alguém de 1,85m e quase 90kg de músculo de menino, era batedor do time.

- Pô, nem estou mudando – respondeu o amigo na sua fala lenta – as malas são da Kath. A gente meio que se encontrou na estação. – Katherine Creevey é loira, de um tom bem clarinho, com olhos de um azul indefinível, mas apesar de sua beleza discreta, o que mais a destaca é o seu pequeno problema de concentração. Ela é capaz de se distrair com qualquer coisa que cruze seu caminho e por isso acabou seguindo uma família que não era a sua.

- Obrigado Ed. Sabe-se Merlin onde eu teria ido se não tivesse encontrado com você! – A menina deu um beijo no rosto de seu nada pequeno herói e já ia andando quando os meninos resolveram acompanhá-la até a cabine. De lá poderiam ir atrás do que fazer.

            No último vagão, eles entraram na cabine onde estavam Dominique e Molly. Com as duas, também estavam: Marianne Stronghold - uma menina bonita, inteligente e extremamente popular. Seus cabelos longos e negros combinados com aqueles olhos de jade realmente a deixavam linda. Ela é completamente apaixonada por James e todos acham que não há ninguém melhor pra conquistar o coração dele. Talvez o que mais atrapalhe seja seu gênio difícil; 

            Ed já havia ajeitado as malas e todos sentiam falta de Sanosuke Ogura, chamado de Sano pelos amigos, é o cérebro da tríade. Há quatro anos ele é eleito como melhor aluno do nosso ano, apesar disso poder mexer com o ego de qualquer pessoa, ele permanece ser imune a isso. Sempre com uma expressão fria no rosto, Sano parece estar um passo a frente de todos. Por isso é sempre ele que planeja e que normalmente tira a todos das maiores encrencas.

- Boa tarde Mary – disse James com um beijo na face da morena beirando seus lábios enquanto segurava seu quadril firmemente e perguntava com voz profunda em seus ouvidos – Você sonhou comigo durante as férias?

            Adoro deixar a Mary assim fora de órbita. É quase maldade já que ela nunca consegue me dizer nada de útil, mas eu sei que ela gosta de mim e reconheço que quando eu quiser me prender a alguém ela estará no topo da minha lista. Até por isso que eu sempre brinco com ela, mas nunca fui mais longe. A Mammy diz que é porque eu tenho medo de me apaixonar e de certa forma, talvez, pelo menos um pouquinho...ela têm razão. Ver ela desfilando nos corredores e toda a firmeza e decisão que ela têm respondendo os professores e colegas. Tenho a impressão que ela me lembra alguém...não sei se são os olhos verdes, ou o jeito que ela grita comigo.

- TIRA A MÃO DE MIM, POTTER! – tava demorando – ACHA QUE EU SOU ESSAS VAGABUNDAS DA CORVINAL QUE VOCÊ PEGA QUANDO QUER? - Para o bem dos meus ouvidos resolvi soltar ela e ir atrás do nosso gênio que provavelmente deve estar aprontando alguma.

            Nem precisei andar muito. Três rapazes pouco inteligentes cercavam um grupo de primeiranistas onde incluía minhas irmãs Lily e Mell, meus primos Hugo, Fred e Lucy, O filho do Diretor e uma loirinha desconhecida. Estavam todos numa mesma cabine enquanto os meninos ficavam na porta lançando feitiços NA MINHA FAMILIA!!! A única coisa que impedia que eles acertassem era o Sano que ficava na porta rebatendo os feitiços, pelo menos os que davam.

- Esse jogo dá pra dois! – disse sacando minha varinha do bolso e atacando com o primeiro feitiço que veio a cabeça.

- Vamos vazar turma!!! – os meninos começaram a correr e o Ed já estava a ponto de ir atrás deles, mas eu o impedi.

- Galinha de casa não se corre atrás! Eu vou achar vocês no castelo!!! – falei enquanto tentava entrar na cabine para ver se estava tudo bem. – os pirralhos tão bem? Lily, Mell?

- Estão todos bem. Eu cheguei na hora que esses muleques queriam tirar os menores da cabine. – Sano me tranqüilizou. Ele é filho de um grande auror, o Sr. Ogura. Ele e meu pai são velhos conhecidos e desde que viemos pra Hogwarts nós formamos a Tríade juntamente com o Ed. O forte, o esperto e o lindo.

- Sua irmã Sano? – perguntou o Ed apontando pra uma amostra grátis de bruxinha com olhinhos puxados. Quando ela virou pra nós, fiquei bobo com seus enormes olhos verde e obviamente já senti pena do futuro namorado dela. Era capaz do Sano ir pra Azkaban se o futuro defunto não andasse certinho na linha. Sabe aquele lance que seu pai sempre fala sobre proteger seus irmãos menores? Pois é! Na família Ogura isso era seríssimo e o Sano sempre disse tinha medo de quando a irmã viesse pra Hogwarts. Por que seu pai disse que qualquer coisa de ruim que acontecer com a menina seria considerado culpa dele. Sinistro isso.

- Ogura Sayuri, muito prazer senhores. – ela fez um pequena reverencia para nós tal qual o Sano fazia quando nos conhecemos. – Ele resmungou alguma coisa pra ela em japonês e ela abaixou a cabeça e respondeu com uma voz quase imperceptível. Depois disso ele voltou a nós dois.

- Estes são meus melhores amigos e o que você precisar, se eu não estiver disponível, eles lhe ajudarão. James Potter e Edward Huth. – ele disse à menina que nos deu um belo sorriso.

- Bom, apresentarei algumas pessoas que provavelmente serão seus colegas: essas duas aqui são as minhas irmãs, Lillian Potter e Mellisa Dursley...

- ...sua irmã é de nome diferente? – quase não entendi a pergunta sussurrada pela pequena Sayuri.

- Longa estória menina... – eu vi o olhar semi assassino que o Sano mandou pra irmã – Não é nada demais. As meninas podem te contar mais tarde. – tentei suavizar as coisas e continuei com as apresentações. Apontei para um pequeno ruivo sardento apresentando-lhe como Hugo Weasley.

- O outro ruivo é o Fred, também meu primo e a sua Irmã Roxanne ... - e uma garota saiu de trás da porta sorrindo pra mim. – Este moreno no fundo é o filho do diretor Longbotton, Erick e você... – falei apontando para pequena loira a qual não me era estranha, porém não me lembrava de onde a conhecia.

- Agatha Creevey! – sorri com o óbvio que escrevia em minha frente. Ela era irmã da nossa dispersa Kath.

– Bom, após tudo isso eu espero realmente ver todos vocês na nossa mesa e fiquem tranqüilos o primeiro ano é osso mas ele acaba!!! – usei meu melhor sorriso “eu tenho 32 dentes” e rezei pra Merlin que esses muleques se dessem bem na escola... não dava pra ficar salvando o dia sempre né?

- Deixe ela ai, Sano. Não vai acontecer nada e nós estamos aqui na cabine ao lado. – Ele meio que deu um sorriso torto, rolou os olhos e veio atrás de mim. – tá tudo certo pra nossa entrada triunfal em Hogwarts? – todo ano, no primeiro dia de aulas, nós aprontávamos alguma. Lógico que no primeiro ano nós não planejamos fazer o frango da mesa de Grifinória explodir, mas foi um sucesso da mesma forma. Mas esse ano nós planejamos uma entrada em grande estilo.

- Está tudo aqui. – disse Sano mexendo na pequena bolsa de contas que eu surrupiei da tia Mione no último almoço de família.