What do You Want From Me? escrita por v_wendy, TheMoonWriter


Capítulo 6
Capítulo 5 - Problemas


Notas iniciais do capítulo

Oii, geente *--*
Eu demorei um pouquinho para postar, eu sei. Esse capítulo é importante e vocês vão ver porque.
Vejo vocês lá em baixo.
:*



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Capítulo 5 – Problemas



Hermione ainda bebericava seu suco de abóbora, seus pensamentos estavam longe. Ela forçava sua memória para saber onde poderia estar sua varinha, mas não se lembrava e sabia que não se lembraria.

Completamente frustrada ela recolocou o copo na mesa, ainda com uma sensação de culpa crescente que ela procurava reprimir.

Você não sabia que ele era Voldemort. Disse uma vozinha em sua cabeça, tentando amenizar sua culpa. Mas se amo Ron por que beijei outro? Ela retorquiu, não conseguia livrar da sensação de culpa. Talvez você o ame menos do que pense. A voz respondeu deixando a castanha confusa. Isso não é verdade.

Ela olhou para Ron, que conversava com Harry e Harfang sobre quadribol entusiasticamente. Ela o amava, amava exatamente tudo nele... Seu sorriso, suas piadas sem graça, seu humor, o jeito que ele falava e olhava para ela. É claro que ela o amava! Ela agira impulsivamente e isso não fora bom.

Eu nunca fiz nada certo enquanto agia por impulso, por isso sou tão racional. Não posso ser impulsiva, essa não sou eu. Ela olhou para Gina, a pessoa mais impulsiva que conhecia e se perguntou por que a ruiva não tinha problemas para lidar com isso como ela, então ela percebeu que Gina tinha nascido para ser impulsiva. Aquele era seu dom natural.

O olhar da ruiva encontrou o da castanha e ela sorriu.

– O que foi, Gin? – perguntou.

– É bom ter você de volta, era estranho te ver naquela enfermaria... – a ruiva fez uma careta – Você já sabe o que vai fazer com relação a sua varinha?

Hermione suspirou.

– Não, mas ela tem que estar em algum lugar, não acha?

– Você acha que Riddle pode estar com ela?

– Não, ele não estava mentindo. Não tem motivos para roubar a varinha de uma completa desconhecida, tem? – ela disse sentindo o seu estômago revirar.

– Não. Acho que... poderíamos falar com Dumbledore. Perguntar a ele se não há um jeito de recuperarmos sua varinha o mais rápido possível.

– Acho que poderíamos. – respondeu Hermione vagamente. Na verdade, ela não tinha ideia do que fazer e não queria levar o caso a Dumbledore. Nas poucas vezes que conversara com o futuro diretor sentia com se ele pudesse enxergar sua alma assim como via as pontas dos cachos castanhos.

Ela pegou uma torrada e tentou tirar as preocupações da cabeça enquanto comia, mas tudo o que conseguiu foram mais preocupações. Sentia-se uma espécie de ‘Judas’, como diria sua avó, Remy Waclaw Granger, ela era uma traidora e ela se arrependia amargamente disso. Mas, não era só isso, ela se sentia como se estivesse em uma completa depressão. Não podia escrever para sua mãe para pedir conselhos, já que a mulher nem deveria ter nascido e não podia contar à Gina, não saberia como a amiga reagiria, mas conhecendo Gina como conhecia sabia que seria como ativar uma dinamite.

A castanha terminou de comer a torrada, olhou para a ruiva que agora parecia entretida em um conversa com McGonagall.

– Hum – ela pigarreou baixinho, mas ainda sim chamou a atenção dos cinco – eu... acho que vou à biblioteca.

– Ótimo, Hermione – disse Minerva animada – acho que vou com você, se não se importar. Tem um livro sobre Transfiguração em que estou realmente interessada. – ela se levantou, e se postou ao lado da castanha, Gina imitou o gesto da outra e sorriu.

– Eu não gosto muito de ir à biblioteca, mas eu achei um livro, ‘Não é apenas Quadribol!’, e eu o achei ótimo, tem várias jogadas que eu não conhecia... Vocês vêm? – ela perguntou se virando para os meninos.

– Não – eles responderam em um uníssono tão perfeito que parecia até ensaiado. Harfang virou-se para Minerva.

– Mas, Minnie, não se esqueça que temos um treino hoje, às duas horas, Charlus e Septimus pediram para que treinemos sem eles.

A agora assentiu e as três se direcionaram para a biblioteca. Depois de um tempo andando, Gina se virou para Minerva com um sorriso maroto no rosto.

– Você joga quadribol?

– Não – respondeu prontamente –, mas dou o maior apoio. Na verdade, eu só vou aos treinos por causa de meu irmão mais novo, Robert, e por Septimus, Charlus e Harfang, obviamente.

– Ele não se sobrecarrega sendo um monitor chefe e jogando quadribol? – perguntou Hermione, curiosa.

– Um pouco, mas ele dá conta. É claro que ultimamente as tarefas de monitor tem se sobreposto ao quadribol.

Ao chegarem à biblioteca elas seguiram em diferentes direções, Gina apanhou seu livro sobre quadribol e Minerva o de transfiguração, mas Hermione não tinha certeza de que livro queria. Foi até a seção que falava sobre Runas Antigas esperando encontrar algum título que a agradasse.

Entre duas prateleiras meio empoeiradas ela encontrou o que procurava. Era um livro grosso e parecia que não era aberto há muito tempo, o título estava um pouco desbotado, mas ainda era possível ler. Hermione ficou na ponta dos pés para ver se conseguia pegá-lo, mas ele estava muito no alto e a castanha falhou.

Se tivesse com minha varinha poderia tê-lo pego sem dificuldade.

Completamente infeliz, ela tentou pegá-lo de novo, mas dessa vez conseguiu cair no chão com uma pancada bruta. Ela bufou e ouviu um curto, abafado e sonoro riso vindo de uma das prateleiras a suas costas.

Accio ‘Uma viagem pela linguagem egípcia’ – disse uma voz masculina e o livro saiu voando em sua direção, logo, apareceu o dono da voz com o livro na mão.

Tom Riddle olhou para a castanha, ainda caída no chão e um zombeteiro sorriso formou-se em seu rosto.

– Quer ajuda, Srta. Granger? – Hermione despertou de seu transe e levantou-se.

– Não, obrigada, Sr. Riddle – respondeu cordialmente, cordialmente demais, até para Hermione.

Uma ruga se formou entre as sombrancelhas do garoto, ele sacudiu a cabeça como se negasse uma pergunta impertinente.

– Tive a impressão de que a Srta. estava interessada nesse livro, mas não estava obtendo muito sucesso em pegá-lo – Riddle estendeu o livro para Hermione.

– Muito obrigada – respondeu entre a desconfiança e o constrangimento, apanhando o livro das mãos do rapaz. Um centímetro de poeira cobria o coitado e a castanha procurou batê-lo nas mãos, espalhando pó por todo o lado.

Ela folheou o livro tentando, inutilmente, fingir que não havia ninguém ao seu lado. A castanha achou um capítulo interessante e apressou-se para abrir nele, não direcionando sequer uma vez o olhar para o garoto ao seu lado.

– Srta. Granger – disse ele depois de alguns minutos –, eu gostaria de lhe falar sobre sua varinha.

Imediatamente a garota ergueu os olhos do livro e fitou Riddle.

– Como?

#*#*#

Gina estava lendo o primeiro capítulo de ‘Não é apenas Quadribol!’, sentada numa das mesas da ensolarada biblioteca, Minerva ao seu lado. Ela colocou o cabelo ruivo para trás, tirando-o da frente do livro.

Por mais que ela tentasse se concentrar no que o livro dizia, ela nada conseguia absorver. Apenas ficou fitando a página cheia de letrinhas sem nem se dar o trabalho de prestar atenção... sua cabeça vagava de Harry para Dino, de Dino para Harry...

Eu amo Harry, eu sei que eu amo, mas Dino... ah, Merlin, ele me ajudou quando eu me sentia destruída por dentro. Ele me ajudou a ver que eu estava perdendo minha verdadeira essência, tentando não mostrar meus sentimentos por Harry, mas eu não posso continuar com alguém que eu não amo.

Ela suspirou e fitou a janela a sua frente. Mione provavelmente diria que eu estou recusando meu próprio conselho – e isso não sensato – mas a sensatez me abandonou no minuto em que percebi a influência que aquelas esmeraldas tinham sobre mim. Eu espero que ainda possa preservar a amizade de Dino, assim como foi com Krum e Mione...

Ela percorreu os olhos pela sala, intrigada.

Aliás, falando na Mione, onde ela está? Não a vejo desde que entramos na biblioteca.

Gina passou seu olhar mais uma vez pela biblioteca e virou para a garota de cabelos castanhos. Minerva estava, ao contrário de Gina, totalmente entretida em sua leitura.

– Minerva? – chamou, fazendo a garota erguer os olhos verdes em sua direção – Você viu a Hermione?

– Na verdade, não me lembro de tê-la visto desde que entramos aqui...

Gina assentiu e levantou-se de um salto, correndo na direção em que vira a amiga desaparecer minutos antes.

#*#*#

(link da música: http://letras.terra.com.br/ana-carolina/1960490/)

Qualquer distância entre nós

Virou um abismo sem fim

Quando estranhei sua voz

Eu te procurei em mim

Ninguém vai resolver

Problemas de nós dois.

– A Srta. me procurou para me perguntar se eu poderia ter alguma ideia de onde ela estava e...

– Me disse que não – ela respondeu irritada –, não foi?

– Sim, eu lhe disse que não, mas... A Srta. realmente não se lembra do que ocorreu naquela noite?

Se tá tão difícil agora

Se um minuto á mais demora

Nem olhando assim mais perto

Consigo ver porque tá tudo tão incerto

Será que foi alguma coisa que eu falei?

Ou algo que fiz que te roubou de mim?

Sempre que eu encontro uma saída.

Você muda de sonho e mexe na minha vida

Os olhos de Riddle encontraram os de Hermione, ela não conseguia desviar o olhar. Pela primeira vez, ela achou que poderia ler algo naquele mar verde-castanho, aqueles olhos... tão belos, tão intensos estavam divididos... magoados e irritados. Ela sabia que, diante de quem estava, deveria mentir, mas presa por aqueles olhos, não conseguiu.

O meu amor conhece cada gesto seu

Palavras que o seu olhar só diz pro meu

Se pra você a guerra está perdida

Olha que eu mudo os meus sonhos,

Pra ficar na sua vida!

– Não – ela disse e ele fechou os olhos com um sorriso cálido –, eu me lembro.

Riddle piscou três vezes, como se isso o ajudasse a compreender as palavras da garota a sua frente.

– Lembra?

– Bem – ela começou, insegura –, sim, eu me lembro de tudo.

A expressão de Riddle mudou imediatamente, ela se tornou severa e austera. Hermione achou que tinha colocado seus pés pelas mãos, mas algo passou pro sua cabeça, uma ideia tão absurda que não tinha certeza que poderia colocá-la em prática.

Se tá tão difícil agora

Se um minuto á mais demora

Nem olhando assim mais perto

Consigo ver porque tá tudo tão incerto

Será que foi alguma coisa que eu falei?

Ou algo que fiz que te roubou de mim?

Sempre que eu encontro uma saída

Você muda de sonho e mexe na minha vida

Dumbledore acha que Harry precisa saber mais sobre o passado de Voldemort, deve haver algo de importante nesse passado. Eu poderia descobrir os planos de Riddle se... eu me tornasse uma Comensal da Morte. Esse pensamento a envolveu de certa repulsa. Eu sei que é terrível, mas é um mal necessário. Ele não sabe a real natureza de meu sangue, eu poderia usar isso para entrar nesse... círculo sádico.

A Srta. se lembra? Lembra-se de que eu a beijei? De ter saído correndo? De ter me espionado e a meus... amigos?

O meu amor conhece cada gesto seu

Palavras que o seu olhar só diz pro meu

Se pra você a guerra está perdida

Olha que eu mudo os meus sonhos,

Pra ficar na sua vida!

Hermione abriu e fechou a boca algumas vezes tentava articular as palavras da maneira mais correta e convincente possível.

– Acho que já lhe disse para me chamar de Hermione. Sim, eu me lembro de tudo e peço desculpas por ter corrido daquele modo, me sinto confusa em relação a certas coisas e...

O meu amor conhece cada gesto seu

Palavras que o seu olhar só diz pro meu

Se pra você a guerra está perdida

Olha que eu mudo os meus sonhos,

Pra ficar na sua vida!

– Isso tem haver com seu amigo ‘Rony’? – ele perguntou pronunciando o nome com desprezo.

– C-como foi que disse?

– Ouvi sussurrando o nome dele na enfermaria, enquanto estava desacordada.

– Bem, talvez tenha – ela disse, tentando levar o assunto para outro caminho -, mas, como eu estava lhe dizendo, não foi uma atitude decente. Eu entrei na floresta e me perdi, acabei ouvindo vozes e as segui; se houvesse alguém ali queria perguntar se sabia como voltar. Fiquei muito interessada no que disse e estava prestes a entrar na clareira quando... caí, eu acho.

Riddle a fitou por vários minutos, os olhos e o rosto numa máscara fria.

– Se mentiu uma vez por que não estará mentindo novamente?

A garota suspirou, Riddle não era fácil de enganar. Hermione forçou-se a lembrar do que Harry dissera sobre as aulas que tivera com Snape sobre Oclumência. Tenho que esvaziar minha mente, isso.

– Menti porque estava do lado de sua namorada e eu não gostaria de comentar sobre o... beijo na frente dela.

Riddle olhou Hermione como se avaliasse o que ela acabara de falar, procurando vestígios de mentira na fala da garota. Ela mantinha sua mente fechada e procurava não desviar os olhos daquelas belas feições.

– Está bem – ele anunciou, por fim –, podemos conversar sobre isso mais tarde, na hora do treino da Grifinória. É importante que vá sozinha.

– Claro, mas...

– Sua amiga está vindo. Duas e meia, atrás das estufas.

Riddle sumiu pelo mesmo lugar de onde viera, logo, Gina apareceu pelo canto oposto. Hermione procurou disfarçar que estivera conversando com alguém.

– Ei, Gin.

– Ei, Mione. Tudo bem?

– Tudo, por quê?

– Ah, você desapareceu e... eu fiquei preocupada. Da última vez que isso aconteceu só te achamos três horas depois e na enfermaria.

A castanha não sabia o que dizer, o tom de voz de Gina não escondia que ela desconfiava de alguma coisa. E não era uma boa hora para ela começar a bancar a detetive, Hermione deu um sorriso tímido.

– Não estava conseguindo pegar esse livro – ela apontou para ele – sem a minha varinha, foi um sufoco, Gin. Vamos?

– Claro.

Elas seguiram silenciosamente até a mesa onde McGonagall lia seu livro, Gina se sentou e Hermione fez o mesmo, sentando entre as duas. Ela pegou o livro e abriu na sua frente, mergulhando na história da linguagem egípcia.

#*#*#

Gina olhava para Hermione de esgueira enquanto as três garotas liam seus livros. A ruiva não conseguia se livrar da ideia se que a amiga lhe escondia algo.

Ela balançou a cabeça e abriu o livro na página que tinha parado e tentou se concentrar nele, mas novamente falhou. Ela não estava em um bom momento para se concentrar na leitura do que quer que fosse. Seus pensamentos vagaram diretamente para todo esse comportamento estranho da amiga.

Não é normal nela, pensou, e desde que acordou está diferente.

Uma vozinha na cabeça da ruiva perguntou se não seria porque eles tinham voltado no tempo, já que Hermione se culpava mais que a todos por isso. Gina balançou a cabeça uma segunda vez e procurou se concentrar no livro.

Dessa vez – a terceira – ela obteve algum sucesso e mergulhou no delicioso mundo do quadribol, onde era livre e não tinha preocupações diversas além de marcar gols.

– Pelas barbas de Merlin! – exclamou Minerva depois de algum tempo – São 13h15min, temos menos de uma hora para comermos.

Elas recolocaram os livros nos devidos lugares e voltaram para o Salão Principal. Harfang, Harry e Rony comiam silenciosamente, Gina não pôde refrear seu coração se acelerar várias batidas ao ver Harry, mas se controlou. Ela era apenas a irmã do melhor amigo dele.

– Ei – disse Rony olhando para as três.

– O treino começa em 45 minutos. – disse Harfang – Vamos jogar contra a Sonserina no próximo jogo, ganhamos da Lufa-Lufa no último e se ganharmos agora mantemos o primeiro lugar.

– Harf, qual é o cabimento de um treino sem o capitão? Septimus deveria estar aqui.

– Minnie, Sep e Chas estão em forma – respondeu o garoto – e ter treinos com esses ataques se tornou uma coisa extremamente rara, precisamos treinar e – ele se virou para Harry e Rony – será poderiam cobrir o lugar dos dois durante esse treino? Não precisam ser ótimos batedores – ele acrescentou ao ver a expressão dos dois – só devem tentar mandar os balaços que vou enfeitiçar o mais longe possível.

Os dois assentiram e Gina se permitiu sorrir abertamente para Harry, mas voltou a comer sua comida quando Hermione lhe deu um meio sorriso cheio de entendimento.

– Mas... por que isso é necessário? – perguntou Minerva.

– Septimus me enviou uma coruja pedindo, ele acha importante que tenhamos reservas.

– Somos reservas do time? – perguntou Ron, estupefato.

– Sim, sabe, Septimus acredita que seja de praxe.

Eles terminaram de comer e seguiram para o campo. Uma grande movimentação de pessoas das quatro casas seguia para lá, e isso confundiu Gina.

– Pessoas de outras casas podem ir aos treinos?

– Na verdade, não podem, mas as coisas estão bastante tensas e isso ajuda a descontrair o pessoal. – respondeu Harfang – Bem, nós vamos para os vestiários.

Ele, Harry e Rony entraram por uma pequena porta de madeira, enquanto as meninas seguiram para a arquibancada. Não havia três lugares juntos, só um em um lugar afastado do outro.

– Gina, sente-se ao lado daquele garoto loiro; Hermione, perto daquela garota de rabo de cavalo, eu vou me sentar naquela última fileira, qualquer coisa me chamem.

Cada uma seguiu para seu lugar e se sentaram. A ruiva estava tão absorta no quadribol que esqueceu completamente do comportamento estranho da amiga.

#*#*#

Hermione percebeu que não tinha ninguém a observando. Ela desviou da garota de rabo de cavalo no último instante e foi em direção a saída, quando viu que estava fora do campo ela começou a correr para as estufas. Quando lá chegou, encontrou Riddle com uma expressão impaciente.

– Está atrasada. – ele comentou sem olhá-la.

– Sei que estou, mas não queria que ninguém me seguisse. – ela retrucou.

– Bom, não é aqui que quero conversar. – ele disse, dando as costas para ela e indo em direção a floresta. Hermione o seguiu de perto e silenciosamente, quando chegaram à floresta ela se tornou apreensiva e atenta, não queria se perder de novo.

Ela começou a discutir consigo mesma enquanto caminhava, pensou no quanto estava agindo com imprudência e que seria morta se fosse pega. O que lhe reconfortava era o fato de que se tivesse êxito poderia evitar todas aquelas mortes, exceto por uma – a de Voldemort.

Riddle parou quando chegaram a mesma clareira da outra noite. Ele ficou parado, em pé e de costas para a castanha. Quando falou sua voz era fria e cortante, como uma adaga de gelo.

– Não sei o quanto ouviu naquela noite, mas eu não costumo ser tão... benevolente como quem me espiona. Mas a Srta... você – ele corrigiu – me parece ser uma bruxa inteligente e tem um sangue nobre. – ele pausou e se virou para ela – O quanto odeia sangues ruins?

Era uma pergunta clara, sem rodeios e Hermione poderia dizer muitas coisas, inventar, em sua maioria, coisas horríveis, mas teve uma ideia melhor. Seu estômago revirava só de pensar em repetir aquelas palavras, ia, afinal de contas, contra o que ela acreditava, contra o que ela era.

– Não os odeio, não acho que uma ralé como essa mereça qualquer tipo de sentimento, mesmo que seja apenas ódio. – ela se concentrou em manter seu tom de voz frio e a mente fechada, mas as palmas de suas mãos estavam úmidas – Eles são impuros, são ineptos para portarem uma varinha, conhecerem os segredos dessa arte tão promissora que é a nossa magia. Sangues ruins – ela forçou a palavra a sair de sua boca e tentou não fazer uma careta, mas era difícil, parecia que ela estava engolindo um ácido e não podia gritar – são uma verdadeira violação das regras bruxas.

O discurso acalorado era de Régulo Black, irmão de Sirius. Régulo era um Comensal, antes de desistir de ser um seguidor de Voldemort, ele escrevia coisas como essas em diários e mandava para a prima Bellatrix, na esperança que ela o ajudasse se tornar um deles. Hermione encontrava o discurso durante a faxina no Quartel General no ano anterior e ela sentiu uma enorme repulsa pelo que estava escrito naquele papel, mas nunca conseguiu se livrar daquelas palavras.

Bem, até que hoje elas serviram para alguma coisa. Ela pensou, sarcasticamente. Tenho que representar bem o meu papel se quero que isso dê certo.

– É uma ótima perspectiva. – disse Tom – Mas achar que eles são uma ralé será suficiente para matá-los, se preciso for?

Hermione hesitou. Ele é sempre tão direto e mau? Ah claro, eu me esqueci. Ele é Voldemort.

– Nunca matei ninguém – ela respondeu com sinceridade –, nem torturei. Mas esse é o preço que se paga por algo que está acima do meu bem pessoal. – mais uma vez ela pegou uma frase pronta do diário de Régulo Black e sentiu como se seu estômago despencasse da Torre de Astronomia. Essas palavras, por mais que não fossem verdadeiras, a machucavam; ela não queria pronunciar algo como aquilo, era cruel, era terrível, asqueroso e nojento.

Riddle a olhou por vários segundos, depois sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos.

– Se estiver mesmo interessada em fazer parte da minha ‘nobre causa’ terá de jurar colocar sua fé em mim e em mim, somente. – Hermione murmurou um ‘Juro’ e ele prosseguiu – Vai precisar de uma varinha.

Ela o encarou, o olhar da castanha era meio irônico. Não me diga!

– Fui sincero quando lhe disse que não sabia de sua varinha. Mas acho que seria inteligente se déssemos uma olhada perto de onde você caiu.

Ela nada disse, mas seguiu Riddle. Sua mente trabalhava numa velocidade desconhecida, estou me metendo em um ninho de cobras, literalmente e com plena consciência disso, mas aquele vira-tempo nos deu a chance de fazer algo para impedir que nosso mundo se tornasse tão caótico e não posso desperdiçar essa chance.

O garoto parou e tirou a própria varinha do bolso, murmurava encantamentos desconhecidos, magia antiga, constatou Hermione depois de alguns segundos. Ele andava furtivamente, parando perto de um tronco grosso e se abaixou, fitando a terra.

– Que está fazendo? – perguntou Hermione, tinha uma leve suspeita, mas era do futuro Lorde das Trevas que estavam falando.

– Procurando vestígios de magia, não sei se sabe, mas...

– Varinhas deixam rastros, sim, eu sei. Encontrou algo?

Ele deu um sorriso amarelo.

– Sim, sua varinha esteve aqui, mas alguém a tirou. Em outras palavras: ela foi roubada.

O choque preencheu a garota. Ela sabia que não tinha a varinha em mãos, mas tinha esperanças de que ela estivesse em algum lugar seguro e não que tivesse sido roubada, que alguém tivesse a encontrado e estivesse esperando para devolver, mas roubada? Talvez se ela mesma fizesse uma busca mais meticulosa... a garota agachou ao lado de Tom e começou a passar a mão pela terra, o coração aos saltos.

Era normal que se sentisse tão... crua sem a varinha? Ela sempre foi seu elo com o mundo que pertencia, quando tinha a varinha em seu poder sabia que poderia fazer a diferença, sabia que estaria preparada para lutar por um mundo melhor. Com um vazio enorme ela se virou para Riddle.

– Não há como saber quem ou quando...? – ela deixou a frase inacabada, como se isso evitasse que fosse verdade.

– Não e sim. Não tenho como saber isso por um feitiço seguro e que nos dê provas substanciais, mas posso deduzir que pouca gente venha à floresta ultimamente.

Os olhos e as feições do rapaz estavam inexpressivos, ele deu uma olhada rápida para a castanha.

– Está entrando em um caminho sem volta, Hermione. Não sou o tipo de pessoa que aceita desertores, fui benevolente com você uma vez e tenha certeza de que não serei novamente. – ele fez uma pausa – Agora, é a última vez que irei perguntar, esteja ciente disso, quer mesmo entrar nisso e lutar por essa causa, se preciso for? Isso vai muito além de Hogwarts...

– Escute aqui – disse ela em um tom cortante – eu sei muito bem de tudo isso. – ele estreitou os olhos e ela continuou, mais convincente – Meu grau de comprometimento não será afetado por nada. Estou disposta, Tom. – o nome dele lhe escapou dos lábios, mas ela não pareceu perceber – Isso é importante para mim.

Era verdade, era importante. Ela queria, mais que qualquer outra coisa, detê-lo; ela queria ajudar a salvar o mundo bruxo – seu mundo – e o faria a qualquer custo. Ela sentiu que podia fazer isso, era corajosa e tinha uma coragem que só uma genuína grifinória poderia sentir. Era uma missão, a chance que tinha para poder mudar o mundo, para fazer a diferença.

Riddle estava inquieto desde a menção a seu nome, ele assentiu e murmurou algo como um ‘vamos’. Hermione o acompanhou até a entrada da floresta e sem se virar ele disse.

– Me encontre à meia noite, na Torre de Astronomia. E, como não achamos sua varinha, procure uma para seu uso, provisoriamente. Acho que o diretor de sua casa pode lhe ajudar nisso.

Ele saiu andando, os passos rápidos, deixando uma garota decidida e aturdida para trás.

#*#*#

Harry James Potter estava, de novo, em uma vassoura. Não era nada rápida se comparada com a sua Firebolt, mas a sensação de voar era tão maravilhosa que ele não se importava com isso.

A perspectiva de passar três meses longe de sua época era, ao mesmo tempo, reconfortante e assustadora. Reconfortante porque, pela primeira vez, Harry era um adolescente normal, sem nenhuma preocupação diversa. Assustadora porque o garoto que viria a ser o homem que mataria sua família estava muito próximo, mais próximo do que nunca.

Harry tinha um bastonete em sua mão, nunca havia jogado como batedor na vida. Bem, ele não jogava mal, mas sabia que se estivesse na posição de apanhador estaria jogando bem melhor.

Ele sobrevoou perto das arquibancadas e avistou uma garota de cabelos ruivos. Gina, ele pensou. O moreno nunca havia notado a garota antes, ela sempre fora apenas a irmã de Ron para ele, mas, ultimamente, algo em Gina chamava a sua atenção. Ele não sabia bem o que era e se culpava por sentir assim em relação a ela, ele tentou fingir que não sentia nada, que o que sentia era um sentimento fraternal, que seu ciúmes era igual à de um irmão, mas não era bem assim. E ele tinha consciência de que não poderia fugir disso por muito mais tempo.

Um balaço cortou o vento em sua direção e Harry canalizou toda a sua frustração dando uma bastonada na bola, que voou para longe do campo. Ele se permitiu olhar mais uma vez para a arquibancada e viu Gina batendo palmas com um sorriso que lhe arrancou o fôlego e fez com que ele sentisse uma chama se acender em seu coração. Gina, assim como todos os Weasley, assim como Lupin, Tonks, Luna, Neville, Mione, a Ordem... fazia parte de sua família. A família que ele construíra para si, com amizade e amor.

No momento em que pensou na amiga, ele, sem perceber, começou a procurar pela garota. Hermione era sua melhor amiga – mais que isso – era a irmã que ele nunca tivera. Ele continuou a olhar para a arquibancada, agora com plena consciência do que fazia, procurando a garota de cabelos cheios e castanhos e foi nesse momento que ele se deu conta. Ela não está aqui.

Um apito soou anunciando o fim do treino e Harry inclinou a vassoura para o chão, dando um impulso. Ele pousou cambaleante e correu até onde Rony estava, o ruivo se virou com um sorriso no rosto.

– Até que não fomos mal, mas eu acho que me dou melhor como goleiro, sabe? Principalmente pela pressão de ter que defender o time todo de um balaço...

– Ron! – o moreno chamou tentando fazer o outro voltar para a terra – Ron!

– O que?

– Ela sumiu de novo.

Ron abriu a boca lentamente, como se tentasse entender de quem Harry estava falando, mas logo depois seu rosto atingiu uma coloração bem pálida e ele arregalou os olhos. Rony tinha entendido o que Harry queria dizer.

#*#*#

Hermione pôde ouvir um apito soando ao longe e ela começou a correr, como se fosse uma flecha, em direção ao campo de quadribol. Chegando lá, ela se misturou com os estudantes que saiam do campo e procurou ver se encontrava alguém familiar, não demorou muito para ver Gina e Minerva. As duas vinham correndo em sua direção.

– Ei, Mione! Onde estava?

A castanha arqueou as sombrancelhas numa expressão clara de quem não estava entendendo.

– Harry nos disse que não te viu na arquibancada, pouco antes do treino acabar.

– Ah – ela disse, pensando em uma desculpa que fosse convincente – é que... hã... eu... me senti um pouco tonta e saí para tomar ar fresco.

Gina cruzou os braços, não precisava ser nenhum gênio para ver que ela não tinha acreditado no que Hermione tinha falado. Minerva percebia a tensão a sua volta, na verdade, todas percebiam, mas ela foi a única que fez algo para amenizá-la.

– O treino foi ótimo, não? Tenho certeza que vamos esmagar a Sonserina no próximo jogo...

Elas voltaram direto para o Salão Comunal, Minerva ainda tentava sustentar uma conversa entre as três e Hermione fazia de tudo para ajudá-la, dando respostas curtas, mas empolgadas, nas horas certas. Gina, por outro lado, estava distante, a expressão séria e desconfiada.

A garota sabia que não era apenas Gina que estava desconfiada, Minerva também, talvez não na mesma proporção da ruiva, mas ainda assim estava. E isso não é nada bom. Esse plano é maluco e não é o melhor plano que já tracei em toda a minha vida, ele é o que tem as maiores falhas, mas é o que mais pode dar resultados, também. Ela olhou Gina pelo canto do olho. Ela não vai concordar, Rony e Harry muito menos, mas eu preciso tentar... acho que isso significa que terei de manter segredo deles. Pelo menos por enquanto.

E com um suspiro, ela se lançou numa conversa mais animada com a futura professora.



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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do capítulo?
Primeiro, Hermione Granger vai se tornar uma Comensal da Morte e isso vai ser muito importante para a história pessoal de todos. Como será que Harry, Rony e Gina irão reagir?
Por falar na Gina, ela já está bem desconfiada e Minerva também, mas nenhuma das duas tem ideia do que pode ser...
Geente, eu queria muito saber o que vocês estão achando... da fic em si, dos POV's, de tudo, então comentem e me digam, ok?