Shadow Kiss por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 3
Capítulo 3




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Sai do meu plantão e fui direto ao ginásio onde eu dava aulas extras para Rose. Os dias que eu tinha turnos à noite eram bem puxados, pois eu permanecia quase vinte  e quatro horas sem dormir. Principalmente hoje que os estudantes novatos iniciariam as experiências de campo, que consistiam em seis semanas em que eles eram testados por nós, os instrutores, com todos os tipos de ataques, simulando Strigois. Isso possibilitava uma análise de suas técnicas para que pudéssemos melhorar os treinamentos, também era uma espécie de preparação para a vida real, embora eu tivesse que reconhecer de que a vida real era bem mais dura que qualquer simulação.

Naquela manhã, o meu treino com Rose foi silencioso. Conversamos muito pouco, somente assuntos da própria aula. Ela me devolveu silenciosamente as chaves do dormitório.

“Correu tudo bem, depois que eu lhe deixei?            “ perguntei. Ela deu um breve aceno com a cabeça e foi se alongar.

Eu assumi que ela ainda estava um pouco de aborrecida por causa do julgamento de Victor. Mas eu percebi tinha algo além disso que estava a deixando intrigada, só que achei melhor não mexer nisso, por hora.

Após o treino, me preparei para a aula em que os estudantes conheceriam os Morois que iriam proteger durante as seis semanas da prática de campo. Todos os instrutores se reuniram e planejaram tudo. Que Moroi ficaria para cada novato e as razões, os mapas dos ataques, tudo para que a experiência corresse como desejávamos. Eu sabia que Rose não gostaria nada do que reservamos para ela.

Na hora marcada, nós nos organizamos em uma perfeita linha reta, em frente a arquibancada onde estavam os estudantes. Eles conversavam alegremente, Rose estava entre eles. Alberta pegou o microfone, atraindo a atenção de todos.

“Muito bem. Todos vocês sabem por que estão aqui” sua voz ecoou no silêncio, de forma forte “este é o dia mais importante da formação de vocês, antes de começarem os testes finais. Hoje vocês vão descobrir com qual Moroi será colocado. Na semana passada vocês receberam um folheto explicativo com todos os detalhes de como serão estas seis semanas. Eu tenho certeza que todos vocês leram tudo. Para recapitular, o Guardião Alto irá destacar as principais regras deste exercício.”

Stan pegou sua prancheta e começou a ler todas as regras que os estudantes já deviam conhecer muito bem. Todos ouviam em silêncio, eles realmente pareciam ansiosos para colocar em prática tudo que aprenderam nas salas de aula. Quando ele acabou, entregou a prancheta para Alberta.

“Ok. Irei chamar seus nomes, um por um, e anunciar com quem vocês ficarão. Nessa hora, venham até aqui e o Guardião Chase lhes darão uma pasta com informações sobre seus protegidos, como por exemplo, horários, histórico, etc.”

Um pequeno murmúrio veio das arquibancadas, mas Alberta não se importou. Ela leu a relação com voz firme de sempre, até que chegou no ponto que eu julgava crucial daquela manhã.

“Edison Castile” Alberta chamou e ele soltou um pequeno som. Ele estava sentado junto a Rose “Vasilisa Dragomir”.

Eu observei de longe, tanto Rose como Eddie ficaram em choque. Mas ele se recuperou logo e se levantou para pegar a sua pasta. No caminho ele olhou com uma expressão de quem pedia desculpas para Rose, que ainda estava atônita. Alberta continuou a chamada dos alunos, até que chegou em Rose.

“Rosemarie Hathaway” ela falou, sem se importar com o que diria a seguir “Christian Ozera”. Rose ficou paralisada, não respondendo e chamando a atenção de todos. “Rose Hathaway” a voz de Alberta se tornou dura, soando como se fosse uma repreensão. Uma colega, que sentava junto a ela, a acotovelou. Ela se levantou rapidamente, caminhando para o centro da quadra, pisando duramente. Seu olhar era de uma profunda fúria. Ela foi até o Guardião Chase e pegou a sua pasta e a estaca falsa que ela usaria.

Ainda com uma expressão incrédula, ela folheou os papeis da pasta que continha o dossiê de Christian. Alberta continuou a chamada dos nomes e isso pareceu testar a paciência de Rose. Ela teria que aprender a lidar com coisas que contrariasse a sua vontade. A vida nem sempre seria como ela sonhava. Quando tudo terminou, Stan mandou que todos o seguissem para a próxima fase da tarefa. Alberta se aproximou de mim e eu já sabia o que ela perguntaria.

“Você conseguiu checar aqueles cronogramas da viagem que lhe dei ontem”

“Sim, fiz algumas anotações, inclusive” eu tinha aproveitado o restante do meu turno para checar isso “eu acho que algumas simulações da prática-“

“O que é isso?” Rose havia interrompido o que eu falava. Eu e Alberta não tínhamos notado que ela se aproximara.  Ela estava furiosa, apontando para a pasta com o nome de Christian Ozera. Eu sabia que mais cedo ou mai tarde ela reclamaria por não ter ficado com Lissa.

“É a sua tarefa, senhorita Hathaway” Alberta respondeu com a face em branco.

“Não. Não é. Essa é a tarefa de outra pessoa” ela respondeu por entre os dentes.

“As tarefas em sua experiência de campo não são opcionais. Assim como a sua designação no mundo real não será. Você não pode escolher quem irá proteger se baseando em um capricho ou humor, nem aqui  e, certamente, nem depois da sua graduação”.

Alberta estava coberta de razão. O fato de Rose sonhar em proteger Lissa, isso não garantia a ela nada. E mesmo que ela conseguisse este posto, nada assegurava que seria eterno. Ela teria que lidar com qualquer pessoa para quem fosse designada. Não cabe ao guardião escolher isso. É o guardião que é escolhido.

“M as depois da graduação, eu irei ser a guardiã de Lissa! Todo mundo sabe disso. É lógico que eu fique com ela nisso”.

 “E u sei que é uma idéia aceitável que você ira ficar junto com ela depois da graduação, mas eu não me lembro de nenhuma decisão obrigatória que diz que você ‘supostamente’ a terá ou qualquer um aqui na escola. Você vai para quem você for designada.”

“Christian?” ela falou jogando sua pasta no chão. “Você está louca se pensa que eu vou o guardar”

Quem parecia estar louca era Rose. Um guardião jamais poderia ter uma atitude dessas ao ser designado para alguém.

“Rose!” falei com uma voz extremamente dura “Você está saindo da linha. Não fale com seus professores assim!”

“Desculpe” sua voz era relutante, mas ela parecia um pouco envergonhada por ter sido repreendida “mas isso é idiota. Quase tão estúpido quanto levar Victor Dashkov a julgamento”

Eu não podia acreditar que Rose estava falando isso e justamente para Alberta. Ontem ela tinha afirmado que poderia ir ao julgamento, mantendo tudo em segredo e agora já estava contando o que sabia. Pior. Estava usando isso como uma arma. Isso surpreendeu Alberta.

“Como você sabe disso? Esquece – Lidaremos com isso depois. Por enquanto, esse é o seu protegido e você irá fazer isso.”

“Olha... eu não me importo... podemos trocar” Eddie falou atrás dela.

“Não, certamente você não pode. Vasilisa Dragomir é sua protegida” Alberta falou para Eddie. Depois se virou para Rose “E Christian é os eu. Fim de assunto.”

“Isso é idiota! Porque eu deveria perder o meu tempo com Christian? Lissa é a única com quem eu vou estar, quando nos formarmos. Se vocês querem que eu faça um bom trabalho, vocês deveriam deixar que eu praticasse com ela.”

Rose continuava sendo impertinente e imatura. Aquela já era uma decisão tomada e não iria ser modificada. Nós, os guardiões da Academia, nos reunimos e analisamos o histórico de cada aluno minuciosamente, antes de fazer a distribuição para esta prática. Não foi algo aleatório e nem planejado para prejudicar ninguém. Ao contrário, estávamos visando o bom preparo de todos eles.

“Você irá fazer um bom trabalho com ela” eu falei “porque você a conhece e vocês têm a ligação. Mas em algum lugar, algum dia, você poderá acabar com um Moroi diferente. Você precisa aprender a guarda alguém que você não conhece.”

“Eu já conheço Christian. Esse é o problema. Eu o odeio.”

“Melhor ainda” disse Alberta “nem todo mundo que você vai proteger será seu amigo. Nem todo mundo será alguém que você gosta. Você precisa aprender a lidar com isso.”

“Eu preciso aprender a lutar contra Strigois. Eu já aprendi isso na aula” ela deu um olhar triunfante pra Alberta “eu já fiz isso pessoalmente”.

“Tem mais neste trabalho do que técnicas, senhorita Hathaway. Tem todo aspecto pessoal – aspecto comportamental, se você preferir – que não comentamos muito em aula. Nós ensinamos a vocês como lidar com Strigois. Lidar com Morois é uma coisa que vocês têm que aprender sozinhos. E você, em particular, precisa aprender a lidar com alguém que não seja sua amiga há anos.”

“Você também precisa aprender como é trabalhar com alguém que você não pode sentir que está em perigo” eu acrescentei.

“Certo. Isso poderá ser um obstáculo, se você pretende ser uma boa guardiã – se você quer ser uma excelente guardiã – é importante que você faça como estamos dizendo”.

Eu senti que ela ia começar a protestar novamente, então eu a cortei, usando um argumento que eu sabia que seria forte contra ela. Eu sabia que teria que trazer a questão para Lissa. Rose era muito autoconfiante em si mesma.

“Treinar com outro Moroi também lhe ajudará a aprender como manter Lissa viva” falei.

“Como assim?” ela perguntou intrigada.

“Lissa tem uma limitação também – você. Se ela nunca tiver a chance de aprender como é ser guardada por alguém com a qual não tenha uma ligação psíquica, ela pode ficar em risco de ataque. Guardar alguém é uma relação que necessita de duas pessoas. Separar vocês duas nesta experiência de campo serve como aprendizado tanto para você, como para ela”

Ela ficou silenciosa, pensado no que eu havia dito. Eu tinha esperanças que ela entendesse que estávamos em uma etapa muito séria do treinamento. Não tínhamos mais espaço para caprichos e pirraças.

“E,” acrescentou Alberta “é o único protegido que você vai ter. Se você não aceitar, vou ter que lhe colocar fora da experiência de campo”

Sentindo que ela ia ter um novo rompante de raiva, eu lhe dei um olhar encorajador. Sem a experiência de campo ela não se formaria e, então não poderia ser guarida de Lissa, como tanto desejava. Ela podia sobreviver a estas seis semanas. Ela pegou a pasta que tinha jogado no chão, vendo que não tinha mais opções.

“Ótimo” ela falou relutante “eu vou fazer isso, mas quero que seja registrado que estou fazendo contra a minha vontade.”

“Acho que já descobrimos isso, senhorita Hathaway”.

“Tanto faz. Eu ainda acho uma idéia estúpida e logo vocês também vão achar.”

Ela se virou e saiu do ginásio pisando duro.


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