A Primeira Vista Segunda Temporada escrita por Eveebaby


Capítulo 8
Laços


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura pessoal.



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Faltavam apenas sete dias para o casamento, e eu não me sentia melhor, porém, eu comecei a ter uma percepção diferente de muitas coisas. Passar a semana ajudando a minha mãe a organizar tudo me fez ver, que eu não podia culpá-la por me fazer voltar...Ela era mãe, e desejava o meu melhor. Claramente quando eu fugi com meus amigos nas férias, ela teve um argumento contra meu pai, era isso o que eu via só que eu deixei de ver que talvez não fosse um argumento contra ele, talvez ela realmente achasse que meu pai não estava sabendo cuidar de mim direito. Eu também enxerguei que eu não sentia raiva por voltar, eu sentia raiva por deixar os meus amigos e meu namorado, e acima de tudo eu sentia medo. Medo de me apaixonar loucamente pelo Cebola novamente, ele era minha droga, os seis meses que eu passei no RJ foi minha reabilitação, mas eu não podia mentir pra mim mesma, eu não estava completamente curada, e esse era meu receio, que receber  mais uma dose, mesmo que pequena dele, fosse acabar com meus esforços.  Eu arranjava qualquer desculpa pra transferir a raiva que eu sentia das minhas fraquezas, para as fraquezas da minha mãe. Eu ainda estava decepcionada por ela ter traído o meu pai, mas eu enxerguei o lado dela. Desde que a carreira do meu pai arrancou, ele tem feito longas viagens, desde que eu tinha seis anos, pra ser exata. Há onze anos meu pai não é mais o mesmo, ele deixou de viver pra família e começou a viver para os negócios, minha mãe e eu ficávamos sozinhas e pra variar, ele não achou que a educação do bairro do Limoeiro fosse me conceder um futuro promissor e me mandou pra longe de tudo o que eu conhecia e amava... E minha mãe ficou sozinha, as viagens aumentavam os dias, até ele se tornar vice-diretor da empresa, foi quando tudo desmoronou para eles... A viagem de seis meses do meu pai foi o ultimato pra traição da minha mãe, ela foi fraca e eu a culpava por isso. Foi quando eu me lembrei que eu também fui fraca...O DC não era distante ou insensível e eu o traí, beijando o Cebola em uma tarde num Sítio. Talvez isso atenuasse um pouco a culpa da minha mãe, não completamente, mas foi o suficiente para fazer nosso relacionamento melhorar.

Na segunda-feira comprei meu vestido, ele era perfeito. Era preto na parte de cima e a parte de baixo era branca, e elas eram unidas por um laço delicado. O vestido ia até metade da coxa, a parte de cima era justa, e a de baixo um pouco mais larga. Era lindo.

Na terça-feira eu ainda não era capaz de me sentar com o pessoal, então permaneci de baixo na mesma árvore, com medo de ter que encarar o Cebola. Magali se ofereceu pra passar o intervalo comigo e eu aceitei, mas podia ver onde ela realmente queria estar, os olhos dela simplesmente vagavam pra turma...Eu me senti culpada por tirar isso dela...Amanhã iria ficar sozinha.

Na quarta-feira resolvi sair um pouco pra refrescar as idéias...Fui na padaria do Quim, sentei em uma mesa, pedi um lanche e fiquei lendo. Fui distraída por uma algazarra da turma. Eles se sentaram numa mesa próxima a minha, porém nenhum deles me dirigiu o olhar, com exceção da Magali e um rápido olhar do Cebola, que eu ignorei. Eu podia ouvir o motivo da comemoração... Yupi, feliz sete meses de namoro Cebola e Irene. Aquilo me deixou com raiva.Se dessem pela minha falta na mesa próxima, talvez pensassem que eu estava sendo infantil, pois fazia um bom tempo que Cebola e eu não estávamos juntos, e eu só pude pensar no típico “que se dane”! Pedi a conta, coloquei o livro na bolsa e sai.

Na quinta- feira ajudei a minha mãe a passar a limpo a lista de convidados, pra entregá-la  aos seguranças do casamento... E que ótimo! Aquilo não poderia fica melhor... Cebola e Irene estavam na lista e era tarde demais pra tirá-los, os convites já estavam entregues.

Sexta-feira. Eu estava nervosa. Novamente minha vida iria mudar radicalmente, além de eu ficar durante um mês vigiada por babás, graças a lua-de-mel da minha mãe em Paris.

Como eu sentia saudades da minha antiga babá... Ou assistente por assim dizer. Marta. Eu nunca pensei que ela fosse se tornar tão essencial na minha vida, uma vez que tivemos nossas desavenças. A companhia da Patrícia me faria bem também. Saudades... Doía tanto, eu nem sabia mais o que fazer pra fazê-la passar.

Sábado... O grande dia chegou. Eu só veria minha mãe no altar, então comecei a me arrumar.

Mamãe queria pagar profissionais pra isso, mas eu preferi fazer sozinha, ou sabia que iria parecer um palhaço de circo. Tomei um longo banho, pra relaxar bem os nervos. Sentei em frente à penteadeira e comecei. Primeiro o cabelo. Escovei toda a franja pra frente e a joguei meio de lado, com mechas finas. Fiz cachos leves e suaves com o resto. Peguei uma parte e prendi com uma travessa reluzente e pequena. Ficou bonito, simples e natural, como eu desejava. Fiz esse mesmo estilo na maquiagem. Depois coloquei o vestido e o sapato. Eu fiquei bonita...Tão bonita quanto na festa da empresa do meu pai, quando eu conheci meus amigos do RJ, e conheci Luke.

O carro que minha mãe designou pra me buscar chegou e eu fui para a cerimônia.

Minha mãe ainda não estava lá. Que decoração perfeita. Parecia um conto de fadas. Era tudo tão lindo e suave. As flores pendiam dos vitrais, o tapete vermelho estava coberto por pétalas brancas... E o altar parecia tão mágico que, mesmo parecendo tolice, eu precisei chegar perto pra me certificar que era real.  Cumprimentei os convidados que conhecia, mas teve um que me fez ofegar. Cebola estava deslumbrante de smoking. Mas tudo que é bom estraga dois segundos depois a serpente venenosa se aproximou e agarrou sua mão. Sentei-me onde deveria, na primeira fileira e aguardei o inicio da cerimônia. Fiquei completamente absorta, só sai do transe quando a marcha nupcial começou a tocar. Todos nos colocamos de pé e eu vi, com um sobressalto, uma princesa linda e deslumbrante, como uma estrela brilhante, caminhando pelo tapete vermelho. A noiva era linda. Seu vestido branco era um tomara que caia o decote com detalhes de renda, justo em cima e se abria na cintura, como um vestido de princesa, e era aberto nas costas. Seu véu parecia uma nuvem. A maquiagem destacava bem a pele branca e o cabelo negro como a noite, que estava preso em um pequeno e delicado arranjo floral. O buquê de rosas vermelhas combinava com tudo ao seu redor.  Era a minha mãe, linda e perfeita, como um anjo. A cerimônia foi tradicional e bonita. O casamento foi se desenvolvendo até a chegada da festa. Naquela noite eu dormiria em uma mansão, não em minha casa... Talvez essa fosse a pior parte daquilo, meu padrasto não me criaria problemas.

Quando tudo acabou, minha mãe se vestiu pra viagem, me deu instruções e um beijo no rosto e se foi. Quando eu fui falar com a Magali, escutei risinhos as minhas costas, me virei sutilmente e vi Carmem e Irene conversando.

- Essa Mônica é uma fracassada mesmo, já faz meses que eles não estão juntos e ela ainda não superou aposto que não conheceu ninguém no RJ... Também quem iria querê-la? – Dizia Irene. Meu sangue ferveu e o ódio tomou conta. Eu me decidi. Decidi que iria agir como adulta, iria voltar a andar com meus amigos e aprender a olhar nos olhos do Cebola, e odiá-lo a todo momento, como eu fiz por seis meses.

O mesmo motorista me levou pra nova casa.  Eu me enfiei lá dentro e só saí na segunda. Odiava aquelas babás em cima de mim, me vigiando a todo o momento.

Na segunda- feira, coloquei uma roupa legal e desci pra ir pra escola... Eu iria andando se eu não tivesse descoberto que aquele era o meu motorista. Entrei bufando no carro.

O dia se passou calmamente, e a galera se surpreendeu a me ver sentar com eles no intervalo.

- Ei, bem-vinda ao lado negro Mônica... De novo. – Disse Cascão. Nossa como eu sentia falta dessas brincadeiras bobas. Hoje, depois da escola iríamos todos ao parque. Não foi tão difícil quanto eu achei que seria, é claro que não era difícil porque eu ignorava Cebola e Irene.

No parque, eu deixei meus pensamentos vagarem... Luke. Eu nunca pensei que eu pudesse gostar de alguém além do Cebola. Mas sim, eu era louca por ele e sentia tanta falta.

Deixei meus olhos vagarem pelo parque...

Meu coração parou, eu me esqueci de respirar. Senti uma vertigem e uma súbita alegria que me fez pular do meu lugar e sair correndo de encontro da pessoa que eu vi. Obviamente eu atrai olhares curiosos. Mas eu não me importava, se eu não estivesse ficando louca, aquilo seria meu lugar feliz agora, meu momento feliz.

-LUKE! – Gritei feito uma maluca. Seus olhos surpresos dispararam para mim, e ele abriu um sorriso reluzente que me fez perder o fôlego. Abriu os braços, meu abrigo e veio em minha direção.

-Meu amor, eu não acredito que finalmente eu posso te abraçar novamente. – Ele disse, emocionado.

-Ai Luke, que saudades, você não faz idéia, eu não quero ficar longe de você de novo, vou aonde você for.

-E eu não vou a lugar nenhum, vou morar aqui agora!

- O que? Como? Onde? Com quem?- Eu estava sendo idiota. O que importava minhas perguntas, ele ficaria aqui!

-O meu pai se casou esse fim de semana com uma mulher daqui, e eu resolvi morar com ele, por que ficaríamos perto um do outro.

Um momento de insight. O pai dele se casou esse fim de semana com uma mulher daqui. Minha mãe se casou esse fim de semana com um homem que não era daqui.

-Luke, como se chama seu pai?

-John... Por quê? – Ele disse confuso.

-Ai droga Luke, seu pai se casou com a minha mãe.

- O que? Não... Você tem certeza?

-Lua-de-mel em Paris?

-Sim... - Continuava confuso.

-A minha mãe também.

-Então isso significa que moraremos na mesma casa?

-Acho que sim. – E para a minha surpresa ele sorriu.

- Isso não podia ficar melhor. - E me beijou, apaixonadamente.

-Eu te amo. – sussurrei.

-Eu também te amo. – Ele disse, me puxando para seu abraço, só assim eu percebi...Aquele era meu lugar.


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Notas finais do capítulo

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