No dia seguinte acordei com um aperto grande no peito. Nós acabamos de virar uma família e já teríamos que nos separar. Jeremy ainda dormia no berço improvisado, que Esme comprou às pressas no dia anterior, enquanto eu caminhava de um lado para o outro no quarto. Jacob saiu do banheiro. Uma toalha amarrada em sua cintura e secando o cabelo com outra. Parei um segundo para apreciar a visão, mas ainda assim as preocupações não desapareceram.

Caminhei até ele e o abracei forte. Jacob envolveu minha cintura com seus braços e apertou nossos corpos juntos. Ficamos alguns minutos assim, apenas sentindo a freqüência cardíaca um do outro, nossos cheiros, nossa respiração.

“Eu já te disse Nessie, que volto antes mesmo de você sentir minha falta” Senti seus músculos faciais moverem-se num sorriso contra meus cabelos, mas ainda assim o aperto em meu peito não cessava.

“Eu odeio isso. Eu odeio que os Volturi existam e que eles sempre tentam destruir tudo o que eu amo”

“Eles não vão conseguir, Nessie. Nunca. Eu não vou deixar”

“Se eles descobrirem que Jeremy já nasceu...” Lágrimas já brotavam de meus olhos quando Jacob segurou meu rosto com suas mãos.

“Eu não vou deixar eles ferirem nosso filho, Renesmee. Eu te prometo que farei de tudo pra que isso não aconteça. Eu dou minha vida por isso”

“Jake...”

“Mas vai dar tudo certo, Ness. Fique calma” Ele me abraçou novamente, apertado, tentando me passar uma segurança que ele mesmo não tinha. Jacob nos afastou após alguns minutos, andando até suas malas e vestindo jeans e uma camiseta.

Observei sua aproximação ao berço de Jeremy, que suspirava pesadamente, sua expressão inocente absorta em um sono pesado. Ele sorriu, seus olhos admirando o pequeno filho, seu coração acelerando-se com a dor em deixá-lo tão cedo. Ele então pendurou no berço dele, junto aos ursinhos que giravam acima de sua cabeça, um terceiro exemplar do lobinho talhado em madeira. Um exemplar esmagadoramente maior do que o meu ou de minha mãe. Jacob sorriu, beijando a testa de Jeremy e afastou-se relutante, andando até mim.

“Cuide bem dele, Nessie” Seus lábios encontraram os meus, envolvendo-nos num beijo intensamente agonizante. Era como uma despedida, eu não gostava daquilo. Eu o abracei forte mais uma vez, e antes que ele desistisse de tudo e ficasse, Jacob me afastou, incapaz de olhar pra mim, virando-se de costas e alcançando sua mala. Ele fechou a porta do quarto, ainda sem olhar pra trás, partindo para longe. No carro já esperavam Billy, Rachel e Sue. Charlie ficaria por mais alguns dias e junto deles partiam também Nate e meu pai.

Ouvi o carro acelerar para longe e meu peito ardia em dor. Eu tinha um pressentimento horrível, de que nunca mais veria Jacob, e aquilo me consumia. Jasper entrou em meu quarto, abraçando-me forte contra si e me mandando ondas de serenidade. Escondi meu rosto em seu peito, chorando baixinho até que ele me acalmasse por completo. Pedi, colocando as palavras em sua mente, que ele não me fizesse dormir, mas que me acalmasse para que eu pudesse cuidar bem de meu bebe. Jasper assentiu e assim o fez. A chama em meu peito agora era quase extinta, mas as preocupações em minha mente eram impossíveis de desaparecer.

Jeremy acordou, chorando, reclamando por comida. Alcancei meu pequeno no berço e desci junto com Jasper em direção à cozinha.