Olhei para as minhas mãos que aos poucos se entrelaçavam com as mãos de Theodore.Eu arfei e voltei a fitá-lo.

- Prometo deixá-la em paz... – ele murmurou – se você me responder uma coisa....

Permaneci em silêncio, esperando.

- Quando conheci você....acredite....não suportava ficar no mesmo ambiente que você, não suportava ouvir sua voz..... – ele olhou para o chão – não suportava olhar para você...

Ele apertou mais as minhas mãos.

- Descobri o por quê disso... – falou voltando a me encarar, agora com um semi sorriso.

- Por que? – perguntei trêmula.

- Por que eu simplesmente não queria admitir...que estava apaixonado por você – falou e o meu coração deu um salto mortal – Sentia raiva de você....por ser a única que fez o meu coração disparar....sentia raiva por você me causar aquelas reações que me convenciam de que era um sentimento....

Abri a boca mas nada saiu.Estava sem voz diante daquela revelação.

- Talvez...hoje de tarde....- ele continuou – eu tenha percebido o quanto nossas vidas, por mais que sejam diferente, ela são ao mesmo tempo iguais.Temos a mesma dor, a mesma angústia, e o mesmo peso sobre as costas.

O mais assustador era que seus olhos mudavam de cor naquela hora.Uma hora estavam azuis e depois iam para o cinza até atingir o negro.

Um silêncio se instalou entre nós e ele o cortou com um suspiro.

- Eu.... – ele tirou os olhos do chão e finalmente me encarou – gosto de você, Elizabeth...

Mais uma vez o silêncio ficou.Eu estava sem palavras, nada passava pela minha cabeça e tudo o que eu sequer conseguia piscar os olhos.

- Vou entender se você....não sentir o mesmo – ele finalizou e soltou minhas mãos.

Dei um passo para trás e me perguntei por que estava fazendo aquilo.Sem resposta, eu saí correndo daquela sala.

O QUE EU ESTAVA FAZENDO?

Parecia que eu não tinha mais controle sobre meu corpo, não tinha mais controle sobre a minha mente.As lágrimas jorravam pelos meus olhos.

Desci as escadas aos tropeços e dobrei vários corredores.Cheguei a parede oculta do Salão Comunal e murmurei a senha.

Subi imediatamente para o meu quarto e agradeci por Emily não estar no quarto.

Sentei na cama, abraçando meu travesseiro, enquanto as lágrimas caiam com força total.

Por que eu havia feito aquilo?

Minha mente girava sem parar, e vozes ecoavam por ela.

- Ouça uma coisa, Elizabeth... - minha mãe pegou meu rosto e olhou dentro dos meus olhos verdes, herdados, infelizmente do meu pai - tenha cuidado...esta bem?

- Eu irei para Hogwarts... - falei - estarei segura lá.

- Não é esse tipo de cuidado... - ela disse - fique longe de pessoas mal intencionadas, eles irão querer levá-la para os lados das trevas, convencer você a se tornar um dos seguidores deles....

- Você é uma fraca, Elizabeth! – rosnava meu pai me encarando de cima, com desdém – Pelo menos uma vez na vida faça algo que preste!

- Theodore Nott.... - ela murmurou - o mais perigoso...ele é um Comensal a mais tempo...é o mais experiente de todos os outros....fique longe dele....

Eu prometi a minha mãe! Prometi a ela que não me aproximaria de nenhum filho de Comensal! Que ficaria longe de pessoas mal-intencionadas!

Fiz tudo aquilo por que naquele momento ela era a única pessoa que eu amava.Mas....agora ela não é a única que eu amo.

O problema que a outra pessoa era....Theodore Nott.

And my momma swore that

E a minha mãe jurou que

She would never let herself forget

Ela nunca mais se deixaria esquecer

And that was the day that I promised

E foi nesse dia que eu prometi

I'd never sing of love

Que eu nunca cantaria sobre amor

If it does not exist

Se ele não existisse

Tentei ser forte, mas não consegui.Não conseguia ficar um dia sequer longe dele.

Eu tentei mais uma vez....e eu consegui.

Os livros de Historia da Magia se me lembravam dele.As palavras monótonas e tediosas me lembravam de quando o vi pela primeira vez.

Fechei o livro com força e suspirei.Me levantei da mesa, cansada e andei lentamente para a porta.

- Preciso falar com você – aquela voz me fez parar.

- De novo? – perguntei com deboche e ouvi sua risada irônica.

- Sei o que esta tentando fazer – ele disse.

- Me deixe em paz, Theodore... – murmurei em um tom cansado.

- Pelo menos me explique o do por quê esta fazendo isso – ele falou dando um passo em minha direção – Me diga o motivo!

- Agora não! – eu falei.

- Quando? Onde? – ele perguntou e eu fiquei um tempo em silêncio.

Estava fazendo aquilo mesmo? Havia demorado uma semana para conseguir tirá-lo da minha cabeça....para conseguir ficar longe dele e agora...eu estava marcando outro “encontro”?

- Preciso de respostas, Elizabeth! – ele falou entre dentes dando um outro passo em minha direção – preciso saber o do por quê esta assim!

- Fale baixo! – murmurei – Estamos na biblioteca!

Ele suspirou e passou por mim, empurrando a porta.

- Sala Precisa, ás 9 horas – sussurrou perto de mim, antes de sair da biblioteca em passos rápidos e silenciosos.

Fechei os olhos, cerrando minhas mãos em punhos.

Por que eu estava fazendo aquilo?

Maybe I know, somewhere

Talvez eu saiba, em algum lugar

Deep in my soul

No fundo da alma

That love never lasts

Que o amor nunca dura

And we've got to find other ways

E temos que arranjar outros meios

To make it alone

De seguir em frente sozinhos

Or keep a straight face

Ou ficar com uma cara boa